MALETA DE ESTAMPILHAS Flipbook PDF

No texto "Maleta de Estampilhas” a historiadora Ana Paula Tudela apresenta investigações sobre uma caixa de madeira

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Preparando la maleta
NOMBRE : .......................................................... APELLIDO : ......................................................... CLASE : .....

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1 MALETA DE ESTAMPILHAS


2 Existe no Arquivo Histórico da Basílica de Nossa Senhora dos Mártires uma caixa de madeira à qual, em 2017, atribuímos a designação de “Maleta de Caracteres Stencil Para Texto” com base na função que parece ter tido. Como, entretanto, ainda não apareceu ninguém para a estudar, procurámos noutros templos e arquivos indícios que nos permitissem melhorar a designação, aproximá-la mais da terminologia da época do seu uso, que cremos ter sido finais do século XVIII e primeira metade do século XIX. No “Inventário de Extinção do Convento de Santa Maria de Mafra”, guardado na Torre do Tombo, consta a existência de uma “Casa da Estampilha” e no dicionário de Francisco Assis Rodrigues (1801-1887), o primeiro professor de escultura da Academia de Belas Artes de Lisboa, encontrámos a entrada “estampilha” explicada como “pequena lâmina ou chapa de cobre em que se abrem letras, notas de musica, etc., para se estamparem em papel”. Estes dois elementos parecem-nos suficientes para avançarmos com a designação “Maleta de Estampilhas”, que apresentamos aqui pela primeira vez. FONTE: RODRIGUES, Francisco de Assis. Diccionario technico e historico de pintura, escultura, architectura e gravura. Lisboa: Imprensa Nacional, 1875, p. 174. Na aparência faz lembrar um mimeógrafo, mas o seu interior revelanos tratar-se apenas de uma caixa. O receptáculo é dividido ao meio formando duas câmaras, nas quais se encontram arrumadas caixas de metal numeradas, que contêm as estampilhas – letras minúsculas,


3 capitulares, números, vinhetas, símbolos e algumas palavras abreviadas. Os caracteres apresentam marcas de tinta vermelha e preta fornecendonos informação sobre algumas das cores que terão sido usadas na estampagem de textos.


4 Não encontrámos ainda uma caixa como a nossa, cujo propósito é guardar as caixinhas das estampilhas no interior e no exterior, nas guias sobressaídas, alinhar palavras, preparando o trabalho para a estampagem ou estampilhagem. Seria interessante perceber se existem outras “maletas” ou se a nossa foi concebida a pedido interno por algum carpinteiro criativo, que até este momento permanece desconhecido. O acesso às câmaras do interior da maleta faz-se pelas aberturas laterais.


5 O exterior do corpo é envolvido por quatro rebordos horizontais que aparentam ter servido de guias para organizar linhas de texto ou palavras soltas. Do acervo do arquivo também faz parte um núcleo de livros do coro, estampados com esta técnica. Alguns dos livros contêm pormenores inacabados, como por exemplo a decoração das letras capitulares. Este facto coloca-nos perante a hipótese de ter existido uma Casa da Estampilha a funcionar no templo, o que explicaria a existência destes instrumentos de estampagem. Não sabemos, contudo, se a maleta é contemporânea dos livros nem como integrou o acervo da basílica. Sabemos, sim, que os caracteres nela contidos terão servido para estampar livros litúrgicos. Algumas das chapas contidas na maleta são palavras abreviadas como por exemplo “Antiph” que é a abreviatura para “Antíphona” ou “Antiphonário” e que poderão ter servido para fazer títulos nas capas e lombadas.


6 A maleta contém ainda um instrumento de desenho, originalmente com 4 pontas em forma de tira-linhas, que terá servido como riscador de tetragramas para desenhar a notação musical.


7 Seja qual for a história desta maleta daria um interessante estudo. A comparação dos caracteres com os livros do coro existentes no arquivo poderá indicar se existe alguma relação entre ambos. Se não se verificar essa relação outros caminhos de estudo se abrem. Aqui fica a sugestão do arquivo para os investigadores interessados nesta temática. Dezembro de 2022


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