Correio da Manhã - edição 24190 - Segundo Caderno Flipbook PDF

Correio da Manhã - edição 24190 - Segundo Caderno - 20 a 22 de janeiro- fim de semana

95 downloads 106 Views 4MB Size

Story Transcript

Circula em conjunto com: CORREIO PETROPOLITANO CORREIO SUL FLUMINENSE

Rio de Janeiro, Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023 - Ano CXXI - Nº 24.190

Os quadrinhos franceses em destaque este ano

Aos 90 anos, Ary Fontoura descarta aposentadoria

PÁGINA 6

PÁGINA 9

PÁGINA 12

Divulgação

Charlie Brown Jr e Raimundos no Qualistage

PROPRIEDADE

Pepitas de

Tiradentes Mostra que inaugura o circuito dos festivais brasileiros chega nesta sexta em sua 26ª edição Por Rodrigo Fonseca Especial para o Correio da Manhã

I

naugurada no fim dos anos 1990 com o ensejo de ser uma celebração popular das estéticas que brotavam com a Retomada, a Mostra de Tiradentes evoluiu ao longo de um quarto de século e virou uma referência mundial para narrativas de risco, apoiadas na experimentação

de veios narrativos. Hoje começa a sua 26ª edição, mobilizando terras mineiras com vozes autorais do audiovisual de todo o país. De lá nasceram cults como “A Fuga da Mulher Gorila”, “Estrada Para Ythaca”, “Enchente”, “Doce Amianto”, “Os Dias Com Ele” e “Baronesa”. Em recente entrevista ao Correio, a produtora Raquel Hallak, do Cinema Sem Fronteiras, responsável pelo evento, explicou como a Mostra vem fazendo das Gerais

vetor de empuxo para o audiovisual. “O que começou como uma mostra regionalizada tornou-se um espaço generoso e enriquecedor de intercâmbio, reflexão, formação, exibição e difusão do cinema brasileiro em consonância com seu tempo. Este diálogo e intercâmbio em favor do cinema brasileiro tem gerado importantes frutos para os profissionais brasileiros que já tiveram seus filmes selecionados para diversos festivais internacionais, como Cannes, Berlim, Lo-

carno, Veneza, Lisboa”, disse Raquel. Este ano, a Tiradentes é regido pelo conceito de “Cinema Mutirão”, que tem por objetivo chamar para o debate todos aqueles e aquelas que queiram colaborar para construir uma base sólida para a construção e reconstrução do audiovisual brasileiro. O cenário dramático dos últimos cinco a seis anos não impediu a resiliência de quem buscou alternativas à sobrevivência e procurou não abrir mão das suas conquistas anteriores, ainda que insuficientes ou ameaçadas. “Muitos grupos de lugares diferentes e de campos artísticos distintos, como a dança, a música, o teatro, uniram-se para fazer audiovisual com os recursos dos editais emergenciais da Lei Aldir Blanc, que, no seu caráter abrangente e flexível, trouxe algumas inovações nas obras, na forma de mobilização do setor e na elaboração de uma política pública em contexto adverso”, destaca o cineasta e ensaísta Francis Vogner dos Reis, coordenador curatorial da Mostra de Tiradentes, que desenha a Mostra em sinergia com as escolhas feitas pelas curadoras Camila Vieira e Lila Foster. Continua na página seguinte

2

Continuação da Capa

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023 Divulgação

C

onfira o que já salta aos olhos entre as atrações imperdíveis da produção nacional na seara audiovisual a serem curtidas in loco e online durante o tradicional festival mineiro. diÁLoGoS CoM RutH dE SouZa, de Juliana Vicente: Um diário afetivo de uma troca de vivências entre a realizadora e Dona Ruth de Souza (1921-2019), atriz que abre alas para uma forte presença de atrizes negras no palco, televisão e cinema no Brasil. Os encontros da atriz de 98 anos com a jovem cineasta são a gênese de novas percepções, que cruzam diálogos, memórias e um universo mitológico. Saiu do Festival do Rio com o troféu Redentor de Melhor Direção de Narrativas Documentais. a aLEGRia É a pRoVa doS noVE, de Helena ignez: Uma das mais aclamadas realizadoras e atrizes do país, cultuada por sua presença no elenco de “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), regressa com um memorial construído com foco numa viagem, feita nos anos 1970, ao Marrocos. Foram nessa jornada sensorial a sexóloga e roqueira Jarda Ícone (a própria Ignez) e o defensor dos direitos humanos Lírio Terron (Ney Matogrosso). Algo do passado dessa dupla segue até hoje. pRopRiEdadE, de daniel Bandeira: O diretor de “Amigos de Risco” (2007) conquistou o troféu Redentor de Melhor Montagem no Festival do Rio por este thriller eletrizante, com o qual concorreu e ganhou a láurea de Melhor Direção no Fest Aruanda, na Paraíba. Ele esbanja suspense ao seguir o cer-

Até o Fim

Achados da programação Divulgação

Terruá Pará co a uma artista de classe social abastada, acossada por uma multidão de pessoas que tiveram seus empregos reduzidos a pó. E isso num contingente rural. Malu Galli esbanja potência trágica no papel de uma estilista traumatizada por uma situação em que foi refém. Na luta contra os fantasmas do passado, ela se vê em frente a um novo perigo quando os trabalhadores da fazenda de seu marido (um sujeito sexista e usurário) fazem um motim em prol de seus

Divulgação

A Prova dos Nove direitos trabalhistas, mantendo-a recolhida em um carro blindado. tERRuÁ paRÁ, de Jorane Castro: Dona Onete, Manoel Cordeiro, Keila, Pio Lobato, Toni Soares, Os Amantes, Luê e Trio Manari desfiam o rosário melódico do Pará no trabalho mais recente da diretora de “Ribeirinhos do Asfalto” (2010). Cada um com sua estética, elas e eles formam um painel da musicalidade que nasce no coração da Amazônia, numa efervescência

cultural singular. o Canto daS aMapoLaS, de paula Gaitán: Estandarte de excelência na mistura das artes visuais com o silêncio, a diretora de “Exilados do Vulcão” (2013) regressa propondo um ensaio sobre visualidade sonora da voz materna. Em seu exercício autoral, evoca paisagens históricas e afetivas num trabalho em que assina ainda o roteiro e a montagem. atÉ o FiM, de Glenda ni-

cácio e ary Rosa: A dupla que encantou o cinema com “Café Com Canela” (2017) será alvo da homenagem anual da mostra. De todos os títulos que integram a retrospectiva deles, o banho de descarrego rodado por eles em 2019 é o mais tocante. Nele, Geralda (a ótima Wal Diaz) está trabalhando em seu quiosque à beira de uma praia, no Recôncavo da Bahia, quando recebe um telefonema do hospital dizendo que seu pai pode morrer a qualquer momento. Ela avisa suas irmãs, Rose (Arlete Dias), Bel (Maíra Azevedo) e Vilmar (Jenny Muller). O encontro promovido pela espera da morte se torna um momento de desabafo e reconhecimento das quatro irmãs que não se reúnem há 15 anos. aMaZÔnia, a noVa MinaMata?, de Jorge Bodanzky: Lideranças indígenas da população Munduruku, como Alessandra Korap, atraíram o olhar acurado do mestre por trás de “Iracema, Uma Transa Amazônica” para um perigo químico que ameaça seu povo. Ao perceber que há algo errado com a saúde de seu povo, essas forças de organização das comunidades amazônicas convidam médicos e pesquisadores para investigar se eles estão contaminados por mercúrio. O médico Erik Jennings e pesquisadores da Fiocruz fazem um diagnóstico e revelam os altos índices de contaminação por este metal pesado, tradicionalmente associado à atividade garimpeira de ouro e à destruição da floresta. Mas os médicos enfrentam resistência dos garimpeiros e até do governo brasileiro para apresentar os resultados aos Mundurukus.

3

Cinema

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

ENTREVISTA / ISABELLE HUPPERT, ATRIZ Divulgação

Rodrigo Fonseca Especial para o Correio da Manhã

N

o Brasil, Isabelle Huppert já é de casa, pelo tanto que aparece em nossas telas, ainda que cada uma de suas aparições traga um colorido singular, como o tom loiro em seus cabelos que esvoaçam a cada sequência de “Le Syndicaliste”. Aplaudido no último Festival de Veneza, em setembro, o longa-metragem – baseado na história real de uma líder sindical ligada à indústria nuclear na Europa, confrontada por escândalos de poder – será lançado nas salas de exibição da França no dia 1º de março. Sete depois, a atriz parisiense de 69 anos – indicada ao Oscar em 2017, por “Elle”, e laureada com o Urso de Ouro Honorário na Berlinale de 2022 – volta às telas de seu país com “Mon Crime”, thriller de tintas cômicas pilotado por François Ozon. Em cartaz na Europa atualmente com “L’Ombra di Caravaggio” (drama de época italiano) e com “EO” (que pode aparecer entre os cinco indicados à estatueta de Melhor Filme Internacional da Academia de Hollywood), ela tem uma penca de títulos pra estrear nos próximos 11 meses. “Sidonie au Japon” e “Marianne” são os futuros compromissos dela com o circuito exibidor do Velho Mundo, o que fez de sua participação no 25º Rendez-Vous Avec Le Cinéma Français – o mais importante fórum promocional da pátria presidida por Emmanuel Macron – um evento... e dos mais concorridos. No Hotel Le Collectionneur, de Paris, sede do Rendez-Vous, Isabelle falou com o Correio da Manhã sobre suas visões sobre arte e resiliência ética na criação. O que o cinema ainda tem a oferecer de inovador para uma atriz do seu quilate? Isabelle Huppert: Sempre existem cineastas com uma pers-

‘Não me vejo como estudante e nem trato cineastas como mestres’ pectiva sobre o mundo que pode surpreender. Eu agradeço o seu respeito, mas não penso na qualidade de atriz que sou, e, sim, na diferença que eu posso fazer no cinema como espectadora. Atuando, sou intuitiva. Mas eu sei ver

filmes e sei observar boas ideias. O que me mantém no cinema é a troca com diretoras e diretores que me tirem do maniqueísmo. Simone de Beauvoir tem um texto que se chama “Por Uma Moral Da Ambiguidade” no qual nos alerta

para o limite entre hipóteses e verdades. É esse o tipo de revelação que a arte no dá. Um filme como “EO”, de Jerzy Skolimowski, ganhador do Prêmio do Júri em Cannes,

que tem como protagonista um asno acossado por toda a sorte de abandono e violência, cresce com a sua participação em cena, numa sequência pautada pela experimentação narrativa. Como encaixar esse tipo de liberdade criativa numa carreira tão prolífica? Esse filme é muito bonito. Eu tenho um carinho e uma admiração grandes por Jerzy, que é também ator. No passado, tínhamos um projeto que nunca se viabilizou de filmar um texto escrito por Susan Sarandon. O que eu fiz com ele é breve, mas, importante, por vir de um amigo. A artista que a gente é depende das escolhas que a gente faz. E o que tem aprendido com cada escolha dessas, com cada diretor? Não falo em aprendizado, pois eu não me vejo como estudante e nem trato cineastas como mestres. São colegas, que têm um olhar específico, que me alimenta. Filmei muito com Claude Chabrol, que me deu papéis em grandes filmes. Mas eu não o via, em sua vida, como um professor. Chabrol foi o criador de um universo. É o que admiro nele. Em meio a estreia de um novo Ozon, seu nome pipoca em festivais do mundo todo com “La Syndicaliste”, cujo diretor, Jean-Paul Salomé, foi responsável por um dos filmes franceses de maior sucesso no Brasil nestes anos de pandemia: “A Dona do Barato”. Como é a troca com ele e sua estética realista? Fico feliz de saber que esse nosso filme deu certo no Brasil. Vocês já me chamaram para visitá-los, mas ainda não tive como. É bom saber que um diretor com um olhar plural como Salomé agrade vocês. Gostei da experiência com ele em “A Dona do Barato” e volto a estar com ele num filme que vai além da questão política factual para abrir reflexões sobre o peso do rumor numa sociedade como a nossa.

4

Cinema

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

CRÍTICA / CINEMA / BABILÔNIA

Era uma vez no cinema mudo Divulgação

Por Rodrigo Fonseca Especial para o Correio da Manhã

M

ais injustiçado dos potenciais candidatos ao Oscar 2023, afogado em notícias prematuras acerca de seu fracasso comercial, “Babilônia”, de Damien Chazelle, é o mais corajoso gesto de enfrentamento à caretice e às mordaças da correção política desta temporada, com Margot Robbie a vicejar fúria numa reconstituição da Era Muda do audiovisual. Os (ditos) Loucos Anos 1920 são o foco da narrativa feroz, barulhenta e aeróbica do diretor de “La La Land – Cantando Estações” (2016), que aposta no excesso como forma de atrair olhares que se ficaram míopes

frente ao desejo sob a venda dos aparelhos ideológicos de censura e cancelamento ao nosso redor. Ganhadora do Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora, a música do filme, composta por Justin Hurwitz, encaixa-se bem na gente, mas nos transcende. Tudo ali transcende. A fim de mostrar como foi o extermínio da moral (e da prática profissional) das três primeiras décadas de uma arte então silenciosa, dependente de um suporte físico (as cartelas de texto), Chazelle parte da euforia em seu estado mais dionisíaco e nos dá uma festa de arromba em seus minutos iniciais. Suruba é o melhor termo por que vemos, evocando “Rio Babilônia” (1982), de Neville D’Almeida, e “A Grande Beleza” (2013), de

Margot Robbie injeta poesia na suntuosidade de Chazelle

Paolo Sorrentino. É nessa festa que aparece Nellie (Margot), uma aspirante a atriz que arrebata, com sua vontade de potência

pra ousar, o coração de um faz-tudo latino, Manny (Diego Calva, preciso em cena). Incansável pro trabalho, seja

ele qual for, Manny vai ganhar a confiança de magnatas e de astros, em especial a de Jack Conrad, herói dos filmes silenciosos. É um personagem inspirado em John Gilbert (1897-1936) - parceiro de Greta Garbo em “Anna Karenina” (1927) e “Mulher de Brio” (1928) – que garante a Brad Pitt uma atuação monumental. O que vemos ao redor de três horas é um exercício proustiano de busca por um tempo perdido que se calça em corações e projetos estéticos alquebrados, narrados por Chazelle de maneira suntuosa, sem medo de ser erótico, sem pudor de resvalar na histeria. Um filme vivo, com uma fotografia suntuosa. Vale um destaque para satélites da trama, que nos revelam muito sobre as intolerâncias de ontem (e ainda de hoje), como o jazzista Sidney ( Jovan Adepo) e a cineasta Ruth Adler, encarnada por Olivia Hamilton.

CineSTReaminG POR RODRIGO FONSECA Divulgação

Amores Divididos amOReS DiViDiDOS (1997), de Kasi Lemmons: Em paralelo à sua carreira como atriz, a realizadora inicia sua trajetória como diretora com este drama de época sobre lealdade familiar estabeleceu uma trilha potente na direção, sempre ligada à luta antirracista e a representação das populações negras. Samuel L. Jackson vive um médico talentoso, mas infiel, cujo comportamento abala as estruturas de sua casa. Onde ver: Amazon Prime

Duas de Mim DUaS De mim (2017), de Cininha de Paula: Um veículo preciso para apresentar o chamado humor varejão (livre, leve e vívido) de Thalita Carauta. Ela vive Suryellen, uma trabalhadora incansável que sua a camisa para sustentar a família. Um dia, seu sonho se realiza: ela se divide em duas. É a forma da mulher batalhadora e devotada aos outros finalmente ter um tempo pra si. Mas seu duplo tem planos próprios. Onde ver: GloboPlay

Minhas Mães e Meu Pai miLeS DaViS: BiRTH OF COOL (2019), de Stanley nelson: Dirigido por um bamba da narrativa antirracista nos Estados Unidos, este documentário passa em revista a trajetória de sucesso do mito do jazz, mas não apenas sob a ótica de sua relação simbiótica com o trompete, mas também exerce um dedicado olhar sobre o ponto de vista das lutas pessoais do músico e também de seus conflitos amorosos. Onde ver: Netflix

Benjamin

minHaS mÃeS e meU Pai (2010), de Lisa Cholodenko: Frutos de um processo de inseminação artificial de um casal de lésbicas (Annette Bening e Julianne Moore), a jovem Joni (Mia Wasikowska) e seu irmão Laser (Josh Hutcherson) tentam descobrir quem foi o doador de sêmen e chegam a um dono de restaurante (Mark Ruffalo, sublime em cena). Mas a chegada dele vai bagunçar o casamento de Jules e Nic. Onde ver: Mubi

BenJamin (2003), de monique Gardenberg: Essa joia dividiu opiniões ao levar o romance homônimo de Chico Buarque às telas, marcando a estreia de Cleo como estrela. Na trama, o modelo Benjamim Zambraia (Paulo José) conhece a enigmática Ariela Masé (Cleo) e se surpreende com a semelhança de seu grande amor do passado, o que lhe traz revelações e conflitos. Danton Mello brilha como o jovem Benjamin. Onde ver: Globoplay

Sesc Verão 2023: cultura, lazer e esporte em 27 cidades tempo de muita diversão no Sesc RJ, que dá início ao seu aguardado Projeto Sesc Verão 2023, um conjunto de ações de cultura, esporte e lazer oferecidas, entre os dias 13 de janeiro e 12 de fevereiro, à população fluminense, com a proposta de proporcionar bem-estar e qualidade de vida. Com o lema “O verão é para todos!”, o evento promove, em 27 cidades, intensa programação gratuita e acessível, voltada às famílias. A programação contempla, por exemplo, shows de artistas consagrados e talentos locais, oficinas

É

5

Guia Cultural SeSC rJ

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

com ídolos esportivos, espetáculos de circo, teatro, música, cinema, jogos, gincanas, entre outras atividades. O Analista de Cultura do Sesc RJ, Marcello Bogo, destaca a importância da volta do projeto ao modo presencial este ano. “O Sesc Verão é um projeto da área de Lazer que traz para si também atividades culturais. São programações que promovem bem-estar e acesso cultural para a população. E o evento voltar a ser presencial garante encontros e trocas variadas nas mais diversas atividades”, diz ele. “Em relação à Cultura, procu-

Murilo Alvesso/Divulgação

Fernanda Abreu se apresentará no próximo dia 28 no Sesc São João de Meriti

ramos prestigiar artistas locais e de maior visibilidade, possibilitando uma programação com horizontalidade e pluralidade. Neste ano, temos Macaé e Paraty também como palcos do projeto”, explica Marcello. Além de atividades nas Unidades Sesc RJ e nas arenas montadas em praias, praças e parques, o evento inova este ano ao levar o melhor do verão também para dentro de sho-

pping centers e Vilas Olímpicas. “O Sesc Verão é um projeto que promove a qualidade de vida, incentiva as práticas esportivas e atividades físicas, estimula o turismo, fomenta a economia local e proporciona a todos nós, cidadãos fluminenses, alegria, bem-estar, cultura e muito lazer. É gratificante ver todo o envolvimento dos

nossos sindicatos e prefeituras na realização desse projeto tão grandioso e que cria, anualmente, memórias afetivas em todas as cidades pelas quais passa”, comemora o Presidente do Sistema Fecomércio RJ, Antonio Florencio de Queiroz Junior. O projeto também impulsiona a economia local, a transformação social e o desenvolvimento humano. Um dos destaques musicais será a apresentação da cantora Fernanda Abreu, no próximo dia 28, no Sesc São João de Meriti. “Participei de alguns shows e eventos do Sesc Verão RJ, e é muito legal. Essa iniciativa de levar música, cultura, arte para a população é muito importante para nossa sociedade. A arte alimenta a alma, nos faz companhia, nos conscientiza. Acho isso fundamental. Para mim, é uma alegria enorme participar do Sesc Verão levando meu show”, elogia Fernanda. A programação completa pode ser consultada no site www.sescrj.org.br.

A Agenda Cultural Sesc de janeiro está imperdível. CONFIRA ABAIXO OS PRÓXIMOS EVENTOS:

PLUFT, O FANTASMINHA

TEMPORADAS DE VERÃO

A Cia PeQuod celebra os 100 anos de Maria Clara Machado com a obra Pluft, O Fantasminha.

+ + + + + + + +

De 14 de janeiro a 12 de fevereiro Sábados e domingos, às 16h SESC TIJUCA | TEATRO 1

PERDOA-ME POR ME TRAÍRES Um clássico de Nelson Rodrigues sobre traição e vingança. Depois de matar a cunhada infiel, Raul passa a vigiar ferozmente a sobrinha, sob o pretexto de preservar sua castidade. De 19 de janeiro a 12 de fevereiro Quinta a domingo, às 20h SESC COPACABANA | ARENA

+ + + + + + + + + + + + + + + + + +

Consulte valores dos ingressos e classificação indicativa nas Unidades.

NARCISA A vida e a obra da poetisa fluminense Narcisa Amália de Campos (1852-1924), o silenciamento a que foi sujeita e o sistemático apagamento de mulheres escritoras da história literária brasileira.

De 19 de janeiro a 12 de fevereiro Quinta a domingo, às 19h SESC COPACABANA MULTIUSO

LECI BRANDÃO - NA PALMA DA MÃO

+ + + + + + + +

Espetáculo musical que une teatro, música e poesia e põe em cena a obra de um dos maiores nomes da Música Popular Brasileira: Leci Brandão.

SESC RJ PULSAR

De 12 de janeiro a 12 de fevereiro Quinta a domingo, às 20h30 SESC COPACABANA | MEZANINO

Acesse o site e confira a programação completa dos eventos: sescrio.org.br

Curtas-metragens e Obras na Rede disponibilizados aos sábados, às 11h. Acompanhe também a programação de fim de ano no YouTube do Sesc RJ (/portalsescrio).

6

Música

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023 Divulgação

Paulo-Roberto Andel Para entender o Rio O Rio tem mazelas, muitas. Miséria e abandono para todo lado. E gente cruel, indiferente. Mas isso é pouco diante do grande cenário. Ele, Rio, também tem cores e mar, admiráveis vielas de subúrbio, o caos apoteótico do rush entre Presidente Vargas e Rio Branco, o ir e vir dos baratos no Camelódromo. Não, o Rio não é a escrotidão do egoísmo, a opressão do poder paralelo, o abandono e o descaso. Na verdade, o Rio é a criança humilde de mãos dadas com os pais num trem da Central. Ou dois garotos conversando perto do Divino, onde um dia Tim Maia, mais Benjor, Erasmo e Roberto escreveram linhas da história do Brasil. O Rio é Tom Jobim martelando seu piano no Arpoador lotado ou cantando para meia-dúzia no teatrão da UERJ. É o samba de raiz pura, o jazz no Bar dos Descasados, o violão dos namorados no Engenho Novo. O velho Bloco das Piranhas comandado pelo inesquecível Moisés em Madureira. Grajaú, Andaraí, Vila Isabel. Humaitá, Botafogo e Jardim Botânico, o bairro dos ricos onde há também botecos humílimos e gente descompromissada com as convenções. O Rio é o Maracanã sequestrado que, um dia, voltará às mãos do povo. O Sambódromo lotado. As velhas filas de cinema onde se podia ver tanto pastelões de Hollywood quanto os melhores alternativos argentinos e europeus. Ou iranianos. O Rio é pop e funk e brega, mas quando precisa sabe ser mais Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção do que nunca. Ou Deep Purple, Iron Maiden e Charles Aznavour.

Nem falei de Ipanema, Leblon, Tijuca, Realengo. É que não dava. Para entrar no assunto é preciso escrever um livro a respeito. Quem se lembra do verão da lata? Por um dia, danem-se as mazelas, as greves, o resto. Mas só por um instante. Ver a beleza do Rio não tem preço. E, num outro dia, a cidade será novamente como Gina Lollobrigida dentro de um vestido impecável. Oxalá. Os fragmentos dessa cidade estão espalhados nas obras, passagens e ecos de cariocas autênticos ou adotados, tanto faz, basta alguns exemplos breves ou definitivos: Glauber Rocha, Ferdy Carneiro, Sérgio Sampaio, Luiz Melodia, Cartola, Leila Diniz, Monsieur Limá, Rogéria, Joãozinho Trinta, Isabel, Henfil, Jorge Benjor, Scarlet Moon, Noca da Portela, Marcelo D2, Olga Savary, Nelson Pereira dos Santos, João do Rio, Fernanda Montenegro, Vinícius de Moraes, Miguel Falabella, as Frenéticas, os Dzi Croquettes, Marisa Monte, Gentil Cardoso, Johnny Alf, Luiz Carlos Lacerda, Bruna Lombardi, Fausto Fawcett, Big Boy, Elizete Cardoso e mais um exército de poesia. Por ora, vamos cantando nossos sambas, dramas e a certeza de, se ainda falta muita coisa por aqui, melhorar é possível. Só a esperança dá sentido à vida. Está com tempo livre? Tome um ônibus na Cinelândia via Aterro e espie a paisagem por cinco minutos em direção a Botafogo. Ou passe de manhã ao lado da Quinta da Boa Vista. Tente adivinhar onde estavam os bambas do Estácio há um século. Aí você vai entender o que é o Rio.

O Charlie Brown Jr foi recriado desde o ano passado

De volta aos

anos 1990 Fenômenos da época, Raimundos e Charlie Brown Jr se apresentam no Qualistage uas bandas que marcaram época nos anos 1990 retomam neste sábado (21), partir das 21h, o projeto Rockstage no palco do Qualistage, na Barra da Tijuca. As duas apresentam shows completos na mesma noite. Com Digão comandando guitarras e vocais, os Raimundos lembram suas dúzias de sucessos, como “Eu Quero Ver o Oco”, “I Saw You Saying” e o “Reggae do Maneiro”, enquanto o Charlie Brown, em que brilham os guitarristas - fundadores Marcão Britto e Thiago Castanho, tem Egypcio no microfone homenageando o saudoso Chorão (1970-2013) com “Zoio de Lula”, “Papo Reto”, “Te Levar” e muitos outros hits. Mesmo com o passar dos anos, Digão, Canisso, Marquim e Caio sabem bem como provocar o caos, basta soar o primeiro acorde de um dos inúmeros clássicos da banda

D

que a máquina de moer carne conhecida como “Mosh” começa. Pra quem nunca entrou na roda que se forma nos shows do Raimundos, é mais ou menos como tomar um “caixote numa onda em Nazaré” após servir de tapete para uma manada de búfalos enlouquecidos... Quer dizer, isso nas músicas mais calminhas! Não tem como não sentir aquele rush de adrenalina tomando conta do seu ser quando Digão chama petardos como “Puteiro em João Pessoa” e “Palhas do Coqueiro”. O bicho pega de com força, rapá! Mas até quando soam “românticos” e melodiosos não perdoam: “Mulher de Fases”, “A Mais Pedida” e “Selim” provocam uma reação ultra catártica da plateia. Ir num show dos Raimundos é ser feliz e viver intensamente os melhores momentos da sua vida! “É por isso que o Raimundos nunca vai se acabar” já dizia a letra premonitória de “Marujo” e a resposta já vem de bate pronto: É porque eles

têm a “Vida Inteira”! A retomada do Charlie Brown Jr, que encerrou as atividades após a morte precoce de Chorão, aos 42 anos, veio da união de dois dos fundadores da banda. Autores de grandes hits do grupo como “Proibida pra mim”, “Zoio de Lula”, “Rubão”, “Só os Loucos Sabem” e “Papo Reto”, os guitarristas Marcão Brito e Thiago Castanho são os responsáveis, ao lado do antigo vocalista, por muitos dos sucessos do grupo santista. Em 2022, o grupo comemorou 30 anos de fundação e 25 do primeiro lançamento, “Transpiração Contínua e Prolongada”, que levou o CBJ da cena underground da cidade paulista ao topo do cenário musical. Após nove anos dedicados a outros projetos, Marcão e Thiago decidiram se unir para comemorar esses dois momentos especiais de suas carreiras, lançando o projeto Marcão Britto e Thiago Castanho – Charlie Brown Jr, voltando aos palcos juntos novamente para tocar os grandes sucessos da banda. Com a participação dos músicos que fizeram parte da trajetória da banda, para completar o show: a presença do virtuoso baixo de Heitor Gomes e uma novidade nos palcos do Charlie Brown Jr, as duas furiosas baterias de Bruno Graveto e Pinguim Ruas. E fechando o time, os vocais ficam por conta de Egypcio (Tihuana), com toda sua personalidade, representando e respeitando a história da banda.

7

Música

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

D2 e um punhado da bambas Divulgação

Cantor leva mistura de samba e hip hop à lona do Circo Voador nesta sexta

M

arcelo D2 é um artistas de muitos projetos. Pouco depois de lançar “Jardineiros” - o primeiro álbum de inéditas do Pkanet Hemp em 22 anos -, volta-se à sua bem sucedidad carreira solo com o novo single “Povo de Fé”, que chega neste fim de semana às plataformas digitais. E a nova canção será mostrada ao vivo no projeto “Marcelo D2 e um Punhado de Bamba”, que o artista lança nesta sexta (20) no Circo Voador, a partir das 22h. Com um paredão de som e

‘Povo de Fé’, novo single de D2, estará no repertório

uma roda de samba, o artista apresenta sua nova sonoridade: um afro samba digital que versa sobre as raízes dos que vieram antes dele, que canta sua história e que dá vida e sentido aos caminhos e a seu legado. Músico, compositor, rapper e

diretor de cinema, D2 mantém aos 55 anos o espírito criativo e inquieto que está sempre em busca do novo, do diferente, o que ele um dia chamou de “a batida perfeita”. E assim, segue escrevendo sua história como uma das figuras mais emblemáticas

da MPB contemporânea. Da criação do grupo Planet Hemp em 1990 até seu último trabalho solo, “Assim Tocas so Meus Tambores” (2020), produzido em transmissões ao vivo abertas ao público direto da sala de sua casa em

plena pandemia, o cantor mantém sua identidade subversiva, seja versando sobre a descriminalização da maconha, rimando sobre as mazelas político-sociais do país ou falando de amor. D2 é aquele tipo de artista que transita entre extremos com naturalidade. Já levou seu som para 28 países em cinco diferentes continentes, ocupando os palcos mais simbólicos da história da música e se apresentando em importantes festivais. Seus 17 álbuns – cinco com o Planet Hemp e 12 em carreira solo – acumulam diversos prêmios. Marcelo permanece inventando e se reinventando e, por isso mesmo, em breve irá apresentar uma nova sonoridade em seu próximo álbum, em fase final de produção. SERVIÇO MARCELO D2 Circo Voador (Rua dos Arcos s/nº - Lapa) 20/1, às 22h Ingressos: de R$ 80 a R$ 180

ROTEiRO MUsicaL POR AFFONSO NUNES Fotos Divulgação

Platão solta a voz Xangai no Rival

O voo de BK

Sucesso total

Toni Platão pisa mais uma vez no palco do Clube Manouche para interpretar, com toda a potência de seu vozeirão, o rico cancioneiro romântico do líder dos Paralamas do Sucesso no show “O Amor Segundo Herbert Vianna”. Será neste sábado (21), às 21h. Toni aproveita a ocasião para lançar o clipe de sua versão para o sucesso “Me Liga”, gravado há seis meses na casa, com produção de Clélia Bessa e direção de Roberto Berliner.

Um dos grandes nomes do rap nacional, o carioca BK estreia neste sábado (21), a partir das 22h, a turnê de lançamento de seu elogiado álbum “Icarus” (2022). Com sua poética apurada, o artista de 33 anos traça um paralelo do mito grego de Ícaro com a sociedade brasileira nos dias de hoje. O show terá participação de Marina Sena, Bebé, Luccas Carlos e Julia Mestre. Ingressos esgotados.

Chega a mais um fim de semana no Vivo Rio o festejado show da turnê “Que Tal Um Samba?”, de Chico Buarque com participação de Mônica Salmaso. A cantora paulistana abre o espetáculo com números solo que exaltam toda a lírica do aclamado compositor. Juntos no palco, emocionam a plateia entoando sucessos de várias fases da carreira de Chico. De quinta a domingo, com ingressos esgotados.

Neste sábado (21), às 19h30, o cantor e compositor Xangai apresenta no Teatro Rival Refit seu show “O cantador”, uma referência à caatinga, à canção popular e aos cantadores do Brasil. Agraciado com o Prêmio Sharp (1998) e o Prêmio da Mùsica Brasileira (2016), ele passeia, com originalidade, por diversas vertentes da música regional nordestina. No repertório, sucessos como “Estampas Eucalol”, “Campo Branco” e “Raízes”.

8

Música

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

CRÍTICA / DISCO / FUNMILAYO

De: Aquiles Para: Funmilayo Anikulapo Kuti Divulgação

Por autor

P

erdoe-me dirigir-te a palavra sem sequer tê-la conhecido, muito menos ouvido falar de ti até então – mas soube que também és mãe do compositor Fela Kuti, o rei do afrobeat. Veja, acabei de ouvir o disco de estreia da Funmilayo Afrobeat Orquestra, grupo de onze musicistas que escolheu teu nome para identificar o trabalho que fazem, como esse atual tributo às mulheres pretas brasileiras. Ah, o álbum foi contemplado e lançado pelo Rumos Itaú Cultural. Para que tenhas ideia da banda de afrobeat que traz teu nome, digo que ela é a única formada

apenas por mulheres pretas e uma pessoa não binária. São elas Bruna Duarte (baixo), Stela Nesrine (sax alto, compositora e voz), Tamires Silveira (piano, teclado e voz), Ana Góes (sax tenor, compositora e voz), AfroJu Rodrigues (percussao e voz), Rosa Couto (flauta, compositora e voz), Vanessa Soares (dançarina), Sthe Araujo (percussao e voz), Priscila Hilario (bateria, percussão e voz), Larissa Oliveira (trompete, compositora e voz) e Jasper Okan (guitarra, compositor e voz). Sensuais em sua beleza, em sua graça plena de negritude e no engajamento na luta pelos direitos das mulheres, elas são onze músicas que vieram ao mundo para ser o que bem entenderem ser, o que

bem quiserem viver e o que bem desejarem amar, tocar e cantar: enfim, músicas. Sim, músicas, porque têm o ofício identificado pelo sexo: sendo mulheres, músicas são, ora bolas. E assim a Funmilayo firma o ponto no axé de sua ancestralidade. O naipe de sopros é o ponto alto dos arranjos da FAO e de

Allan Abbadia, ele que é o diretor musical da orquestra. Mas o que seria dos sopros se não fosse a força da percussão, somada ao baixo, ao teclado e à guitarra? E os cabíveis e belos vocais abertos? E os solistas instrumentistas pulsando suas virtuosidades? E os solos vocais empunhando a força do sal das águas de Iemanjá? Meus Deuses! Vibrantes as músicas interpretadas com a consciência do poder que têm – levadas com emoção e fé na vida, enquanto a luta pela liberdade é assumida pelo entusiasmo de vozes e acordes num suingue daqueles. Amplitude vista desde o ritual que inicia o CD. Trata-se de um texto de Rosa Couto, declamado por Vanessa Soares e acompa-

nhado pelas percussões de Afroju Rodrigues e Sthe Araújo: “Separe, num corte, os dois lados do cérebro eurocentrado e, então, permita-se ouvir as ondas do mar quebrando ao som da fala de Beatriz. (...) Tudo cabe, tudo explode no big bang tremendo que deu origem ao Orí. Alimente o Orí faminto. Explore sua cabeça. A cabeça é o ventre, o início do mundo. Antepassada do tempo (...)”. Epa Heyi Oyá! Espero que esse contato intergaláctico não tenha incomodado teu descanso, Funmilayo Anikulapo Kuti – a ti o meu respeito e a minha admiração. À Funmilayo Afrobeat Orquestra, o meu amor pela arte com que aguilhoa a mesmice. ABRAÇOS

Divulgação

9

Quadrinhos

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

Divulgação

BDmania O mapa da mina das histórias em quadrinhos na França em 2023 Divulgação

Indians

Undertaker

Por Rodrigo Fonseca

arCa: Linkado à tradição da sci-fi francesa - que deu ao cinema cults como “O Quinto Elemento” -, o roteiro de Romain Benassaya é uma aula de tensão, galvanizada pela arte de Joan Urgell. Na trama, o astronauta Eric Rives acorda de uma longa viagem em uma nave espacial que deveria levá-lo e aos outros passageiros para a Garra do Leão - a terra prometida onde esperam encontrar melhores condições de vida do que na órbita da Terra, combalida em seus recursos naturais. Mas a tripulação logo percebe que não chegou ao seu destino.

Especial para o Correio da Manhã

entrado nos ideias humanistas de 1789 na França, “Égalite” é o nome do segundo tomo da saga “Révolution”, da dupla Florent Grouazel e Younn Locard, um dos quadrinhos de maior procura nas livrarias europeias este mês, revivendo em ilustrações deslumbrantes uma era de transcendência política sob o fio da guilhotina. Premiada no Festival de Angôuleme, espécie de Cannes dos gibis (que realiza sua nova edição de 26 a 29 de janeiro), a trilogia acerca dos feitos de Robespierre, Danton e Marat é um dos álbuns que têm mobilizado quadrinhófilos cujo alvo são as BDs. Banda Desenhada é o nome que se usa no Velho Mundo pra definir álbuns gráficos em quadrinhos, de luxo, em capa dura, que optam por narrativas de gênero (fantasia, sci-fi, faroeste) ou por aulas de História (cheias de poesia) mas trilham caminhos que fogem do maniqueísmo. Nos EUA, quem dá as cartas nesse mercado é a Marvel e a DC. Mas, na França, quem gira a roda são tramas adultas, calcadas em temas políticos, que dissecam mitos e biografam artistas. Eis as BDs mais procuradas.

C

undErTaKEr: Leitores franceses hoje se rasgam pelo nº 6 dessa série de faroeste, repleta de adrenalina, escrita por Xavier Dorison e desenhada por Ralph Meyer. Os dois narram os mil perigos que cercam Jonas Crow, um ex-soldado da Guerra de Secessão que troca a farda pelo uniforma de agente funerário itinerante.

Révolution Divulgação

Cada caixão seu é repleto de pólvora. LEs FiLLEs dEs Marins PErdus: Escrito por Teresa Radice e desenhado por Stefano Turconi, sob as rédeas da editora Glénat, este magistral painel de época assume como protagonistas as prostitutas do Pilar, um bordel para marinheiros em Plymouth. Mulheres Mexicana empoderadas dão um nó no desejo alheio enquanto nos contam a história de um amante nada exemplar. LadiEs WiTh Guns: Amparada pelo espírito da equidade de gêneros e da luta antissexista, Anlor, pseudônimo da desenhista Anne-Laure Bizot, cria

em parceria com o roteirista Bocquet Olivier um faroeste regado a feminismo, em que cinco mulheres de origens distintas vão lutar contra as intempéries do Oeste Selvagem. É a Ed. Dargaud que publica lá fora. GinETTE KoLINKA - RÉCiT d’unE RESCAPÉE d’ausChWITZ-BIRKEnau: Aos 97 anos, uma das mais famosas sobreviventes dos expurgos nazistas de judeus em campos de concentração tem sua história passada em revista, em forma de HQ (ou melhor, BD), no traço finíssimo de Aurore D’Hondt. Numa mirada memorialista, ela encara os horrores do Holocausto.

indians!: A partir de um projeto de revisionismo histórico de Tiburce Oger, iniciado em 2021, esta série da editora Grand Angle reconstitui a luta pela sobrevivência de populações indígenas americanas entre 1540 e o início do século XX. Um episódio em 1823 é um dos ápices de ação da saga, desenhada por uma tropa de ilustradores, como os célebres Boucq e Blanc-Dumont. MEXiCana: Digna de um bom filme dos irmãos Coen, à la “Onde os Fracos Não Têm Vez”, esta coletânea policial é assinada pelo roteirista do momento na França, Alexis “Matz” Nolent, em duo com Steven “Mars” Marten. Seu protagonista é Emmet Gardner, um guarda de fronteira que trabalha ao largo do Rio Grande, nos EUA, e vê sua vida desmoronar ao descobrir a conexão de seu próprio filho, Kyle, com um cartel local. Pra livrar o rapaz do submundo, Emmet assume a tarefa de matar um criminoso, mas acaba alvejando alguém com quem não deveria mexer.

10

TeaTro

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023 Divulgação

Clássico de Ionesco na Cia. dos Atores

Por Cláudia Chaves Especial para o o Correio da Manhã

“A

decisão de ser ator foi curiosa e inquietante. Fazia Comunicação na PUC e vi na Vila uma cartaz convocando para testes de formação do TEP, o Teatro Experimental da PUC. Como já desenvolvia o lado autor, mas queria ser ator, apesar de detestar fazer teste, fui lá e fiz. Ganhei o primeiro papel e logo fui chamado por Janete Clair para participar de ‘Selva de Pedra’. Foi uma decisão para sempre”, relembra Sergio Fonta, escritor, diretor, dramaturgo e ator brasileiro, já tendo trabalhado em mais de dezenas de espetáculos teatrais, além de inúmeras novelas e séries e que completa 50 anos de carreira, a confirmação intuitiva de uma vocação. Nos períodos em que não atua em TV, participa ativamente da vida cultural carioca tendo recebido 13 premiações entre Teatro e Literatura. Sergio é uma máquina de trabalhar. Atualmente, está em cena com “Circuncisão em Nova York”, no Teatro Brigitte Blair, e volta ao cartaz, em fevereiro, no Teatro Dulcina, com “Quem Disse que Hollywood” já era, na qual atuou como diretor. É capaz de conciliar três, quatro atividades ao mesmo tempo. Como autor tem oito livros editados, entre eles “Sangue Central”, “Passageiros da Estrela”, “O Peixe que Virou Artista”, além dos volumes “Rubens Corrêa / Um Salto para Dentro da Luz”, indicado para o Prêmio APTR 2011 na Categoria Especial, e “O Esplendor da Comédia e o Esboço das Ideias: Dramaturgia Brasileira dos Anos 1910 a 1930”. Cinco textos seus e dois roteiros para teatro foram encenados no Brasil, além de duas outras peças premiadas, traduzidas e transmitidas pela Radio de Colônia, na Alemanha, quando ganhou o Prêmio Especial do Júri no I Concurso de Peças Radiofônicas (Instituto Goethe/WDR). Entre

Nando Machado/Divulgação

O elenco da montagem

Fonta (sentado à esquerda) pode ser visto em ‘Circuncisão em Nova York’, em cartaz no Teatro Brigitte Blair

Uma máquina

de trabalho Dramaturgo, diretor, ator e escritor, Sergio Fonta completa 50 anos dedicados ao teatro com talento e devoção

Teatro e Poesia conquistou 13 premiações, entre elas o 1º lugar no IV Concurso Opinião de Dramaturgia, o 1º lugar no Prêmio UBE de Dramaturgia Inédita e a “Medalha Joaquim Norberto” como Autor e Pesquisador. Fez parte de dezenas de curadorias para premiações, análise e seleção de projetos culturais. Foi membro do júri do Prêmio Shell de Teatro durante 14 anos, é Presidente do Júri da FITA, a Festa Internacional de Teatro de Angra, e integra a comissão de jurados do concurso “Seleção Brasil em Cena”. Produz e apresenta o programa “Tribo do Teatro”, na Rádio Roquette-Pinto FM, desde 2010. É membro-titular do PEN Clube do Brasil, quando preencheu a vaga deixada por Dias Go-

mes, da Academia Brasileira de Arte, na cadeira 40, cujo patrono é Artur Azevedo, e da Academia Carioca de Letras, na cadeira 14, cujo patrono é D. Pedro II, para a qual foi eleito em 2014, sendo recebido pelo Acadêmico Antonio Carlos Secchin. Atualmente é Presidente da Academia Carioca Letras e comanda várias atividades como debates, exposições, leituras. Mas as maiores emoções são as proporcionadas pelo lado artista, revela. “A maior emoção é compor um personagem, tão grande como é o teatro lotado. E parafraseio o que diz o meu personagem em “Afronta ao Público”, quando fui dirigido por Pedro Paulo Rangel: ‘Essa chama que nos inflama é de vocês que ela brota’.”

Reunindo elenco com 22 atores, Ricardo Santos dirige “Como se Livrar de um Cadáver”, em cartaz na Sede Cia dos Atores. O texto de Eugène Ionesco, escrito em 1954, recebe uma montagem inovadora capaz de revelar muito sobre o momento atual. A partir da história de um casal que permanece 15 anos sem sair de casa, a peça aborda a materialidade e o esvaziamento das relações, bem como o espanto diante da morte. Amédée e Madeleine vivem presos à uma obsessão: o mistério do quarto ao lado. Enquanto ela sustenta a casa, ele é atormentado pelo fardo de não poder mais escrever. O espaço do casal é constantemente invadido por um cadáver peculiar que, apesar de escondido atrás da porta, os obriga a lidar com ele. O cadáver teria contraído a doença incurável dos mortos: “a progressão geométrica”, crescendo inexoravelmente. Ricardo Santos foi indicado ao Prêmio Shell 2019 pelo espetáculo O Rinoceronte, também baseado em um texto de Ionesco. Seu último trabalho foi “Cuidado quando for falar de mim”, uma peça que propõe reflexões acerca das relações afetadas pelo HIV. O novo projeto ficará em cartaz de quinta à segunda na Sede Cia dos Atores, até dia 30 de janeiro.

11

TeaTro

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

CRÍTICA / TEATRO / JULIUS CAESAR - VIDAS PARALELAS

A perene atualidade Nil Caniné/Divulgação

Por Cláudia Chaves Especial para o Correio da Manhã

E

stá na moda dizer que isso e aquilo tem camadas. Mas fazer arte com camadas de significados, o que já se chamou de polissemia, usar os dois níveis do discurso, é um ato de coragem, talento, proficiência. “Julius Caesar – Vidas Paralelas”, com dramaturgia e direção de Gustavo Gasparani, partindo da tragédia homônima de William Shakespeare, é um show de camadas de acertos. Primeiro, a comemoração de 35 anos de trajetória em 2023, a Cia. dos Atores, grupo carioca que tem produzido espetáculos antológicos. A marca da companhia está lá: a capacidade de revirar os assun-

tos, criar dramaturgias, mostrar ângulos que não se vêem. Assim, o uso da metalinguagem, a peça dentro da peça, que poderia parecer algo de muito recorrência, só traz maior sentido a se mostrar a miséria humana na luta pelo poder. Segundo, um elenco que mistura veteranos, jovens, integrantes da companhia, convidados que produzem uma explosão de interpretações memoráveis. Estão lá Cesar Augusto (um dos fundadores e integrante da Cia. dos Atores), Isio Ghelman, Gabriel Manita, Gilberto Gawronski, Suzana Nascimento e Tiago Herz. Cada um alcança, com entrega e acerto, trabalhar papéis e textos simultâneos, em uma velocidade, sem qualquer quebra. Do ensaio ao texto apurado do autor, os atores mudam a voz, a ento-

cussão do poder, em todas as suas formas: hierarquias profissionais, amorosas, familiares e de amizade. O cenário , ênfase nas cortinas – elemento fundamental em teatro pois abrem e fecham para captar aqueles instantes – é manipulado pelos personagens, servem também como fundo de projeções, são brancos como almas e fantasmas, que entram e saem e retornam como realidade. Está lá om texto de 500 anos, falando de fatos de 2000 anos, que ainda nos assombra pra provar que o que vivemos hoje nada mais é do que os horrores dos poderes que se excedem. SERVIÇO

Gasparani (fundo, à direita) e o elenco do espetáculo

nação sem se perder uma vírgula. Terceiro: a direção de Gustavo imprime alcance do que é o fazer teatro, o papel do ator, as angústias,

as dificuldades das vidas como metáfora de nossas atuações em nossas existências, muitas vezes absolutamente canastronas. Tem-se a dis-

JULIUS CAESAR - VIDAS PARALELAS Oi Futuro (R. Dois de Dezembro, 63 - Flamengo) Até 12/2, quintas e sextas (20h) e sábados e domingos (19h) | Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia)

N a r I B a LTa Divulgação

POR CLÁUDIA CHAVES

Dalton Valério/Divulgação

A festa que virou peça “Anos 80 - Experiência Ploc”, em cartaz no Teatro Fashion Mall nos dias 20 e 21, não é um musical, nem peça e nem show. O happening teatral começa no Foyer onde o DJ recebe o público. No teatro, a narrativa é conduzida por Daniel Del Sarto (foto) que apresenta as estórias, músicas e convidados desta experiência 80’s. E dá vida a alguns ícones desta era tão criativa. A peça é escrita e dirigida por Daniel Del Sarto e Luciano Vianna, também criador da Festa Ploc, o maior evento retrô da América Latina. Divulgação

O poder está de volta

O assédio vem de longe

O consagrado texto de Antonio Bivar, “Alzira Power”, está em cartaz no Teatro Glaucio Gil. Dirigida por João Fonseca, a peça, com humor ácido, marra o embate entre uma mulher madura, livre e radical e um homem jovem sem sonhos e conformado com sua vida pacata, numa reflexão sobre solidão, incomunicabilidade, violência e ruptura de parâmetros. Vencedora do Prêmio Molière de Melhor Texto no mesmo ano, tem. Stella Maria Rodrigues e Andre Celant fazem os papéis que foram de Antonio Fagundes e Yolanda Cardoso na montagem original.

Com texto de Cecília Ripoll e direção de René Guerra, o espetáculo “Memórias de uma Manicure”, sugere uma reflexão sobre sororidade e empreendedorismo feminino. Em cartaz no Centro Cultural da Justiça Federal, na Cinelândia, a montagem do grupo Bonecas Quebradas Teatro se inspirou em uma história verídica ocorrida em 1958. A manicure Zulmira, vítima de ameaças constantes, mata o ex-companheiro dentro de uma delegacia. A partir daí, a autora criou uma trama sobre a amizade entre duas manicures com elementos do melodrama e da comédia noir.

12

Televisão

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

ENTREVISTA / ARY FONTOURA, ATOR Por Leonardo Volpato (Folhapress)

m tempos de discussão sobre a importância de uma certa bagagem para atores em papéis de destaque na TV, Ary Fontoura surpreende ao dizer que, mesmo com mais de 70 anos dedicados à interpretação, ainda se considera incompleto. “Sempre fiz muita coisa junto e em quantidade, não sei se em qualidade”, afirma. “Costumo reprovar vários trabalhos que faço, penso que poderia ter ido melhor. Sou intransigente comigo mesmo. Quando revejo atuações antigas eu fico louco, se eu fizesse agora seria melhor”, conta o artista. No próximo dia 27, Ary comemora 90 anos de vida, 74 deles dedicados à dramaturgia, ou como ele gosta de dizer, à eterna “procura por emprego”. Astro de novelas como “Saramandaia” (1976), “A Indomada” (1997), “Chocolate com Pimenta” (2003) e “A Favorita” (2008), o ator revela que não se acomoda nem pensa em aposentadoria tão cedo. “A energia que sentia antes não é a mesma de hoje, eu sei. Mas entendo os passos que posso dar.” No bate-papo, Ary Fontoura também diz que não teme a morte e dá sua opinião sobre o conturbado momento político que vive o Brasil, algo que costuma tirar um pouco de seu bom humor. “Como todo cidadão, estou preocupado com meu país e lamento que tenhamos chegado a esse ponto.” Leia a entrevista completa abaixo.

E

Prestes a completar 90 anos, que reflexão faz sobre a vida até agora? ARY FONTOURA - A coisa mais importante na minha vida é que aos 90 anos eu estou saudável. Reconheço, não são todos os que chegam a esse ponto nessa condição, mas sempre estou agradecendo, sempre gostei de viver, valorizei a vida, e isso é motivo de confiança para que eu permaneça

‘Sou intransigente comigo mesmo’ Eduardo Knapp/Folhapress

Quando teve esta percepção? Tudo o que acontecia comigo convergia para isso. Estou há 74 anos trabalhando nesta profissão. Na verdade, 74 anos procurando emprego, pois nossa área é ingrata. Fazer teatro, cinema, TV, sobretudo no Brasil, precisa ter fôlego, porque é um campo repleto de encruzilhadas e curvas que te surpreendem. Ao longo da minha trajetória, fui alimentando certo egocentrismo para tocar isso para frente. É uma profissão solitária e que até hoje as pessoas acham que é extraordinária. No fundo, é uma grande fantasia. Algum trabalho o deixou insatisfeito? E algum papel dos

Tem projetos para 2023? Sempre fico na expectativa. Tenho recebido convites pelo Instagram. Dentro do meu tempo, vou fazendo uma triagem do que é melhor. Apesar da idade que estou, tenho a possibilidade de escolher trabalhos. Como se vê daqui a alguns anos? A finitude da vida o assusta? Sou uma pessoa bastante otimista. Não tenho medo de morrer, mas, sim, de ficar inválido e submetido à boa vontade dos outros. Por outro sentido, a própria forma como vivemos nos dá o tempo. Me parece bom não saber o dia da nossa morte, imagina se soubéssemos? A morte é natural, posso morrer dormindo, acordado, viajando, mas não vou ficar pensando. Acredito na vida e faço dela o melhor que posso.

Ary Fontoura

por aqui um pouco mais. Existiu um momento em que foi preciso decidir o que eu queria. E tive a felicidade de saber que o que eu desejava mesmo era ser artista.

e o povo vai entender que não se pode fazer tudo, quebrar tudo, é estupidez. Estou preocupado com meu país, como todo cidadão, e lamento que tenhamos chegado a esse ponto.

sonhos, ainda por interpretar? Sempre fui fazendo coisas que me eram possíveis fazer. Tenho sonhos, coisas que ainda não fiz. Se você se sente excelente e acha que nada falta, é aí que mora o perigo. Por mais que eu tenha tido trabalhos bem-sucedidos, apoio da crítica e público, costumo ainda reprovar vários trabalhos que faço, penso que poderia ter ido melhor. Sou intransigente comigo mesmo, me julgo incompleto. Quando revejo trabalhos antigos eu fico louco, se eu fizesse agora faria melhor. Se arrepende de alguma coisa na vida? Sim, de não ter feito escola de arte dramática. Eu sou autodidata, aprendi vendo os outros trabalharem. Gostaria de ter estudado mais teatro, mas o instinto de sobrevivência me jogou para outro lado. Me faltou coragem para estudar. O senhor tem embarcado

num lado mais bem-humorado nas redes sociais. Nesse momento de caos político, rir é o melhor remédio? Levar a vida com bom humor não significa que estejamos alienados aos problemas e não entendamos a situação política. Mas perder humor nesses momentos turbulentos não adianta, há coisas que não dependem de você. Meu humor é constante, mas confesso que às vezes, diante dessas notícias de invasões em Brasília, por exemplo, o povo quebrando tudo, fico mais triste e me afeta. Qual a sua opinião sobre esses ataques golpistas? Fico pensando que vivemos numa democracia e podemos fazer reivindicações dentro do limite, mas essa extrapolou tudo. Isso mexe com meu humor, mas me recupero bem e vejo que tudo passará. Tempos melhores virão,

O senhor não se cansa de trabalhar? Sempre fiz muita coisa junto e em quantidade, não sei se em qualidade. Tudo requer oportunidades, fazer bons trabalhos, mas o sucesso está sempre escondidinho. Só na Globo estou faz 58 anos com currículo grande. Mas continuo sempre procurando trabalho e mantendo contatos. Na terceira ou quarta idade, você não é mais um garoto e os problemas físicos são considerados. A rotina é sempre puxada? Pensa em aposentadoria? A rotina de gravações... São 10 horas diárias. Mas consigo papéis bons. Sempre tem um vovô, um titio, a idade não é impeditiva, ao contrário, ela por vezes é mais importante pela experiência adquirida. A aposentadoria é o final de tudo, e uma palavra esquisita para mim e não me atrai.

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

13

Artes PlásticAs

Fotos Divulgação

R

esultado de mais de quatro anos de pesquisa em materiais e texturas, a exposição “Sanagê Pele e Osso” chega neste sábado (21) ao Espaço Cultural Correios Niterói, com telas de 1,60m por 2,10m e objeto escultórico concebidos pelo artista Sanagê. Sob curadoria de Carlos Silva, a exposição propõe uma imersão estética e sensorial à questão racial e suas consequências na sociedade contemporânea brasileira. Utilizando espuma expandida, matéria-prima muito empregada na construção civil, o artista conseguiu torná-la semelhante a texturas, volumes e cor de peles, ossos, fissuras e ligamentos. A partir dessa experimentação ele se aproxima de um tema bastante familiar: a diáspora africana e suas consequências. “Num primeiro momento, há o encantamento com a matéria-prima e suas possibilidades. Este é um dado fundamental para a construção da obra, pois é sobre a espuma expandida que se projeta meu exercício de produção contemporânea em arte”, analisa Sanagê, radicado em Brasília desde 1972. Inicialmente, a linguagem é direta, pois as obras se referem a países africanos de onde saíram e por onde passaram homens, mulheres e crianças capturados e vendidos como escravos para trabalhar em fazendas e minas no Brasil. E se, por um lado, o material se revelou ideal para pensar estruturas invisíveis de um ponto de vista externo, por outro, nunca foi intenção do artista fazer uma apropriação expressionista e explícita da condição básica da diáspora. Os mapas são regiões de circunscrições de uma experiência. Nesse lugar da experimentação, ele alcança a conjunção favorável de um trabalho com pé na pintura e um desdobramento ime-

Refazendo rotas

ancestrais Obras híbridas entre pintura, escultura e relevo propõem imersão na diáspora africana e questões raciais diato em relevo e escultura. As estruturas de espuma são rasgadas, serradas, quebradas e coladas entre elas e sobre a tela. Telas e objeto escultóricos e espaço expositivo foram pintados de branco, do teto ao chão, revestido de espuma EVA. Ao optar pela cor que contém e reflete todas as outras, Sanagê conduz o visitante a uma experiência de espaço infinito. “O branco é a presença diáfana que simboliza uma ausência de limites. Porém, além de uma escolha estética, a cor também é política. Assim como as telas que contêm relevos e texturas que não representam os relevos ou acidentes geográficos dos países africanos, a cor também não ser refere a uma realidade. É uma provocação para a reflexão sobre passado, presente e futuro”, completa o artista. SERVIÇO SANAGÊ PELE E OSSO Espaço Cultural Correios Niterói (Av. Rio Branco, 481 – Centro - Niterói) Abertura: 21/1, às 13h Até 4/3, de terça a sábado (12h às 19h) Entrada franca

14

Fotocrônica

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

POR carLoS MontEiro | FOTOS E TEXTO

Devaneios, um presente (...continuação) Mas, já corri para a divagação, com Gal, que quer ir para a Bahia de Mãe Menininha do Gantois, também ver o sol nascer. Bênção meu Pai Oxalá! Hoje não vou, baby, não posso mais me casar, eu sigo inadimplente. I love you! Tenho que escrever, focar nas nuvens, no firmamento, no espaço que ainda me permitem, fora do quadrado concretado em

que me asilo voluntariamente, exílio sem palmeiras onde canta o uirapuru, qual nada... necessariamente, quase solitariamente, enquanto aguardo que os vigaristas, covardes de plantão, nos cargos públicos parem de politicar e atrasar o século, a vida. Não se afobe, não, que nada é ‘pra’ já, a Terra que fotografo redonda, sim meu caros, a Terra é redonda, dá aquelas voltas

Segunda parte diárias exatamente como a Lusitânia iluminada pela Galeria Silvestre, há milênios, e em uma dessas voltas todos nos encontraremos com todas, todos e todes, é isso! É disso que estou falando. Nada é ‘pra’ já, nem os escafandristas inocentes do Le-

blon que olham o navio passar. Será bailarina? Espero o desenrolar do dia, atento aos imprevisíveis sinais que não quero perder, como o amigo que tenho, não admite perder os sinais dos encantamentos que vai colecionando dia a dia, somados em camadas, novos arquivos, como insetos em volta da lâmpada; pirilampos apaixonados que morrem pelo brilho

da luz. Esperando mais luz, pegando o trem das estrelas. Quase, quase conseguindo, o sol hoje despontando mais ou menos, vou à luta, libero o olhar, solto a mão no disparador, deixo a máquina fazer a sua parte, e tem o resto, mas o poeta recomendou, o poeta esse fingidor, o resto deixa ‘pra’ lá; tudo, tudo vai dar pé! Quase lá! Quase ali, quem sabe, acolá!

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

15

Gastronomia

Divulgação

Divulgação

Divulgação

MERCADO DE PRODUTORES UPTOWN

CASURCA

FUSKA BAR 2.0

Aquele programa de carioca Um roteiro do que fazer no dia de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro Tomás Rangel/Divulgação

Eduardo Almeida/Divulgação

Por Natasha Sobrinho Especial para o Correio da Manhã

C

arioca da gema ou carioca de coração, o que vale mesmo é a sua devoção! Nesta sexta-feira (2), dia de São Sebastião, padroeiro do Rio de Janeiro, o Correio da Manhã selecionou sete programas para você que não cansa de admirar o estilo de vida de quem vive na Cidade Maravilhosa. São sugestões gastronômicas aliadas a boa música, lindas paisagens e até mesmo a passeio cultural. Descubra o quão carioca você realmente é e escolha um (ou todos) os programas abaixo, para curtir seu feriado. Confira abaixo: BAR DO ADÃO - Em homenagem ao padroeiro da cidade, São Sebastião, todas casas do bar vão servir feijoada hoje (20). Ela vem com carne seca, costela, lombo e calabresa. Entre as guarnições: arroz, farofa de alho, couve refogada na manteiga, torresmo e laranja (R$ 35,90 - individual, R$ 65,90 – 2 pessoas e R$ 105 – 4 pessoas). End: Unidade Copacabana (Rua Duvivier, 101). Tel: (21) 3208-3911. CASURCA – O novo gastrobar da Urca é uma ótimo programa para unir boa gastronomia e apreciar as belezas da cidade. Ele foi aberto em uma casa tombada pelo IRPH, com histórica arquitetura com azulejos portugueses originais e varanda com vista do Pão de Açúcar e Cristo Redentor. É um cenário perfeito para tomar um chope gelado ou um bom drinque compartilhado entre os amigos, como o Que Vibe é Essa (R$120 - foto). Ele chega em uma jarra geladinha, e leva es-

EMPÓRIO JARDIM IMS

BAR DO ADÃO Joca Vidal/Divulgação

THE VIEW BAR

PÁREO

pumante rosé, licor 43, xarope de morango, água com gás e fatias de morango. Da cozinha saem comidinhas criadas pelo chef Pedro Mattos, que dividiu o cardápio em Velha Guarda, com clássicos e Jovem Guarda, com releituras. End: Av. Portugal, 96 – Urca. Tel: (21) 98217-9213.

(R$ 27,90). Endereço: Rua Marquês de São Vicente, 476 – Gávea. Telefone: (21) 22393443.

EMPÓRIO JARDIM - Para aproveitar o feriado do dia 20 de janeiro que tal um programa casado? Conhecer o Instituto Moreira Salles e de quebra aproveitar o café da manhã com mesas ao ar livre da chef Paula Prandini na unidade do. Durante todo o dia é possível escolher entre os mais de 90 itens do menu múltipla escolha. Entre as sugestões estão: o pão de queijo gruyère (R$ 14,50 - 3 unidades); o iogurte do Jardim (R$ 8,70); creme de abacate (R$ 12,50) e o Croque monsieur com bechamel, gruyère e presunto royale (R$ 25,90) ou a versão com ovo Croque Madame

FUSKA BAR 2.0 – Como todo carioca adora boa música, o tradicional bar do Humaitá, conhecido pela cerveja gelada e gastronomia de boteco, terá uma programação especial para o feriado. Hoje (20), das 19h às 22h a casa recebe a Caravana Cigana do Blues, já no dia 21, das 18h às 22h é a vez do Samba no Céu. Não há cobrança de couvert artístico. End: Rua Capitão Salomão, 52 A, Humaitá. Tel: (21) 2266-3621. MERCADO DE PRODUTORES UPTOWN – Uma boa dica para curtir o feriado no Rio é passear e se deliciar com as opções gastronômicas do Mercado. Ele ocupa todo o Bloco 12 do Uptown Barra, com mais de 50 opções entre botecos, bares, restauran-

tes e produtos artesanais. Entre as sugestões: a comida mineira no Mundo Mineiro, os quitutes brasileiros da Katita; a comida japonesa no Naa! Sushi Bar, os petiscos do Bar Mané e do Bar do Adão; as cervejarias Imperial, Tio Ruy e Antuérpia, entre muitos outros. End: Uptown Barra: Av. Ayrton Senna, 5.500 – Bloco 12, Barra da Tijuca. PÁREO - Que tal almoçar apreciando a Pedra da Gávea, considerada uma das vistas mais cobiçadas do Rio de Janeiro? Ou então desfrutar de um lindo pôr do sol de frente para o Maciço da Tijuca enquanto toma um refrescante drink? Ou até mesmo ter um jantar olhando as pistas de corridas sob um céu estrelado? Assim é o Páreo, restaurante localizado na sede do Jockey Club. Logo da espaçosa varanda o comensal pode acompanhar os cortes de carnes sendo preparados de dentro de uma parrila a carvão, com cortes como: o Tomahawk; T-bone; Denver Steak; Frald Red; Shoulder e o French Rack. End: Rua Mário Ribeiro, 410 - Leblon - Sede Jockey Club Rio de Janeiro. Tel: (21) 2512-7115. THE VIEW BAR RJ – O restaurante é localizado no 30º andar da torre do Hotel Nacional, em São Conrado. Ele tem uma vista panorâmica do salão todo envidraçado, que inclui Rocinha, encosta da Avenida Niemeyer e Cristo Redentor. Para o dia de São Sebastião a casa criou um drinque especial: o Praia do Recreio (R$ 52). Ele leva, Gin azul, redução de abacaxi, limão, essência de baunilha e espuma de gengibre. End: Hotel Nacional do Rio de Janeiro (Av. Niemeyer, 769 – 30º andar, São Conrado). Tel: (21) 96855-1818.

16

Sexta-feira, 20 a domingo, 22 de Janeiro de 2023

Av. das Américas, 3501 Loja 11 - Barra da Tijuca - RJ Shopping do Supermercado Guanabara - Rio de Janeiro Tel: 21 3851-7003 21 99851-7003 @cirurgicacarioca.rj www.cirurgicacarioca.com.br

A maior variedade de materiais Médicos e Ortopédicos da Barra da Tijuca! Trabalhamos com os melhores produtos e marcas com o melhor preço para garantir o bem-estar e conforto de nossos clientes.

VISITE A NOSSA LOJA QUE FICA DENTRO DO GUANABARA DA BARRA! VENHA CONFERIR OS NOSSOS PREÇOS!

Cadeira de rodas

Meias

Ortopédicos em geral

Estetoscópios

Descartáveis

Almofadas

Esfigmomanômetros

Cadeiras de Banho

Curativos

Nebulizadores

Linha Fitness

Aparelhos de pressão digital

ÚNICA LOJA DA BARRA DA TIJUCA ABERTA AOS DOMINGOS E FERIADOS

Utilize nosso sistema delivery com atendimento especial de Segunda à Sábado!

Faça parte da nossa lista de transmissão e fique por dentro de nossas promoções!

Get in touch

Social

© Copyright 2013 - 2024 MYDOKUMENT.COM - All rights reserved.