ESPACIO Y TIEMPO EN DOS POEMAS DE CÁNTICO

ESPACIO Y T I E M P O EN DOS POEMAS DE CÁNTICO 1 E n unos cuantos poemas privilegiados de Cántico —casi todos del p r i m e r Cántico— J o r g e G u

0 downloads 116 Views 194KB Size

Story Transcript

ESPACIO Y T I E M P O EN DOS POEMAS DE CÁNTICO

1

E n unos cuantos poemas privilegiados de Cántico —casi todos del p r i m e r Cántico— J o r g e G u i l l é n se p l a n t e a , y nos p l a n t e a , p r o b l e m a s filosóficos i m p o r t a n t e s , tales c o m o l a r e l a c i ó n entre t i e m p o y espacio, l a r e l a c i ó n entre N a t u r a l e z a e H i s t o r i a , el papel del esp e c t a d o r , y l a posible c o l a b o r a c i ó n del l e c t o r e n el texto l i t e r a r i o q u e a p u n t a h a c i a tales p r o b l e m a s . L o hace, claro e s t á , c o m o poeta: es d e c i r , el p r o b l e m a q u e d a apenas i n s i n u a d o c u a n d o el poem a estalla ante nosotros con sus profundas i n t u i c i o n e s que lo p l a n t e a n y l o resuelven al m i s m o t i e m p o . U n o de esos p r o b l e m a s p r i v i l e g i a d o s es " L o s j a r d i n e s " . E s c u c h a m o s desde el p r i m e r verso u n a d e c l a r a c i ó n e x t r a o r d i n a r i a , descrita, s i n e m b a r g o , c o n m u y pocas palabras (el p o e m a es s u m a m e n t e b r e v e ) y casi s i n d a r l e i m p o r t a n c i a : l a b r e v e d a d de l a frase i m p r i m e al verso u n t o n o de c o n v e r s a c i ó n casera, fam i l i a r . C o m o si a l g u i e n p r e g u n t a r a d ó n d e h a b í a q u e d a d o la llave de l a p u e r t a de e n t r a d a y a l g u i e n r e s p o n d i e r a que e n c i m a de l a m e s a . Y s i n e m b a r g o l a a f i r m a c i ó n es i n u s i t a d a : 2

T i e m p o en profundidad: está e n j a r d i n e s . Sabemos, claro e s t á , que el t i e m p o fluye, q u e es u n a c o r r i e n te, el stream of consciousness de W i l l i a m j a m e s , l a durée de H e n r i B e r g s o n . Pero el poeta nos dice q u e el t i e m p o , a d e m á s de fluir, v a a a l g u n a p a r t e , m á g i c a m e n t e se c o n c e n t r a e n a l g ú n l u g a r e n q u e p o d r e m o s e n c o n t r a r l o , r e c o g e r l o , " c o s e c h a r l o " . Y el segundo verso nos i n v i t a a asistir al m i l a g r o , m á s a ú n , a p a r t i c i p a r en él: M i r a c ó m o se posa. Y a se ahonda. 1

2

NRFH,

U t i l i z o la e d i c i ó n de Aire nuestro, M i l á n , 1968. Ibid., p . 325. X X X V I (1988), n ú m . i , 455-465

456

MANUEL DURAN

NRFH, XXXVI

Es decir, que el t i e m p o se posa, c o m o si fuera u n p á j a r o , en u n j a r d í n —unos j a r d i n e s — y que el poeta nos i n v i t a , u s a n d o el i m p e r a t i v o mira, a p a r t i c i p a r en el asombroso a c o n t e c i m i e n t o . ¿ A q u i é n se d i r i g e el mira d e l segundo verso? H a y , creo, ú n i c a m e n t e dos posibilidades. L a p r i m e r a s e r í a : el poeta h a b l a consigo m i s m o , se i n v i t a a m i r a r c ó m o se posa el t i e m p o en los j a r d i n e s . Ser í a l a segunda persona d e l s i n g u l a r s u b s t i t u y e n d o , reflejando, l a p r i m e r a persona, dyo d e l poeta. A s í l o h a hecho en varias ocasiones el C e r n u d a m a d u r o ( n o el de l a é p o c a en que G u i l l é n e s c r i b í a el p r i m e r Cántico) y a s í aparece i n n u m e r a b l e s veces en las ú l t i m a s novelas de J u a n G o y t i s o l o y e n el nouveau roman f r a n c é s . O e n las novelas de C a r l o s Fuentes. T a l h i p ó t e s i s es, en p r i n c i p i o , i n t e r e sante, y c o n s t i t u i r í a u n a n o v e d a d e s t i l í s t i c a de h o n d a r e p e r c u s i ó n en la literatura c o n t e m p o r á n e a . M e i n c l i n o hacia o t r a s o l u c i ó n : el poeta se d i r i g e al lector, al hypocrite lecteur, mon semblable, mon frère, c o m o q u e r í a B a u d e l a i r e , y l o hace c o m p l i c e del e s p e c t á c u l o y de l a i n t u i c i ó n p o é t i c a a él l i g a d a . E l l o m e parece m á s interesante t o d a v í a , en u n a é p o c a e n q u e J o r g e L u i s Borges n o h a b í a escrito t o d a v í a su " P i e r r e M é n a r d , a u t o r del Q u i j o t e " , d a n d o o r i g e n a s í , d i r e c t a m e n t e o a t r a v é s de sus c r í t i c o s y c o m e n t a r i s t a s , a l a t e o r í a del " l e c t o r colabor a d o r " o " l e c t o r c ó m p l i c e " : cada o b r a l i t e r a r i a — l é a s e cada p o e m a — depende e s t r i c t a m e n t e de l a m a n e r a en q u e u n l e c t o r l a i n t e r p r e t a ; cada o b r a l i t e r a r i a es i n f i n i t a si sus lectores l o son. G u i l l é n i n v i t a , a d e m á s , a p a r t i c i p a r en su i n t u i c i ó n p o é t i c a , desde el segundo verso, al lector, q u e se c o n v i e r t e a s í en p a r t i c i p à n te, e n c o l a b o r a d o r . D e b e m o s , pues, a y u d a r al poeta a o b s e r v a r c o n p r e c i s i ó n el e x t r a ñ o acontecer: el t i e m p o , c o n v e r t i d o e n esp a c i o , p o s á n d o s e en u n j a r d í n c o m o u n ave que l l e g a r a de a l g ú n l u g a r r e m o t o , procede a condensarse, a hacerse m á s h o n d o . A des e n t r a ñ a r el sentido de esta a v e n t u r a nos a y u d a el t í t u l o de u n a de las secciones de Cántico, " L a s horas s i t u a d a s " . Y el de l a secc i ó n final: " P l e n o s e r " . E n o t r o p o e m a de Cántico, " L a F l o r i d a " , nos describe u n a v i v e n c i a que casi p o d r í a m o s calificar de m í s t i c a , u n i n t e n t o de c o n t e m p l a r l o absoluto: Respiro la atmósfera toda. El ángel m á s desnudo poda Sin cesar la frondosidad.

NRFH, XXXVI

ESPACIO Y T I E M P O EN CÁNTICO

457

¡ T i e m p o todo en presente m í o , De m i avidez [. . . ] ! 3

E l p o e m a t e r m i n a , sin e m b a r g o , c o n u n a n o t a de d u d a . E l p o e t a se recuerda a sí m i s m o que n o dispone m á s que de u n a v i d a p a r a l a tarea i n m e n s a que se h a p r o p u e s t o l l e v a r a cabo, y u n a v i d a , e n efecto, le parece escasa p a r a c o n s e g u i r l o : ¿ C a b r á en m a g n i t u d tan medida Lo perennemente absoluto? Y o necesito los t a m a ñ o s Astrales, presencias sin a ñ o s , Montes de eternidad en bruto. M o n t e s de e t e r n i d a d : el t i e m p o , el t i e m p o t o t a l y e t e r n o , conv e r t i d o en espacio, en u n espacio e n o r m e , sí, u n a m o n t a ñ a , p e r o q u e el poeta a b a r c a r á c o n su m i r a d a ; u n a estrella, sí, que el poeta c o n t e m p l a r á . P o e m a v i s i o n a r i o y a m b i c i o s o , sin d u d a , y que adem á s l l e v a c o m o e p í g r a f e u n verso del m á s v i s i o n a r i o R i m b a u d , el de las Illuminations: J ' a i h e u r t é , savez-vous? d'incroyables Florides. C r e o v e r u n posible eco de M a l l a r m é e n el c u a r t o verso del poema: ¿El destino creó el azar? H a y m á s : si nos fijamos e n el segundo e p í g r a f e del p o e m a , el verso de J u a n R a m ó n J i m é n e z , Todas las rosas son la misma rosa y v e m o s c ó m o lo d e s a r r o l l a G u i l l é n en el p o e m a : U n a ola fue todo el mar. El mar es u n solo oleaje.

3

Ibid., p . 363.

458

MANUEL DURAN

NRFH, XXXVI

¡ O h c o n c e n t r a c i ó n prodigiosa! Todas las rosas son la rosa, Plenaria esencia universal. E n el adorable volumen Todos los deseos se sumen. ¡Ahínco del gozo total! creo que p o d r í a m o s l l e g a r a l a c o n c l u s i ó n de que p a r a G u i l l é n , p o r l o menos p a r a el G u i l l é n q u e escribe " L a F l o r i d a " , l a i n t u i c i ó n p o é t i c a le lleva a a p r e h e n d e r las esencias de las cosas —esencias o ideas p l a t ó n i c a s , si se q u i e r e — y a t r a v é s de ellas l a u n i d a d d e l m u n d o , e n q u e se f u n d e n t i e m p o y espacio, en u n p r e sente absoluto, fuera d e l t i e m p o . Es c o m o si en este p o e m a G u i l l é n se adelantara a las ú l t i m a s conclusiones, m í s t i c o - p a n t e í s t a s , d e l J u a n R a m ó n J i m é n e z de Animal de fondo. O t r o aspecto curioso de este p o e m a , " L a F l o r i d a " , que l o c o n v i e r t e , en m i o p i n i ó n , en p o e m a e x c e p c i o n a l , r a r o , casi sin p a r a lelo e n l a p o e s í a de G u i l l é n : es u n " n o c t u r n o " , u n o de los pocos p o e m a s en que l a l u z n o d e s e m p e ñ a u n p a p e l esencial, y sí, e n c a m b i o , la n o c h e , l a n o c h e estrellada, u n a noche c o m o las q u e c o n t e m p l a b a , i n q u i e t o y esperanzado al m i s m o t i e m p o , F r a y L u i s de L e ó n : El universo fue. L o oscuro R i n d i ó su fondo de futuro. Y el cielo, estrellado en secreto Aquella noche para m í , R e s p o n d i ó con u n solo sí A mis preguntas sin objeto. Es decir: el m u n d o h a sido creado, h a e v o l u c i o n a d o , h a apar e c i d o incluso l a parte " h i s t o r i a b l e " , ese f o n d o de f u t u r o q u e env u e l v e a los seres h u m a n o s : a h í estamos, en el cosmos, en l a hist o r i a , provectados, a p a r t i r de u n o r i g e n o u n f o n d o oscuro, h a c i a u n f u t u r o ; p e r o , entre todos nosotros, a h í e s t á el poeta, y ú n i c a m e n t e p a r a él — e g o í s m o e x t r a o r d i n a r i o al que sin e m b a r g o e n esta o c a s i ó n n o s a b r í a m o s o p o n e r n o s — el u n i v e r s o h a e n c e n d i d o sus i n n u m e r a b l e s , sus i n f i n i t a s estrellas, y h a r e s p o n d i d o a f i r m a t i v a m e n t e a sus p r e g u n t a s . P r e g u n t a s " s i n o b j e t o " q u i z á p o r q u e t r a t a n precisamente de e l i m i n a r , b o r r a r o superar todos los objetos —todos los seres i n d i v i d u a l e s , concretos— en u n a sola u n i d a d c ó s m i c a . P a r a t a m a ñ a a v e n t u r a el poeta se siente b i e n situad o : e s t á en el c e n t r o d e l m u n d o , l o i m a g i n a m o s c o m o u n A t l a s ,

NRFH, XXXVI

ESPACIO Y T I E M P O EN

CÁNTICO

459

r o d e a d o de pesos, de cargas c ó s m i c a s , l e v a n t a n d o el m u n d o en sus h o m b r o s : Alrededor, haz de vivaces V í n c u l o s , vibran los enlaces En las nervaduras del orbe, T a n envolventes [ . . . ] . " A l r e d e d o r " , en el c o n t e x t o del p o e m a , n o puede significar sino alrededor d e l poeta. Si t o m a m o s l i t e r a l m e n t e estos versos ello significa que el poeta se h a l l a en el c e n t r o del cosmos; si es m e t á fora, el sentido n o v a r í a ; el poeta es c o m o A t l a s , o c o m o l a fuerza c e n t r a l y esencial que o r g a n i z a nuestro cosmos. L a r e l a c i ó n entre el t i e m p o y el espacio es el n u d o c e n t r a l , o m e j o r d i c h o , l a fuerza que desplaza al poeta h a c i a l o a l t o , q u i z á h a c i a el c e n t r o exacto del u n i v e r s o : l a c o n c i e n c i a del t i e m p o parece a r r e b a t a r al poeta c o m o e n u n a l e v i t a c i ó n que l o l l e v a r a a u n a elevada c i m a : ¡ T i e m p o todo en presente m í o , De m i avidez — y del estío Que me arrebata a su eminencia! Es c o m o si el t i e m p o , a c u m u l a d o en l a e x p e r i e n c i a y la conciencia del poeta, fuera u n c o m b u s t i b l e : el poeta es i m p e l i d o p o r el t i e m p o , se t r a n s f o r m a en cohete, sube hasta u n a e m i n e n c i a que le p e r m i t i r á v e r c ó m o L u z en redondo ciñe al d í a , T a n levantado: m e d i o d í a Siempre en delicia de evidencia. " L u z en redondo ciñe al d í a " no es en m o d o alguno una descripc i ó n fiel a l a g e o g r a f í a o la a s t r o n o m í a : la l u z nos llega a l a t i e r r a desde el sol — o , si se q u i e r e , desde l a l u n a — en u n a sola, si b i e n c a m b i a n t e , d i r e c c i ó n : no " e n r e d o n d o " , n o " c i ñ e " al " d í a " , que en t o d o caso n o es u n objeto m a t e r i a l q u e p u e d a ser c e ñ i d o sino u n a u n i d a d de t i e m p o . N o se t r a t a de p e d i r l e al poeta u n a atenc i ó n estricta y e x c l u s i v a a las reglas de l a l ó g i c a y el sentido com ú n y a los c o n o c i m i e n t o s elementales — q u e sabemos p o s e e de g e o g r a f í a y a s t r o n o m í a . Se t r a t a , m á s b i e n , de l o c o n t r a r i o : de i n t e r p r e t a r l a evidente falta de l ó g i c a , l a i r r a c i o n a l i d a d del m e n saje procedente de u n poeta q u e , en c o n j u n t o , en l a casi t o t a l i d a d

460

NRFH, XXXVI

MANUEL DURAN

de sus escritos, no es, en f o r m a e v i d e n t e y n o t o r i a , u n poeta i l ó g i co o i r r a c i o n a l . I g u a l que lo acontecido con muchos textos m í s t i c o s , el lenguaje d e l poeta es sometido e n algunos de los poemas citados a t r e m e n das presiones que lo l l e v a n a los l í m i t e s m i s m o s de su capacidad e x p r e s i v a . A p a r e c e n las c o n t r a d i c c i o n e s y las paradojas. A s í , p o r e j e m p l o , en " B e a t o s i l l ó n " , c o n su s a l v a c i ó n y e x a l t a c i ó n de l a v i s i ó n i n m e d i a t a , del i n s t a n t e , y de u n i n s t a n t e e n que, a d e m á s , n o o c u r r e n a d a excepcional: [. . . ] N o pasa Nada. Los ojos no ven, Saben. E l mundo está bien Hecho. E l instante lo exalta A marea, de tan alta, De tan alta, sin v a i v é n . 4

L a s cortas frases encabalgadas p r o d u c e n u n a s e n s a c i ó n de l a n z a d e r a , c o m o si l a presencia del m u n d o a l r e d e d o r del poeta y l a r e a c c i ó n de los sabios ojos del poeta frente a esta presencia determ i n a r a u n m o v i m i e n t o f u e r a - d e n t r o - f u e r a - d e n t r o , cada vez m á s r á p i d o e i n t e n s o , hasta que finalmente este m o v i m i e n t o , q u e p o d e m o s c o m p a r a r al v a i v é n de las aguas de l a m a r e a queda d e t e n i d o , y y a n o h a y v a i v é n ; pero se t r a t a , n a t u r a l m e n t e , del v a i v é n de las aguas del t i e m p o , n o d e l m a r , y c u a n d o t a l v a i v é n se detiene ello significa, sin que el p o e m a nos l o d i g a e x p l í c i t a m e n t e , q u e nos h e m o s salido fuera del t i e m p o . C r e o que t o d a c o m p a r a c i ó n e n t r e estos poemas de G u i l l é n y los textos m í s t i c o s de u n San J u a n o u n a S a n t a Teresa puede res u l t a r c o n t r a p r o d u c e n t e e i n d u c i r a c o n f u s i ó n . S i b i e n la i m p r e s i ó n t o t a l q u e p r o d u c e n dichos poemas es u n a e x a l t a c i ó n j u b i l o sa, u n a a s c e n s i ó n hacia las esencias p u r a s , h a c i a el ser t o t a l , G u i l l é n es u n poeta castellano, c o m o l o f u e r o n Santa Teresa y San J u a n de l a C r u z , pero sus r a í c e s c u l t u r a l e s , sus presupuestos filos ó f i c o s , son m á s a m p l i o s y m e n o s o r t o d o x o s que los de los viejos m í s t i c o s : i n c l u y e n , e n t r e m u c h a s otras i n f l u e n c i a s , el s i m b o l i s m o de B a u d e l a i r e , M a l l a r m é y V a l é r y ; el r o m a n t i c i s m o a l e m á n ; los filósofos p r e s o c r á t i c o s ( l a o p o s i c i ó n H e r á c l i t o - P a r m é n i d e s es esp e c i a l m e n t e i n c i t a n t e c u a n d o se t r a t a de r e l a c i o n a r , o p o n e r o i n t e g r a r , espacio y t i e m p o ) ; G u i l l é n e s t á m á s cerca del i n t u i c i o n i s -

4

Ibid., p . 245.

NRFH, XXXVI

ESPACIO Y T I E M P O EN

CÁNTICO

461

m o bergsoniano, e incluso, creo, de l a t e o s o f í a espiritualista y pant e í s t a q u e i n f l u y ó en n o pocos poetas simbolistas, que de l a l í n e a central tomista-agustiniana que enmarca s ó l i d a m e n t e el catolicismo e s p a ñ o l del Siglo de O r o . N o creo necesario suponer p o r parte de n u e s t r o poeta en l a é p o c a en que e s c r i b i ó dichos poemas antes citados u n c o n o c i m i e n t o del b u d i s m o Z e n , p a r a el c u a l , c o m o es sabido, las i n t u i c i o n e s m í s t i c a s y l a f u s i ó n c o n l a N a t u r a l e z a no d e p e n d e n en absoluto de D i o s . Q u i z á el e j e m p l o de los poemas m a d u r o s de O c t a v i o Paz, c o m o algunos de Ladera Este, a y u d a r á a c o m p r e n d e r q u e los de G u i l l é n citados a q u í son u n a a v e n t u r a h a c i a l o absoluto que n o se e n m a r c a e n l a t e o l o g í a t r a d i c i o n a l . E l m í s t i c o — p o r l o menos en l a t r a d i c i ó n o c c i d e n t a l a l a que pertenecen nuestros m í s t i c o s e s p a ñ o l e s — se enfrenta solitario y aislado con los m o m e n t o s c u l m i n a n t e s de su acercamiento a la d i v i n i d a d y a l o absoluto. V e a m o s , p o r o t r a p a r t e , l o q u e ha escrito J o r g e G u i l l é n acerca de sí m i s m o y de su p o e s í a : Cántico es u n acto de atención. . . El atento propone " u n ejercicio de salud c o m p a r t i d a " en amistad y amor. Entre tantas contrariedades se tiende a la serenidad, al j ú b i l o , con asombrosa gratitud 5

C o m o ha s e ñ a l a d o Concha Zardoya, Jorge G u i l l é n siempre ha tenido conciencia de lo que se p r o p o n í a hacer con sus poemas, desde 1919 —en que e m p e z ó a escribirlos— hasta hoy. N o hay grandes diferencias entre los textos [. . .] desde 1926 a 1950: Cántico emerge, se desarrolla y termina de u n modo natural, como la respiración del hombre que lo compuso y del hombre que lo lee . 6

V o l u n t a d de estilo, u n i d a d de estilo, en t o d o Cántico. Y , sin e m b a r g o , h a y q u e i n s i s t i r e n ello, e n c o n t r a r e m o s en Cántico ciertos poemas en q u e se p l a n t e a n h o n d o s y e x t r a o r d i n a r i o s p r o b l e mas filosóficos y h u m a n o s . E l p l a n t e a m i e n t o n o es s i e m p r e el m i s m o : en u n p o e m a c o m o " L a F l o r i d a " a s p i r a a poseer " m o n t e s de e t e r n i d a d en b r u t o " , es decir, p u r o ser, ser m a t e r i a l , en que el t i e m p o — l a e t e r n i d a d — se h a condensado en espacio; e n c a m 5

J O R G E G U I L L E N , El argumento de la obra {"Cántico"), A l l ' I n s e g n a del Pes¬ ce d ' O r o , M i l a n o , 1 9 6 1 , 4 3 pp. Contiene posiblemente las declaraciones m á s claras y explícitas acerca de su propia poesía. C O N C H A Z A R D O Y A , Poesía española del siglo xx, Gredos, M a d r i d , 1 9 7 4 , t. 2 , p. 2 2 7 . 6

NRFH, XXXVI

MANUEL DURAN

462

b i o , u n p o e m a c o m o " L o s j a r d i n e s " es m á s d e l i c a d o : el t i e m p o se h a condensado en algo t a n t r a b a j a d o y h u m a n i z a d o c o m o es l a N a t u r a l e z a c o n v e r t i d a e n j a r d i n e s ; el t i e m p o n o se halla allí frente a l poeta, c o m o u n a i n m e n s a m o l e en b r u t o , sino que i n v i t a m á s b i e n al poeta a adentrarse p o r esos j a r d i n e s q u e son t i e m p o , a rem o n t a r q u i z á l a c o r r i e n t e del t i e m p o e n busca del pasado, "á la recherche du temps perdu", y a que el poeta p e n e t r a e n el i n t e r i o r de esos j a r d i n e s - t i e m p o ( " Y a es t u y o su i n t e r i o r " ) y puede gozar a s í de l a t r a n s p a r e n c i a —casi d i r í a m o s de l a n a v e g a b i l i d a d — d e l tiempo: ¡ Q u é transparencia De muchas tardes, para siempre juntas! p a r a desembocar p o r fin, en el ú l t i m o verso, en u n a r e c o n q u i s t a de su p r o p i a v i d a , de sus recuerdos de i n f a n c i a : Sí, t u n i ñ e z , ya fábula de fuentes. " F á b u l a de f u e n t e s " es q u i z á u n a a l u s i ó n a a l g ú n i n c i d e n t e de su i n f a n c i a , o de l a d e l a m i g o a q u i e n el p o e m a v a p r o b a b l e m e n t e d i r i g i d o : a l g u i e n l o v i o q u i z á frente a u n a fuente, m i r á n dose en ella, y debe haberle c o n t a d o l a f á b u l a o el m i t o de N a r c i so. Q u i z á t a m b i é n d e b e r í a m o s r e c o r d a r q u e en l a é p o c a en q u e e s c r i b í a G u i l l é n este p o e m a su g r a n a m i g o Pedro Salinas se disp o n í a a t r a d u c i r al castellano l a o b r a de P r o u s t , que m u y posiblem e n t e c o m e n t ó c o n G u i l l é n . E l verso final s e r í a a s í u n a respuesta a l a p r e g u n t a f o r m u l a d a p o r o t r o p o e m a de Cántico, "Advenimiento": ¿Y se p e r d i ó aquel tiempo Que yo perdí? [. . . ] 7

N o ; n o se p e r d i ó , c r i s t a l i z ó e n l a m e m o r i a d e l poeta y en los j a r d i n e s que l a a v i v a n , c o m o l a " m a d e l e i n e " de que h a b l a P r o u s t s u p o a v i v a r l a suya. T r a t á n d o s e de u n p o e t a t a n i n t e l i g e n t e , t a n l ú c i d o , c o m o J o r ge G u i l l é n , parece indispensable q u e l a c r í t i c a preste a t e n c i ó n a l o q u e el poeta nos dice acerca de su p r o p i a o b r a — n o h a y q u e o l v i d a r que G u i l l é n es excelente c r í t i c o — y a que G u i l l é n se h a 7

Aire nuestro, p . 7.

NRFH, XXXVI

463

ESPACIO Y T I E M P O EN CÁNTICO

expresado en f o r m a consciente y e x p l í c i t a sobre l o que h a q u e r i d o l l e v a r a cabo en su l a r g a v i d a d e d i c a d a a l a p o e s í a . E n su folleto El argumento de la obra el poeta c o m i e n z a p o r d e s c r i b i r u n desp e r t a r . (Es i m p o r t a n t e y significativo s e ñ a l a r l a presencia del desp e r t a r en l a o b r a de G u i l l é n , sin o l v i d a r a l m i s m o t i e m p o el papel q u e d e s e m p e ñ a este m i s m o f e n ó m e n o , esta m i s m a v i v e n c i a , en l a o b r a de P r o u s t . ) E l poeta, nos dice G u i l l é n , r e f i r i é n d o s e a su p r o p i a e x p e r i e n c i a , se e n c u e n t r a , ante el amanecer y l a creciente l u z d e l a l b a , " r e m o v i d o p o r u n a e m o c i ó n r a d i c a l de a s o m b r o " , y "se conoce a s í , gracias al c o n t a c t o c o n u n m á s a l l á que n o es é l . N a d a s e r í a el sujeto sin esa r e d de relaciones c o n el objeto, c o n los o b j e t o s " . Estos objetos e n t o r n o al poeta le e n v í a n m e n sajes desde su r e a l i d a d a u t ó n o m a , se resisten o l o i n c i t a n : el poet a , el ser h u m a n o , es " u n y o e n d i á l o g o c o n l a r e a l i d a d " , u n a r e a l i d a d m á s vasta y m á s r i c a q u e el i n d i v i d u o : " P a r a m í , p a r a m i a s o m b r o / T o d o es m á s q u e y o " h a escrito G u i l l é n . E l poeta se siente h u m i l d e frente a l a vasta r e a l i d a d que l o rodea. E l m u n d o es u n m a g n í f i c o regalo p a r a el h o m b r e , y su presencia dest r u y e l a soledad: "Cántico es ante t o d o u n c á n t i c o a l a esencial c o m p a ñ í a . Q u i e n l a v i v e n o es n u n c a aislado i n d i v i d u o . . . Este actor n o s e r í a n a d a fuera de su e s c e n a r i o " . H a y q u e adentrarse en l o m á s h o n d o del ser, de los seres que nos r o d e a n : " S e r m á s , ser lo m á s y a h o r a " . C o m o i n d i c a G u i l l é n e n su folleto antes c i t a d o , " t o d o a r r a n c a de a q u e l l a i n t u i c i ó n p r i m o r d i a l . U n a conciencia amanece en u n a c o n e x i ó n de a r m o n í a . . . Suficientes l a salud y l a l i b e r t a d , el h o m b r e se a f i r m a , a f i r m a n d o l a C r e a c i ó n , v a l o r a d a con u n a m a y ú s c u l a . E l a s í a f i r m a d o h a b r á de concluir gozosamente h u m i l d e : « ¡ D e p e n d o de las c o s a s ! » . N o h a y e n esta a c t i t u d n i n g ú n t r a n c e m í s t i c o ; solamente l a a l e g r í a de v i v i r entre inmensos tesoros, e n t r e u n a o r d e n a c i ó n de fuerzas q u e se c o m b i n a n c o n i n c r e í b l e a c i e r t o . Pero t o d o ello es n o r m a l : Cántico atiende a esos instantes e n q u e n o sucede sino el f e n ó m e n o e x t r a o r d i n a r i o de l a n o r m a l i d a d . . . L a v i d a f u n c i o n a c o m o de c o s t u m b r e " . 8

9

10

11

1 2

E s t a a c t i t u d , a l a vez sana y esperanzada, c o n t r a s t a c o n a l g u nas de las c o r r i e n t e s c r í t i c a s m á s e n b o g a s e g ú n las cuales u n estilo l i t e r a r i o , o, p a r a e m p l e a r l a p a l a b r a de h o y , " l a e s c r i t u r a " , se refiere s i e m p r e a o t r o a n t e r i o r , nos r e m i t e a o t r o estilo, y a s í 8

9

1 0

11

1 2

El argumento..., p. 9. Cántico, Sudamericana, Buenos Aires, 1962, p . 470. El argumento..., p. 10. Cántico, ed. c i t . , p . 479. El argumento..., p . 12.

464

MANUEL DURÁN

NRFH, XXXVI

sucesivamente: se crea u n a especie de " s o l i p s i s m o l i t e r a r i o " : el estilo n o depende de u n a p e r s o n a l i d a d en contacto c o n el m u n d o e x t e r i o r y c o n l a H i s t o r i a , sino de u n a serie de reacciones de u n o s estilos frente a otros, de u n c o m p l e j o sistema de contextos. V e a m o s , p o r e j e m p l o , lo q u e dice R o l a n d B a r t h e s acerca de la l i t e r a t u r a en general: Pour m o i , la littérature —je parle toujours, é v i d e m m e n t , d'une l i t t é r a t u r e en quelque sorte exemplaire, exemplairement subversive, et c'est pourquoi j ' a i m e r a i s mieux l'appeler écriture— est toujours une perversion, c'est-à-dire une pratique q u i vise à é b r a n l e r le sujet, à le dissoudre, à le disperser à m ê m e la page. Pendant très longtemps, parce que l'idéologie de l ' é p o q u e était une idéologie de la représentation, de la figuration, cela s'est produit dans les oeuvres classiques d ' u n e façon d é t o u r n é e ; mais en réalité, i l y avait déjà à ce m o m e n t - l à de l ' é c r i t u r e , c'est-à-dire de la perversion. L ' u n des romans les plus vertigineux de la l i t t é r a t u r e française, parce q u ' i l condense vraiment toutes les problématiques, c'est le Bouvard et Pécuchet de Flaubert, q u i est un roman de la copie, l ' e m b l è m e m ê m e de la copie é t a n t d'ailleurs dans le roman, puisque Bouvard et P é c u c h e t sont des copistes, q u ' à la f i n du roman ils retournent à cette copie... et que tout le r o m a n est une espèce de carrousel de langages imités. C'est le vertige m ê m e de la copie, du fait que les langages s'imitent toujours les uns les autres, q u ' i l n ' y a pas de fond au langage, q u ' i l n ' y a pas de fond original s p o n t a n é au langage, que l'homme est p e r p é t u e l l e m e n t traversé par des codes dont i l n'att e i n t j a m a i s le f o n d . L a l i t t é r a t u r e c'est u n peu cette expérience-là . 13

1 3

R O L A N D B A R T H E S y M A U R I C E N A D E A U , Sur la littérature, Presses U n i v e r -

sitaires de Grenoble, Grenoble, 1980, p p . 16-17. Parece evidente que Cántico se escribe frente a u n m u l t i p l e contexto, que incluye sobre todo el final del modernismo y los orígenes de la vanguardia. Ciertamente del modernismo conserva G u i l l é n u n vocabulario restringido, nunca vulgar, pero exento de la ped a n t e r í a existente en los peores momentos del modernismo. E q u i l i b r i o , pues, a igual distancia de la p e d a n t e r í a v la vulgaridad. L a vaneuardia incluye v casi impone una dosis de palabras vulgares". Jorge G u i l l é n nunca hubiera escrito los versos que escribió G a r c í a L o r c a en " S a n M i g u e l " , Romancero Gitano: V i e n e n m a n ó l a s comiendo semillas de girasoles, los culos grandes y ocultos como planetas de cobre. El tema del influjo de la vanguardia en Cántico está t o d a v í a insuficientemente estudiado. Parece evidente que cuando G u i l l é n hace penetrar la Naturaleza

NRFH, XXXVI

ESPACIO Y T I E M P O EN CÁNTICO

465

Es cierto q u e , c o m o a f i r m a b a M a l l a r m é , u n soneto se const r u y e c o n palabras, n o c o n ideas vagas o s e n t i m i e n t o s . Pero t a m b i é n es c i e r t o que es el poeta el que escoge las palabras. Y su actit u d ante sí m i s m o y ante las cosas que l o r o d e a n c o n t r i b u y e a esta s e l e c c i ó n . P a r a G u i l l é n el m u n d o e x t e r i o r existe y vale l a p e n a de ser c o n o c i d o y a m a d o . E n l u g a r de " é b r a n l e r le s u j e t " aspira a fijar m á s c l a r a m e n t e sus perfiles. E n l a i n m e n s a m a y o r í a de los poemas de Cántico e n c o n t r a m o s u n a conciencia c l a r a e n a c t i t u d receptora l l e n a de " s i m p a t í a a n a l í t i c a " frente a las cosas y las personas que r o d e a n al poeta. Ú n i c a m e n t e en los dos e x t r a o r d i n a rios poemas a que m e he r e f e r i d o antes, " L o s j a r d i n e s " y " L a F l o r i d a " ( y pocos m á s ) nos e n c o n t r a m o s frente a u n v é r t i g o , u n a v i s i ó n : l a r e l a c i ó n espacio-tiempo deja de ser u n a coordenada k a n t i a n a p a r a a r r e b a t a r al poeta h a c i a u n a f u s i ó n c o n el m u n d o ext e r n o en l a c u a l el p o e t a , el espacio, el t i e m p o , y l a n a t u r a l e z a , se a b r a z a n e n u n instante de casi inefable t r a n s c e n d e n c i a . MANUEL DURÁN Yale U n i v e r s i t y

en el interior de una casa —recordemos " N a t u r a l e z a v i v a " , del p r i m e r Cántico, en que la mesa de nogal es descrita como "siempre, siempre silvestre", es decir, bosque p u r o dentro de una sala, y, por otra parte, en " J a r d í n que fue de d o n P e d r o " , nos habla de "las salas de este j a r d í n " — e s t á poetizando temas que la p i n t u r a surrealista (de M a g r i t t e y varios otros) convierten en v i sión sobre lienzo hacia los mismos a ñ o s : u n dentro-fuera, u n fuera-dentro que solamente es posible en el m u n d o de los s u e ñ o s .

Get in touch

Social

© Copyright 2013 - 2024 MYDOKUMENT.COM - All rights reserved.