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Story Transcript

Filosofia

13 Capítulo

BELEZA, REPRESENTAÇÃO E SENSIBILIDADE



Conceito de estética



Formação da estética desde a Antiguidade



Compreender a análise estética como contemplação do belo.



Analisar a estética como um ramo filosófico desde a Antiguidade.



Proposta estética de Platão



Perceber a proposta de Platão relacionada à teoria das ideias.



Entender a cópia como um simulacro.

Estética como cópia do real



Analisar o pensamento aristotélico sobre a estética.



Compreender o que é o efeito catártico.



Proposta estética de Aristóteles



(EM13CHS101)



Efeito catártico (purificação)



© Crédito imagem

Acesse aqui o vídeo explicativo.

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM / HABILIDADES DA BNCC:

Os corpos pintados e esculpidos pelo artista colombiano Fernando Botero nos fazem pensar sobre o que é belo. De onde vem nosso conceito de beleza? O que admiramos é universalmente bonito ou é apenas uma visão parcial, particular, e há infinitas formas de beleza? Se é assim, então por que, ao digitar “mulher bonita” ou “homem bonito” no Google, as imagens mostram pessoas tão parecidas? É possível inventar um conceito de beleza? Podemos convencer os outros de que uma coisa é bonita e outra feia? É esse o papel da arte? Ou é exatamente para o contrário disso que as obras de arte existem?

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© Creative Commons

É possível inventar uma cor? O fauvismo, movimento de vanguarda europeia do início do século XX, sugere que talvez seja.

1.1. Cópia da cópia

© Creative Commons

Perguntas sobre a sensibilidade, sobre nossa percepção e sobre a possibilidade de criação de sensações (é possível criar uma cor, por exemplo?) nos levam a pensar o que é arte e o que é beleza, e o que acontece quando nos afetamos artisticamente. Para pensarmos essas coisas, entramos na área da filosofia chamada estética. Esta palavra vem de outra palavra, grega, aisthesis, que significa sensação, percepção pelos sentidos. Tendemos a pensar na estética como algo do campo do visual, mas, na verdade, tudo o que é sensível está no campo estético. Por exemplo: a lasanha preparada por sua avó pode ser esteticamente bela; ou um perfume; ou a sensação de estar se superando semana após semana. A própria sensação de estar vivo ou viva tem uma relação direta com a estética. Talvez, se nós não tivéssemos esse tipo de contato estético com o mundo, estivéssemos vivendo de uma maneira meio anestesiada (ana- = negação, sem; aisthesis = sensação). Sendo assim, a estética é a parte da filosofia que problematiza a experiência sensível humana, ou seja, que vai pensar nos problemas que a experiência sensível pode gerar. Por exemplo: as experiências sensíveis agradáveis são universalmente agradáveis ou só individualmente, particularmente? Será que o gosto de chocolate é bom, independentemente do provador? E quem não gosta de chocolate, na verdade sente outro gosto ou sente “errado”? Será que a lasanha da vovó é boa mesmo, ou será que ela é boa só para você? Podemos ir mais além ainda e pensar no seguinte: por que alguns grupos gostam de alguma coisa e outros não? Outro grande problema é definir o que é arte, e por que ela existe.

diferente na percepção de outras pessoas. Sendo assim, o grande problema da filosofia da arte é a relação entre o espectador e o artista. Como fazer para que essa relação seja realmente expressiva?

© Creative commons

1. Estética e sentidos

O painel Guernica, de Pablo Picasso, tenta expressar a dor e a agonia de uma guerra civil.

É possível admitir que a arte tem a ver com a beleza, e com uma beleza estética, não necessariamente visual (ou a música, por exemplo, não seria arte)? Não é uma questão simples e há muitas respostas para ela. Outro problema com o qual nos deparamos na estética é um pouco mais grave: como exprimir alguma coisa que você está sentindo se você não tem certeza de que as pessoas que vão observar a sua obra de arte veem o mundo da mesma maneira que você? Explicando melhor: não temos certeza de como as outras pessoas percebem as coisas. As sensações que temos não necessariamente correspondem às sensações dos outros sobre o mundo, e uma figura ou imagem pode ser bastante

Escultura do rosto de Platão.

Platão tinha uma resposta pessimista para essa questão. Ao estabelecer a diferença entre o mundo sensível e o mundo inteligível, ele criou uma dicotomia que ia se arrastar pelo resto da história da filosofia, pois admitia que existem objetos reais, ideais, modelos verdadeiros dos objetos falsos que encontramos aqui no mundo em que vivemos, vemos e sentimos. Segundo os idealistas, como ele, os objetos do mundo são cópias de uma realidade perfeita, na qual as ideias (formas, ou as essências das coisas) estão. São como formas de bolo: contêm o molde de todos os bolos que vierem dali, mas nenhum dos bolos vai ser perfeito. Reconhecemos todos os bolos como bolos – apesar de serem bem diferentes entre si – porque eles têm isso em comum: todos vêm da mesma forma. A essência de bolo seria esse bolo perfeito, ou

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Beleza, representação e sensibilidade

primeiro bolo, do qual todos os outros são cópias. A essência não tem particularidades, como tamanho, cor ou textura, e por isso ela é mais perfeita e universal que todos os bolos do mundo sensível.

Investigando

Ideia ou essência? O famoso “Mundo das Ideias” da teoria de Platão talvez seja o pior caso de tradução da história da filosofia. A começar pela palavra eidos, que significa mais propriamente “forma” ou “essência”, e que foi traduzida classicamente por “ideia”, que tem uma conotação em português complicada. Normalmente uma ideia é um empreendimento, uma coisa que surge ou que se cria, ou mesmo algo original. Já a opção pela palavra “Mundo”, em vez de “plano” ou “campo”, por exemplo, dá a impressão de que as formas universais de que Platão fala estejam em um outro mundo físico ou material, quando na verdade, na teoria platônica, configuram-se de maneira diferente, ou seja, não estão no mundo, e só podem ser alcançadas pelo intelecto.

A partir da compreensão da metafísica de Platão, podemos fazer certas conclusões estéticas. Se Platão afirma que o que temos no mundo sensível é uma ilusão, uma cópia das formas perfeitas das coisas, ele precisa afirmar que tudo o que experimentamos é falso. Ou seja, toda experiência estética acaba sendo uma mentira. E quando toda uma sociedade organiza sua cultura em torno da mímese ou da arte mimética, da poesia e da experiência estética (como era a sociedade grega oral), é possível imaginar como Platão ficava decepcionado com a cultura grega. Para sua sorte, a escrita se disseminava na sua época, e ele pôde se agarrar a ela como alternativa educacional. Em resumo: a arte imita o sensível, que na verdade já é uma cópia dos objetos verdadeiros. A cultura é transmitida por meio dessa arte-cópia. Logo, a base da cultura mimética é se afastar cada vez mais da verdade. Mas há outra possibilidade: a cultura pode ser baseada na filosofia, na escrita e no pensamento racional. Se agarrando a essa possibilidade, Platão “expulsa” o poeta de sua cidade ideal; ou seja, para ele, não é preciso arte, só filosofia. © Creative Commons

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© Absentanna | Dreamstime.com.

Ele precisava dessa teoria para explicar como um bolo pode ser, ao mesmo tempo, muito diferente de outro e ao mesmo tempo a mesma coisa. Um burrito de carne picante e um burrito de frango com mostarda e repolho roxo são duas coisas completamente diferentes, mas por algum motivo, sabemos que os dois são a mesma coisa. Como? Platão afirma que sabemos que são a mesma coisa porque os dois correspondem à ideia de burrito (que não é de frango nem de carne picante, mas essencial, ideal). É claro que não existiam burritos na época de Platão, mas apesar disso, se quisermos levar sua teoria ao pé da letra, precisamos acreditar que a ideia de burrito já existia, já que o mundo das ideias é imutável e eterno.

Todas as diferentes bolas no mundo sensível nada mais são que representações físicas de uma bola ideal, somente apreendida pela razão.

O artista, para Platão, não faz mais que imitar a realidade sensível, que já é uma imitação da realidade ideal. A arte, portanto, está três níveis afastada da verdade.

2. Experimentando o universal Platão não contava, contudo, com seu melhor discípulo, que compreendeu e negou basicamente toda a filosofia platônica. Aristóteles observou a arte, a experiência estética e precisou discordar de Platão. Primeiro, Aristóteles nega a teoria do mundo das formas, afirmado que as essências das coisas estão nelas mesmas, materialmente; as coisas têm suas causas e efeitos, e são ao mesmo tempo ato e potência. O mais importante aqui é, porém, é que Aristóteles não acredita que a arte seja pura mímese. Ele observa a experiência estética e percebe que, enquanto uma imitação da natureza, a arte precisa reproduzir a essência dessa

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Conexão Raiz Aristóteles e a Poética Aristóteles desenvolveu esses conceitos em sua Poética, que é a reunião de estudos aristotélicos sobre a estética, ou especificamente sobre a poesia e a tragédia. Ao longo da Poética, o filósofo analisa e categoriza as diferentes formas poéticas e indica as melhores formas e estruturas para que elas sejam boas. Ao longo dos séculos, a Poética foi atravessada e apropriada por diferentes teóricos, mas se formos comparar os manuais de roteiro que ainda são escritos hoje, percebemos que a maioria dos conceitos e técnicas já podiam ser encontrados nessa obra de 2400 anos. © Creative Commons

© Lestud | Dreamstime.com.

natureza, desse mundo, que é a transformação. A arte não é uma pura imitação; se percebermos bem, aqueles que imergem numa experiência artística ou estética sofrem uma transformação interior, uma mudança no seu espírito. Você pode chorar sem estar necessariamente triste. Pode sentir agonia, medo ou compaixão. A arte modifica o estado de espírito do espectador, e essa mudança Aristóteles chama de catarse (em grego, katharsis – purificação, transformação).

A arte, para Aristóteles, tem o poder de criar em nós sensações que não estavam lá.

Daí que a arte, na verdade, se torna muito mais importante do que Platão imaginava. Ela é capaz de criar sensações e sentimentos, é capaz de transformar seres humanos, construir mundos (reais, pois eles existem e afetam a mente e o espírito das pessoas que o observam) e destruí-los. A arte, para Aristóteles, é o que dá ao ser humano a capacidade de ser criador. Assim como Deus ou a natureza. E mais: para Aristóteles, a arte é muito mais importante e relevante que a história, por exemplo, por não tratar do particular, mas sim do universal. Você pode contar para o seu amigo a história de como seus pais se conheceram. É bonito, mas seu amigo não estava lá nem se relaciona com eles de nenhuma maneira, e a história provavelmente não vai afetá-lo sensivelmente. Mas quando ele vê um filme de romance, seja quem ele for, vai sofrer junto com aqueles personagens, por alguns momentos vai se apaixonar também, viver na pele aquelas emoções. O filme causa uma transformação, é catártico. É possível observar essa transformação, essa sensação causada, em peças de teatro, músicas, pinturas, discursos, livros, jogos e tudo o que puder causar sensações ou experiências estéticas!

Edição de 1780 da Poética, de Aristóteles.

Podemos ver, portanto, que as posições de Platão e Aristóteles são radicalmente diferentes, e ambas se justificam. As duas vão gerar críticas contemporâneas, principalmente no maior momento de crise estética da história da arte, no início do século XX.

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Beleza, representação e sensibilidade

Atividades iniciais

BURKE, E.

Vídeos

01 (UEL) Leia o texto de Aristóteles a seguir: “Uma vez que o poeta é um imitador, como um pintor ou qualquer outro criador de imagens, imita sempre necessariamente uma das três coisas possíveis: ou as coisas como eram ou são realmente, ou como dizem e parecem, ou como deviam ser. E isto exprime-se através da elocução em que há palavras raras, metáforas e muitas modificações da linguagem: na verdade, essa é uma concessão que fazemos aos poetas.” ARISTÓTELES. Poética. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2004.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a estética de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir: I. O poeta pode imitar a realidade como os pintores e, para isso, deve usar o mínimo de metáforas e priorizar o acesso às ideias inteligíveis. II. O poeta pode imitar tendo as coisas presentes e passadas por referência, mas não precisa se ater a esses fatos apenas. III. O poeta pode imitar as coisas considerando a opinião da maioria e pode também elaborar fatos usando várias formas de linguagem. IV. O poeta pode imitar as coisas ponderando o que as pessoas dizem sobre os fatos, mesmo que não haja certeza sobre eles.

a. b. c. d. e.

auxílio de nosso raciocínio, e até mesmo a vontade lhe é indiferente; a presença da beleza desperta tão eficazmente um certo grau de amor em nós quanto a aplicação do gelo ou do fogo produz ideias de frio ou de calor.”

Assinale a alternativa correta: Somente as afirmativas I e II são corretas. Somente as afirmativas I e III são corretas. Somente as afirmativas III e IV são corretas. Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

a.

b. c. d. e.

Considerando o texto acima, é incorreto afirmar que o autor discorda das concepções de beleza que a consideram como um arranjo ordenado de partes com determinada proporção. não há um consenso entre os filósofos do que seja beleza. o autor considera que a beleza nos desperta amor de forma análoga àquela que o fogo nos provoca calor. a beleza, segundo o autor, pode ser resultado de nosso raciocínio ou mesmo de nossa vontade. neste texto, o autor investiga quais faculdades humanas podem estar envolvidas ou não em nossa percepção da beleza.

03 (UEL) No Sofista, Platão faz a seguinte observação sobre a mímesis (imitação): “Assim, o homem que se julgasse capaz, por uma única arte, de tudo produzir, como sabemos, não fabricaria, afinal, senão imitações e homônimos das realidades. Hábil, na sua técnica de pintar, ele poderá, exibindo de longe os seus desenhos, aos mais ingênuos meninos, dar-lhes a ilusão de que poderá igualmente criar a verdadeira realidade, e tudo o que quiser fazer.” PLATÃO. Sofista. Coleção “Os pensadores”. São Paulo: AbriI Cultural, 1972.

Já Aristóteles, na Retórica, salienta o seguinte aspecto da mímesis: “E, como aprender e admirar é agradável, necessário é também que o sejam as coisas que possuem estas qualidades: por exemplo, as imitações, como as da pintura, da escultura, da poesia, e em geral todas as boas imitações, mesmo que o original não seja em si mesmo agradável; pois não é o objeto retratado que causa prazer, mas o raciocínio de que ambos são idênticos, de sorte que o resultado é que aprendemos alguma coisa.” ARISTÓTELES. Retórica. Lisboa: Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 2006.

02 (UNIOESTE) “Por beleza entendo aquela qualidade, ou aquelas qualidades dos corpos em virtude das quais eles despertam amor ou alguma paixão semelhante. [...] É comum dizer-se que a beleza consiste em certas proporções das partes. Após examinar a questão, tenho muitos motivos para duvidar de que essa qualidade seja absolutamente uma ideia relacionada à proporção. A proporção reporta-se quase exclusivamente à adequação, como parece ocorrer com toda a noção de ordem, e deve, portanto, ser considerada antes como um produto do entendimento do que como uma causa fundamental que age sobre os sentidos e a imaginação. Não é pela força de uma atenção e de um exame prolongados que julgamos belo um objeto; a beleza não requer nenhum

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o tema da mímesis em Platão e em Aristóteles, assinale a alternativa correta. a. A pintura, para Platão, se afasta do verdadeiro, por apresentar o mundo inteligível, mas, para Aristóteles, o problema é que ela causa prazer. b. Platão considera que o pintor pode esclarecer as pessoas ingênuas, fazendo-as acreditar que sua pintura é o real, mas Aristóteles considera que o engano está no pintor e não na pintura. c. Para Platão, a mímesis representa a cópia da cópia e o artista não conhece a realidade do imitado em seu grau mais elevado; já para Aristóteles, uma das causas do surgimento da mímesis é o fato de os homens se comprazerem no imitado.

153 d. Para Platão, aprendemos com as imitações, uma vez que elas nos distanciam do engano, enquanto que, para Aristóteles, por causar prazer, a imitação deve ser banida. e. De acordo com Platão, ao imitar, o pintor apresenta a realidade ideal, o que causa admiração; para Aristóteles, a imitação também desvela o mundo ideal, no entanto, por ser ingênua, não permite que os homens contemplem a verdade. 04 (UFPA) Para o pensamento grego, de um modo geral, a arte (poíesis) significa produção, fabricação, o que é um significado complexo, chegando a extrapolar os limites do puramente artístico. Acerca dessa noção é apropriado afirmar que a. a produção consiste, de modo derivado, na doação de forma à matéria pré-existente, em estado de mera possibilidade. b. a arte (poíesis), enquanto processo produtivo, pressupõe o que se denomina, habitualmente, de técnica, porém ela não encontra na criação de uma obra a sua devida realização. c. o produzir possui o sentido de algo que não instaura e não organiza uma nova realidade. d. a esfera da produção, para os gregos, não depende de elementos cosmológicos e metafísicos para garantir a sua inteligibilidade. e. a arte corresponde à prévia disposição que permite alguém agir de maneira adequada, orientando-se pela compreensão, também antecipada, do que pretende ser produzido. 05 (UEL) Na República, Platão faz a seguinte consideração sobre os poetas: “[...] devemos começar por vigiar os autores de fábulas, e selecionar as que forem boas, e proscrever as más. [...] Das que agora se contam, a maioria deve rejeitar-se. [...] As que nos contaram Hesíodo e Homero – esses dois e os restantes poetas. Efetivamente, são esses que fizeram para os homens essas fábulas falsas que contaram e continuam a contar.” Por seu turno, na Poética, Aristóteles diz o seguinte a respeito dos poetas: “[...] quando no poeta se repreende uma falta contra a verdade, há talvez que responder como Sófocles: que representava ele os homens tais como devem ser, e Eurípides, tais como são. E depois caberia ainda responder: os poetas representam a opinião comum, como nas histórias que contam acerca dos deuses: essas histórias talvez não sejam verdadeiras, nem melhores; [...] no entanto, assim as contam os homens. Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre o pensamento estético de Platão e de Aristóteles, assinale a alternativa correta:

a. Para Platão e Aristóteles, apesar da importância de poetas como Homero, na educação tradicional grega, as fábulas que compuseram são perigosas para a formação da juventude. b. Platão critica os poetas por dizerem o falso e apresentarem deuses e heróis de maneira desonrosa, enquanto Aristóteles os elogia por falarem o verdadeiro. c. Platão e Aristóteles concordam com o fato de o poeta falar o falso, só que para Platão suas fábulas são indignas para a juventude, enquanto que, para Aristóteles, a poesia por ser mímesis não precisa dizer a verdade. d. O problema para Platão é que Homero e os outros poetas falam sobre o mundo sensível e não sobre a verdade; já Aristóteles acredita que eles devem ser repreendidos por isso. e. Falar o falso para Platão é problemático porque o falso pode passar pelo verdadeiro; para Aristóteles, o poeta apresenta a verdadeira realidade.

Atividades contextualizadas 01 (UNESP) Texto I Com a falta de evidência do conceito de arte, e com a evidência de sua historicidade, ficam em questão não só a criação artística produzida no presente e a herança cultural clássica ou moderna, mas também a relação problemática entre a arte e as várias modalidades de produção de imagens e de ofertas de entretenimento que surgiram a partir do século XX. SÜSSEKIND, Pedro. Teoria do fim da arte, 2017. Adaptado.

Texto II A discussão sobre o grafite como arte ou como vandalismo reflete o modo como cada gestão pública entende essas intervenções urbanas. Até 2011, o grafite em edifícios públicos era considerado crime ambiental e vandalismo em São Paulo. A partir daquele ano, somente a pichação continuou sendo crime. De um modo geral, a pichação é considerada uma intervenção agressiva e que degrada a paisagem da cidade. O grafite, por sua vez, é considerado arte urbana. MODELLI, Lais. De crime a arte: a história do grafite nas ruas de São Paulo. BBC, 28 jan. 2017. Adaptado.

No contexto filosófico sobre o conceito de arte, os dois textos concordam em relação à a. n e c e s s i d a d e d e e n g a j a m e n t o p o l í t i c o n o processo autoral. b. ausência de critério consensual na legitimação artística. c. carência de investimento privado na formação artística. d. atuação de legislação pública no cenário criativo. e. exigência de embasamento tradicional na produção cultural.

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Beleza, representação e sensibilidade

02 (UFPR) A estética corresponde ao ramo da filosofia que se ocupa das manifestações artísticas, buscando apontar, por exemplo, os diferentes critérios e modos como em diferentes momentos ou culturas se percebe e classifica algo como belo, sublime ou agradável. Trata-se, assim, de uma forma de conhecimento que não nega a razão, ao certo, mas que coloca em relevo a forma como ela se relaciona com a imaginação e com a sensibilidade. A partir do exposto, é correto afirmar: a. Juntamente com a razão, a imaginação e a sensibilidade são fatores indispensáveis para a nossa apreensão do mundo e das coisas. b. A estética é o campo da filosofia que se ocupa da relação entre o pensamento e a religião. c. Na estética, a razão predomina sobre a sensibilidade e a imaginação. d. O sublime e o agradável devem ser apreendidos de forma objetiva pelo raciocínio lógico. e. Na estética não há lugar para a razão, visto que ela se baseia na sensibilidade e na imaginação. 03 (UNESP) Quando estou dentro do cinema, tudo me parece perfeito, como se eu estivesse dentro de uma máquina de sensações programadas. Mergulho em suspense, em medo, em vinganças sem-fim, tudo narrado como uma ventania, como uma tempestade de planos curtos, tudo tocado por orquestras sinfônicas plagiando Beethoven ou Ravel para cenas românticas, Stravinski para violências e guerras. Não há um só minuto sem música, tudo feito para não desgrudarmos os olhos da tela. A eficiência técnica me faz percorrer milhares de anos-luz de emoções e aventuras aterrorizantes, que nos exaurem como se fôssemos personagens, que nos fazem em pedaços espalhados pela sala, junto com os copos de Coca-Cola e sacos de pipocas. Somos pipocas nesses filmes.

04 (UEL) Leia os textos a seguir. A arte de imitar está bem longe da verdade, e se executa tudo, ao que parece, é pelo facto de atingir apenas uma pequena porção de cada coisa, que não passa de uma aparição. PLATÃO. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. Adaptado.

O imitar é congênito no homem e os homens se comprazem no imitado.

ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Nova Cultural, 1991. Adaptado.

Com base nos textos, nos conhecimentos sobre estética e a questão da mímesis em Platão e Aristóteles, assinale a alternativa correta. a. Para Platão, a obra do artista é cópia de coisas fenomênicas, um exemplo particular e, por isso, algo inadequado e inferior, tanto em relação aos objetos representados quanto às ideias universais que os pressupõem. b. Para Platão, as obras produzidas pelos poetas, pintores e escultores representam perfeitamente a verdade e a essência do plano inteligível, sendo a atividade do artista um fazer nobre, imprescindível para o engrandecimento da pólis e da filosofia. c. Na compreensão de Aristóteles, a arte se restringe à reprodução de objetos existentes, o que veda o poder do artista de invenção do real e impossibilita a função caricatural que a arte poderia assumir ao apresentar os modelos de maneira distorcida. d. Aristóteles concebe a mímesis artística como uma atividade que reproduz passivamente a aparência das coisas, o que impede ao artista a possibilidade de recriação das coisas segundo uma nova dimensão. e. Aristóteles se opõe à concepção de que a arte é imitação e entende que a música, o teatro e a poesia são incapazes de provocar um efeito benéfico e purificador no espectador. 05 (UEL) Observe a figura a seguir.

JABOR, Arnaldo. A guerra das estrelas. O Estado de São Paulo, 18 nov. 2014. Adaptado.

Esse texto pode ser corretamente considerado a. uma crítica de natureza estética aos apelos técnicos e sensacionalistas no cinema. b. uma análise elogiosa do alto grau de perfeição técnica das imagens do cinema. c. um ponto de vista valorizador da presença da música erudita no cinema atual. d. um elogio ao cinema como mercadoria de entretenimento da indústria cultural. e. uma crítica ao caráter culturalmente elitista das obras cinematográficas atuais. Cidade de Atenas

155 A figura mostra Atenas na atualidade. Observam-se as ruínas da Acrópolis – onde ficavam os templos como o Parthenon –, o Teatro de Dionísio e a Asthy – com a Ágora (Mercado/Praça Pública) – e as casas dos moradores. Leia o texto a seguir. “Para Aristóteles, a boa convivência entre os habitantes da cidade ideal não seria nunca obtida com a mera apathia (ausência de paixões) platônica, mas somente através de uma boa medida entre razão e afetividade. Enfim, a arte não apenas é capaz de nos trazer saber, ela tem também uma função edificante e pedagógica.” FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

Com base na figura, no texto, nos conhecimentos sobre Aristóteles e na ideia de que os espaços do Teatro, da Ágora, dos Templos na cidade de Atenas foram imprescindíveis para a vocação formativa da arte na Grécia Clássica, considere as afirmativas a seguir. I. A catarse propiciada pelas obras teatrais trágicas apresentadas na cidade grega operava uma transformação das emoções e tornava possível que os cidadãos se purificassem e saíssem mais elevados dos espetáculos. II. A obra poética educava e instruía o cidadão da cidade grega, e isso acontecia por consequência da satisfação que este sentia ao imitar os atos dos grandes heróis que eram encenados no teatro. III. O poeta demonstrava o universal como possível ao criar modelos de situações exemplares, que permitem fortalecer o sentimento de comunidade. IV. O belo nas diversas artes, como nos poemas épicos, na tragédia e na comédia, desvinculava--se dos laços morais e sociais existentes na polis, projetando-se em um mundo idealizado. a. b. c. d. e.

Assinale a alternativa correta: Somente as afirmativas I e II são corretas. Somente as afirmativas I e IV são corretas. Somente as afirmativas III e IV são corretas. Somente as afirmativas I, II e III são corretas. Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

06 (UEL) “[...] não é ofício do poeta narrar o que aconteceu; é, sim, o de representar o que poderia acontecer, quer dizer: o que é possível segundo a verossimilhança e a necessidade. Com efeito, não diferem o historiador e o poeta por escreverem verso ou prosa [...] diferem, sim, em que diz um as coisas que sucederam, e outro as que poderiam suceder. Por isso a poesia é algo de mais filosófico e mais sério do que a história, pois refere aquela principalmente o universal, e esta o particular”. ARISTÓTELES. Poética. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

Com base no texto e nos conhecimentos sobre a estética em Aristóteles, é correto afirmar: a. A poesia é uma cópia imperfeita, realizada no mundo sensível, sob a inspiração das musas e distante da verdade. b. Os poetas, de acordo com a sua índole, representam pessoas de caráter elevado, como ocorre na tragédia, ou homens inferiores, como na comédia. c. A poesia deve ser fiel aos acontecimentos históricos e considerar os fatos em sua particularidade. d. A poesia deve a sua origem à história e a compreensão daquela supõe o entendimento da própria natureza do ser humano. e. A imitação, que ocorre na tragédia, representa uma ação completa e de caráter elevado, de uma forma narrativa e não dramática. 07 (UEG) Aristóteles é considerado por muitos estudiosos como o primeiro crítico literário. Sua vasta produção, além de abordar política, biologia, metafísica e ética, também trata de poética. Acreditava que um grande poeta, como Homero, deveria ser considerado também um filósofo. Nesse sentido, Aristóteles defendia que a poesia é superior à história porque a. a beleza formal dos versos poéticos não poderia ser igualada ao texto informativo dos historiadores. b. a poesia lida com conceitos universais, enquanto a narrativa histórica precisa focar um tema específico. c. a poesia poderia ser transformada em peças dramáticas, enquanto textos de história só poderiam ser lidos. d. o número de leitores de poesia era muito superior ao de leitores de textos sobre história, na Grécia Antiga. 08 (UEL) Leia o texto a seguir. Platão, em A República, tem como objetivo principal investigar a natureza da justiça, inerente à alma, que, por sua vez, manifesta-se como protótipo do Estado ideal. Os fundamentos do pensamento ético-político de Platão decorrem de uma correlação estrutural com constituição tripartite da alma humana. Assim, concebe uma organização social ideal que permite assegurar a justiça. Com base neste contexto, o foco da crítica às narrativas poéticas, nos livros II e III, recai sobre a cidade e o tema fundamental da educação dos governantes. No “Livro X”, na perspectiva da defesa de seu projeto ético-político para a cidade fundamentada em um logos crítico e reflexivo que redimensiona o papel da poesia, o foco desta crítica se desloca para o indivíduo ressaltando a relação com a alma, compreendida em três partes separadas, segundo Platão: a racional, a apetitiva e a irascível.

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Beleza, representação e sensibilidade

Com base no texto e na crítica de Platão ao caráter mimético das narrativas poéticas e sua relação com a alma humana, é correto afirmar: a. A parte racional da alma humana, considerada superior e responsável pela capacidade de pensar, é elevada pela natureza mimética da poesia à contemplação do Bem. b. O uso da mímesis nas narrativas poéticas para controlar e dominar a parte irascível da alma é considerado excelente prática propedêutica na formação ética do cidadão. c. A poesia imitativa, reconhecida como fonte de racionalidade e sabedoria, deve ser incorporada ao Estado ideal que se pretende fundar. d. O elemento mimético cultivado pela poesia é justamente aquele que estimula, na alma humana, os elementos irracionais: os instintos e as paixões. e. A reflexividade crítica presente nos elementos miméticos das narrativas poéticas permite ao indivíduo alcançar a visão das coisas como realmente são. 09 (UFPA) A cidade de Atenas promoveu um concurso para a escolha da estátua da deusa Atena, a ser instalada no Partenon. Dois escultores apresentaram suas obras. Uma delas era uma mulher perfeita e foi admirada por todos. A outra, era uma figura grotesca: a cabeça enorme, os braços muito longos e as mãos maiores que os pés. Quando as duas estátuas foram colocadas nos altos pedestais do Partenon, onde eram vistas de baixo para cima, a estátua perfeita tornara-se ridícula: a cabeça e as mãos de Atena pareceram minúsculas e desproporcionais para seu corpo; em contrapartida, a estátua grotesca tornara-se perfeita, pois a cabeça, os braços e as mãos se tornaram proporcionais ao corpo. A estátua grotesca foi considerada a boa imitação e venceu o concurso. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2003. Adaptado.

O exemplo citado no texto acima ilustra como os gregos na Antiguidade concebiam a relação entre arte e natureza. Tendo por base a concepção aristotélica acerca dessa relação, podemos dizer que a estátua grotesca venceu o concurso porque o escultor a. imitou a deusa Atena considerando que para uma obra ser bela tem de ter, além da proporção, certa esquisitice. b. não se preocupou em reproduzir uma cópia fiel da deusa Atena, pois no mundo sensível temos apenas uma imitação da verdadeira realidade que se encontra no mundo inteligível.

c. tomou como parâmetro, ao representar a deusa Atena, a ideia de que o belo é relativo ao gosto de cada pessoa, por isso a deusa poderia ser percebida diferentemente por cada um, dependendo do lugar onde fosse colocada. d. reproduziu a deusa Atena tendo como padrão de beleza o imaginário popular da época, que apreciava figuras grotescas. e. representou a deusa Atena levando em conta que o belo consiste na proporção, na simetria e na ordem, por isso fez um cálculo matemático das proporções entre as partes do corpo, o local em que seria instalada e como seria vista. 10 (UNB) “Temos que repudiar a ideia de que só com palavras se pensa, pois que pensamos também com sons e imagens, ainda que de forma subliminar, inconsciente, profunda! Temos que repudiar a ideia de que existe uma só estética, soberana, à qual estamos submetidos — tal atitude seria nossa rendição ao pensamento único, à ditadura da palavra — e que, como sabemos, é ambígua. O pensamento sensível, que produz arte e cultura, é essencial para a libertação dos oprimidos, amplia e aprofunda sua capacidade de conhecer. Só com cidadãos que, por todos os meios simbólicos (palavras) e sensíveis (som e imagem), se tornam conscientes da realidade em que vivem e das formas possíveis de transformá-la, só assim surgirá, um dia, uma real democracia.” BOAL, Augusto. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.

Platão avalia o valor das produções da escultura e da pintura em função do conceito de um conhecimento verdadeiro, isto é, de uma conformidade com a ideia e acaba, necessariamente, delimitando, de maneira bastante restrita, o círculo das produções artísticas que ele podia, de seu ponto de vista, aprovar. Relacionando essa interpretação de Platão ao que propõe Augusto Boal no texto precedente, é correto afirmar que a. Boal segue Platão, pois as artes são ligadas ao conceito de ideia, e ambos os autores valorizam a pintura e a escultura produzidas por várias culturas e classes. b. Boal restringe o conceito de estética na tentativa de evitar que tudo seja considerado arte e cultura. c. a partir da perspectiva de que não existe uma só estética, Boal propõe que se pense em um círculo bastante abrangente de formas culturais e artísticas. d. Boal expande seu conceito de estética ao formulá-lo com base em amplas discussões de temas relacionados à pintura e à escultura.

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Explorando um pouco mais Para assistir • Quero ser John Malkovich (Spike Jonze, 2000) Um dos problemas clássicos da filosofia, e muitas vezes da estética, é a impossibilidade de sabermos como as outras pessoas experimentam a realidade. No filme, um funcionário de uma empresa descobre uma porta que permite a ele permanecer por 15 minutos como espectador na mente do ator de Hollywood John Malkovich. Depois de usufruir desse fenômeno inexplicável, ele passa a cobrar ingressos para que as pessoas possam também desfrutar os seus 15 minutos de John Malkovich. Há muitas teorias sobre isso, e não teríamos tempo de observar todas as discussões, então nos focamos em analisar a questão do ponto de vista moderno. Para que possamos entender essa teoria sobre arte, precisamos entender primeiro alguns outros conceitos. Um deles é o de representação. Há uma grande diferença entre expressar alguma coisa e representar algo. Representar é o que chamamos em filosofia de mimese (em grego, mimesis), da qual deriva a palavra “mímica”. Por meio de uma observação muito simples poderíamos perceber que a representação imitativa não dá conta de expressar o que as coisas são realmente, ou como elas são. Se é assim, a arte pode ser somente representativa ou mimética? • O som do coração (Kirsten Sheridan, 2008) O filme conta a história de August, um menino que nasce do encontro casual entre um guitarrista e uma violoncelista. Com um dom musical impressionante, ele cresce num orfanato e se apresenta nas ruas de Nova Iorque ao lado de um amigo muito divertido. Contando com seu talento, August busca encontrar seus pais com a música. O filme mostra como a música é capaz de gerar tantos efeitos nas pessoas. Um bom exemplo de efeito catártico. • Meia-noite em Paris (Woody Allen, 2011) O filme conta a história de Gil, que sempre foi fã dos escritores americanos e tinha o sonho de ser como eles. A vida lhe deu a oportunidade de ser roteirista em Hollywood, o que lhe deu prestígio e um bom salário, mas trouxe uma dose de frustração. Ao fazer uma viagem de família para Paris, Gil tem a oportunidade de revisitar escritores e artistas plásticos famosos do passado, nos levando a uma viagem fantástica sobre o mundo da arte.

Agora eu sei... Descrever as propostas estéticas elaboradas na Antiguidade. Explicar a proposta estética platônica. Analisar a teoria das ideias e o conceito de simulacro. Explicar as propostas da estética aristotélica. Explicar a relação da contemplação do belo com o efeito catártico.

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FILO 13

2o ano vol. único

Beleza, representação e sensibilidade

Principais ideias Beleza, representação e sensibilidade Estética

Platão

- Crítica à arte - Cópia do real - Imitação da cópia (simulacro)

Anotações

Aristóteles

- Identidade com o que está sendo apresentado - Catarse (purificação) - Caráter pedagógico

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Anotações

MAPA

DE APRENDIZAGEM

COMO CRIAR

? O SEU MAPA

Confira as 7. páginas 6 e

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