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revista n.º 384 | Março 2022 Bimestral | €2,50

IER DOSS OS AD DE US vendas: nas s Baixa dos nívei a Qued stock de ão: entaç Apres Car F2

Motortec David Moneo

“A Motortec tem Portugal como objectivo prioritário”

Espaço do associado Iconic Motors, sonho icónico Cupra Desportivo eléctrico is “Born” Empresas familiares Ford: um modelo total

EDITORIAL director 6 NOTÍCIAS Breves

Joaquim Alves Pereira Director

O regresso do maior salão ibérico do sector automóvel



Desde 2007 que a ANECRA apoia este importante salão internacional que se destina ao após venda do sector automóvel e que regressa, após a pandemia, de 20 a 23 do próximo mês de Abril. Resolvemos neste número da Anecra Revista, dar um uma atenção muito especial a este Salão, através de uma vasta cobertura do evento, de onde realçamos a entrevista ao seu director, David Moneo, em que este afirma que a “Motortec tem Portugal como objectivo prioritário”, o que releva a importância e o peso da participação das empresas portuguesas do nosso sector naquela exposição. Como é referido, este salão conta com mais de 700 expositores de vários países, entre eles, duas dezenas de empresas nacionais, o que também é relevante do interesse português por esta feira ibérica. Mercê de uma cooperação exemplar com o IFEMA, organizador deste salão e com o indispensável apoio dos nossos congéneres espanhóis CETRAA, a ANECRA pertence ao Comité Organizador da Motortec, o que permitiu, nas últimas sete edições, proporcionar a muitas centenas de empresas associadas, deslocarem-se a este evento com custos muito reduzidos. Ao longo destas edições, sempre repletas de grande inovação e novidades, a ANECRA organizou em todas elas, com grande sucesso, um programa de viagens para as empresas associadas. Contribuiu ainda com a realização de inúmeras actividades paralelas, nomeadamente encontros empresariais e workshops temáticos, sempre com uma

www.anecrarevista.pt

Este salão conta com mais de 700 expositores de vários países, entre eles, duas dezenas de empresas nacionais

presença significativa de empresas de ambos os países. É também habitual nesta ocasião, reunirmos com os nossos amigos e congéneres CETRAA, a maior federação espanhola do após venda automóvel, permitindo uma troca de experiências sobre os principais problemas com que os empresários dos dois países se debatem, conhecendo quais são as medidas que cada um propõe, para apoiar os seus associados. Para a edição deste ano e inserido no acordo de cooperação atrás referido, vamos voltar a organizar uma deslocação à Motortec, promovendo um programa de viagem a custos reduzidos para as empresas associadas. A ANECRA vai estar presente, uma vez mais, com um stand no pavilhão 9 (stand 9A04) que pretendemos que seja, à semelhança de 2019, o ponto de encontro das empresas portuguesas. Oportunamente, serão divulgados os detalhes deste Programa de Visitas à Motortec Madrid 2022. Até lá!

11 ANECRA Espaço da associação 12 MOTORTEC Motores europeus aquecem em Abril 16 OPINIÃO GONÇALTEAM A formiga 18 ENTREVISTA DAVID MONEO “A Motortec tem Portugal como objectivo prioritário” 22 OPINIÃO MÁRIO GONÇALVES A pressão salarial como consequência da escassez de talento técnico 24 ASSOCIADO Iconic Motors 26 MOBILIDADE Cupra Born e Piaggio 1 e relatório da DEKRA 32 TECNOLOGIA Quando é bom ter a cabeça no ar 36 FORMAÇÃO Formador Pedro Trindade 40 JURÍDICO Compromisso Emprego Sustentável 44 FAMILIAS Empresas familiares no mercado automóvel 47 DOSSIER DE USADOS 49 OPINIÃO JATO Pensar fora da caixa e adaptar são chave 50 APRESENTAÇÃO F2car 52 VENDAS Dados de vendas online [email protected]

Propriedade e redacção ANECRA - Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel • Pessoa colectiva de utilidade pública • Av. Almirante Gago Coutinho 100, 1749-124 Lisboa • Telefone 213 929 030 • Fax 213 978 504 • Email [email protected] • NIPC 500 032 416 • Estatuto editorial publicado em www.anecrarevista.pt/estatuto-editoral • Director Joaquim Alves Pereira • Conselho editorial Alexandre Ferreira, Jorge Neves da Silva, Roberto Gaspar • Direção financeira José Luís Veríssimo • Coordenação Editorial Nuno Pedrinho Martins • Design Carlos Hipólito • Colaboração técnica Isabel Figueira, João Patrício, Patrícia Paz e Mónica Silva (redacção) • Publicidade Nuno Pedrinho Martins | tel. 937 693 038 | e-mail: nuno.martins@anecrarevista. pt • Impressão Gráfica, Lda. | Praceta José Sebastião e Silva Lote 20 | 2840-072 Aldeia de Paio Pires • Produção Comunhão d’Ideias, Lda. • Inscrição na ERC N.° 127 365 • Depósito legal N.° 17 107/87 • Tiragem 7500 exemplares • Periodicidade bimestral • Preço €2.50 • Membro activo da CCP (Confederação do Comércio e Serviços de Portugal), CECRA (Comité Europeu do Comércio e da Reparação Automóvel), API (Associação Portuguesa de Imprensa) • A reprodução de artigos publicados na ANECRA revista é permitida em Portugal, desde que a origem seja assinalada de forma inequívoca e informados os nossos serviços. Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos seus autores. Os artigos constantes nesta revista não respeitam as regras do Acordo Ortográfico

ANECRA

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MENSAGEM presidente

Alexandre Manuel Ferreira Presidente da Direcção da ANECRA

Solução para a descarbonização Discussões sobre o combate às mudanças climáticas vêm crescendo nos últimos anos e diversos estudos apontam para a urgente necessidade de uma redução significativa das emissões, na tentativa de minimizar os seus impactos, alguns irreversíveis. Neste contexto, a substituição de combustíveis fósseis por energias limpas e renováveis, o aumento da eficiência energética e os esforços para o desenvolvimento de tecnologias que removam emissões da atmosfera constituem-se como acções indispensáveis. É nossa convicção que a transição para um futuro energético de baixo carbono é necessária para combater as mudanças climáticas porém, terá de levar em conta a extensão dos seus benefícios económicos e sociais para todos. No sector automóvel, ao olharmos para as notícias da especialidade que nos apontam o futuro da mobilidade mais sustentável, todos os indicadores vão no sentido da mobilidade do futuro como sendo 100% eléctrica, ainda que algumas marcas assumam como certo que, afinal, o futuro passa pelo hidrogénio. Contudo, escassas são as notícias que abordam a existência de uma tecnologia em franco desenvolvimento nos países da Europa Central, principalmente na Alemanha que, cientes dos custos com os investimentos na rede eléctrica, apostam claramente nos “e-combustíveis” ou, para melhor compreensão, nos combustíveis sintéticos, naturalmente neutros em emissões de CO2 e, portanto, 100% sustentáveis. Mas quais são as vantagens dos “e-combustíveis”? A principal vantagem desta alternativa, reside na não necessidade de substituir todo o parque automóvel, pois os motores de combustão interna revista 4 ANECRA



Electrificação e combustíveis de baixo carbono são a solução correcta para a descarbonização da mobilidade

estão aptos a utilizar este tipo de “e-combustíveis” com zero emissões de CO2. Por outro lado, a rede de distribuição já existe e será mantida na totalidade, com pequenas ou nenhumas adaptações. Também e contrariamente ao hidrogénio, os futuros “e-combustíveis” podem ser armazenados à temperatura ambiente, tal como acontece com o gasóleo e a gasolina. Comparativamente com o veiculo 100% eléctrico e, mesmo com veiculo movido a hidrogénio, de acordo com o referido anteriormente, os custos de transformação ou reforço da rede eléctrica são o principal obstáculo à total electrificação da mobilidade. Isto para não aprofundar o tema da impossibilidade de utilização de veículos pesados movidos a electricidade ou, ainda menos, na mobilidade aérea. Esta é alternativa fiável para a mobilidade do futuro, com custos bem inferiores para as famílias, para o País e para o ambiente, comparativamente com os inevitáveis custos ambientais da substituição de um parque circulante de mais de dez milhões de veículos equipados com motores de combustão interna.

ar. 384 NOTÍCIAS breves

SHELL LUBRICANTS SOLUTIONS Projecto inovador que promove a sustentabilidade KRAUTLI PORTUGAL Novos carregadores portáteis EV da Blaupunkt

A Krautli Portugal lança novos carregadores portáteis EV da Blaupunkt, como nova solução para veículos eléctricos (EV). Seja para carregamento monofásico ou trifásico, a Blaupunkt tem como solução os carregadores portáteis P1PM2T2 ou P3PM2T2. Estes carregadores Tipo 2 permitem carregar o automóvel em qualquer lugar que tenha uma tomada. Há a opção de seleccionar a Amperagem entre 8-16A, possibilitando uma maior potência de carga de acordo com a tomada disponível, podendo chegar a 3,7KW / 11KW. A classificação IP54 assegura uma carga segura no exterior em todas as condições climáticas. Com um cabo de 8 metros, o carregamento de um carro eléctrico é flexível e fácil e o dispositivo de corrente residual incorporado protege contra a corrente irregular. Alguns dos principais destaques incluem: sensor RCD incorporado para protecção contra corrente irregular; protecção IP54 contra pó e água; cabo de 8m para a maior flexibilidade; para todos os veículos com ficha Tipo 2; fornecido com mala para protecção e transporte. Com esta importante incorporação, a Krautli Portugal aumenta o seu vasto portefólio de produtos e reforça a sua posição de fornecedor global de marcas Premium no sector do pós-venda.

RPL Clima Novo compressor eléctrico para híbridos

O projecto, realizado pela Spinerg, intitula-se Shell CO2&Energy Tracker e consiste num sistema que consegue evidenciar as reduções ao nível das emissões de carbono e poupança de combustível que uma mudança de óleo com Shell Helix Ultra pode oferecer. O processo faz-se através de um monitor que comunica com uma aplicação onde a oficina coloca os dados referentes à viatura objecto de manutenção: modelo, ano, combustível, km totais, consumo médio, bem como o produto Shell Helix que colocou na mudança de óleo. A aplicação calcula as poupanças especificas do cliente ao nível do consumo de combustível e das emissões de CO2. Essa informação é depois transmitida para o monitor onde se acumulam os dados de todos os Clientes da oficina, permitindo demonstrar a contribuição da Oficina para as poupanças nestes 2 parâmetros. A Spinerg seleccionou 10 oficinas clientes para implementar o projecto. A primeira oficina que aceitou o desafio foi a Auto Pneus Maia. “Depois do lançamento no ano passado de um portfólio de lubrificantes neutros em carbono nas mais diversas gamas e na gama automotive Shell Helix Ultra em particular, esta forma de dar a conhecer aos clientes, de maneira tangível e personalizada, o que os lubrificantes Shell podem ajudá-lo em poupanças de combustível e redução de emissões de carbono, é extraordinária. Esta tecnologia Shell, é um factor diferenciador para os seus produtos, mas sobretudo para as oficinas que conseguem diferenciar-se num mercado altamente concorrencial”, comentou José Cid Proença, Director-geral da Spinerg.

A RPL Clima lançou no mercado um novo compressor eléctrico para veículos híbridos, com um design mais compacto e capaz de resistir a condições de funcionamento severas. Algumas das suas características são: ar condicionado para VOLVO V60 híbrido; baixo consumo de energia; extermamente silencioso; óleo do compressor: PAG 46 SP-A2; agente refrigerante: R 1234yf, R 134a. Mais informações disponíveis no site rplclima.com revista 6 ANECRA

MOTORPARTNER O pós-venda do futuro

A AleCarPeças, A. Vieira, Fimag e HBC, membros da TEMOT Internacional em Portugal, são os principais accionistas do novo grupo Motorpartner. Com um volume de vendas global superior a 54 milhões, em 2021, este grupo é um dos principais players do pós-venda em Portugal, com presença no segmento de ligeiros e pesados. Os accionistas da Motorpartner são empresas com uma longa tradição, elevada reputação e forte presença no pós-venda português que, agora, se unem para garantir a trajectória de crescimento dos últimos anos e responder aos desafios futuros. Mantendo a independência empresarial dos seus accionistas, o grupo Motorpartner terá como principais objectivos aprofundar as parcerias estratégicas com os principais fornecedores, desenvolver novos conceitos e criar de sinergias na área da informática. No seu conjunto, os quatro accionistas têm 22 pontos de venda, 253 funcionários, uma área de armazenagem acima dos 50 000 m2 e mais de 120 000 referências em stock.

AUTOCRESCENTE Aniversário com visita de Miguel Albuquerque

A Autocrescente recebeu a visita do Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, por ocasião das comemorações do 21.º aniversário do Grupo. O Governante realçou que “o sector automóvel é importante para avaliar o estado da economia regional”. O grupo tem actualmente mais de 100 colaboradores e actua noutras áreas de negócio como o renting, o que simboliza uma grande mudança desde há 21 anos, quando tudo começou, na Ribeira Brava com um stand apenas. Actualmente, a Autocresente além do stand de comércio de automóveis, seguros e gestão de frotas localizado na Ribeira Brava, possui ainda oficinas na Ribeira Brava, Cancela e Porto Santo, lojas de peças na Ribeira Brava e Funchal, rent-a-car em Santa Cruz, Funchal e Porto Santo e posto de abastecimento na Ribeira Brava e Porto Moniz. A Autocrescente foi ainda convidada no último ano para representar a Peugeot e a Opel na região.

BENTLEY Expansão da capacidade de impressão 3D A Bentley Motors partilhou os detalhes do impacto de um investimento de 3 milhões de libras para dobrar a sua capacidade de manufatura aditiva (MA), na sede da empresa em Crewe, Inglaterra, onde todos os modelos Bentley são construídos. A instalação de MA de última geração foi aplicada a uma vasta gama de utilizações, produzindo mais de 15 000 componentes só em 2021. Esta expansão também permitirá à Bentley utilizar tecnologia avançada para criar componentes de veículos impressos em 3D e uma personalização ainda maior nos carros dos clientes. O equipamento MA de última geração instalado permite uma poupança de custos em 50% nas peças e, ao operar 24 horas por dia, a instalação é capaz de produzir milhares de componentes em mais de 25 materiais diferentes. Todos os colaboradores da Bentley estão a ser formados em MA para perceberem como podem beneficiar do uso desta tecnologia avançada no seu trabalho. “A abordagem da Bentley à manufatura aditiva é líder na indústria e a instalação está, rapidamente, a tornar-se a base da nossa vontade de sermos uma “Fábrica de Sonho”. Um dos principais benefícios é ser comandado pela eficiência, reduzindo custos e a complexidade de uma infinidade de trabalhos”, afirmou Peter Bosch, membro do Conselho de Manufatura da Bentley.

HERTZ Reforço frota mais sustentável

A Hertz acaba de reforçar a sua frota com viaturas 100% elétricas e híbridas, respondendo às necessidades dos seus clientes por soluções de mobilidade mais sustentável, ao mesmo tempo que acompanha a inovação e a evolução tecnológica. Além do BMW i3, a Hertz passa a contar com o Dacia Spring e com o Kia Niro, com velocidades máximas de 125km/h e 167km/h e com autonomia até 230km e até 375km, respetivamente. Já no segmento de viaturas híbridas, passam a integrar os modelos Hyundai IONIQ e o BMW X1, com velocidades máximas de 165km/h e 202km/h e com autonomia até 378km e até 455km, respectivamente.

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Nuno Melo - Peças e Acessórios Fortalece posição nos Açores

A Nuno Melo - Peças e Acessórios Auto aumentou a sua distribuição geográfica e abriu um novo ponto de venda nos Açores, situado na Praia da Vitória. Com a abertura destas novas instalações, o parceiro Autozitânia e distribuidor oficial AD aumenta a sua área de abrangência nos Açores, reforçando a posição de referência na distribuição de peças auto na região. A Nuno Melo - Peças e Acessórios Auto reforça assim a oferta a todos os seus parceiros locais, através de produtos auto com o selo de qualidade AD e o suporte do Grup Eina.

KIA Marca coreana campeã de Novas Energias

A Kia sagrou-se vencedora entre os construtores no Campeonato FIA de Novas Energias 2021, competição internacional inteiramente dedicada a veículos eléctricos e que se desenrola em eventos de regularidade. Na tabela de pilotos, o vencedor da temporada 2021 foi o espanhol Eneko Conde Pujana, que tripulou um Kia e-Niro. Este campeonato, que tem a chancela da Federação Internacional do Automóvel (FIA), é exclusivo a veículos eléctricos de produção, matriculados e sem qualquer tipo de modificação, permitindo assim que os concorrentes utilizem os seus automóveis destinados à condução quotidiana.

ASTARA Reforça estrutura em Portugal

A Astara, anterior Bergé Auto, acaba de reforçar a estrutura em Portugal, no âmbito do seu compromisso com a criação de um ecossistema inovador orientado para as transformações do sector da mobilidade automóvel. A Astara passa a ter Miguel Santos como Director de Marketing, Sebastião Serrasqueiro como Director de Marketing Digital, Fernando Antunes como Director de Vendas da Kia, António Rosa como Director de Vendas da Mitsubishi e Fuso e Joana Castro no departamento de Marketing e Comunicação. “O sector automóvel atravessa uma profunda transformação e a Astara adotou um compromisso de liderar a mudança”, afirma Francisco Geraldes, Administrador da Astara Portugal.“A Astara continua a aumentar a sua presença em novos países, quer com marcas que já representa, quer com novas marcas, e a desenvolver novos negócios de serviços de mobilidade e de digitalização do negócio. Queremos que Portugal continue a ser uma referência dentro da Astara e é nosso objectivo continuar a expandir a operação com as marcas actuais, com novas oportunidades que possam surgir e com o desenvolvimento de novos negócios de mobilidade e digitais. Acreditamos que esta nova e fortalecida equipa Astara é um passo fundamental para apoiar esse crescimento”, conclui.

Quem é quem... VEÍCULOS LIVRES DE EMISSÕES ZF junta-se ao “Projecto Polestar 0”

Juntamente com os seus parceiros, a ZF continua a impulsionar a descarbonização da mobilidade como o primeiro grupo fornecedor TIER 1 da indústria automóvel a participar no “Projeto Polestar 0”. A iniciativa do fabricante sueco visa criar um veículo totalmente neutro em termos climáticos até 2030. O principal objectivo é evitar emissões ao longo de todo o ciclo de vida do veículo. A Polestar, fundada pela Volvo e pela Geely, está a concentrar-se na cooperação fundamental entre os sectores para enfrentar o desafio de chegar a um veículo livre de emissões. O fabricante de veículos eléctricos está a formar actualmente uma colaboração entre fornecedores da indústria automóvel, instituições de pesquisa, start-ups, investidores, organizações governamentais e não governamentais. A ZF é um dos primeiros e maiores grupos de tecnologia da indústria automóvel a decidir participar. “O Projeto Polestar 0 é uma iniciativa fantástica. A ZF apoia com entusiasmo, pois trata-se de uma iniciativa que complementa perfeitamente nosso próprio programa holístico de protecção climática”, diz Stephan von Schuckmann, membro do Board Mundial do Grupo ZF e responsável pela divisão de Acionamento para Veículos Eléctricos.

Grupo Gipa Almudena Benedito é a CEO

Almudena Benedito é a nova CEO do grupo Gipa, desde 1 de Fevereiro, substituindo Eric Devos, que permanece Presidente do grupo GiPA. Será responsável por definir a estratégia do grupo e gerir todas as empresas internacionais pertencentes ao grupo GiPA. O seu principal objetivo será desenvolver as atividades globais da GiPA para gerar crescimento, promover a inovação e aumentar as sinergias dentro do grupo.

CGA Bianca Cotegype é a nova

coordenadora

A CGA anunciou que Bianca Cotegype é a nova coordenadora da sua rede de oficinas em Portugal, “uma pessoa altamente qualificada e conhecedora do sector, que chega num momento chave de expansão da rede de oficinas em Portugal”, diz o grupo. Junta-se à CGA a partir da NRF.

Bridgestone EMIA José Enrique González também na Região Sul

A Bridgestone nomeou José Enrique González como VicePresidente e Director-Geral para a Região da Europa do Sul, em substituição de Stefano Parisi. Este novo cargo soma-se ao que ocupa desde 2018 como Vice-Presidente e Director-Geral da Região Sudoeste. As suas funções em Espanha e Portugal são assim alargadas à Itália, Roménia, Bulgária, Grécia e países do Adriático.

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Promover a sustentabilidade Sistema de limpeza de panos da MEWA

A alemã MEWA apresenta o seu sistema de limpeza de panos, desenvolvido para garantir máxima produtividade e sustentabilidade nas oficinas. “De qualidade e ultra-absorventes”, assim descreve a MEWA, em comunicado, os panos que vêm revolucionar a produtividade e sustentabilidade nas oficinas. E como? Através do sistema de reutilização e limpeza garantido pela própria MEWA. Os panos usados são deitados no contentor de segurança MEWA SaCon com fecho hermético. Mais tarde, são transportados de forma segura e conforme a lei. Na MEWA, os panos são lavados de forma ecológica e passam pelas diferentes fases do rigoroso controlo de qualidade. Cada pano pode ser lavado até 50 vezes. Além disso, a empresa de têxteis garante que removem a sujidade de óleo, graxa e tinta com muita eficácia, apresentando-se, desta forma, como uma solução moderna e amiga do ambiente e uma alternativa ao tradicional uso de papel. Recentemente, foi também dada a possibilidade de compra digital. No portal de clientes myMEWA, os clientes podem acompanhar e ajustar as suas encomendas de panos de limpeza, bem como alterar a data de entrega e recolha.

VARTA estreia-se na Motortec 2022 Stand dedicado ao veículo industrial

De 20 a 23 de Abril, a VARTA marcará presença pela primeira vez no grande evento do pós-venda automóvel, a Motortec 2022, em Madrid. A feira contará com mais de 350 empresas do sector dos componentes e acessórios. A VARTA dará a conhecer a sua gama de serviços e produtos para veículos industriais. O grande destaque vai para a VARTA ProMotive AGM, a única bateria desenvolvida em colaboração com os principais fabricantes de camiões que permite desbloquear as aplicações mais exigentes e as funcionalidades com maior consumo de energia, incluindo sistemas de arrefecimento/aquecimento independentes, sem gastar a bateria nem causar períodos de inatividade. Também será apresentado o VARTA Fleet Program (Portal de Frotas), um programa integrado no VARTA Partner Portal que tem como objetivo orientar os gerentes de frotas e condutores profissionais em todas as questões relacionadas com a tecnologia de baterias. Este serviço inclui análise de frota para identificar a solução de bateria mais apropriada, aconselhamento estratégico de compra para reduzir despesas operacionais da frota e comunicação regular entre fabricantes e consumidores. revista 10 ANECRA

ANECRA associação

Com participação da SONAE

Workshop online organizado pela ANECRA A 8 de Fevereiro, a ANECRA organizou um workshop dedicado ao tema “soluções flexíveis de pagamentos para clientes”, com o objectivo de dar a conhecer aos seus associadas as vantagens da parceria da ANECRA/Cartão Universo. A formação foi online e contou com cerca de 100 participantes. A parceria ANECRA/Cartão Universo pretende oferecer aos associados uma solução de fraccionamento de pagamentos simples, que poderá ser fundamental para aumentar as vendas e prestar um melhor serviço aos clientes. Houve também uma apresentação comercial e técnica da SONAE, seguida de uma sessão de perguntas e respostas intermediada pela ANECRA e SONAE.

Rua Quinta das Rosas, 19 Zona Industrial do Casal do Marco 2840-131 Paio Pires T: (+351 21 225 15 78 F: (+351) 21 225 13 97 Email: [email protected]

PREENCHIMENTO DOS FORMULÁRIOS DOS RESÍDUOS (MIRR) Disponível até final de Março Decorre até 31 de Março o período para que as empresas do sector automóvel preencham os formulários de resíduos no SILIAMB, com os dados de resíduos relativos a 2021. Apesar do funcionamento das guias de resíduos electrónicas, continua a ser necessário o preenchimento do MIRR e a sua submissão. O Gabinete Técnico da ANECRA está disponível para prestar todos os esclarecimentos às dúvidas colocadas pelas empresas associadas. Em alternativa, os Serviços da Associação poderão assegurar o preenchimento integral dos formulários. Esta oferta contempla, além do preenchimento dos formulários, o registo e outras interações com a plataforma. Para usufruir deste serviço, os interessados devem consultar o Gabinete de Sócios da ANECRA.

V

e GONÇALTEAM LAUNCH IBERICA vão estar presentes na MOTORTEC em Madrid com muitas novidades e surpresas para si!

Visite-nos de 20 a 23 de Abril 2022 Stand 9D04A

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FEIRA apresentação

Motores europeus aquecem em Abril Motortec Madrid 2022

Texto: Mónica Silva Fotos: Motortec

Madrid volta a acolher, de 20 a 23 de Abril, um dos maiores eventos internacionais do sector do pós-venda, reunindo representantes da indústria de diferentes países.

revista 12 ANECRA

O evento, inicialmente agendado para Março de 2021, foi adiado devido às restrições de combate à pandemia Covid-19. Para a celebração deste ano, foi organizado um programa repleto de actividades, desde reuniões e conferências que abordarão os tópicos actuais de interesse para as empresas do sector a workshops e iniciativas que vão permitir a troca de contactos e ideias.  A Motortec pretende ser o evento líder para o sector do pós-venda automóvel na Península Ibérica, focado na orientação e formação das oficinas. Nesta 16.ª edição, que será também o primeiro encontro no calendário de feiras internacionais para esta indústria, destaca-se de

forma significativa a presença da AD Parts (expositor gold. P: 5 S: 5C02; P: 7 S: 7D04, 7D10, 7E04, 7E06), do Grupo Gaudí e da Texa Iberica Diagnosis. Estes nomes juntam-se aos das grandes marcas que tradicionalmente participam em cada edição. É também de notar a presença internacional com expositores reservados por empresas da Alemanha, Bélgica, Itália, Grécia, Luxemburgo, Polónia, entre outros países, fazendo deste evento uma excelente oportunidade para estabelecer contactos comerciais, desenvolver estratégias de marketing e dar a conhecer produtos e inovações. 

É esperada uma afluência recorde de oficinas através do Programa de Convidados que conta com imensas actividades, mesas redondas e apresentações, no que se quer que seja um espaço de análise e reflexão altamente qualificado.  Entre outros assuntos, serão abordados a digitalização das oficinas, o carro eléctrico e autónomo, os sistemas ADAS ou o carro conectado. A agenda inclui ainda o Encontro de Redes de Oficinas, o III Concurso para o melhor técnico Motortec, a 18.ª edição dos Jovens Técnicos em Automoção ou o Encontro de Oficinas de Veículos Industriais.



91% dos visitantes e 93% dos expositores regressam todos os anos

ANECRA

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FEIRA apresentação



A Motortec dedica ainda um espaço ao empreendedorismo e à inovação através da Galeria de Inovação, onde as empresas podem apresentar os seus avanços tecnológicos. A gala onde serão premiados os melhores produtos terá lugar no primeiro dia da feira, a 20 de abril. No segundo dia está agendado um encontro, com o apoio da Lafon Espanha, membro da organização, com o tema “Estações de serviço, uma nova dimensão”. Destinado a todos os profissionais e clientes das estações de serviço, o objectivo será dar a conhecer os últimos desenvolvimentos do sector, a sua evolução nos últimos anos, marcados pela pandemia, e as previsões futuras, contando com a intervenção de especialistas na área.

Motortec 2022

revista 14 ANECRA

Quando? De 20 a 23 de abril Onde? Madrid, Espanha Organização: IFEMA Madrid Público-alvo: sectores do pós-venda automóvel Site: www.ifema.es/en/motortec

A plataforma online Live Connect vai ligar as empresas durante todo o ano A grande novidade deste ano é a plataforma online Live Connect que pretende levar a feira além do âmbito presencial. As empresas que participarem manter-se-ão conectadas todo o ano, podendo aceder a webinars e debates, assim como apresentar e conhecer novos produtos.  Na última edição, em 2019, a feira bateu recordes de participação com mais de 60 mil visitantes profissionais, mais de 700 empresas expositoras e 1300 marcas representadas. A Motortec reúne, em todas as edições, os sectores que compõem a indústria automóvel e do pós-venda como a reparação e manutenção, peças de reposição e componentes, estações de serviço e lavagem, sistemas e electrónica, pneus, baterias e veículos industriais.   Para Portugal, que vê o seu mercado novamente representado, a Motortec constitui a maior plataforma

comercial. Este ano, a ANECRA renova a sua colaboração na qualidade de uma das maiores associações nacionais do sector e com a sua presença num stand. Também a Gonçalteam (pav. 9 - s: 9D04A) e a Autozitânia/Bragalis (pav. 5) poderão receber os visitantes

nos seus espaços no certame. À semelhança de outros eventos organizados pela IEFMA, este também cumprirá todas as medidas de segurança e higiene para proporcionar um ambiente seguro a todos os visitantes.

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OPINIÃO Gonçalteam

António Gonçalves CEO da Gonçalteam, lda

A formiga Há algum tempo, em conversa com um colega, ele disse que se sentia uma formiga, no sentido em que era pequeno e frágil em comparação com os que considerava serem os players do mercado. Incomodou-me e fez-me lembrar de que na realidade somos todos uma formiga. Por isso mesmo, somos fortes, resilientes, capazes e com um potencial enorme para definir o nosso futuro. Passo a explicar: nós, empresários deste sector, nas suas mais variadas vertentes, temos, entre outras coisas, em comum o automóvel, mas também bastantes pontas soltas e, por não sermos unidos e não fazermos a força em conjunto, vamos deixando os acontecimentos passarem e mudarem sem nos apercebermos ou preocuparmo-nos demasiado. O nosso sector é um dos que mais evoluiu, quer em forma e materiais usados, quer em tecnologia aplicada, quer ainda na mudança das nossas sociedades e na forma como comunicamos. O automóvel foi o grande “motor” das maiores transformações dos últimos dois séculos e está a sê-lo agora também com as diferentes formas de energia, segurança e condução que tem ao seu dispor, que alteram toda uma forma de encarar a mobilidade, o trabalho e os transportes e cuja influência se vai estender uma vez mais a diferentes comportamentos de várias áreas. Por isso, nos dias de hoje, disse-lhe que temos de fazer como a formiga em três factores essenciais: associarmo-nos ao nosso grupo de interesses, investir fortemente no conhecimento e, por último, mas talvez o mais importante, não recear a mudança. É essencial pertencer a um grupo, associação ou sector e fortalecê-lo, porque só assim o nosso nível de defesa sectorial cresce e se torna mais justo, quer em direitos quer em responsabilidade. Podemos criar, em conjunto, ferramentas de trabalho e exigir, por parte dos pares, a responsabilidade ética e profissional que todos queremos e que nos revista 16 ANECRA

tornam mais fortes. Não ter receio de admitir que temos de ter, nesses grupos e sectores, líderes que sejam audazes e capazes de congregar o que são os interesses de cada um, mas essencialmente a defesa de todos. É através de um sector forte e justo que se cria a vontade de partilhar e receber informação. O conhecimento é também um ponto decisivo na actual conjuntura e, quando falo do conhecimento, falo não só em termos da experiência adquirida, mas também pelo investimento forte na formação. A nossa família, grupo ou sector é tão mais evoluído quanto o menos forte ou sapiente de nós. Temos de investir e partilhar o conhecimento. Só assim vamos saber fazer escolhas acertadas, com perspectiva e com a possibilidade de evoluir mais ainda. Todos, e cada um de nós, temos de aprender, corrigir e evoluir sempre que necessário, sem qualquer receio ou temor. O saber e conhecimento foram sempre evoluindo, baseados em experiência obtida a partir dos exemplos e dos erros e nada melhor do que partilhar essa informação para avançar mais rápido e mais certo. Contudo, não podemos esquecer do avanço pelo acaso que também é uma das formas que nos conduz à mudança e evolução. Nestes tempos conturbados, em que temos a felicidade de viver, com crises de diversas ordens, é-nos dada a oportunidade dessa mesma mudança. Essa oportunidade deve ser direccionada para uma evolução das relações, dos processos e também das tecnologias. Hoje, e no futuro, não podemos estar dissociados das tecnologias disponíveis, devemos sim entendê-las para delas tirar partido. Temos de nos preocupar com a evolução dos diferentes processos de fabrico, transporte e comércio dos “produtos” com que trabalhamos e não recear fazer de forma diferente para obter resultados, também eles, diferentes. Mais teria para poder dizer, mas por aqui me fico com a seguinte pergunta: “Não somos todos formigas?”

SE É PROFISSIONAL DO SETOR AUTOMÓVEL, NÃO DEIXE DE VALORIZAR O QUE APRENDEU AO LONGO DA SUA VIDA PROFISSIONAL

CERTIFIQUE AS SUAS COMPETÊNCIAS

PROFISSÕES EM QUE PODE OBTER CERTIFICAÇÃO

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ENTREVISTA Motortec

David Moneo – Motortec

“A Motortec tem Portugal como objectivo prioritário” Texto: Mónica Silva Fotos: Motortec

Em entrevista à ANECRA Revista, David Moneo, director da Motortec, reforça a importância que esta feira tem para as empresas participantes, especialmente para o mercado português que marcará presença com 20 expositores já confirmados.

Que balanço faz das últimas edições da Motortec? O Motortec Madrid celebra a sua décima sexta edição no próximo mês de Abril. Ao longo da sua história, consolidou-se como o principal evento comercial do sul da Europa para a indústria do pós-venda automóvel. Este posicionamento será confirmado, apesar do difícil ambiente económico decorrente da pandemia, na próxima convocatória, onde mais de 400 empresas já confirmaram a sua participação. De facto, já reservámos mais de 75 000 m2, em cinco dos pavilhões do recinto da feira da IFEMA Madrid.

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Quais os principais benefícios para as empresas presentes na Motortec Madrid? A feira vai implementar um vasto conjunto de medidas, como tem vindo a fazer regularmente, para ajudar as empresas participantes a rentabilizar ao máximo o seu investimento, como os modelos de participação adaptados a todos os orçamentos, os diferentes fóruns e espaços para apresentações, agendas de reuniões pré-programadas e pessoais com profissionais, entre outras iniciativas.



A feira vai implementar um vasto conjunto de medidas para ajudar as empresas participantes a rentabilizar ao máximo o seu investimento

Além disso, haverá uma ampla agenda de formação e de experiências para oficinas de reparação, em áreas como a digitalização, veículos eléctricos e gestão de oficinas. Como é que o apoio de associações como a ANECRA contribui para o sucesso da Motortec Madrid? A Motortec Madrid tem como um dos seus objectivos prioritários o mercado português. Além disso, a feira representa uma oportunidade comercial e de negócios de

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ENTREVISTA Motortec

primeira ordem para empresas e profissionais portugueses do sector. Nesse sentido, a ANECRA, como uma das principais associações do sector, desempenha um papel fundamental no reforço da nossa presença no país vizinho. Aliás, o seu apoio à feira tem sido uma constante ao longo da história. Este evento terá uma componente digital muito forte, em especial com o lançamento do Live Connect. Quer contar-nos um pouco sobre esta iniciativa? De facto, como novidade, o salão terá à disposição a nova plataforma Live Connect, uma iniciativa que a IFEMA Madrid tem vindo a implementar nos seus salões, no âmbito do seu processo de digitalização. Essa plataforma permitirá que o sector esteja interligado 365 dias por ano. Em suma, vamos criar um ponto de encontro, de conhecimento, de inovação e de negócios para o sector do pós-venda.

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Acha que este tipo de eventos será mais digital no futuro? A pandemia obrigou-nos a acelerar o processo de digitalização que a IFEMA Madrid já estava a realizar. O digital

veio para ficar, obviamente, e é mais uma ferramenta que ajuda a aumentar a rentabilidade das feiras. No entanto, nada substitui o contacto humano, essencial neste tipo de eventos. Não podemos falar de 2022 sem falar da pandemia e do seu impacto nos últimos dois anos. Que desafios e oportunidades a Covid-19 trouxe? A situação actual obrigou-nos, a todos, a reinventarmo-nos. É certo que gerou um ambiente económico difícil, mas por outro lado, coloca desafios, oportunidades e, sobretudo, um esforço adicional de adaptação para continuarmos a servir os nossos clientes com as melhores garantias. Qual é a expressão do mercado português neste evento e a importância da sua participação? Ao longo destes últimos meses, temos desenvolvido uma presença activa em Portugal que, como referi anteriormente, é uma prioridade entre os nossos objectivos. Toda esta actividade acaba por resultar numa presença significativa de empresas portuguesas. Especificamente, 20 empresas já confirmaram a sua participação, o que supõe



33% dos expositores internacionais. Da mesma forma, prevemos um afluxo notável de profissionais das oficinas e da distribuição em Portugal, como tem sido habitual.

Este sector é a minha vida, não só hoje, mas também no passado, pois trabalhei mais de 10 anos numa marca líder de automóveis

Na última edição da Motortec Madrid, em entrevista à nossa revista, referiu acreditar na existência de um grande mercado ibérico. Como vê essa ideia e a sua evolução na actualidade? As economias de Espanha e de Portugal estão cada vez mais interligadas e é uma tendência para continuar. Aliás, acho que podemos falar de um mercado ibérico. No caso da indústria do pós-venda do sector automóvel é assim.

Qual foi o seu primeiro carro? Um SEAT Ibiza del Sol, com matrícula de Cádiz.

Que futuro vislumbra para o sector automóvel e para a área do pós-venda em particular? O sector automóvel e, em especial, o sector do pós-venda estão a passar por um processo de mudança muito interessante. Apesar das dificuldades que atravessam, que são pontuais, obviamente geradas pela pandemia, enfrentam um futuro muito promissor. Os últimos dados da actividade são muito positivos, vendo-se uma recuperação ao nível do tempo da pré-pandemia. Isso demonstra a solidez e a boa saúde do sector do pós-venda automóvel.

Que relação tem com o automóvel e com o sector automóvel? Muito ampla. Devido ao meu cargo, estou em contacto com todas as associações sectoriais ligadas à indústria automóvel, bem como todas as instituições públicas. Aqui na IFEMA, dirijo o salão das motos, do autocarro, da indústria do pós-venda, dos automóveis e diversos congressos de mobilidade. Este sector é a minha vida, não só hoje, mas também no passado, pois trabalhei mais de 10 anos numa marca líder de automóveis.

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Mário Gonçalves Manager em Recrutamento & Selecção

A pressão salarial como consequência da escassez de talento técnico Assistimos diariamente à evolução de uma sociedade cada vez mais volátil, onde imperam factores como o decréscimo da natalidade, inovação tecnológica e sofisticação de clientes que têm conduzido a uma mudança radical na sociedade e, consequentemente, nas necessidades do mercado de trabalho. Quando observamos a situação actual do mercado de trabalho em determinados sectores de actividade, como o sector automóvel, indústria, construção e retalho, de forma transversal, perspectiva-se para o ano de 2022 uma crescente e evolutiva dinâmica que confere diversos desafios às empresas. Assistimos a uma crescente escassez de mão-de-obra qualificada a nível técnico que não consegue suprimir as necessidades que o mercado de trabalho tem vindo a demonstrar. A inexistência de uma aposta clara e consolidada em carreiras técnicas em funções operacionais, nomeadamente no sector automóvel e ao nível mecânico e técnico, como alternativa ao tradicional percurso académico no ensino superior agudizou a profunda escassez de profissionais nestas áreas. Esta dinâmica conduz ao aumento da inexistência de profissionais disponíveis face ao número de empresas que pretendem contratar este tipo de profissionais. Desta forma, a atracção e retenção de talento revista 22 ANECRA



A atracção e retenção de talento técnico têm-se tornando grandes desafios para as empresas

técnico têm-se tornando grandes desafios para as empresas do sector automóvel, assim como os restantes sectores de actividade mencionados. Com base nestes pressupostos, a pressão salarial tende a aumentar principalmente em sectores onde existe maior intensificação destas dinâmicas. Isto leva a que as empresas tenham de encontrar novas formas de atrair profissionais e o aumento do salário de entrada é uma das estratégias que têm adoptado e que se pode revelar bastante eficaz no curto prazo. Contudo, a médio prazo terá de ser complementada com soluções de retenção de talento.

Feira Internacional da Indústria Automotiva e Pós-Venda.

20-23 Abr

2022 Recinto Ferial

ifema.es

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ASSOCIADO Iconic Motors

Iconic Motors

Um sonho icónico Texto: Mónica Silva Fotos: Iconic Motors

Uma equipa pequena, composta por quatro pessoas, mas com um propósito grande: oferecer um serviço de qualidade e de proximidade com o cliente. É assim a Iconic Motors, uma oficina especializada e apaixonada por motociclos.

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Izidro Jorge é o motor deste projecto que deu os primeiros passos como um “biscate” e acabou por dar o salto para um negócio por conta própria. “Começou num pequeno barracão e, depois, aumentou a sua fama através dos clientes e amigos que foram recomendando o trabalho”, explica Luísa Jorge, a última a entrar na Iconic Motors, depois de se afastar da área de eventos em 2020, por causa da pandemia.  O crescimento da oficina foi de tal forma que a mudança para instalações mais acessíveis para o cliente foi inevitável, em 2019. No entanto, não iriam durar muito tempo nesse espaço, mudando a morada novamente em 2021 para onde estão agora, no centro de

Loures, com 325 m2. Esta mudança foi muito importante para manter a aproximação com o cliente que tanto privilegiam, como para angariar novos. “Não só temos clientes antigos, que passam a amigos, como novos clientes. Diria que cerca de 40% são novos”, conta.  É nesta relação com os clientes que Luísa vê o ponto forte da Iconic Motors, destacando também a mão-de-obra muito qualificada, com técnicos “com muita experiência na área de reparação de motociclos”.  Ao contrário de outros negócios, este não parou um único dia durante a pandemia. A opção pelo transporte pessoal, sem contacto com outras pessoas, como

Vilson, Wil son,

Vantagens de ser associado da ANECRA

Izidro Jorge considera que a ANECRA foi um grande apoio para se tornarem uma oficina de referência. “Desde o primeiro dia, a ANECRA tem nos apoiado nas mais diversas questões técnicas e de formação”, afirma

Izidro e Lu ísa

uma moto, talvez esteja na base da explicação. “A pandemia para nós acabou por ser uma grande alavanca, porque ganhámos vários outros clientes, que nos procuraram através da internet ou redes sociais”, explica.  Embora este seja um projecto recente, Luísa acredita que o futuro “trará mais qualidade de trabalho, pelo esforço e dedicação que empenhamos em tudo o que fazemos”. Izidro acredita que este é um mercado que está em expansão. O fundador da Iconic Motors considera que “as motos deixaram de ser artigos de luxo para serem meio de locomoção necessário para a vida na cidade. Claro que quem começou a andar de moto pela necessidade, acabou por apaixonar-se”.

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MOBILIDADE quatro rodas

Desportivo eléctrico is “Born” Cupra Born

Texto: Manuel Fernandes

Cerca de 540 km de autonomia na óptica WLTP e uma aceleração dos 0 aos 100 m/h em 7 segundos com uma bateria de 77 kW/h caracterizam o primogénito da espanhola Cupra, grupo Seat/VW: o Cupra Born “nasceu” para orientar a família no objectivo de electrificação a 100%.

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E ainda tem mais. Este potencial ícone é acessível em termos de preços, cerca de 40 mil euros com alguns extras, e necessita de apenas 35 minutos para carregar até 80% da bateria em carregadores de 125 kW. E sete segundos são suficientes para carregar os primeiros 100 km de autonomia, ou seja, é mais rápido do que encher um depósito de gasolina num motor a combustão para a mesma distância. Claro que há um senão: onde encontrar infra-estruturas com carregadores com aquela capacidade. Há alguns, mas poucos e o problema dos espaços de carregamento continua a ser resolvido com projectos e instalações novas, mas cuja massificação vai demorar anos. Mas como é o comportamento do Cupra Born? Não é o veículo dos 100% eléctricos mais viril do mundo, mas tem a vantagem de ter um preço que é metade de uma marca premium alemã e provoca a mesma sensação na condução. Ao nível mais básico, ou seja, com uma bateria de 58

kWh, é possível uma autonomia menor de cerca de 420 km WLTP, mas a aceleração dos 0 aos 100 km/h é feita em 6,6 segundos. Mas, claro, a nossa preferência vai para a bateria de capacidade superior e de que já falámos e que, por ser mais pesada, tem uma prestação no arranque menos forte. Claro que a experiência deve ser feita com um pack de performance e-Boost de 170 kW e que dá 231 cv de potência, um sistema com alguma semelhança ao usado pelo Porsche Taycan. A par da performance há algumas particularidades que este pack reivindica, como a existência de discos grandes à frente com 340 mm de diâmetro e ainda dois botões centrais que permitem, ao utilizador, escolher o modo de condução que preferir, além de lhe possibilitar desligar o sistema de controlo de estabilidade, tornando o Born mais radical em curva e em estradas sinuosas. A tecnologia no Cupra Born foi pensada de forma a não reduzir o gosto pela experiência de um desportivo, que também é um carro familiar quando é preciso e, por isso,

Cupra Born

• Modelo 100% eléctrico • Bateria de 77 kWh • 231 cv de potência com pack e-Boost Performance • 160 km de velocidade máxima limitada • 540 km de autonomia • Carregamento aé 80% em 35 minutos com supercharger de 125 kW • 7 segundos de aceleração dos 0 aos 100 km/h • 38 755 euros de preço base • 2500 euros para o pack e-Boost

O que é o WLTP?

O WLTP (Worldwide Harmonised Light Vehicles Test Procedure) é um protocolo que substituiu o NEDC (Novo Ciclo de Condução Europeu, em inglês NEDC). O teste WLTP apresenta valores de emissões e consumo mais realistas do que o NEDC – mais próximos dos valores da condução do dia-a-dia. Por exemplo, o intervalo das temperaturas testadas e a duração do ciclo é maior e, além disso, a distância que o veículo percorre no teste é quase o dobro da distância do teste NEDC.

as suspensões são mais desportivas e amortecedores de dureza variável, a que se juntam pneus de baixo perfil (para quem quer a imagem completa de um carro agressivo). Claro que as costas e os braços vão notar esta rigidez, mas também é seguro que está perante um veículo que agarra perfeitamente o alcatrão em estrada. O controlo de estabilidade ou ESC é um elemento nuclear para quem não tem dotes de condução racing, sendo que a centralidade do veículo permite adoptar o ESC ao modo de condução escolhido e mesmo ao tipo de condutor que está a usar o veículo. E, na construção, o grupo Seat/VW não quis deixar de fora o que é um elemento vencedor e, por isso, a plataforma de construção é a mesma que é usada pela VW com o ID.3, tornando-se no concorrente mais directo do Born, embora fique tudo em família. E por falar em outras marcas, é curioso verificar a preocupação com a sustentabilidade nos vários construtores. Neste caso, o grupo Seat com o Cupra lembra que, recorrer a plásticos

e redes de pesca recuperados, dá para construir uma fibra para aplicar nos revestimentos dos bancos e nos painéis interiores das portas, algo que as marcas alemãs também já fazem. É um claro sinal de que a pegada ecológica é um problema e que se tenta solucionar a questão com pequenos pormenores. A nível de design os aspectos marcantes do Born são a nova assinatura da Cupra para os modelos eléctricos e uma grelha inspirada nos desenhos de racing e no uso extensivo de vidro, o que lhe dá um ar “clean” e que caracteriza o nascimento de uma estrela com ADN ibérico. A traseira é dominada pelo spoiler. O interior tem plásticos e tecido de boa qualidade e o tablier revela uma fusão entre um design que quer dar luz e cor e um painel de instrumentos que não designaríamos de minimalista, mas que se aproxima do conceito. Numa análise global é claramente um veículo vencedor e que está a ser lançado com uma perspectiva de marketing muito inteligente.

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MOBILIDADE duas rodas

Piaggio 1 Active

Absoluta facilidade eléctrica Texto: Paulo Ribeiro/MotoX Fotos: Delfina Brochado

A máxima facilidade de utilização, enquanto argumento de venda das propostas de mobilidade eléctrica, é exponenciada na estreia da Piaggio no segmento. Chama-se 1 (ou One) e é básica, leve, silenciosa, ecológica e urbana. Mesmo ao gosto da Geração Z.

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Silenciosa e aparentemente inócua, a mobilidade eléctrica impôs-se, de forma quase insidiosa, numa sociedade pretensamente mais verde. Tomou de assalto as formas possíveis de deslocação de pessoas e objectos. Comboios e metropolitanos primeiro. Até porque a esses era fácil fazer chegar o ‘combustível’ eléctrico. Automóveis depois. Mais tarde, os veículos de duas rodas. Por motivos facilmente compreensíveis. O volume e peso das baterias para garantir autonomia e velocidade aceitáveis tornava complicado criar ciclomotores ou motociclos com características competitivas e preços aceitáveis face à evoluída concorrência a gasolina. Mas a evolução não pára e, independentemente de todas as discussões em redor do tema, a generalidade das marcas olha para o eléctrico como o futuro. Pelo menos o imediato! Até porque a sociedade a isso obriga... Aos poucos, ainda que de forma tímida, todas as marcas instaladas no mercado vão oferecendo propostas a pilhas. Também a Piaggio responde a este novo desafio electrizante, com estreia respeitadora de valores de facilidade e economia, descomprometimento e partilha, respeito ambiental e imagem cool, tão importantes para a Geração Z como a última proposta do iPhone. Os motores de combustão interna são poluentes e o reabastecimento obriga a levar com o aroma nem sempre apreciado da gasolina. As baterias eléctricas podem ser carregadas como um tele-

móvel. Em casa, no escritório ou mesmo num shopping. Ora, juntar esta simplicidade à facilidade de utilização de uma scooter foi a grande aposta da Piaggio que, tal como muitas outras marcas, procura cativar a juventude para as duas rodas. Por isso a 1, em versão de ciclomotor, equivalente a uma 50 cc, que pode ter baterias de maior capacidade (1+), ou semelhante a um motociclo de 125 cc (1 Active), foi desenvolvida para uma experiência de mobilidade onde a facilidade se sobrepõe às emoções, em que o sentido prático relega as performances para segundo plano. A velocidade máxima anunciada, de 60 km/h no caso da 1 Active, é perfeitamente suficiente para uma utilização urbana, embora possa ser limitadora ao optar por uma auto-estrada ou via rápida. E se, a descer, pode mesmo chegar aos 73 km/h, já a subir e apenas com um adulto a bordo, dificilmente passará dos 40 km/h.

Reabastecer em casa

Na sempre relevante questão da autonomia, a casa italiana anuncia 85 quilómetros no modo Eco, o mais económico com velocidade limitada a 30 km/h, ou 50 km no mais dinâmico modo Sport. De acelerador sempre a fundo foi possível fazer 40 quilómetros com 90% da carga da bateria o que, em termos citadinos, não deixa de ser uma excelente marca. Tanto mais que, chegados a casa ou ao escritório, é possível retirar a bateria e transportá-la de

forma prática (apesar dos 15 kg) até junto de uma tomada doméstica para recarregar. Além de funcionar como excelente anti-roubo! É que sem bateria, a Piaggio 1 não vai a lado algum... A casa italiana anuncia 6 horas para uma carga completa das baterias de iões lítio do tipo 18650, potência de 2,3 kWh e 48 Ah de capacidade, mas na realidade e com a bateria a 9%, foram precisas 3 horas e 53 minutos para atingir o valor máximo. Os 94 kg de peso, muito bem distribuídos, são fáceis de controlar e o conjunto oferece uma condução simples e bastante agradável, fácil de curvar e intuitiva nas manobras mais rápidas. E com uma estabilidade que até faz esquecer as rodas de pequena dimensão (10 polegadas), apoiadas em suspensão capaz de aguentar todas as agruras das vias urbanas. E sem colocar em causa um nível de conforto mais do que suficiente atendendo à extensão das deslocações.

Segurança acima de tudo

O sistema de travagem combinada (CBS) acciona dois discos de 175 mm de diâmetro ao apertar a manete es-

querda e que é capaz de evitar, de forma muito rápida, os mais inusitados obstáculos. E quando se desacelera, tem um sistema de regeneração de energia idêntico aos utilizados na Fórmula 1 (KERS: Kinetic Energy Recovery System) que permite ganhar mais alguma autonomia. Facilidade assente na mais evoluída tecnologia, que parece ser leitmotiv de toda esta Piaggio e que continua na chave inteligente, com comando à distância e que permite fazer todas as operações (ligar, desligar, bloquear a direção e abrir o banco) sem retirar o comando do bolso. Pena que não funcione por proximidade e obrigue a premir um botão para desbloquear as funções do botão existente na parte posterior do escudo frontal, onde existe também um prático suporte para sacos/mochilas e uma tomada USB. Com materiais de evidente qualidade, bons acabamentos e bastante atenção dispensada aos detalhes, a Piaggio 1 Active é uma clara e atractiva oferta de mobilidade tecnológica. Custa 3649 €, preço em linha com as 125 cc referenciais do mercado nacional, esgrimindo trunfos como a economia (de combustível) e respeito ambiental para fazer esquecer a menor velocidade ou autonomia.

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MOBILIDADE terceira idade

Idosos mais afectados com os acidentes

Infra-estruturas e tecnologia podem dar a mão à terceira idade Texto: Mónica Silva Foto: Paul Yves Camille

O último Relatório de Segurança Rodoviária da DEKRA, dedicado ao tema “mobilidade na terceira idade”, alerta para a necessidade de criar medidas que reduzam o risco de acidente rodoviário na população mais idosa.

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“Os utentes mais velhos estão potencialmente em desvantagem quando se trata de segurança nas estradas”, diz a Comissária Europeia para os Transportes, Adina Valean. Seja de carro, de bicicleta ou a pé, os idosos integram cada vez mais o tráfego rodoviário e, associado a isso, há um risco de acidente também cada vez maior e mais significativo em comparação com a população mais jovem, segundo conclusões do relatório da DEKRA. “São necessárias medidas urgentes para minimizar este risco e, ao mesmo tempo, manter a mobilidade das pessoas idosas, no sentido da participação social”, apelou o Diretor-Geral da DEKRA Automobil GmbH, Jann Fehlauer, na apresentação do Relatório de Segurança Rodoviária 2021 “Mobilidade na terceira idade”. O documento revela ainda que cerca de 30% de todas as mortes na estrada na União Europeia, nos últimos anos, afectaram a faixa etária dos 65 anos ou mais e,

entre os peões e os ciclistas, cerca de metade de todas as mortes no trânsito rodoviário, afectaram os idosos. Uma realidade preocupante, considerando que este é o grupo etário que continuará a aumentar ao longo das próximas décadas. Este cenário é ainda mais evidente quando se compara o número de mortes dos idosos no trânsito com o número de vítimas jovens. De acordo com o Grupo Internacional de Análise e Dados de Segurança de Tráfego, entre 2010 e 2018, o número de fatalidades em acidentes de viação nos jovens entre os 18 e os 24 anos diminuiu 25%, enquanto que o número de mortes entre os 25 e 64 anos caiu 6,9%. No mesmo período, o número de feridos mortais com mais de 65 anos de idade aumentou em cerca de 7% e para aqueles com mais de 75 anos aumentou 4,7%. Face a estas conclusões, a DEKRA considera que é possível melhorar estes números com recurso a soluções



(Entre 2010 e 2018) o número de feridos mortais com mais de 65 anos de idade aumentou em cerca de 7% e para aqueles com mais de 75 anos aumentou 4,7%

na área do comportamento humano, da tecnologia e das infra-estruturas. “As medidas de acompanhamento, aconselhamento e avaliação são igualmente um tema, bem como soluções de concepção em termos de tecnologia e infra-estruturas de veículos e conceitos de mobilidade integradora”, reforçou Fehlauer. O uso e desenvolvimento de sistemas de assistência ao condutor é uma das soluções que visa melhorar a segurança rodoviária entre os idosos. São sistemas que compensam os défices relacionados com a idade, assegurando, desta forma, a redução do risco de sofrerem ou provocarem um acidente. Um inquérito encomendado pela DEKRA mostra que o grupo etário com mais de 65 anos é geralmente muito aberto a sistemas de assistência electrónica. No entanto, deve-se ter em conta que uma elevada penetração no mercado de veículos com sistemas de assistência requer muito tempo. No caso de novos sistemas de segurança, a partir do mo-

mento que o equipamento é lançado no mercado, pode levar cerca de 15 anos. Tendo em conta que as medidas infra-estruturais, tais como a construção de estradas, demoram frequentemente muito tempo a planear e a implementar, a DEKRA defende que o foco inicial deve ser o factor humano, a fim de alcançar resultados positivos o mais rapidamente possível em termos de segurança rodoviária, nomeadamente dos cidadãos idosos. Para tal, sugere algumas medidas como uma forte consciencialização da população idosa sobre as suas capacidades e limitações, realização de check-ups de saúde regulares e obrigatórios, padronização das funções dos veículos para serem mais intuitivas, manutenção e expansão da rede de ciclovias, entre outras. O último Relatório de Segurança Rodoviária da DEKRA, “Mobilidade na terceira idade”, está disponível para consulta no site www.dekra-roadsafety.com.

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TECNOLOGIA head-up

Head-up display

Quando é bom ter a cabeça no ar Texto: Miguel Caroço - Departamento Técnico-Pedagógico do CEPRA

A crescente evolução nos sistemas e tecnologias de assistência ao condutor numa procura constante de inovação é, cada vez mais, parte integrante do dia a dia dos condutores de veículos automóveis

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A sua importância é cada vez maior, numa fase de transição em que os fabricantes já traçaram um rumo irreversível,em direcção a um futuro, que se pretende generalizado, de veículos sustentáveis e com mobilidade autónoma. Os fabricantes de equipamentos e as marcas de veículos automóveis, projectam, desenvolvem, aperfeiçoam e disponibilizam, de forma cada vez mais consistente, tecnologias e sistemas de assistência ao condutor que cobrem uma cada vez maior gama de modelos de veículos. Estas tecnologias e sistemas permitem ajudar e assistir o condutor na condução, com o objectivo de reduzir ou eliminar as suas limitações e aumentar, assim, os níveis de

conforto e de segurança na condução. As melhorias nos sistemas e tecnologias com que hoje nos deparamos nos veículos automóveis, são muitas, variadas e com diferentes graus de complexidade. Este artigo, foca um sistema específico de assistência ao condutor, que pretende facilitar a forma como os condutores assimilam, lidam e gerem a informação que recebem do veículo durante a condução. Trata-se do sistema Head-Up Display. O Head-Up Display, também conhecido pela sigla HUD, é um sistema óptico que projecta informação, avisos e parâmetros importantes do veículo, directamente no

campo de visão do condutor, permitindo que este tenha sempre as informações relevantes do veículo no seu campo de visão primário ou seja, o condutor pode estar sempre a olhar em frente para a estrada através do pára-brisas, sem necessidade de desviar o olhar para o painel de instrumentos. O Head-Up Display (HUD) permite ao condutor receber a informação dos vários parâmetros do veículo, de forma rápida e precisa, sem alterar significativamente a posição da cabeça, mantendo uma postura erecta e os olhos bem focados na estrada. O termo Head-Up surge pelo facto de a cabeça do condutor poder ficar para cima, precisando apenas de baixar muito ligeiramente. A concentração do condutor mantém-se na estrada, reduzindo a fadiga ocular ao diminuir a necessidade de mudar o foco de visão entre a estrada e o painel de instrumentos, contribuindo definitivamente para um maior conforto e, principalmente, para uma maior segurança. O HUD foi inicialmente desenvolvido para a aviação militar para utilização em aviões de caça a jato. O aumento de velocidade dos aviões fazia com que fosse cada vez mais difícil ao piloto consultar as indicações no painel de instrumentos convencional e focar-se ao mesno tempo, na pilotagem e nos sistemas de mira para disparar. Tornou-se necessária uma tecnologia que permitisse ao piloto uma consulta mais rápida, com o menor tempo possível de desvio de atenção e foco do olhar. O HUD do avião exibe informações ao piloto, tais como altitude, posição, velocidade e sistemas de mira, à frente do piloto e ao nível dos olhos, permitindo-lhe olhar sempre para a frente, manter a cabeça erguida, sem ter de desviar constantemente o olhar para os mostradores do painel de instrumentos, diminuindo assim o tempo de reacção e aumentando o tempo disponível para a pilotagem. O sistema HUD só surgiu mais tarde nos veículos automóveis. Um dos primeiros veículos a apresentar um sistema HUD como equipamento opcional, foi o Oldsmobile Cutlass Supreme em 1988. Actualmente, o HUD está presente em quase todos os tipos de veículos de transporte, Incorporados no veículo automóvel, existem essencialmente dois tipos de sistemas HUD. Existe um HUD em que a informação é projectada diretamente no pára-brisas e existe outro HUD, também conhecido como sistema HUD Combiner, em que a informação é projectada sobre uma superfície transparente retráctil, independente do ângulo e da geometria do pára-brisas. O HUD tem como principal objectivo a representação dos parâmetros mais importantes do veículo. A velocidade instantânea do veículo é o parâmetro de exibição central que é sempre mostrado, não podendo sequer ser desactivado do HUD pelo condutor. Por outro lado, exis-

HUD em avião de caça a jato.

HUD em vários tipos de transporte.

tem parâmetros que só são exibidos se activados ou configurados pelo condutor. Também há parâmetros que só são exibidos temporariamente, como é o caso dos alertas e avisos e, também, dos parâmetros provenientes das modificações efectuadas pelo condutor nas configurações do sistema. Assim, um sistema HUD pode projectar vários parâmetros, símbolos e informações do veículo, em função do tipo e nível de equipamento, tais como, entre outros, a velocidade instantânea do veículo, o regime de rotação do motor (rpm), sinais de trânsito e indicadores de limite de velocidade, informações de trânsito, informações multimédia, informações de chamadas telefónicas, mensagens e símbolos de alertas e avisos e informações do sistema de navegação GPS, sistema de cruise control, sistema de cruise control adaptativo, sistema de assistência à mudança de faixa, sistema de assistência à visão nocturna e sistema de monitorização do ângulo morto e outros. Dependendo do tipo de equipamento do veículo, o condutor consegue configurar o sistema HUD através de botões próprios destinados ou no ecrã multimédia do painel de instrumentos.

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TECNOLOGIA head-up

HUD no pára-brisas

Sistema HUD no para-brisas.

Unidade de controlo para projeção no para-brisas.

Espelho não ajustável Unidade de controlo para projecção no pára-brisas Display TFT de alta resolução Unidade de luz do HUD Espelho ajustável

Sistema ótico do HUD.

Lâminas de vidro

Pelicula plástica de PVC

Para-brisas de veículo com Head-Up Display Lâminas de vidro

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Pelicula plástica de PVC

Para-brisas de veículo sem Head-Up Display

Este tipo de HUD, é utilizado em pára-brisas especiais de forma a dar a impressão de que a informação projectada não aparece na área do pára-brisas, mas sim a uma distância de dois a dois metros e meio de distância do condutor. A informação projectada pelo HUD parece pairar no ar por cima do capô do veículo. Em relação à consulta de informação no painel de instrumentos, a que é feita através do sistema HUD tem várias vantagens, tais como: - A colocação específica do HUD no campo de visão ampliado do condutor, além de garantir que as informações dos parâmetros relevantes do veículo estão no seu campo de visão, significa que a cabeça do condutor só precisa ser inclinada em cerca de 5 a 10 graus para consulta do HUD. Por outro lado, para a consulta da informação no painel de instrumentos, a cabeça do condutor precisa estar inclinada em cerca de 20 a 25 graus. - Como o HUD pode ser visto no campo de visão ampliado do condutor, os olhos não precisam de adaptar-se a ambientes mais escuros ao consultar o conteúdo do HUD, ao contrário de um olhar para o painel de instrumentos, especialmente durante o dia. A constante adaptação dos olhos do condutor, do claro ao escuro e vice-versa, para consultar os parâmetros do veículo, pode assim ser evitada. - Como o HUD é perceptível a uma distância de dois a dois metros e meio do condutor, o tempo que precisa para focar é significativamente menor do que o necessário para uma olhada ao painel de instrumentos. O tempo de foco é sempre necessário para adaptar a acuidade visual à distância de cada objecto. - A utilização do HUD, além de reduzir a fadiga ocular o condutor (devido à redução de mudanças de foco), o tempo de condução em que o olhar e a atenção do condutor estão afastados do tráfego rodoviário é aproximadamente metade, o que faz com que a utilização do HUD melhore a percepção do condutor em relação ao que está a acontecer na estrada, contribuindo assim para uma maior segurança da condução. Neste tipo de HUD, o elemento central é a unidade de controlo para projecção no pára-brisas. Esta unidade de controlo está localizada à frente da consola do quadrante de instrumentos. Contém todos os componentes ópticos, mecânicos e eléctricos necessários para o funcionamento do sistema. Em caso de defeito num componente da unidade de controlo, normalmente, terá que se proceder à substituição da unidade de controlo completa e, para se proceder a essa substituição, o pára-brisas tem que ser removido.

No sistema óptico do HUD, um display TFT (Thin Film Transistor) de alta resolução, que consiste numa matriz de transístores de filme fino, é iluminado por uma fonte de luz forte composta por cerca de 15 LED, sendo a estrutura tecnicamente semelhante à de um projector de slides. Os raios de luz emergentes são projectados através de dois espelhos de deflexão no pára-brisas. Um dos dois espelhos é usado para ajuste de altura do HUD. Isto é importante para adaptar a posição da imagem do HUD à posição do banco ou ao tamanho do corpo do condutor. Os espelhos também têm a função de corrigir distorções da imagem causadas pela curvatura do pára-brisas. A intensidade da luz da imagem exibida é continuamente adaptada às condições actuais da iluminação ambiente. Para isso, a unidade de controlo avalia os valores de luminosidade ambiente recorrendo ao sensor de chuva e luz. O condutor também tem a possibilidade de adaptar o brilho da imagem projectada, de acordo com as suas necessidades, alterando as configurações do sistema. A intensidade da luz deve ser configurada de tal forma, que a imagem exibida permaneça facilmente legível no caso de radiação solar directa. O pára-brisas é uma parte importante do sistema óptico geral deste tipo de HUD. A

imagem projectada também é reflectida pelo pára-brisas, o que significa que o pára-brisas representa mais ou menos um terceiro espelho. Devido a este facto, as tolerâncias do pára-brisas são muito apertadas. Um pára-brisas padrão que é instalado em veículos sem sistema HUD, tem uma estrutura que levaria a uma dupla imagem disruptiva. É por isso que, em veículos com este tipo de sistema HUD, é necessário a instalação de um pára-brisas especial, que é diferente de um pára-brisas convencional. Um pára-brisas convencional é com vidro laminado, composto, regra geral, por duas lâminas de vidro ligadas entre si através de uma película plástica de PVB (Butiral de PoliVinilo) colorida ou incolor, de espessura constante de aproximandamente 0,75 mm, que assegura a coesão do conjunto. Num pára-brisas especial para este tipo de sistema HUD, a película plástica de PVB existente entre as duas lâminas de vidro, não é de espessura constante, mas sim ligeiramente em forma de cunha. Isto significa que a espessura do pára-brisas aumenta ligeiramente no sentido ascendente do pára-brisas. É a película de PVB em forma de cunha, que faz com que condutor não veja uma imagem dupla no sistema HUD.

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FORMAÇÃO perfil Pedro Trindade Formador ANECRA

Os desafios da formação

revista 36 ANECRA

Falar dos desafios da formação é recorrente, contudo, no que respeita aos associados da ANECRA, tem sido uma (r)evolução constante. Isto porque, cada vez mais, os clientes têm maior e melhor acesso à informação, tornando-os ainda mais exigentes com os fornecedores e/ou prestadores de serviço, que leva a que seja necessário ser mais proactivos e superar as expectativas dos clientes. E é aqui que a ANECRA tem apostado claramente em disponibilizar aos seus associados uma oferta formativa diversificada que tem ido muito para além das áreas mais técnicas e apostado fortemente nas áreas comportamentais e de gestão global do negócio. Só tendo uma visão transversal do negócio é que podemos tomar decisões acertadas e que permitam agregar valor para todos os envolvidos. O meu período de colaboração com a ANECRA na área da formação, que começou em 2017, posso dizer que tem sido para mim, das melhores experiências enquanto formador. Primeiro, porque os formandos demonstram uma vontade enorme de aprender e de implementar o que falamos na formação no seu quotidiano. Costumo dizer que “fui criado numa oficina”, já que, desde miúdo, costumava ajudar o meu pai que era mecânico de auto-

móveis. Por isso conheço alguns dos maiores problemas dos formandos.

Mas então quais serão os principais desafios da formação?

Bem, nestes dois anos desde que começou a pandemia, até mesmo nós, formadores, tivemos de reaprender a forma como encaramos a formação. No meu caso particular, que costumo dar a formação mais na área comportamental, técnicas de vendas, relacionamento com o cliente e de organização de empresas, foi um desafio fazer a adaptação de alguns conteúdos que exigiam actividade presencial e transformá-los em actividades digitais. Gosto de pensar que foi um “desafio superado”, tendo em conta a atitude proactiva que a maior parte dos formandos adquire durante e após a formação. Confesso que fazer trabalhos de grupo por vídeo chamada é quase sempre uma aventura, já que todos sentem um pouco a falta de mais momentos de partilha e de troca de experiências num formato mais presencial. Contudo, a formação online tem também as suas vantagens, pois permitiu-me começar a ter formandos de todas as zonas do país e deparar-me e confrontar-me com

Texto: Mónica Silva Foto: Edwin Andrade

Satisfazer as exigências crescentes dos formandos sempre foi um desafio em qualquer formação. Hoje, em contexto de pandemia, é preciso encará-lo com uma atitude proactiva e humana e adaptar à realidade digital



O meu período de colaboração com a ANECRA na área da formação, posso dizer, tem sido para mim das melhores experiências enquanto formador

Pedro Trindade

• Licenciado em Gestão de Recursos Humanos e Psicologia do Trabalho • MBA em Gestão de Empresas • Consultor e Formador de RH, com 25 de experiência profissional nas áreas da gestão de RH e de gestão, tendo já desempenhado funções em empresas de grande dimensão e multinacionais.

Cursos administrados

realidades geográficas muito diferentes. Além disso, cada vez mais a formação é encarada como uma componente extremamente importante para a aprendizagem contínua por parte dos profissionais. Mas ao contrário da formação mais técnica, na área comportamental temos sempre de ter um conjunto de actividades mais pedagógicas e mais de “gamificação”, com o recurso a jogos pedagógicos que ajudem a interiorizar a relação entre a componente teórica e a componente prática. No último ano, dei várias formações na área de Gestão oficinal, Técnicas de vendas, Controlo de gestão e Atendimento ao cliente e foi com enorme satisfação que tive vários formandos que fizeram comigo vários destes cursos. Importa salientar que o nível de satisfação dos formandos é sempre elevado, o que constitui por si só um dos melhores indicadores que a ANECRA tem sobre a sua actividade formativa. Para este ano já estão previstas várias acções, nomeadamente, de Relação com o cliente e Comportamento organizacional, Gestão e organização de oficina, Técnicas de venda, entre outros. Por isso, recomendo a que os profissionais aproveitem e, acima de tudo, que se divirtam na formação!

Gestão e organização da oficina OBJECTIVOS: Caracterizar o mercado de reparação auto; Implementar na oficina os indicadores de gestão oficinal; Promover o trabalho em equipa; Implementar o método de recepção oficinal; Reconhecer a importância do controlo de qualidade e colocar em prática procedimentos que garantem a qualidade dos trabalhos; Caracterizar a relação com o cliente e reconhecer a importância da excelência no atendimento; Gerir a insatisfação, o conflito e as reclamações com clientes e fornecedores. CONTEÚDOS: Perfil de competências do Responsável Técnico Auto; Caracterização do mercado de reparação auto e liberalização do sector; Controlo do trabalho e controlo do tempo de oficina; Trabalho em equipa; Método de recepção oficinal; Controlo de Qualidade; Relação com o cliente; Satisfação vs insatisfação do cliente; Gestão de conflitos; Gestão de reclamações; Implementação de um sistema de gestão e tratamento de reclamações. Técnicas de Venda de Produtos e Serviços de Oficina OBJECTIVOS: Caracterizar e aplicar técnicas de venda de serviços e de peças. CONTEÚDOS: Identificação de qualidades e regras de um bom comercial; Descrição de dinâmicas das necessidades e da atitude; Conceito de motivação; Tipos de clientes; Descrição do processo de decisão de compra; Identificação de técnicas de prospecção; Descrição das várias fases da venda; Identificação da importância da venda de serviços e peças; Aplicação de técnicas de venda de peças; Identificação de pontos de dinamização das vendas de serviço; Aplicação de técnicas de vendas de serviços; Identificação das necessidades dos pedidos de crédito; Características da recolha de informação; Avaliação de pedidos de crédito.

ANECRA

revista

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ar. 383

FORMAÇÃO ANECRA

FORMAÇÃO plano

FAÇA JÁ A SUA INSCRIÇÃO

revista 38 ANECRA

Reparação, preparação e pintura de termoplásticos 4 horas de duração em horário laboral On-line 19 e 20 de Abril

ATESTAÇÃO DE TÉCNICOS DE AR CONDICIONADO

FORMAÇÃO COMPORTAMENTAL ANECRA

Injeção directa de gasolina 16 horas de duração em horário laboral Aveiro 7 a 10 de Março

Renovação de técnicos de ar condicionado 7 horas de duração em horário laboral On-line 22 de Fevereiro

Plano de negócio 4 horas de duração em horário laboral On-line 22 de Fevereiro

Injeção directa de gasolina 16 horas de duração em horário laboral Braga 28 a 31 de Março

FORMAÇÃO FINANCIADA (LISBOA 2020)

FORMAÇÃO FINANCIADA (PO ISE)

Atestação de técnicos de ar condicionado 13,5 horas de duração em horário laboral On-line 17 e 18 de Março

Prevenção face ao branqueamento de capitais 4 horas de duração em horário laboral On-line 31 de Março

Gestão electrónica de motores 8 horas de duração em horário laboral Beja 11 e 12 de Abril

Gestão e Organização da Oficina U7100 50 horas de duração em horário pós-laboral Lisboa (On-line) 7 a 31 de Março

Marketing digital U9214 25 horas de duração em horário pós-laboral Centro (On-line) 14 a 24 de Março

Renovação de técnicos de ar condicionado 7 horas de duração em horário laboral On-line 31 de Março

FORMAÇÃO TÉCNICA DE CURTA-DURAÇÃO

Reparação de vidros 1,5 horas de duração em horário laboral On-line 12 de Abril

Técnicas de venda de produtos e serviços de oficina U1533 50 horas de duração em horário pós-laboral Lisboa (On-line) 4 a 28 Abril

Organização oficinal U1548 25 horas de duração em horário pós-laboral Norte (On-line) 28 de Março a 7 de Abril

Atestação de técnicos de ar condicionado 13,5 horas de duração em horário laboral Lisboa 30 e 31 de Março

Utilização do osciloscópio 6 horas de duração em horário laboral On-line 7 e 8 de Março

Veículos eléctricos 12 horas de duração em horário laboral Amarante 18 a 20 de Abril

Unidades electrónicas de comando – sensores e actuadores U5022 50 horas de duração em horário pós-laboral Lisboa (On-line) 4 a 28 de Abril

Prevenção e combate a incêndios U4798 25 horas de duração em horário pós-laboral Centro (On-line) 14 a 21 de Abril

Ao longo do ano a ANECRA desenvolve várias Acções de Formação, adaptadas às necessidades de cada área do Sector e temos, inclusive, a capacidade de desenvolver ações específicas para cada empresa e as suas necessidades próprias de formação! Se não encontrar aqui a temática que procura, consulte-nos através do email: [email protected] e organizaremos em conjunto a Formação à Medida para a sua empresa! www.anecra.pt | 21 392 90 30

ar. 384 JURÍDICO apoios

Apoio à entidade empregadora

Compromisso

Emprego Sustentável Texto: Gabinete Jurídico da ANECRA

Conformidade/garantias na venda de bens de consumo, na prestação de serviços e no fornecimento de conteúdos e serviços digitais.

revista 40 ANECRA

A Portaria n.º 38/2022, de 17 de Janeiro, veio criar e regulamentar a medida “Compromisso Emprego Sustentável” que consiste na concessão, à entidade empregadora, de apoios financeiros à celebração de contrato de trabalho sem termo com desempregado inscrito no Instituto do Emprego e da Formação Profissional, I. P., Ao abrigo da presente medida, são concedidos os seguintes apoios financeiros: - um apoio financeiro à contratação (nos termos estabelecidos no artigo 11.º); - um apoio financeiro ao pagamento de contribuições para a Segurança Social (nos termos estabelecidos no artigo 12.º). O IEFP é o responsável pela execução da medida em articulação com o Instituto de Informática e o Instituto da

Segurança Social, procedendo à troca de informação relevante para efeitos de concessão, pagamento e controlo dos apoios. Aspectos relevantes deste novo incentivo: - Cumulação de apoios e contribuições para a Segurança Social: apenas se permite a cumulação com medidas de incentivo ao emprego de natureza fiscal ou parafiscal. Enquanto esta medida durar não são admitidas candidaturas ao apoio à contratação para entidades empregadoras da Medida Incentivo ativar.pt.  Assim, caso a entidade empregadora esteja na situação de receber um apoio que inclua a isenção total de pagar contribuições para o regime geral da Segurança Social, não poderá receber o apoio da medida Compromisso Emprego Sustentável ao pagamento de contribuições para a Segurança Social.

Para verificar estas situações o IEFP troca oficiosamente informação com o Instituto da Segurança Social e notificará a entidade empregadora para efeitos de eventual restituição do montante que esta tenha recebido indevidamente. - Empresas condenadas por violação de legislação de trabalho: a entidade empregadora não ter sido condenada em processo-crime ou contraordenacional grave ou muito grave por violação de legislação de trabalho, nomeadamente sobre discriminação no trabalho e no acesso ao emprego, nos últimos três anos, salvo se, da sanção aplicada no âmbito desse processo, resultar prazo superior, caso em que se aplica este último.

I - Apoio à contratação e majorações

A entidade empregadora tem direito a um apoio correspondente a 12 vezes o valor do indexante dos apoios sociais (IAS) que, em 2022, é de 443,20 euros ou seja, 5318,40 euros. a) O apoio pode ser majorado em 25% - ou seja, passa a ser de 6648,00 euros, nas seguintes situações: - na contratação de jovens com idade até aos 35 anos, inclusive; - quando a retribuição base associada ao contrato apoiado seja igual ou superior a 1410 euros (2xRMMG); - quando esteja em causa posto de trabalho localizado em território do interior; - quando a entidade empregadora seja parte de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho (IRCT) negocial; b) O apoio é majorado em 30% - ou seja para 6913,92 euros quando esteja em causa a contratação de desempregados do sexo sub-representado em determinada profissão; c) O apoio pode ser majorado em 35% - ou seja, passa a ser de 7179,84 euros, na contratação de pessoas com deficiência e incapacidade; As majorações são cumuláveis entre si até ao limite de três. No contrato a tempo parcial: o apoio financeiro é reduzido na devida proporção e tendo por base um período normal de trabalho de 40 horas semanais. Nos casos em que ocorra suspensão do contrato de trabalho apoiado, a entidade empregadora tem direito ao apoio financeiro calculado de forma proporcional ao trabalho prestado e remunerado sempre que no 36.º mês após a data de início do contrato sem termo não se verifiquem 24 meses completos de prestação de trabalho pelo trabalhador apoiado (trata-se, por exemplo, de situação de crise empresarial, situações de doença ou em caso de gozo de licença parental, cuja ausência se verifique por período superior a um mês).



O IEFP é o responsável pela execução da medida em articulação com o Instituto de Informática e o Instituto da Segurança Social

Esse direito ao apoio não é aplicável no caso em que a entidade empregadora substitua temporariamente o trabalhador ausente por outro desempregado inscrito no IEFP que se encontre nas mesmas condições, no prazo de 30 dias a contar da data em que ocorra o motivo. Pagamento dos apoios financeiros: O pagamento dos apoios financeiros é efectuado após a apresentação do termo de aceitação ao IEFP, em três prestações, da seguinte forma: - 60% do valor dos apoios financeiros é pago após o início de vigência de todos os contratos de trabalho apoiados, no prazo máximo de 20 dias úteis após a apresentação dos mesmos ao IEFP; - 20% do valor dos apoios financeiros é pago no décimo terceiro mês de vigência do último contrato iniciado; - 20% do valor dos apoios financeiros é pago no vigésimo quinto mês de vigência do último contrato iniciado. - Os pagamentos ficam sujeitos à verificação da manutenção dos requisitos necessários à concessão do apoio financeiro, relativamente ao período já decorrido. - O pagamento da última prestação do apoio financeiro, fica sujeito à entrega, por parte da entidade empregadora, do relatório de formação ou da cópia do certificado de formação.

II - Apoio ao pagamento de contribuições para a Segurança Social

A entidade empregadora tem direito a um apoio financeiro correspondente a metade do valor da contribuição para a Segurança Social a seu cargo, relativamente aos contratos de trabalho apoiados, durante o primeiro ano da sua vigência. O montante é apurado tendo em conta a retribuição base estabelecida nos contratos a apoiar e com referência a um período de 14 meses - o limite deste apoio é de 3102,40 euros. Sempre que no primeiro ano de vigência do contrato ocorra suspensão do contrato de trabalho apoiado (no-

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revista

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JURÍDICO conformidades

meadamente por doença, situação de crise empresarial ou gozo de licença parental) cuja ausência se verifique por mais de um mês, a entidade tem direito ao apoio calculado de forma proporcional ao trabalho prestado e remunerado quando, no 36.º mês após a data de início do contrato sem termo, não se verifiquem 12 meses completos de prestação de trabalho pelo trabalhador apoiado.  Este direito não é aplicável quando a entidade empregadora substituir temporariamente o trabalhador ausente por outro desempregado inscrito no IEFP no prazo de 30 dias a contar da data em que ocorra uma das situações. A entidade terá direito a receber a totalidade do apoio financeiro se alguma dessas situações ocorrer após o primeiro ano de vigência do contrato.

Requisitos de candidatura

revista 42 ANECRA

Podem candidatar-se à medida: a) As entidades empregadoras (pessoas singulares ou colectivas de natureza jurídica privada, com ou sem fins lucrativos) que preencham os seguintes requisitos: - estar regularmente constituída e registada; - preencher os requisitos legais exigidos para o exercício da actividade ou apresentar comprovativo de ter iniciado o processo aplicável; - ter a situação tributária e contributiva regularizada perante, respectivamente, a administração fiscal e a Segurança Social (a situação tributária e contributiva regularizada é exigida a partir da data da aprovação da candidatura);

- não se encontrar em incumprimento quanto a apoios financeiros concedidos pelo IEFP; - ter a situação regularizada em matéria de restituições no âmbito dos financiamentos dos Fundos Europeus Estruturais e de Investimento; - dispor de contabilidade organizada de acordo com o previsto na lei; - não ter pagamentos de salários em atraso (salvo situações de regularização); - não ter sido condenada em processo-crime ou contraordenacional grave ou muito grave por violação de legislação de trabalho, nomeadamente sobre discriminação no trabalho e no acesso ao emprego, nos últimos três anos, salvo se da sanção aplicada no âmbito desse processo resultar prazo superior, caso em que se aplica este último. b) as entidades que tenham iniciado Processo Especial de Revitalização (PER), Regime Extrajudicial de Recuperação de Empresas (RERE) ou processo no Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial, antes de 18 de Janeiro 2022, devendo entregar ao IEFP a documentação comprovativa.

Requisitos para receber apoio e obrigações a cumprir

Para receber o apoio e o manter, é necessário que a entidade empregadora publicite e registe a oferta de emprego no portal do iefponline, sinalizada com a intenção de candidatura. a) Celebre contrato de trabalho sem termo. Não são elegíveis os contratos de trabalho celebrados entre entidade empregadora ou entidade pertencente ao mesmo grupo empresarial e desempregado que a esta esteve vinculado por contrato de trabalho imediatamente antes de ser colocado na situação de desemprego, excepto quando o desemprego tenha ocorrido há mais de 12 meses ou quando o contrato de trabalho tenha sido celebrado ao abrigo do regime para jovens em férias escolares, previsto no Código dos Regimes Contributivos. Também não são elegíveis contratos com desempregado que tenha frequentado um estágio financiado pelo IEFP na mesma entidade ou entidade pertencente ao mesmo grupo empresarial nos 12 meses anteriores, salvo nas situações de estágio em projectos reconhecidos como de interesse estratégico. b) Haver criação líquida de emprego ou seja, a entidade alcançar por via do contrato de trabalho apoiado, um número de trabalhadores superior à média dos trabalhadores registados nos 12 meses que precedem o mês de registo da oferta. c) Fornecer formação profissional ao trabalhador durante o período de duração do apoio em contexto de traba-



Para receber o apoio e o manter, é necessário que a entidade empregadora publicite e registe a oferta de emprego no portal do iefponline, sinalizada com a intenção de candidatura

lho por um mínimo de 12 meses acompanhada de tutor ou formação em entidade formadora certificada com um mínimo de 50 horas, realizada durante o período normal de trabalho se possível, tendo o trabalhador direito a redução equivalente no seu horário, quando realizada total ou parcialmente, fora do período normal de trabalho. Após a formação, o empregador deve entregar ao IEFP relatório ou cópia do certificado emitido pela entidade formadora. d) Manter o contrato e o nível de emprego alcançado por via do apoio financeiro durante, pelo menos, 24 meses a contar do primeiro mês de vigência do contrato apoiado. Há manutenção do nível de emprego quando a entidade empregadora tiver ao seu serviço, um número de trabalhadores igual ou superior à média dos trabalhadores registados nos 12 meses que precedem o mês de registo da oferta, incluindo o trabalhador apoiado. Não são contabilizados os trabalhadores que tenham cessado os respectivos contratos de trabalho por sua própria iniciativa, por motivo de invalidez, de falecimento, de reforma por velhice, de despedimento com justa causa promovido pela entidade empregadora ou de caducidade de contratos a termo, a comprovar pela entidade empregadora, sempre que solicitado pelo IEFP. e) Cumprir as regras relativas à retribuição mínima mensal garantida e, quando aplicável, do respectivo instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, nomeadamente na determinação da remuneração oferecida no contrato.

Aviso de abertura de candidaturas

O IEFP vai disponibilizar o aviso de abertura de candidaturas, onde estarão definidos os critérios de análise para a apreciação dos pedidos.

A candidatura faz-se no portal iefponline.iefp.pt, em formulário próprio, através da sinalização de oferta de emprego que reúna os requisitos para concessão do apoio financeiro e na qual conste manifestação expressa de submeter uma candidatura à presente medida. No formulário de candidatura, a entidade empregadora pode apresentar o candidato para a oferta de emprego que seja elegível ou solicitar ao IEFP que indique os candidatos.

Destinatários elegíveis para contratos de trabalho apoiados

São elegíveis os contratos de trabalho celebrados com desempregados: - inscritos no IEFP há pelo menos seis meses consecutivos; - inscritos no IEFP há dois meses: para pessoas até aos 35 anos e pessoas com 45 anos ou mais; - sem prazo mínimo de inscrição no IEFP para pessoas: (beneficiários de prestação de desemprego ou de Rendimento Social de Inserção; pessoas com deficiência e incapacidade; pessoas que integrem família monoparental; com cônjuge ou unido também em situação de desemprego e inscrito no IEFP; em acolhimento residencial; que sejam vítimas de violência doméstica; refugiados; ex-reclusos ou a cumprir penas ou medidas judiciais não privativas de liberdade, toxicodependentes ou alcoólicos em recuperação, sem registos na Segurança Social como trabalhador nos últimos 12 meses consecutivos, que tenham prestado serviço efectivo em regime de contrato, regime de contrato especial ou regime de voluntariado nas forças armadas e que se encontre em programa de apoio à contratação de militares; em situação de sem-abrigo ou em processo de inserção social; com estatuto do cuidador informal que tenha prestado cuidados como cuidador principal; que tenha concluído há menos de 12 meses estágio financiado pelo IEFP no âmbito de projectos de interesse estratégico, incluindo em entidades promotoras e centros de interface tecnológico. É equiparada a desempregado a pessoa inscrita no IEFP na qualidade de trabalhador com contrato de trabalho suspenso com fundamento no não pagamento pontual da retribuição. O tempo de inscrição não é prejudicado pela frequência de estágio profissional, formação profissional ou outra medida activa de emprego, com excepção das medidas de apoio directo à contratação e das que visem a criação do próprio emprego. Esta informação não dispensa a consulta da Portaria n.º 38/2022, de 17 de Janeiro e https://www.iefp.pt/apoios-acontratacao?tab=compromisso-emprego-sustentavel_ formacao-profissional.

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revista

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ar. 384 FAMÍLIA Ford

Ford: um modelo total Empresas familiares no mercado automóvel

Texto António Nogueira da Costa

O legado da Ford vai além do sector automóvel e do famoso modelo T. A empresa, ainda gerida pela família, é também exemplo de ética e de bem-estar social até aos dias de hoje

revista 44 ANECRA

O empreendedor Henry Ford, com onze investidores e 28 mil dólares, fundou, em 1903, a Ford Motor Company, a marca automóvel mais antiga que é ainda gerida pela família, tendo como presidente o bisneto William Ford. Além das grandes inovações tecnológicas e produtivas, Henry Ford foi um dos pioneiros do “capitalismo do bem-estar social”, que tinha por base melhorar a situação dos trabalhadores e, assim, reduzir a sua grande rotação e alcançar mais eficiência. Em Janeiro de 1914, Ford implementou o programa “cinco dólares por dia”, para trabalhadores qualificados, que incluía uma redução da duração do dia de trabalho de 9 para 8 horas, 5 dias de trabalho por semana e um aumento no salário-mínimo diário de $2,34 para $5,00 (isto equivalia cerca de 4 meses de trabalho para a aquisição de um Ford T). Esta medida, que Ford apelidava de “salário de motivação”, gerou uma captação dos melhores mecânicos de Detroit e, consequentemente, um significativo incremento da produtividade e redução dos custos de formação. Mais de um século passado a visão de Ford mantém-se muito actual pois, por incrível que pareça, a semana de 5 dias e 8 horas de trabalho ainda são a norma e, o mais relevante de tudo, uma das principais preocupações dos líderes de uma organização continua a ser a captação e a retenção de talento. Bill Ford, bisneto do fundador, dá o exemplo na sua apresentação onde, para além de dados curriculares académicos e profissionais, inclui: “Acredito que o propósito de uma empresa é tornar a vida das pessoas melhor. Foi assim que nos tornámos grandes no passado e é assim que nos tornaremos ainda melhores no futuro. O sucesso contínuo da Ford Motor Company é o trabalho da minha vida. Nada é mais importante para mim do que nossa reputação como uma empresa familiar em que as pessoas confiam que façamos o que está correto”.



Acredito que o propósito de uma empresa é tornar a vida das pessoas melhor

Texto António Nogueira da Costa

A PWC, no seu estudo “Family Business Survey 2021”, constatou que as empresas familiares dominam diversos sectores chave da economia, surgindo em primeiro lugar a área da engenharia e construção, onde 118 empresas familiares representam 81% do sector, seguida da indústria automóvel, onde 55% do mercado é controlado por somente 26 grupos familiares. Estes contextos permitem deixar algumas reflexões: Será que a visão e valores da família Ford, refletidos na sua empresa há mais de um século, possuem um paralelo nas suas congéneres e concorrentes?

Que influência terá tido este posicionamento nas soluções que permitiram à empresa ultrapassar as grandes crises ao longo da sua história (uma já neste século XXI)? Em Portugal, onde a grande maioria das empresas ligadas ao sector automóvel (desde a produção de moldes a peças, concessionários ou oficinas, etc.) também são lideradas e geridas por empresas familiares, existirão idênticas influências de visão, de missão e de valores da família empresária? O que podemos fazer para melhorar a nossa posição concorrencial e assegurar a continuidade da nossa empresa familiar?.

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revista

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ar. 384

MERCADO jato

Tesla, SUV e eléctricos são recordistas JATO Dynamics

Texto: Mónica Silva

A Tesla, os SUV e os carros eléctricos foram as preferências em Dezembro de 2021 em 28 países europeus. Ao mesmo tempo percebe-se que o mercado automóvel continua em queda. Variação percentual

-22% -25% vs Dezembro de 2020

revista 46 ANECRA

vs Dezembro de 2019

De acordo com dados da JATO Dynamics para 28 mercados europeus, o volume total do mercado automóvel caiu para 22% com 949 252 unidades. Em Dezembro de 2020, o mercado já estava abaixo dos níveis pré-pandemia em 3,8%, com 1,21 milhão de novos veículos registados. A Tesla surge, no entanto, como uma das poucas marcas que conseguiu melhorar a sua posição no mercado, com 35 230 novos carros em Dezembro. Este é o maior volume mensal da fabricante norte-americana desde a chegada à Europa. Consequentemente, a Tesla teve uma participação de mercado recorde de 3,71%, contra os 2,23% de Dezembro de 2020 e 1,93% no período homólogo em 2019. “A Tesla resistiu à actual crise na indústria automóvel da Europa melhor do que qualquer outro OEM”, comenta o Global Analyst da JATO Dynamics, Felipe Munoz. O Model 3 liderou o ranking de modelos, enquanto o Model Y também garantiu um lugar no top 40 em Dezembro. O sucesso destes dois modelos permitiu à Tesla vender mais do que marcas estabelecidas, como a Kia (12 modelos disponíveis), a Citroën (10 modelos) e a Fiat (7 modelos).

Milhão de unidades. Dezembro

0,95 - 2021 1,21 - 2020 1,26 - 2019

Popularidade dos SUVs cresce

Os dados relativos a Dezembro de 2021 revelam ainda que os SUV representavam 47,5% do total de matrículas, simbolizando um novo recorde mensal de quota de mercado. O segmento foi liderado pelo Grupo Volkswagen com 23,9% de quota de mercado, seguido pela Stellantis com 16,4% e a Hyundai-Kia com 10%. O 2008 da Peugeot liderou os SUV com 16 330 unidades, uma queda de 9% relativamente a 2020 e um aumento de 47% face a 2019. O Opel/Vauxhall Mokka e o Tesla Model Y também obtiveram fortes resultados,.

Veículos eléctricos atingem recorde

Os veículos de baixas emissões também estabeleceram um novo recorde mensal com 29,3%. A popularidade dos PHEV e BEV foi impulsionada pelo aumento da disponibilidade dos concessionários e pelos esforços contínuos dos governos, no incentivo aos consumidores para se afastarem dos segmentos tradicionais. Isto fez com que os EV representassem a maior parte dos registos de carros novos em vários mercados, como a Noruega (90%), os Países Baixos (64%), a Suécia (61%) e a Dinamarca (57%).

DOSSIER

comércio de automóveis

usados

As vendas online de automóveis usados caíram

Stocks em baixa F2car Vestir as luvas contra os desafios Observatório Indicata Queda dos níveis de stock

OPINIÃO jato

Irina Alpalhão Account Manager JATO Portugal

Pensar fora da caixa e adaptar são chave



Estes dois últimos anos foram particularmente desafiantes para o mercado automóvel em Portugal e no mundo. Como se não bastassem os confinamentos e, em alguns casos, a completa paralisação das actividades, agora o sector tem que lidar com a crise dos chips e, consequentemente, com a falta de automóveis. Se no início da pandemia não havia clientes para os automóveis, agora deparamo-nos com a realidade inversa: não há automóveis para os clientes. O que podemos nós (sector automóvel) aprender com as lições da Natureza, da economia e da política? A digitalização foi seguramente uma destas aprendizagens e eu diria que foi aquela que menos tempo demorou a ser implementada. A capacidade de pensar fora da caixa e encontrar estratégias, mais ou menos complexas, para continuar a fazer negócio é seguramente uma das outras lições. Ideias como publicar nas suas páginas web o inventário para que os clientes possam acompanhar o que existe, com a possibilidade de reservarem o carro de imediato, passando pela produção de vídeos personalizados para visualizarem o carro que estão a pensar adquirir ou, ainda, um programa de localizador de viaturas no mercado, com serviço de recolha e entrega, são algumas das melhoras práticas que ajudaram as vendas de concessionários um pouco por todo o mundo. Apostar no pós-venda e diversificar os serviços pode ser uma forma das marcas e redes se manterem à tona, pelo menos enquanto a questão do

Apostar no pós-venda e diversificar os serviços pode ser uma forma das marcas e redes se manterem à tona, pelo menos enquanto a questão do fornecimento de novos carros não estabiliza

fornecimento de novos carros não estabiliza. A pandemia, sobretudo após os períodos de confinamento, trouxe oportunidades para o sector, uma vez que se pôde capitalizar no facto das pessoas privilegiarem a utilização da viatura particular em detrimento dos transportes públicos. Por outro lado, para o pós-venda, mais oportunidades também se abriram, uma vez que, quem não pode comprar carro terá, seguramente, de manter o actual nas melhores condições, criando aqui mais negócio para esta área. No fundo, estes tempos têm ensinado (ou confirmado) que a capacidade de adaptação, a flexibilidade e o serviço adaptado às actuais necessidades do cliente são o mais importante neste (e em todos) negócio. E que, quanto mais depressa nos conseguirmos adaptar, melhor sobrevivemos e até prosperamos. ANECRA

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APRESENTAÇÃO usados

Vestir as luvas contra os desafios F2car

Texto: Mónica Silva Fotos: F2car

A F2Car, localizada no Porto, é acima de tudo uma referência no sector automóvel. Paulo Carneiro, dono e fundador e antigo pugilista, explica-nos um pouco mais sobre uma empresa resiliente, lutadora e que “nasceu para ser diferente”.

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Fundada em 2008, a F2Car dedicou-se primeiramente à comercialização de veículos e, um ano depois, inaugurou a vertente de oficina naquela que foi uma aposta em oferecer um serviço completo, personalizado e de excelência aos seus clientes. “Somos o 1.º stand certificado de Portugal e oficinas também, funcionando assim como um serviço todo ele dentro dos parâmetros das marcas”, afirma Paulo Carneiro, dono e fundador da F2Car e antigo pugilista, sobre a sua empresa que se destaca nas áreas de compra e venda de automóveis, financiamento, garantia e mediação de seguros. A oficina/stand trabalha com todas as marcas e tal é possível

pela conjugação de dois factores de sucesso: formação contínua dos técnicos da oficina e constante actualização da informação técnica de mais de 12 mil modelos automóveis. A rede de oficinas oferece ainda uma vasta gama de serviços que vão desde revisões, diagnósticos à personalização de viaturas. A F2Car possui oficinas certificadas pela rede Eco Oficinas, assumindo desta forma o estatuto de referência de qualidade na zona Norte do país. As Eco Oficinas são oficinas independentes de reparação automóvel que passam por um processo de selecção e por um programa de modernização e requalificação ambiental.

Na luta pelo cliente

A relação com os clientes é o ponto que Paulo Carneiro mais privilegia na sua empresa. “A nossa relação e serviço pós-venda com os clientes é muito pessoal e com o cuidado de atender a todas as necessidades e dificuldades”, conta. A F2Car garante a quem os visita, o melhor aconselhamento na assistência à viatura, a fiabilidade dos seus serviços, a melhor relação qualidade/preço e um ambiente familiar e de confiança.



O ex-atleta enfrenta as adversidades através dos ensinamentos que adquiriu no desporto

É necessário fazer KO

Habituado aos combates, a pandemia não foi um obstáculo para o Paulo e a sua F2Car. “Usámos os serviços de venda online e de entrega personalizada aos clientes. No âmbito da oficina, possibilitámos o serviço de levantar e

A importância de ser associado ANECRA

Para Paulo Carneiro, ser associado da ANECRA “ajuda-nos a estar sempre informados e actualizados sobre todas as novidades e alterações no nosso mercado”. Parta mais informações sobre a F2Car, visita o site www.f2car.com.

entregar as viaturas na casa dos clientes”, explica. Por vezes, também no sector automóvel, é necessário fazer KO aos desafios que vão surgindo nomeadamente em relação à compra de automóveis, os preços elevados e falta de stock que Paulo reconhece como dificuldades crescentes. Contudo, o ex-atleta enfrenta as adversidades através dos ensinamentos que adquiriu no desporto que “faz bem à mente e ao espírito de entrega” e pelos seus lemas de vida “durma com ideias, acorde com atitudes” e, um que partilha com a F2Car, “born to be different” [nasce para ser diferente, em português].

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Dados de vendas online de Janeiro de 2022

Queda dos níveis de stock baixa vendas online Texto: Mónica Silva

No início do novo ano, as vendas online de automóveis usados caíram em Portugal, estando na origem destes dados a queda dos níveis de stock.

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Num novo relatório do Observatório Indicata, relativo a Janeiro do presente ano, constata-se que as vendas de automóveis usados online B2C diminuíram 0,8% em comparação com o mês anterior e foram 11,4% inferiores às de Janeiro de 2021. Isto significa que este é o oitavo mês consecutivo a registar uma diminuição nas vendas. Este decréscimo nas vendas afectou todos os grupos motopropulsores. Embora as vendas online B2C de usados a Gasóleo se mantiveram estáveis entre Dezembro de 2021 e Janeiro de 2022, foram 12% mais baixas do que nesta altura no ano passado. Não houve evidência de registos tácticos apoiados pelos fabricantes em Janeiro, com a venda de automóveis com menos de 1 ano de idade 21% mais baixa em Janeiro em comparação com o mesmo mês em 2021, enquanto todas as vendas do stock típico dos concessionários, isto é, até aos 5 anos de idade, tiveram dificuldades. A explicação para estes resultados poderá estar na queda dos níveis de stock online B2C, que no início de Fevereiro de 2022 foi 7,1% inferior ao mês anterior e 30,6% inferior ao início de Fevereiro de 2021. Consequentemente, a rotação de stocks aumentou em termos homólogos para todos os grupos motopropulsores, tendo os usados a Gasóleo, os mais rápidos a vender, aumentado 41% durante esse período para 4,7x, enquanto os Híbridos viram o

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% de alterações vs mês anterior

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A procura é forte, mas não existe um stock suficiente e de qualidade certa para a satisfazer

O Megane foi, a par de outro modelo da Renault, o Clio, dos carros mais vendidos em Fevereiro

maior aumento, com 50% para 3,7x. Isto significa que a procura é forte, mas não existe um stock suficiente e de qualidade certa para a satisfazer. Relativamente aos best-sellers, em Janeiro, o Renault Clio e o Renault Mégane continuaram a liderar a tabela. Em relação aos automóveis de venda mais rápida, o lugar de destaque vai para o Dacia Duster, com uma média de vendas em 34.1 dias, seguindo-se o Jeep Compass e o BMW X3.

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Dacia Duster O projecto Dacia Duster nasceu da premissa de que existia a necessidade real de um 4x4 acessível, confortável e robusto, uma classe que não estava, na altura, bem servida de opções. Consciente desta lacuna, o grupo Renault decidiu desenvolver um veículo todo-o-terreno destinado inicialmente aos mercados emergentes. As necessidades dos clientes europeus também foram levadas em consideração desde o início do projecto. Nos mercados emergentes (Rússia, Brasil etc...), a classe média aspira a possuir um carro moderno que reflicta o seu status social. Na Europa, o sucesso da Dacia destacou a procura por carros modernos, confiáveis e acessíveis. Embora, à época, a gama de 4x4 e SUVs fosse bastante extensa, negligenciava a necessidade de um veículo todo-o-terreno funcional e acessível, preferindo os SUVs que são caros e muitas vezes inadequados para as necessidades da condução off-road. À primeira vista, o Dacia Duster é claramente um 4x4. A sua frente exala uma sensação de robustez, com a imponente grade cromada e protector de cárter revista 54 ANECRA

também apontando para umas claras credenciais 4x4. Visto de perfil, a sua elevada distância ao solo, as largas cavas das rodas e a protecção da carroçaria são um convite aberto para enfrentar até as superfícies mais difíceis. Os veículos todo-o-terreno de hoje são muitas vezes sinónimo de volume, um preconceito que o Dacia Duster deixou de lado. O Dacia Duster é muito compacto, tornando-o tão à-vontade em ambiente urbano ou fora de estrada. Foi projectado para enfrentar todos os tipos de estradas e pistas, em todo o mundo. Para atender a essas necessidades, foi disponibilizado em todos os mercados tanto na forma 4x2 (para clientes que procuram boa distância ao solo e posição de condução elevada, sem a necessidade de tracção nas quatro rodas) como com transmissão 4x4 para a condução off-road. O Duster é adequado para estradas de terra e uso todo-o-terreno graças à sua alta distância ao solo (mais de 200 mm) e ângulos de deslocamento impressionantes (ângulo de aproximação: 30 graus; ângulo de saída: mais de 35 graus).

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