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RM A combinação entre a metrópole de seis milhões de habitantes, mar e montanha tornam a paisagem do Rio de Janeiro única. Em poucas cidades a natureza faz tão parte do cotidiano tornando, por exemplo, uma simples ida para o trabalho pelo Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, uma sucessão de cartões postais. Depois de ver os mundos que criara, Cheios de força, cheios de esplendor, Deus, em certa manhã formosa e clara, Não bastando ser Deus, fez-se pintor. Quis dar à vida outro primor, E com as tintas que o Éden pintara, Pôs em quadro de cumes e de cor A curvatura azul da Guanabara. É assim, oh!, viandante deslumbrado!, Que vês, de longe, sobre o Corcovado, O criador em sua pintura estranha; E miras rutilante de beleza, Cristo desabrochar da Natureza, Como um lírio de luz sobre a montanha. - Soneto Introdutório RIO através das lentes de uma futura designer


RIO através das lentes de uma futura designer Rafaela Sant’Anna Editora RMS MS Sempre que volto a ti de uma jornada, Compraz-se em seguir, meu pensamento, O rosário de luz e o movimento De tua preciosa e límpida enseada. No esplendor de tal descobrimento, Não sabe distinguir nossa mirada Onde fica, afinal, o firmamento: Se no Alto ou na terra platinada. Quando te vejo ao despontar do dia, Sinto um capricho da geografia Marcar em fímbria azul os horizontes; A cidade, despindo-se nas raias, Ao fundo do decote de suas praias, Mostra os seios de pedra dos seus montes... - Descobrimento RIO atravésdaslentesdeumafuturadesigner


RIO


RIO através das lentes de uma futura designer Rafaela Magalhães Sant’Anna


Para meu pai, que sempre me apoiou em tudo e todas as ideias doidas que eu tinha. E que sempre me mostrou o mundo de forma interessante e curiosa.


A combinação entre a metrópole de seis milhões de habitantes, mar e montanha tornam a paisagem do Rio de Janeiro única. Em poucas cidades a natureza faz tão parte do cotidiano tornando, por exemplo, uma simples ida para o trabalho pelo Aterro do Flamengo, na zona sul da cidade, uma sucessão de cartões postais. 6


SUMÁRIO Trabalho RIO HISTÓRICO 10 INTRODUÇÃO 12 COTIDIANO 88 NATUREZA 122 Feiras Ambulantes e camelôs Construções Prédios Arquitetura Praias Praia Vermelha Praia de Copacabana Parques Jardim Botânico Parque Lage Praia de Ipanema Igrejas Igreja Nossa Senhora do Carmo da Antiga Sé Catedral Metropolitana de São Sebastião do Rio de Janeiro Igreja de São José 14 14 41 44 44 62 90 90 96 102 108 108 116 124 124 130 138


A palavra Fotografia vem do Grego “fós”(luz) e “grafis”(pincel), e significa “desenhar com a luz”. A fotografia foi inventada a mais de um século e meio, e desde então, muitas inovações aconteceram. O daguerreótipo foi desenvolvido pelo francês Louis Daguerre, primeiro processo fotográfico a ser comercializado, uma espécie de tataravô das câmeras foi apresentado oficialmente ao mundo em 19 de agosto de 1839 pela Academia Francesa de Ciências. Desde então, a data é comemorada em todo o planeta como o Dia Mundial da Fotografia. O Rio de Janeiro é composto de diversos visuais incrivelmente lindos, impossíveis de não serem clicados e guardados para sempre na memória. E como estudante de design e apaixonada por fotografia, amo apreciar todos cantinhos e acontecimentos dessa cidade maravilhosa, que é capaz de nos surpreender a cada passo dado. INTRODUÇÃO


COTIDIANO


15 COTIDIANO a fim de conquistar seu público-alvo e, hoje em dia, eles são responsáveis pela Trabalho comercialização de 400 t de alimentos orgânicos in natura por ano na cidade do Rio de Janeiro. No setor econômico podemos dizer que as feiras-livres são representativas, pois atualmente existem cerca de 200 feiras na cidade do RJ, empregando aproximadamente 6 mil feirantes, movimentando quase 13 mil toneladas de produtos / mês e um faturamento médio mensal de R$ 16 milhões. As feiraslivres se tornaram um importante canal de distribuição de hortifrutigranjeiros para os consumidores cariocas e, em função disso, pode-se afirmar que se trata de uma atividade economicamente relevante para a cidade e para milhares de cidadãos. Nestes locais a palavra ainda vale mais do que o código de barras, pois no grito do feirante ou na pechincha dos consumidores as feiras-livres vão sobrevivendo ao avanço dos supermercados. Conforme relatos de alguns feirantes metade dos consumidores de uma feira-livre vêm atrás de preço e a outra metade vem à feira porque gosta de conversar. Talvez essa seja uma boa vantagem competitiva das feiras-livres em relação aos supermercados, uma vez que é impensável um funcionário de supermercado abordar e vender frutas e legumes aos gritos. Diante disso, observa-se a oportunidade dos feirantes aumentarem suas vendas na medida em que pratiquem o método de vendas proposto por Kotler (AIDA). Ou seja, precisam chamar a “ATENÇÃO” dos consumidores através do seu próprio grito, das mercadorias bem expostas, limpas e com aspecto atraente. Além disso, precisam despertar o “INTERESSE” sobre a qualidade dos seus Feiras Ainda é meio nebulosa a origem das feiras-livres nas grandes cidades, pois alguns especialistas afirmam que em 500 a.C. já se realizava essa atividade no Oriente Médio e, outros não menos estudiosos, dizem que essas atividades surgiram na Idade Média relacionadas às festividades religiosas. É certo que, durante séculos, a religião andou de braços dados com o comércio, uma vez que a palavra "feria" (latim) significa "dia santo" ou "feriado". As pessoas se reuniam em lugares públicos a fim de venderem seus produtos artesanais e, a partir desse incremento, o poder público interveio a fim de disciplinar, fiscalizar e – claro – cobrar impostos. O perfil do feirante no RJ é constituído pela maioria de origem portuguesa – com grau de instrução relativamente baixo – e trabalhadores braçais que imigraram do Nordeste. Porém, em municípios como Nova Friburgo e Teresópolis recentemente surgiu um novo tipo de agricultor – muitos com formação universitária – provenientes de famílias de posse, os quais foram apelidados de "os novos rurais". Nessas regiões eles acabaram difundindo um novo modelo de pensamento rural, o qual era preocupado com o consumidor em termos de qualidade sanitária e biológica dos alimentos por eles produzidos. Dessa forma, muitos deles – com noções de Marketing e Administração – desenvolveram novos produtos para segmentos especializados e, em função disso, nasceu a Agricultura Orgânica. Esse grupo de jovens ruralistas enxergou no canal de distribuição feira-livre o 1° passo para tornar seus produtos e suas idéias conhecidos para os consumidores de alimentos sem agrotóxicos. Muitos se instalaram nas feiras livres da Zona Sul TRABALHO


16 produtos, enfatizando os benefícios que proporcionarão as pessoas compram benefícios, valores. Elas precisam “DESEJAR” os produtos, sentirem-se “donas” deles. Para isso é necessário que os feirantes ofereçam provas, fazendo-os pegar, sentir, cheirar e apalpar os produtos. Finalmente a “AÇÃO” de vendas – coisa impossível de ocorrer num supermercado. Eis aí a principal vantagem de uma feira-livre em relação aos supermercados, pois os feirantes podem estreitar cada vez mais seu relacionamento com a clientela a fim de tentar torná-la fiel. COTIDIANO Trabalho Feira do Lavradio (Feira do Rio Antigo) Todo primeiro sábado do mês, a Rua do Lavradio, na Lapa, fica fechada para o trânsito. No lugar de carros, cores das barracas toma as ruas em meio ao casarões antigos da Lapa. A rua, por si só, já é uma atração: abriga prédios históricos, antiquários e casas de shows. A cada edição são cerca de 300 expositores e o público chega a 15 mil visitantes. A variedade de produtos vai desde roupas e acessórios até vinis e peças de antiguidades. De há ainda, por exemplo, um artesão especialista em fazer livros e cadernos como os modelos utilizados na Idade Média, com amarração de barbantes. Não deixe de conferir as apresentações musicais, de dança e as exposições de fotografia.


20 COTIDIANO Trabalho Feira Hippie de Ipanema Desde o final da década de 1960, a Praça General Osório cede espaço para artistas plásticos e artesãos. Tudo começou em 1968 quando artistas fizeram do endereço o ponto para a venda de seus quadros. Na época, as telas eram penduradas nos bares da vizinhança. De lá pra cá, muita coisa mudou e as telas hoje são expostas nas calçadas, mas o lugar continua sendo frequentado por moradores e visitantes. Há artesanato feito em bijuterias, artigos de papelaria, sem contar as barracas de roupas e as especializadas em PETs. O endereço da feira é a Praça General Osório e ela acontece todos os domingos.


24 COTIDIANO Trabalho Feira de São Salvador Um local mais frequentado pelos moradores, e mais intimista, é a Feira de São Salvador, que acontece no bairro de Laranjeiras. Todos os domingos pela manhã, barraquinhas de artesanatos, doces, produtos ecológicos e de decoração são montadas na praça. A Praça São Salvador tem um coreto ainda, coberto por galhos de árvores e flores. Tradicionalmente um grupo de chorinho também faz apresentações gratuitas, enquanto os visitantes conferem os produtos expostos nas barracas. Para quem preferir acompanhar o som, existe uma espécie de arquibancada próximo do local de apresentação, onde é possível sentar e curtir o som. A feira acontece aos domingos, a partir das 9h e avança até o período da tarde.


26 Feira da Junta Local Uma feira que reúne um propósito e a cada edição acontece em um endereço diferente é a Feira da Junta Local. Cada feira seleciona produtores diferentes para oferecer uma maior variedade possível. O objetivo é além de conhecer quem planta o alimento que se leva para casa, expandir horizontes culinários e se engajar de forma prazerosa com a mudança alimentar. Além disso, os encontros reúnem opções gastronômicas e já realizaram passeios sensoriais, conversas com nutricionistas e até bloco de carnaval. A Junta Local criou uma plataforma para facilitar a relação direta entre quem produz e quem come alimentos. Pra isso, existe a feira física e também uma ferramenta online, a Sacola Virtual, para compra diretamente de pequenos produtores. COTIDIANO Trabalho


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30 Feira da Glória Seja para fazer compras ou se divertir, a feira agita os domingos de centenas de cariocas e estrangeiros que ali encontram frutas, flores, verduras, peixes, pastéis, tapiocas, queijps, arte e música. E tem para todos os gostos: chorinho, samba, música latina e o que mais pintar. É um dos espaços mais democráticos do Rio. Entre as rodas de samba que acontecem normalmente uma vez por mês estão: Rosa Gloriosa, com Paulão 7 Cordas, Eco Samba, Pagode do Time Crioulo e até os Escravos da Mauá de vez em quando aparcem por lá. Ésó ficar de olho na programação para saber os dias. No início da feira, no Largo da Glória, fica a Feira da Glória de Arte e Cultura, onde rola o chorinho, DJ Zod de vez em quando e muitas barraquinhas de comidas e artes. COTIDIANO Trabalho


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36 37 recolhidas por catadores. Ao encontrarem algo mais significativo, eles tentam vender para antiquários ou para os próprios barraqueiros, fazendo com que diversos objetos acabem vindo parar na Feira de Antiguidades da Praça XV. Muitas vezes são objetos de época que simplesmente vão satisfazer o desejo de consumo de algum comprador curioso. Da mesma forma, pode ser algo muito especial e raro, como um filme que registrava o enterro do escritor João do Rio. Outras preciosidades também foram encontradas neste livre comércio de antiguidades, como três cartas assinadas, respectivamente, pela Princesa Isabel, pela imperatriz Teresa Cristina, e a terceira, por ninguém menos que o imperador D. Pedro II. Objetos de valor afetivo, como um determinado vinil, uma edição especial de um gibi, um brinquedo ou uma fotografia antiga, entre muitas outras peças tão igualmente valiosas para alguns, são facilmente encontrados nesta tradicional Feira, que é ótima opção de programa para um sábado. COTIDIANO Trabalho Feira de Antiguidades da Praça XV Paraíso das relíquias, onde se pode encontrar de tudo um pouco em matéria de objetos antigos, velhos e usados, a tradicional feira ocupa uma área da Praça XV desde 1970. Inicialmente, grande parte dos negociantes ficava embaixo do extinto viaduto da Perimetral. Desde a demolição, todos os cerca de 700 expositores se instalaram bem no meio da praça, com suas mais variadas e inusitadas peças. A feira está sob a coordenação e responsabilidade do Instituto das Feiras Culturais do Brasil, que cuida tanto dos interesses dos participantes quanto do público visitante, segurança e organização, como, por exemplo, as barracas padronizadas. O Rio de Janeiro é um dos maiores celeiros de antiguidades do Brasil. A vinda da Família Real Portuguesa trouxe também muitas pessoas que acompanharam a Corte. Os objetos pessoais de todas essas famílias se espalharam através das gerações e, eventualmente, alguém resolve fazer uma “faxina” e jogar fora peças que acabam sendo COTIDIANO Trabalho


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41 Ambulantes e Camelôs É uma profissão que existe há muitos anos e se tornou uma alternativa para quem está desempregado. A atividade, porém, não é considerada apenas por quem está fora do mercado. Existem pessoas que construíram uma carreira como vendedores, conquistando clientes fiéis e até passaram a profissão para outras gerações da família. Se está procurando uma forma de ter renda extra ou deseja atuar como vendedor ambulante? Ainda que seja possível trabalhar por conta própria, a atividade também exige o cumprimento de algumas regras. A palavra camelô é um galicismo (provém de camelot, em francês, “vendedor de artigos de pouco valor”). Camelô e ambulante são sinônimos, só que o primeiro termo é uma denominação popular e o segundo é uma designação utilizada em legislação que regula o exercício de vendas em um ponto fixo ou em movimento. COTIDIANO Trabalho


EDIFÍCIO “A NOITE” Praça Mauá. Arquiteto Joseph Gire. 1928. Seu nome se deve a um dos mais importantes jornais do Rio da época. Abrigou também, nos últimos pavimentos, a Radio Nacional, o mais importante meio de comunicação do país nos anos 1940 e 50. O cálculo estrutural foi assinado por Emílio Baumgarten. Durante muito tempo foi o edifício de estrutura de concreto armado mais alto da América latina. Inaugurado em 1929, o edifício foi levantado numa das extremidades da Avenida Rio Branco, na altura da Praça Mauá, próximo ao Porto do Rio. O local havia sido ocupado anteriormente pelo Liceu Literário Português, instituição de ensino fundada por portugueses, que à época mudou para o Largo da Carioca, onde se encontra até hoje. A histórica fachada do A Noite e as áreas internas revelam as influências do estilo art decó. Entretanto, após algumas reformas internas, o interior do prédio foi um pouco descaracterizado. Inicialmente, o edifício foi sede do jornal “A Noite”, que em tempos bem anteriores a internet fazia a função de noticiar o que acontecia no final dos dias. Devido à força do nome do veículo de comunicação, o nome original da construção caiu em desuso. Uma das características mais marcantes do A Noite era o que se podia ver de seu terraço ou de andares mais altos. O prédio servia de mirante, pois oferecia uma vista privilegiada da cidade quase toda e da Baía da Guanabara. COTIDIANO Construções Prédios O Rio de Janeiro é um dos maiores acervos de arquitetura do mundo. Tanto no que se refere à arquitetura histórica quanto recente. Ai estão alguns edifícios verticais do centro da cidade muito caros à história da arquitetura brasileira. Vou ficar devendo outro tanto de edifícios importantes, e também algumas fotos melhores. CONSTRUÇÕES 45


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50 COTIDIANO Construções Edifício do Ministério da Educação e da Saúde Sem dúvida o mais importante e emblemático edifício do centro do Rio de Janeiro, no que se refere à arquitetura. Nasceu assim: Edifício do MES, depois mudou para Edifício do MEC (Ministério da Educação e Cultura). Hoje é Palácio Gustavo Capanema, em homenagem a seu idealizador, ministro da Educação e Saúde Pública do governo de Getúlio Vargas. Contou, na sua concepção, com a colaboração direta de Le Corbusier. A saga de sua criação e construção estão bem documentadas, desde o polêmico concurso até a criação da equipe de projeto e sua tumultuada existência. Nele aparecem com uma exuberância jamais vista os princípios de Le Corbusier: a implantação dos blocos no centro do terreno e a elevação sob pilotis, liberando o nível térreo para uma grande praça; a utilização de brises-soleil, desta vez, diferentemente do edifício da ABI, brises horizontais e móveis, que não enclausuram o edifício; a estrutura independente etc. Aparece também pela primeira vez na arquitetura do Movimento Moderno a decoração de paredes, tradicional de nossa arquitetura colonial, nos belos painéis de Portinari. Um marco da arquitetura brasileira e mundial.


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54 COTIDIANO Construções Edifício Sede da Petrobrás Construído durante os anos 1970, em plena vigência do chamado Milagre Brasileiro, nos tempos mais violentos do regime militar, este edifício muito se distancia da poética carioca. Foi um produto da chamada “Escola de Curitiba”. É que com a fundação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Paraná, em 1962, muitos arquitetos de formação paulista, liderados por Luiz Forte Netto, foram para aquela cidade. Assim como a Escola Carioca está ligada à poética purista de Le Corbusier e a Escola Paulista ao brutalismo corbusiano e ao Novo Brutalismo, a Escola de Curitiba traz como novidade um neste edifício um hiperracionalismo construtivista e uma poética volumétrica da mega-escultura abstrata, assimilando novas técnicas projetuais e construtivas.


58 59 COTIDIANO Construções Edifício Avenida Central Projetado para ocupar o lugar do emblemático Hotel Avenida e da não menos emblemática Galeria Cruzeiro, foi o primeiro edifício construído em estrutura metálica do Rio de Janeiro. Nasceu da iniciativa da empresária Regine Feigl, que encarregou o escritório Henrique Mindlin e Associados de seu projeto. esteticamente, representou uma mudança na orientação dos arquitetos do Rio de Janeiro, até então marcados pela influência de Le Corbusier. Mindlin inaugura aqui a poética de Mies van der Rohe, dos grandes arranha-céus de aço e vidro. Mais diretamente, o edifício segue o modelo da Lever House de Nova Iorque, da lâmina sobre placa de embasamento, projetado pelo arquiteto Gordon Bunshaft, do escritório Skidmore, Owings e Merrill (SOM).


63 Rio de Janeiro dispensa apresentações. Uma cidade de contrastes, tão diversa nas suas pessoas, natureza e arquitetura. Seus edifícios históricos de influência europeia, os ícones modernos do século XX e as recentes obras assinadas por arquitetos internacionais garantem um lugar no mapa da arquitetura mundial e pontuam a paisagem urbana da segunda maior cidade do Brasil. Museu do Amanhã Concebido como um dos ícones arquitetônicos do Porto Maravilha, projeto de requalificação da região portuária do Rio de Janeiro, maior projeto de desenvolvimento urbano em curso no país, o Museu do Amanhã ocupa 15 mil metros quadrados, cercado por espelhos d’água, jardim, ciclovia e área de lazer, numa área total de 34,6 mil metros quadrados do Píer Mauá. Sua forma longilínea, inspirada nas bromélias do Jardim Botânico, foi projetada de maneira a se integrar à paisagem ao redor e, especialmente, deixar visível o Mosteiro de São Bento, um dos mais importantes conjuntos barrocos do país. O conjunto arquitetônico do entorno ainda inclui o edifício A Noite (primeiro arranha-céu da América Latina e sede da Rádio Nacional) e o Museu de Arte do Rio (MAR), entre outros marcos. COTIDIANO Construções Arquitetura COTIDIANO Construções 62


64 “A ideia é que o edifício fosse o mais etéreo possível, quase flutuando sobre o mar, como um barco, um pássaro ou uma planta”, explica o autor do projeto, o arquiteto espanhol Santiago Calatrava, que passou temporadas na cidade e registrou seu processo criativo em mais de 600 aquarelas ao longo do projeto. A forma do edifício, porém, não é produto de uma pura metáfora ou uma ideia arquitetônica, destaca o arquiteto. “É o resultado de um diálogo muito consistente para que o edifício se alie à intenção de ser um museu para o futuro, como uma unidade educativa”, diz. COTIDIANO Construções Considerado um dos mais importantes arquitetos da atualidade, Calatrava foi um dos responsáveis pela revitalização do porto de Buenos Aires – é de sua autoria a Puente de la Mujer – e da cidade de Valência, com a Cidade das Artes e das Ciências, entre outros projetos de importância internacional. Em 2015, ele foi o vencedor do Prêmio Europeu de Arquitetura, concedido pelo Museu de Arquitetura e Design Chicago Athenaeum e pelo Centro Europeu de Arquitetura, Arte, Design e Estudos Urbanos.


68 69 COTIDIANO Construções Cidade das Artes A Fundação Cidade das Artes é um espaço concebido para abrigar múltiplas atividades artísticas, como exposições, apresentações de dança, teatro e música. Este complexo cultural também é utilizado para palestras, oficinas, congressos, conversas com autores, lançamentos de livros e outras atividades de formação cultural e artística. O edifício é uma pequena urbe contida em uma grande estrutura elevada e construída sobre uma enorme esplanada elevada a dez metros de altura - de onde se pode ver a montanha e o mar – que flutua sobre um parque público, um jardim tropical e aquático concebido por Fernando Chacel. Esta esplanada é um espaço público, um lugar de encontro que dá acesso a todas as instalações. Nela, a Cidade das Artes reunirá uma grande variedade de espaços: uma sala de concertos única no mundo, que pode se converter em sala de ópera e em teatro, uma sala de música clássica e de música popular, salas de cinema, de dança, de ensaio, áreas de exposição, restaurantes e uma midiateca. Entre as duas superfícies horizontais da cobertura e da esplanada há grandes paredes curvas de concreto que envolvem os espaços em um jogo de cheios e vazios. O projeto é um símbolo público, um novo marco para a grande Rio, um sinal urbano de grande visibilidade que flutua sobre a baixada. Sua arquitetura responde às belas curvas das montanhas e à linha do mar. O lugar se tornará a porta de entrada da Barra da Tijuca. COTIDIANO Construções


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74 75 COTIDIANO Construções Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro É uma instituição referência para a arte e para a cultura do país. Fundado em 1948, possui uma das mais relevantes coleções de arte moderna e contemporânea da América Latina, com mais de 16 mil obras. Sua atuação se dá sobre o tripé arte-educaçãocultura. O edifício é sustentado por quatorze pórticos em concreto armado aparente posicionados a dez metros de distância entre si e formados por uma viga superior, dois pilares principais inclinados ao exterior e dois pilares menores inclinados ao interior que formam um V com os primeiros. Os pilares em V tem comprimento total de oito metros e meio. Em seção transversal, os pórticos apresentam um formato trapezoidal. Forma em planta um retângulo de cento e quarenta metros de extensão por vinte e oito metros e trinta centímetros de vão. Não há pilares no centro do edifício. Os pórticos possibilitam que o vão seja completamente livre de apoios internos. Os braços internos dos pilares em V sustentam o primeiro pavimento. A viga superior é responsável pelo apoio da cobertura e, a partir dela, os tirantes de cabos de aço estruturam os mezaninos. A flexibilidade dos recintos é também assegurada verticalmente através da descontinuidade das lajes de cobertura, gerando três pés-direitos diferentes: oito metros, seis metros e quarenta centímetros, e três metros e sessenta centímetros. Essas alturas são variáveis para que o edifício possa abrigar obras de arte de tamanhos diversos. Os dois edifícios anexos ao pavilhão de exposição separam-se dele através de dois jardins diferentes. O primeiro é composto por dois retângulos que conformam um L. Nele estão o bar e o restaurante. O segundo possui contorno irregular e abriga o teatro. COTIDIANO Construções


82 83 COTIDIANO Construções Theatro Municipal do Rio de Janeiro Apesar do seu nome, o Theatro não pertence ao Município e sim, ao Estado do Rio de Janeiro. Atualmente, é um dos Equipamentos Culturais da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, e está sob a direção da Fundação Teatro Municipal. O Theatro Municipal, atualmente com 2.252 lugares, é considerado a principal casa de espetáculo do Brasil e uma das mais importantes da América do Sul. Ao longo de pouco mais de um século, a casa tem recebido em seus palcos grandes artistas internacionais e os principais nomes da cultura brasileira, representantes da dança, música, ópera e artes cênicas. Localizado na Praça Marechal Floriano, na Cinelância, o Theatro teve o início de suas obras durante a prefeitura de Pereira Passos, como parte do conjunto arquitetônico das obras de reforma urbana do Rio de Janeiro e abertura da Avenida Central (atual Avenida Rio Branco). Sua construção se deu a partir da abertura de uma concorrência pública para a escolha do projeto arquitetônico. Cujo os primeiros colocados ficaram empatados: o projeto Aquilla, em que o suposto autor seria o engenheiro Francisco de Oliveira Passos, filho do então prefeito, e o projeto Isadora, do arquiteto francês Albert Guilbert, vice-presidente da Associação dos Arquitetos Franceses. O resultado do concurso foi motivo de uma forte polêmica na Câmara Municipal, acompanhada pelos principais jornais da época, em torno da verdadeira autoria do projeto Aquilla, suspeito de ter sido elaborado pela seção de arquitetura da Prefeitura. Entretanto, o projeto final foi o resultado da fusão dos dois premiados, uma vez que os dois eram inspirados na Ópera de Paris. O prédio começou a ser erguido em janeiro de 1905, e contou com a participação dos mais importantes pintores e escultores da época: Eliseu Visconti, Rodolfo Amoedo e os irmãos Bernardelli. Além de artesãos europeus, que executaram vitrais e mosaicos, e um grupo de 280 operários, que por muito tempo se revezou em 2 turnos de trabalho. Finalmente, em 14 de julho de 1909, após 4 anos e meio de construção, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro foi inaugurado pelo presidente da República da época, Nilo Peçanha, com capacidade para 1.739 espectadores. COTIDIANO Construções


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91 PRAIAS NATUREZA Praia Vermelha Praias A Praia Vermelha, na Urca, é assim chamada porque, ao pôr do sol, a areia fica avermelhada por causa do reflexo da luz do Sol nos cristais vermelhos e rosas. Com apenas 200 metros de extensão, a praia fica entre o Morro da Urca e o Morro da Babilônia. Inicialmente, o local foi usado como ponto estratégico para a defesa militar da cidade. Para isso, foi erguido um forte para proteger a praia e, consequentemente, evitar invasão pela Baía de Guanabara. Em 1860, foi construída a sede da Escola Militar. Na frente da praia, o prédio formava uma parede alta que praticamente isolava a praia. Em 1935, durante o episódio que entrou para a história como a Intentona Comunista, o prédio foi bombardeado, sendo posteriormente demolido. Em 1938, a praia é aberta para uso do público em geral. Dentre as construções importantes, destacam-se a Escola Superior de Guerra, encostada na Praia Vermelha, e o IME (Instituto Militar de Engenharia). A praia é ladeada por duas fortalezas, atualmente ocupadas pelo Círculo Militar da Praia Vermelha e a escola municipal Gabriela Mistral. Na praça General Tibúrcio, atrás da praia, foram erguidos dois monumentos: aos mortos na Intentona Comunista e aos heróis de Laguna e Dourados. Na encosta do Pão de Açúcar, fica a pista Cláudio Coutinho, para corrida ou caminhada.


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