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Catalogo Bata

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EXPOSIÇÃO INDIVIDUAL 3 de Dezembro a 10 de Janeiro 2023 P O N TO A LIN H A VO EM M E TA L


No arranque dos festejos dos 65 anos de idade do BATA - Manuel Fernandes Bata (a completar próximo ano) e dos 30 anos desde a sua primeira exposição individual, que teve lugar na Galeria AFRITIQUE celebramos um artista ímpar. Numa das conversas curatoriais entre a Arte de Gema e o artista, ele segreda-nos uma passagem da sua vida "eu trabalho de dia, mastambém e especialmente de noite.Já fui chamado de maluco por pessoas que não entendem o que faço". E conta-nos que um dos episódios marcantes, foi quando uma vez uma senhora, dona de uma barraca disselhe: "Olha porque não arranjas emprego de guarda, no lugar de passares noites a fazer essastuas coisas?" Bata diz que ficou ofendido, e achou uma falta de respeito, porém, recuou na sua ira, pois chegou a conclusão de que aquela sugestão é de alguém que tem falta de educação cultural... Enquanto uns não percebem quem é o Bata, outros muito pelo contrário, estão atentos ao possível alcance do trabalho do artista, daí que, quando ele vai comprar a sucata, procuram saber o que vai fazer com ela para definirem o preço a cobrar por cada panela furada, fechadura estragada, bala desactivada, e chuveiro partido, como que a tentar medir a criatividade do artista. Bata, um homem cheio de energia e força de vontade, recebe-nos (Gemuce, Fernando Rafael e eu) no seu atelier, e acompanhamolo no ritual de organizar as suas obras para mostrar-nos. Analisa, seleciona as que considera estarem prontas, e, coloca-as na parede exterior da sua casa. Divagamos sobre as mensagens, os temas e a sua carreira, e, quase sem parar, ele continua no vai e vem para orientar o seu assistente, que PONTO ALINHAVO EM METAL


peças retirar do interior para melhor apreciação. Gemuce, escolhe uma das obras que foi colocada fora e tenta pendurar, e, nesse processo uma peça solta-se da obra. O Bata vem logo em ajuda e diz não se preocupe isso é só apertar, ainda não estava fixo. Apresso-me a pedir o alicate ao assistente do Bata, e todos olhamos para dentro da casa a procura do alicate, quando ouvimos Gemuce a perguntar: Mestre? O alicate, não esperas? Ahhhh mano Gemuce, já está, e só apertar... Como quem diz, se você espera pelas condições perfeitas a criatividade foge. O alicate do Bata é a própria mão. Conclui Gemuce dirigindo-se a mim e ao Fernando Rafael. De facto, Bata costura o metal como se fosse retalhos de tecido. Ele trabalha com assemblage de metais, fixando-os num estilo 1 que imita o ponto alinhavo e por vezes o ponto cruzado da costura. O seu trabalho tem enfoque no quotidiano e nos objectos que o Humano "supostamente precisa" para sobreviver ou para viver. Com o seu olhar sobre este quotidiano, ele instiga-nos a questionar a sustentabilidade de tais necessidades ao mesmo tempo neste processo de apropriação adiciona-lhes novos significados. E em todo seu trabalho não há solda, a mão do Bata costura e aperta. Ele aperta com bastante destreza. Aperta para reduzir o espaço entre as coisas inúteis; Aperta para moldar os valores e para exprimir a sua criatividade; Aperta para nos compelir a agir; Aperta para encurtar o fosso da desigualdade. De tanto apertar, quando o cansaço físico chega, Bata vai a cama relutante, pois sente que o cansaço vence o corpo, mas não lhe vence a mente, visto que esta continua a querer criar e dar seguimento a obra, e por isso demora apanhar sono... Mergulhando na inquietude do artista será que conseguimos acompanhar-lhe nesta viagem e identificar que objectos presentes na obra dispensaríamos da nossa vida? O artista sugere-nos resignificar em nossas vivências cada um desses objectos de que dispomos e que nos denunciam como seres diferentes de outros animais, pois só o Humano colecciona tantos objectos. Élia Gemuce Curadora 1 É um ponto básico para a costura à mão, um ponto do tipo reto


Título: Anjo Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022 Título: Anjo II Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022 Título: Vestígios trancados Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022


Título: Apple Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022 Título: Sem título Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022 Título: Made in China Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022 Título: Sem título III Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022


Nascido em 1958, Manuel Fernandes Bata, foi pedreiro e agricultor. A sua entrada para o mundo da arte ocorre devido ao facto de a sua machamba ter sido atacada por uma praga de gafanhoto amarelo segundo diz o artista. Nessa altura ela abandona a agricultura e porque tinha amigos que esculpiam artesanato, decide cortar troncos de sândalo para que um dos amigos lhe ensinasse a esculpir. Porém, a família do amigo não permitiu que tal acontecesse, pois informaram-lhe que a casa deles não era uma escola e tão pouco local para guardar troncos. E assim o Bata, sem desistir, foi experimentando-se nessa produção do artesanato, observando como os outros manejavam o formão e outras ferramentas. Em 1980 começa a produzir peças de artesanato e a vender na feira de artesanato da praça 25 de Junho, na baixa da cidade de Maputo. Ainda no início da década 80 reúne jovens a sua volta, cerca de 10, que os ensinava o que foi aprendendo. As primeiras peças que explorou correspondiam a uma estética que os artesãos da altura chamavam "macacos" que eram pequenas esculturas de figuras de macacos que tapavam os olhos, a boca, ouvidos e mais tarde acrescentaram o macaco que tapavam os órgãos genitais. Ao longo dos anos, Bata foi aperfeiçoando a sua técnica e como tinha um familiar que trabalhava no jornal notícias e lhe facultava os jornais, ele apreciava e recortava os artigos que falavam das artes plásticas, especialmente do Rhandzarte, e foi também fazendo recortes de artigos sobre arte em revistas que encontrava no lixo. Usava-os como material de pesquisa e a partir da exploração de um livro sobre instrumentos tradicionais musicais, ainda nos anos 80, ganha inspiração e produz peças de artesanato que se diferenciavam do que se fazia na altura. Pela originalidade do seu traço e forte personalidade das suas obras, Bata destaca-se e incentivado por apreciadores como Alkis Makropoulos, deixa de expor na rua e começa a apresentar-se em galerias de arte. Em 1990, apresenta-se na Loja Galeria Horizonte Arte Difusão na exposição colectiva "arte na empresa". Em 1991, na primeira edição da Anual do MUSART é laureado com o 1º prémio de escultura, com a peça em madeira intitulada "Os mendigos". Participa em 1992 no workshop UJAMAAII, e Porque a sua obra rompia com a estética da escultura tradicional e ele continuava a reinventar-se incorporando outros matérias à madeira, no


ano seguinte, em 1992, Bata vence o 1º prémio na categoria de escultura da 3° edição do concurso promovido pelo Banco do Fomento Exterior com a obra intitulada "Aventura dos meus sonhos". Em 1993 recebe, o convite para apresentar a sua primeira individual que teve lugar na Galeria AFRITIQUE. Bata esculpia em madeira, seguindo a tradição da escultura de moçambique e dos grandes mestres como Chissano, Naftal Langa entre outros. Firmase como escultor usando principalmente o sândalo como a matéria-prima. Em 1993, com a escultura em madeira intitulada "A vida é assim" ganha 2° prémio Bienal das TDM. Em 1995, vence o 1º Prémio PETROMOC do Concurso Nacional de Artes Plásticas, e 1º Prémio da Bienal TDM´95. Já em 2001 recebe o Prémio FUNDAC - Alberto Chissano - prémio consagração em Escultura; em 2013, vence o 2º lugar do Prémio "Escultura, Cerâmica, Instalação e Objeto" do II Concurso de Belas Artes do Banco de Moçambique e em 2014 recebe mais uma vez o 1º Prémio de Escultura na Bienal de Artes das TDM. EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS 2018 – “Os Sentimentos das mãos”– Fundação Fernando Leite Couto (FFLC), Maputo 2016 – “Metais e Conceito” – Kulungwana, Maputo 1997 – Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) 1993 – “A arte do Bata” – Galeria AFRITIQUE, Maputo EXPOSIÇÕES COLECTIVAS 2020 – “DEP – Desenho, Escultura e Pintura» – Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM), Maputo 2018 – “B” – Galeria 1834, Maputo 2013 – “Telas e Metais” – Centro Cultural Franco Moçambicano (CCFM) 1998 – “Expo´98” – Lisboa 1994 – “As Mãos do Sentimento” – Instituto Camões 1991– Galeria Afritique Título: Abraços Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022


Curadoria: Élia Gemuce Co-Curadoria: Fernando Rafael Expografia: Arte de Gema - Galeria Produção: Parceria Arte de Gema & ACM, Arte e Cultura em Movimento Patrocínio: LAYOUT, ideias e conceitos Título: Abraços Técnica: Assemblagem de metal Ano: 2022 Centro comercial Marés - Avenida Marginal, 9519


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