Story Transcript
NOTA E L DIARIO E N EL
UNA
OTOÑO
DE DEL
COLÓN PATRIARCA:
LECTURA EN CONTRAPUNTO
Por su c o n d i c i ó n libresca e h i p e r t e x t u a l de texto que h a b l a de otro texto y l o c o m e n t a desde la f i c c i ó n , y p o r q u e c o n t r i b u y e a la autonomía d e l c a m p o l i t e r a r i o desde l a p r á c t i c a literaria, la reescritura es una de las formas literarias predilectas de l a crítica c o n t e m p o r á n e a . Esto n o significa, de n i n g u n a m a n e r a , que el recurso de la intertext u a l i d a d se d e b a a u n a m o d a ; n o s ó l o es m e d u l a r , desde El Quijote, e n la n o v e l í s t i c a e u r o p e a , sino t a m b i é n e n las narrativas e x ó g e n a s de las antiguas colonias. E n t r e las distintas formas que la reescritura p u e d a t o m a r e n éstas, hay p o r l o m e n o s u n a que tiene u n valor e s t r a t é g i c o p a r t i c u l a r , en l a m e d i d a e n que constituye u n a contraescritura de las obras c a n ó n i c a s de las literaturas europeas. D e esta m a n e r a , la i n tertextualidad c o m o f e n ó m e n o l i t e r a r i o adquiere u n c o n t e n i d o i n n e g a b 1 emente p o l í t i c o , pues p r e t e n d e mostrar y desmantelar los presupuestos i d e o l ó g i c o s d e l c a n o n l i t e r a r i o e u r o p e o al invertir sus representaciones y evidenciar l o que e n ellas hay de c o m p l i c i d a d c o n el i m p e r i o 1 . L a naturaleza d o b l e , parasitaria, de esta p r á c t i c a literaria —llamada " r e i n s c r i p c i ó n " p o r E d w a r d Said 2 — exige u n i t i n e r a r i o de l e c t u r a i g u a l m e n t e d o b l e , d e l texto matriz y del que l o revisita, l o c u a l d e s e m b o c a e n u n a l e c t u r a que Said h a l l a m a d o " e n c o n t r a p u n to" y que c o n f r o n t a e l , o los textos matriz, c o n l a c r e a c i ó n u l t e r i o r . A l l e c t o r se le d e m a n d a esta l e c t u r a e n c o n t r a p u n t o e n n u m e rosas novelas latinoamericanas de las ú l t i m a s d é c a d a s , novelas que " c a n i b a l i z a n " obras literarias d e l " V i e j o M u n d o " , o i n d a g a n e n el pasado colectivo del s u b c o n t i n e n t e al revi sitar las c r ó n i c a s de la c o n quista p a r a d e s e n t r a ñ a r las premisas ocultas que las sustentan. L a narrativa de G a b r i e l G a r c í a M á r q u e z se presta b i e n a investigaciones sobre los distintos m o d o s de intertextualidad c o n esas obras c a n ó n i c a s Cf. MARÍA JOSÉ VEGA, Imperios de papel. Introducción a la crítica postcolonial, Crítica, Barcelona, 2003, p. 235. 2 E n Culture and imperialism, Vintage, London, 1993. 1
NRFH, LUI (2005), núm. 2, 519-536
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
520
NBFH, Uli
y fundacionales. Si aceptamos l o que Jacques Joset afirma, sin embargo, l a i n g e n t e b i b l i o g r a f í a sobre el escritor c o l o m b i a n o c u b r e relativamente pocos aspectos intertextuales de su o b r a y, a este respecto, muestra dos hiatos mayores 3 . P o r u n l a d o , los críticos suelen r e c o r r e r u n c a m p o l i m i t a d o de unas obras repetidas que, p o r l o general, s o n las t e m p r a n a m e n t e s e ñ a l a d a s p o r M a r i o Vargas L l o s a e n García Márquez. Historia de un deicidicfi: F a u l k n e r , Rabelais, C a m u s y S ó f o c l e s s o n los autores de algunos intertextos cuya i n f l u e n c i a e n G a r c í a M á r q u e z ha sido m á s verificada. P o r otro l a d o , estas verificaciones, siempre e n o p i n i ó n de j o s e t , n o son s i n ó n i m o de investigaciones ya que, c o n f r e c u e n c i a , se l i m i t a n a s e ñ a l a r influencias sin estudiar el f u n c i o n a m i e n t o c o n c r e t o de éstas o su i n s e r c i ó n precisa e n la o b r a marq u e c i a n a . E j e m p l o s de esta m a n e r a de p r o c e d e r son, e n medidas variables, distintas pesquisas sobre l a r e i n s c r i p c i ó n que G a r c í a Márquez h i z o de u n fragmento d e l Diario de C o l ó n e n su n o v e l a El otoño del
patriarca?.
Se sabe que l a r e i n s c r i p c i ó n d e l texto c o l o m b i n o e n El otoño, y en otras partes de l a vasta o b r a m a r q u e c i a n a , n o es, de n i n g ú n m o d o , ú n i c a , sino que m á s b i e n ilustra l a i m p o r t a n c i a que ésta y las d e m á s c r ó n i c a s de Indias t i e n e n p a r a l a m o d e r n a novela h i s p a n o a m e r i c a n a 6 . T a m b i é n l o es el h e c h o de que f o r m e parte de u n e x t r a o r d i n a rio corpus de versiones sobre l a figura de C o l ó n y de u n c o n j u n t o de reescrituras de su Diario; f e n ó m e n o que estudia H a n Stavans 7 , q u i e n h a c o n f i g u r a d o el m a p a de algunos de los m á s de c i e n textos literarios —novelas, obras de teatro, oratorios, poemas— sobre el personaje del A l m i r a n t e p u b l i c a d o s e n los dos ú l t i m o s siglos. Stavans distingue entre tres maneras novelísticas de a p r o x i m a r s e a C o l ó n . Si algunos novelistas, sobre tocio los europeos y d e l norte d e l R í o G r a n d e , l o h a n p i n t a d o c o m o u n m e s í a s o u n profeta cuyo destino d i v i n o l o llevó a " d e s c u b r i r " u n " n u e v o " c o n t i n e n t e , otros lo h a n descrito c o m o u n h o m b r e c o n v e n c i o n a l c o n cualidades y defectos, c o m o cualquiera. L a tercer c a t e g o r í a i n c l u y e a escritores, c o n p r o c e d e n c i a sobre todo de A m é r i c a L a t i n a , que c r e a n u n personaje villano, c h a r l a t á n , m e n t i r o s o y c o d i c i o s o que s i m b o l i z a el m a l . E n t r e los escritores hisp a n o a m e r i c a n o s que c o n t r i b u y e r o n a asentar esta ú l t i m a i m a g e n de C o l ó n , Stavans estudia a R u b é n D a r í o , Carlos Fuentes, A b e l Posse y A l e j o C a r p e ntier. E l f r a g m e n t o de G a r c í a M á r q u e z n o se i n c l u y e e n 3 Véase Historias cruzadas de novelas hispanoamericanas, Vervuert-Iberoamericana, Frankfurt/M.-Madrid, 1995, p. 92. 4 Barral, Barcelona, 1971. 5 Sudamericana, Buenos Aires, 1975. Cito por esta edición. E n adelante, El otoño, seguido de n ú m e r o de página entre paréntesis. 6
Cf. ROBERTO GONZÁLEZ ECHEVARRÍA, Crítica práctica/práctica
crítica, F.C.E., Méxi-
co, 2002, pp. 33 etpassim. 7 E n Imagining Columbas. The literary voy age, Palgrave, New York, 2001.
NRFH, L U I
E L DIARIO D E C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL PA TRIARCA
521
su corpus de i m á g e n e s d e l A l m i r a n t e y reinscripciones de sus diarios, ausencia q u e se e x p l i c a , q u i z á , p o r q u e s ó l o se trata de u n f r a g m e n t o breve e n u n a novela larga y p o r q u e e l personaje de C o l ó n p u e d e par e c e r inútil p a r a l a a c c i ó n y sin consistencia p s i c o l ó g i c a , p a r a d e c i r l o c o n los calificativos usados p o r M a r t h a L . C a n f i e l d , calificativos q u e l a p r o p i a crítica l u e g o p r o b l e m a t i z a 8 . D e otro lado, t a m b i é n p u e d e pensarse q u e Stavans n o t o m a e n c o n s i d e r a c i ó n l a r e i n s c r i p c i ó n porque escapa a sus c a t e g o r í a s m e t o d o l ó g i c a s , e n El otoño difícilmente se deja encasillar. Esto n o h a i m p e d i d o q u e varios lectores de l a o b r a de G a r c í a M á r q u e z se hayan o c u p a d o d e l tema. E n u n texto sobre las i m á g e n e s que e l autor c o l o m b i a n o h a creado de C o l ó n , Bolívar y Santander, G e r m á n D . C a r r i l l o r e c u e r d a l a o p i n i ó n de G a r c í a M á r q u e z respecto a l a i n t e r p r e t a c i ó n t e n d e n c i o s a q u e C o l ó n h u b i e r a h e c h o de l a realid a d l a t i n o a m e r i c a n a , l o q u e n o s ó l o h a desvirtuado ésta sino q u e h a causado l a s o l e d a d de L a t i n o a m é r i c a . C a r r i l l o a p u n t a que G a r c í a M á r q u e z plantea la distorsión o p e r a d a p o r C o l ó n e n El otoño m e d i a n te u n a i n v e r s i ó n imaginaria, pero no menos reveladora de su p r o p ó s i t o , del primer encuentro narrado desde este lado, o sea, desde la perspectiva del indio caribe quien no acaba de comprender el p o r q u é de tanta algar a b í a . Para lograrlo, G a r c í a M á r q u e z se reviste como nadie de los mágicos poderes que concede la intertextualidad como arma de dos filos en circunstancias t a m b i é n extraordinarias. Veamos c ó m o se e f e c t ú a el saqueo del Diario de C o l ó n en El otoño del
patriarca . 9
Sigue u n a cita p a r c i a l d e l "saqueo" sin q u e e l crítico llegue a analizar el f r a g m e n t o o q u e siquiera haga, e n t o r n o a él, mayores comentarios. Si b i e n l a i n t e r t e x t u a l i d a d es e l t e m a p r i n c i p a l de su investigac i ó n acerca de l a sátira e n G a r c í a M á r q u e z , Isabel R o d r í g u e z - V e r g a r a se l i m i t a esencialmente a s e ñ a l a r q u e l a v e r s i ó n ficcionalizada marq u e c i a n a carnavaliza l a v e r s i ó n de C o l ó n al representar l a visión d e l c o l o n i z a d o 1 0 . E n c o m p a r a c i ó n , e l estudio de M a r t h a L . C a n f i e l d 1 1 sobre l a figura de C o l ó n e n El otoño cala m á s h o n d o , c o m o veremos adelante. S i n e m b a r g o , t a m p o c o d e s e n t r a ñ a e l f u n c i o n a m i e n t o concreto de l a reescritura. O t r o avance representan, a este respecto, las
8 E n " E l patriarca de García Márquez: padre, poeta y tirano", Revlb, 1984, núms. 128/129, p. 1053. 9 GERMÁN D. CARRILLO, " L a dialéctica de la antipatía: Colón, Bolívar y Santander en la obra de García Márquez", Revlb, 1996, núm. 175, p. 480; las cursivas son del autor. 1 0 Cf. El mundo satírico de Gabriel García Márquez, Pliegos, Madrid, 1991, p. 65. 11 El "patriarca" de García Márquez. Arquetipo literario del dictador hispanoamericano, Opuslibri, Firenze, 1984y " E l patriarca de García Márquez: padre...".
522
KRIS TI N E V A N DEN B E R G H E
NRFH, LUI
investigaciones de M i c h a e l P a l e n c i a - R o t h 1 2 , q u i e n d e m u e s t r a c o n ejemplos concretos c ó m o G a r c í a M á r q u e z e l a b o r a sus metamorfosis míticas de, respectivamente, j u l i o C é s a r , Cristóbal C o l ó n y R u b é n D a r í o . N o obstante, el análisis de Palencia-Roth, si b i e n r e p a r a algo m á s e n las distintas inversiones d e l d i a r i o , t a m p o c o agota el tema. L a í n d o l e e l a b o r a d a de la r e i n s c r i p c i ó n m e r e c e que se afinen los análisis citados e n lo c o n c e r n i e n t e a ciertos aspectos filológicos y g e n e a l ó gicos (en el sentido de F o u c a u l t ) , lo cual h a r é en l o que sigue. D a d o que el f r a g m e n t o que nos o c u p a constituye la reescritura de u n pasaje del Primer diario de C o l ó n , s u p o n e u n a lectura en c o n trapunto. P o r tanto, e m p e z a r é p o r presentar el texto matriz escrito p o r C o l ó n , s i g u i e n d o las grandes l í n e a s de lectura trazadas p o r los críticos conte m p o i a n e o s —como Tzvetan. T o d o r o v y Beatriz Pastor B o d m e r 1 3 — que, hasta cierto p u n t o , y c o m o lo d e m u e s t r a la reinsc r i p c i ó n en El otoño, son c o m p a r t i d a s p o r G a r c í a M á r q u e z .
INSCRIPCIÓN
E l f r a g m e n t o reinscrito p o r G a r c í a M á r q u e z p r o c e d e d e l Diario del viaje de C o l ó n , viaje cuyos resultados se r e d u c e n a la demostrac i ó n de la p o s i b i l i d a d d e l c a m i n o o c c i d e n t a l h a c i a la I n d i a , al descub r i m i e n t o d e l tornaviaje y a la imperfecta e x p l o r a c i ó n de algunas islas. A pesar de ello el viaje fue i m p o r t a n t e , sobre todo p o r q u e i n f u n d i ó e n los á n i m o s de los europeos u n a p r i m e r a "ilusión i n d i a n a " . Ya que el texto o r i g i n a l del Diario, que q u e d ó e n la C o r t e , c o m o su c o p i a e n los archivos de la f a m i l i a C o l ó n h a n desaparecido, se suele r e p r o d u c i r el Sumario d e l o r i g i n a l c o l o m b i n o h e c h o p o r B a r t o l o m é de las Casas c u a n d o c o n f e c c i o n a b a su Historia general de las Indias. E n el Sumario, desde el p u n t o de vista de la r e d a c c i ó n , hay que distinguir tres elementos b i e n diferenciados que c o r r e s p o n d e n a tres niveles de e n u n c i a c i ó n : "las citas textuales de C o l ó n , las citas indirectas e n tercera p e r s o n a introducidas p o r Las Casas y las interpolaciones del d o m i n i c o que a m o d o de observaciones c o m e n t a lo que t r a n s c r i b e " 1 4 . Si b i e n C o n s u e l o V á r e l a afirma que el Sumario es u n fiel reflejo d e l Diario de a bordo ele C o l ó n —"Hasta tal p u n t o es fiel coprimer
12 Véanse, Gabriel García Márquez: la línea, el círculo y las metamorfosis del mito, Credos, Madrid, 1983 e "Intertextualities: Three metamorphoses of myth in The autumn of the patriarcii\ en Gabriel García Márquez and the powers of fiction, ed. J. Ortega, University of Texas Press, Austin, 1 9 8 8 , pp. 34-60. 13 T. TODOROV, La conquista de América. La cuestión del otro, Siglo X X I , México, 1987 y B . PASTOR BODMER, El jardín y el peregrino. Ensayos sobre el pensamiento utópico latinoamericano 1492-1695, Rodopi, Amsterdam, 1 9 9 6 . 14 CONSUELO VÁRELA, "Introducción" a Los cuatro viajes. Testamento, de Cristóbal Colón, Alianza, Madrid, 1 9 8 6 , p. 15. Cito por esta edición. E n adelante, Viajes, seguido de número de página entre paréntesis.
NRFH, L U I
E L DIARIO D E C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL
PATRIARCA
523
pista fray B a r t o l o m é q u e c u a n d o n o e n t i e n d e e l texto l o s e ñ a l a o dej a u n espacio e n blanco"—, o p i n a c o n t r a d i c t o r i a y s i m u l t á n e a m e n t e que " t a m b i é n Las Casas o c u l t a i n f o r m a c i ó n y a b u e n seguro n o transc r i b i ó a l g ú n q u e otro p á r r a f o q u e pensara p u d i e r a d a ñ a r a C o l ó n a los ojos de sus futuros l e c t o r e s " 1 5 . Es d e c i r q u e la r e i n s c r i p c i ó n e n cierto m o d o ya e m p i e z a c o n e l p r i m e r copista y transcriptor " f i e l " del Diario. O , p a r a d e c i r l o c o n palabras de R o b e r t o G o n z á l e z E c h e v a r r í a : " E l texto d e l o r i g e n es s i e m p r e ya u n i n t e r t e x t o " 1 6 . E l Diario de C o l ó n c o m i e n z a el tres de agosto, el d í a de su p a r t i d a e n Palos, c o n u n a cita en p r i m e r a p e r s o n a que, sin embargo, aparece sin e n t r e c o m i l l a d o en e l texto de Las Casas: "Partimos viernes 3 d í a s de Agosto de 1492 a ñ o s de la b a r r a de Saltes, a las o c h o oras" (Viajes, p. 45). L o q u e viene d e s p u é s es citado e n discurso i n d i r e c t o e n tercer a p e r s o n a p o r Las Casas q u i e n se refiere a C o l ó n c o n el título de " e l A l m i r a n t e " . L a p r i m e r a cita larga e n t r e c o m i l l a d a e n p r i m e r a persona incluye l a d e s c r i p c i ó n q u e C o l ó n hace de su llegada a la tierra nueva y de los habitantes de ésta, c o n fecha del 11 de o c t u b r e 1 7 . A u n q u e sea larga, vale l a p e n a transcribirla e n su totalidad, p r i m e r o p o r e l estatuto enunciativo especial q u e tiene e n el Sumario de B a r t o l o m é de las Casas al ser citada e x c e p c i o n a l m e n t e in extensis, segundo, p o r q u e G a r c í a M á r q u e z , p o r su parte, le c o n c e d e igualmente u n lugar destacado al usarla c o m o intertexto e n su novela. P e r o , sobre todo, e n el m a r c o de este análisis, es preciso c o n o c e r sus detalles para p o d e r calib r a r todos los aspectos de l a r e i n s c r i p c i ó n de G a r c í a M á r q u e z : 'Yo", dize él, "porque nos tuviesen mucha amistad, porque c o g n o s c í que era gente que mejor se l i b r a r í a y c o n v e r t i r í a a nuestra sane ta fe con amor que no por fue rea, les di a algunos efe 11 os unos bonetes colorados y unas cuentas de vidrio que se p o n í a n al pescueco, y otras cosas muchas de poco valor, con que o vieron mucho plazer y quedaron tanto nuestros que era maravilla. Los cuales d e s p u é s v e n í a n a las barcas de los navios adonde nos e s t á v a m o s , nadando, y nos t r a í a n papagayos y hilo de a l g o d ó n en ovillos y azagayas y otras cosas muchas, y nos las tro cavan por otras cosas que nos les clavarnos, como cuentezillas de vidrio y cascaveles. E n fin, tocio toma van y daban de aquello que t e n í a n de buena voluntad, mas me p a r e c i ó que era gente muy pobre de todo. Ellos andan todos desnudos como su madre los p a r i ó , y t a m b i é n las mugeres, aunque no vi de m á s de una í a r t a moca, y todos los que vi eran todos mancebos, que ninguno vide de edad de m á s de XXX. a ñ o s , muy bien hechos, de muy fermosos cuerpos y muy buenas caras, los cabellos gruessos cuasi como sedas de cola de cavallos e cortos. Los cabellos traen por encima ele las cejas, salvo unos pocos d e t r á s que traen largos, que j a m á s Loe. cit. Op. cit., p. 45. 17 Hay algunas citas breves, ele no más de una frase, que corresponden al 16, 17, 19, 22, 23 y 30 de septiembre, y al 2, 5 y 8 de octubre. 15
16
524
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
NRFH, LUI
cortan. D'ellos se pintan de prieto, y [d'] ellos son de la color de los canarios, ni negros ni blancos, y d'ellos se pintan de blanco y d'ellos de colorado y d'ellos de lo que fallan; y d'ellos se pintan las caras, y d'ellos todo el cuerpo, y d'ellos solos los ojos, y d'ellos solo el nariz. Ellos no traen armas ni las cognoscen, porque les a m o s t r é espadas y las tomavan por el filo y se cortavan con ignorancia. N o tienen a l g ú n fierro; sus azagayas son unas varas sin fierro y algunas d'ellas tienen al cabo un diente de pece, y otras de otras cosas. Ellos todos a una mano son de buena estatura de grandeza y buenos gestos, bien hechos. Yo vi de algunos que t e n í a n s e ñ a l e s de feridas en sus cuerpos, y les hize s e ñ a s q u é era aquello, y ellos me amostraron c ó m o allí v e n í a n gente de otras islas que estavan acerca y les q u e r í a n tomar y se d e f e n d í a n . Y yo c r e í e creo que a q u í vienen de tierra firme a tomarlos por captivos. Ellos deven ser buenos servidores y de buen ingenio, que veo que muy presto dizen todo lo que les d e z í a . Y creo que ligeramente se h a r í a n cristianos, que me p a r e c i ó que ninguna secta t e n í a n . Yo plazienclo a Nuestro S e ñ o r levaré de a q u í al tiempo de mi partida seis a Vuestras Altezas para que deprendan fablar. Ninguna bestia de ninguna manera vide, salvo papagayos en esta isla". Todas son palabras del Almirante (Viajes, p. 63).
E l sistema p r o n o m i n a l usado e n e l f r a g m e n t o d e m u e s t r a q u e e l autor p r i m e r o y n a r r a d o r , C o l ó n , n o tarda e n integrar a los actantes e n u n esquema oposicional, esquema que, e n o p i n i ó n de M a r y Louise P r a t t 1 8 , estructura t o d o discurso sobre los civilizados y los primitivos. A s i m i s m o , el uso de l a p r i m e r a p e r s o n a d e l " y o " vs. l a tercera de "ellos" muestra, i n m e d i a t a m e n t e , a l i n d í g e n a c o m o e l otro, o t r e d a d que se convierte e n e l instante e n e l objeto de l a d e s c r i p c i ó n d e l nar r a d o r sujeto. Este, desde e l p r i m e r e n c u e n t r o , n o s ó l o establece los p a r á m e t r o s de l a d e s c r i p c i ó n física de "ellos" sino que, a d e m á s , controla su i d e n t i d a d p s í q u i c a —voluntad y sentimientos— y n o d u d a u n m o m e n t o e n su c a p a c i d a d de interpretar sus s e ñ a s s i n m a r g e n de error. Los verbos " c o n o c e r " , "ver" y "creer" q u e p e r t e n e c e n al c a m p o s e m á n t i c o de l a p e r c e p c i ó n física e intelectual se c o n j u g a n únicam e n t e e n l a p r i m e r a persona. Esta a s i m e t r í a e n e l p o d e r enunciativo e interpretativo entre sujeto y objeto se d e s d o b l a e n otra ya q u e a l sujeto q u e es u n a p r i m e r a p e r s o n a singular le hace j u e g o u n objeto p l u r a l . E l uso insistente d e l yo p o r C o l ó n y, a falta de ser e x p l í c i t o , su p r e s e n c i a e n l a desinencia de los verbos, es u n signo d e l p a p e l p r o v i d e n c i a l q u e se atribuye a sí m i s m o y de su deseo de ser r e c o n o c i d o y r e c o r d a d o c o m o h é r o e p o r los lectores de su d i a r i o , especialmente p o r sus destinatarios directos, los Reyes C a t ó l i c o s . E n ese sentido aisla a C o l ó n , l o i n d i v i d u a l i z a c o m o actante entre los d e m á s conquistadores. C a b e resaltar q u e C o l ó n h u b i e r a p o d i d o destacar a u n o o varios i n d i v i d u o s entre los
1 8
Cf. Imperial eyes: Travel writing and transculturation, Routledge, London, 1992.
NRFH, LUI
E L DIARIO DE C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL
PATRIARCA
525
i n d í g e n a s , que h u b i e r a p o d i d o r e c o n o c e r entre ellos a u n portavoz o u n cacique; n o obstante, n o se d i r i g e a n i n g ú n i n d i v i d u o sino que "se e n t i e n d e " c o n t o d a l a c o l e c t i v i d a d de los otros. A u n q u e e n este fragmento el objeto de l a escritura de C o l ó n n o sea su p r o p i a figura, i m p l í c i t a m e n t e y e n l a m e d i d a e n que el discurso revela d e t e r m i n a d o s aspectos d e l n a r r a d o r , tiene u n alto grado de a u t o r r e f e r e n c i a l i d a d . E l n a r r a d o r y personaje C o l ó n aparece e n efecto c o m o el j e f e de los conquistadores, suficientemente i n t e l i g e n t e p a r a e n t e n d e r de i n m e d i a t o a sus i n t e r l o c u t o r e s , bastante capaz de ganar l a c o n f i a n z a de éstos y c o n el sentido u t i l i t a r i o necesario p a r a n o tardar en asociar posibilidades p r á c t i c a s c o n l o que cree entender. U n o de los p r i m e r o s mensajes que el A l m i r a n t e piensa descifrar trata de l a existencia de otro g r u p o de i n d í g e n a s que h a c e n d a ñ o a los a u t ó c t o n o s presentes. Es l a ú n i c a d i f e r e n c i a c i ó n d e n t r o d e l g r u p o , a m o r f o e i n d i f e r e n c i a d o , que acoge a los conquistadores, d i f e r e n c i a c i ó n que s e r á c o n o c i d a y d i f u n d i d a m á s tarde c o m o l a oposic i ó n entre el b u e n o y el m a l a u t ó c t o n o . Que sean buenos o malos, ya e n esta d e s c r i p c i ó n q u e d a claro que l a civilización a ú n n o h a llegado a esa parte " n u e v a " d e l m u n d o y los t ó p i c o s d e l salvajismo se asientan m e d i a n t e u n a e n u m e r a c i ó n —algo e n c u b i e r t a , p o r cierto— de ausencias. C o n ella, C o l ó n constata la falta de las variadas formas de m e d i a c i ó n s i m b ó l i c a que caracterizan l a r e l a c i ó n d e l h o m b r e " c i v i l i z a d o " c o n l a naturaleza. " D e s n u d o " es e l p r i m e r adjetivo calificativo usado p o r Las Casas e n el f r a g m e n t o que i n t r o d u c e la cita c o l o m b i n a : " e l d í a viernes que l l e g a r o n a u n a isleta de los lucayos, que se llamava e n l e n g u a de i n d i o s G u a n a h a n í . L u e g o v i e r o n gente d e s n u d a " (Viajes, p. 61); y es el segundo adjetivo (desp u é s de "pobre") e n l a cita de C o l ó n : "mas m e p a r e c i ó que era gente m u y p o b r e de todo. E l l o s a n d a n todos desnudos c o m o su m a d r e los p a r i ó " . L a t e m p r a n a m e n c i ó n de l a desnudez y l a insistencia poster i o r e n ella constituyen ingredientes medulares e n l a i m a g e n d e l i n d í g e n a c o m o salvaje, ya que los civilizados a n d a n vestidos, p o r l o m e n o s desde su e x p u l s i ó n d e l p a r a í s o . C o l ó n a ú n a ñ a d e t a m b i é n que los a u t ó c t o n o s se p i n t a n e l c u e r p o . L a segunda ausencia observada desde esta p r i m e r a d e s c r i p c i ó n , c o n c i e r n e a las armas. E l h e c h o de que C o l ó n repare e n este dato y l o consigne p e r m i t e d e d u c i r que a los i n d í g e n a s ya los está v i e n d o c o m o enemigos potenciales. F i n a l m e n t e , entre los verbos empleados p o r C o l ó n para describir a los i n d í g e n a s o referirse a sus acciones, e s t á n ausentes los que p e r t e n e c e n al c a m p o s e m á n t i c o de l a e n u n c i a ción. Si el A l m i r a n t e logra comunicarse c o n ellos o si piensa l o g r a r l o 1 9 ,
1 9 TODOROV dice que Colón usa una estrategia "finalista" de interpretación, lo cual implica que su convicción siempre es anterior a la experiencia, que no se preocupa por entender porque lo sabe todo de antemano (op. cit, p. 25).
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
526
NRFH, L U I
es p o r q u e "le a m o s t r a r o n " cosas. Si h a b l a n , es p o r q u e repiten lo que oyen, c o m o los papagayos que traen de regalo a los r e c i é n llegados: " m u y presto d i z e n todo lo que les d e z í a " . Es claro que para C o l ó n los i n d í g e n a s n o saben hablar, el sintagma " d e p r e n d a n í a b l a r " lo i n d i c a . P r o m e t e e n efecto a los reyes: "Yo p l a z i e n d o a N u e s t r o S e ñ o r l e v a r é de a q u í al t i e m p o de m i partida seis a Vuestras Altezas para que dep r e n d a n í a b l a r " . T o d o r o v adjudica esta actitud, e x t r a ñ a de parte de u n h o m b r e p o l í g l o t a que e m p l e a b a al m i s m o t i e m p o b i e n y m a l el g e n o v é s , el l a t í n , el p o r t u g u é s y el e s p a ñ o l , al h e c h o de que c r e í a en el c a r á c t e r natural de la l e n g u a lo cual hizo que c o n f u n d i e r a los n o m b r e s c o n las cosas: "Para é l , todo el vocabulario e s t á h e c h o a imag e n de los n o m b r e s p r o p i o s y é s t o s vienen naturalmente de las propiedades de los objetos que s e ñ a l a n : el c o l o n i z a d o r debe llamarse C o l ó n . Las palabras son, y s ó l o son, la i m a g e n de las cosas" 2 0 . P o r lo tanto, n o hay n i n g u n a p o s i b i l i d a d de pensar la diversidad l i n g ü í s t i c a . P o r otra parte, y de a c u e r d o c o n nuestras observaciones relativas a la ausencia de r o p a y de armas, es l e g í t i m o ver e n l a testarudez c o n que C o l ó n se niega a r e c o n o c e r el c a r á c t e r l i n g ü í s t i c o de los signos utilizados p o r los a u t ó c t o n o s u n a v o l u n t a d de negar que é s t o s tengan u n a lengua. Que la falta de r o p a , armas y l e n g u a p u e d a interpretarse c o m o u n a estrategia usada p o r C o l ó n para cuestionar la í n d o l e civilizada de los i n d í g e n a s , es apoyada p o r la c o m p a r a c i ó n que hace entre los i n d í g e n a s y los caballos, bestial i z a c i ó n que se e f e c t ú a c o n base en el tertio comparationis que son los cabellos, "gruessos cuasi c o m o sedas de c o l a de cavallos e cortos". L o s elementos que constituyen la i m a g e n del i n d í g e n a contrastan de m a n e r a evidente c o n las c a r a c t e r í s t i c a s del c o l o n i z a d o r que a n d a vestido, a r m a d o y q u e sabe hablar. D e m u e s t r a que la civilizac i ó n o c c i d e n t a l se d e f i n e m e d i a n t e los otros, que son la i m a g e n invertida de s í misma. T a m b i é n es c o m o si C o l ó n , m e d i a n t e las sucesivas calificaciones y el c a r á c t e r acumulativo de é s t a s , p r e p a r a r a el terreno para la c o n c l u s i ó n final e n la que los dos actantes se e n c u e n tran e n u n a r e l a c i ó n de amos y esclavos: "Ellos deven ser b u e n o s servidores y de b u e n i n g e n i o " . E l desequilibrio e n las relaciones sociales y laborales e n c u e n t r a su p e n d i e n t e en u n desequilibrio e n las primeras relaciones comerciales. Mientras q u e los a u t ó c t o n o s dan utensilios — e x t r a í d o s de la naturaleza— a los conquistadores: "papagayos y hilo de a l g o d ó n en ovillos y azagayas y otras cosas m u c h a s " , é s t o s les d a n regalos —fabricados p o r los hombres— que ni para unos ni para otros tienen valor o utilidad alguna: cuentecillas y cascabeles, c o m o si fueran n i ñ o s f á c i l e s de contentar c o n c u a l q u i e r cosa que d é b r i l l o o haga r u i d o . L o s i n d í g e n a s d a n todo p o r nada, lo cual raya en la t o n t e r í a ; el rasgo de la g e n e r o s i d a d que el c o n q u i s t a d o r debe-
20
Ibid, p. 37.
NRFH, L U I
E L DIARIO D E C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL
PATRIARCA
527
r í a a p r e c i a r en tanto cristiano, c o n t r i b u y e a q u í a elaborar el m i t o d e l salva.) e.
REINSCRIPCIÓN A u n q u e u n estudio de la i n t e r t e x t u a l i d a d siempre d e b a considerar l a p o s i b i l i d a d de u n a p o l i g é n e s i s ya que los elementos que c o n t r i b u y e n a la ( r e ) c r e a c i ó n de u n texto p u e d e n p r o c e d e r de u n a b i b l i o t e c a de varios textos apenas recordados o p o c o cons c i e 11temente integrados, l a reescritura p o r G a r c í a M á r q u e z es tan rigurosa y c e r c a n a al " o r i g i n a l " c o l o m b i n o , que lo m á s l ó g i c o es partir de su m o n o g é n e s i s . C o m o se sabe, G a r c í a M á r q u e z h a h a b l a d o en numerosas ocasiones acerca de la figura de C o l ó n y de la s i g n i f i c a c i ó n que t i e n e n las p r i m e r a s c r ó n i c a s de Indias para él. A l Diario de Cristóbal Colón l o h a calificado de p r i m e r a o b r a m á g i c a d e l C a r i b e 2 1 , a t r i b u c i ó n c o n la que r e c o n o c e el valor literario de C o l ó n c o m o f u n d a d o r de u n a vena i m p o r t a n t e de la literatura c a r i b e ñ a y 1 a ti n o a m e r i c a n a. P o r otra parte, c u a n d o A p u l e y o M e n d o z a le p r e g u n t ó "a l a m a n e r a de las revistas f e m e n i n a s " cuál era el personaje h i s t ó r i c o que m á s detestaba, G a r c í a M á r q u e z t a m b i é n se refirió a C o l ó n , que t e n í a la pava, lo cual en e l e s p a ñ o l de C o l o m b i a q u i e r e d e c i r que tiene u n efecto m a l é f i c o , que atrae la m a l a s u e r t e 2 2 . P u e d e decirse, p o r tanto, que el escritor recon o c e el valor de C o l ó n h o m b r e de letras mientras o d i a al C o l ó n h o m b r e de armas, u n a c e r c a m i e n t o d o b l e que se p u e d e rastrear e n El
otoño.
S e g ú n el c ó m p u t o h e c h o p o r C a n f i e l d 2 3 , l a figura de C o l ó n hab r í a dejado o c h o huellas e n la novela. C a n f i e l d t a m b i é n p u n t u a l i z a que la p r e s e n c i a d e l A l m i r a n t e p e r m a n e c e u n p o c o a m b i g u a ya que n o se p o d r í a d e c i r si c o r r e s p o n d e a u n a a l u c i n a c i ó n del patriarca, o n o . Sin e m b a r g o , la p a r o d i a d e l diario —el contraste entre la voz narrativa o r i g i n a l c o l o m b i n a y la nueva que se le o p o n e g e n e r a n d o u n efecto burlesco o irónico—, que es la p r i m e r a p r e s e n c i a — i n d i r e c t a de C o l ó n , sugiere que p o r lo m e n o s n o todas las apariciones son el fruto de la a l u c i n a c i ó n d e l patriarca ya que éste detecta, c o m o veremos, i n d i c i o s materiales de la presencia física de los conquistadores y recibe u n r e p o r t e sobre ella. E l f r a g m e n t o siguiente, en el que se basa la s e g u n d a parte de m i análisis, lo demuestra: Y contemplando las islas e v o c ó otra vez y vivió de nuevo el h i s t ó r i c o viernes de octubre en que salió de su cuarto al amanecer y se e n c o n t r ó con 21 El olor de la guayaba. Conversaciones con Plinio Apuleyo Mendoza, Bruguera, Barcelona, 1982, p. 74. 9 ^Ibid.,p. 172. 2 3 E n " E l patriarca de García Márquez: padre...", p. 1053.
528
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
NRFH, LUI
que todo el mundo en la casa presidencial t e n í a puesto un bonete colorado, que las concubinas nuevas b a r r í a n los salones y cambiaban el agua de las jaulas con bonetes colorados, que los o r d e ñ a d o r e s de los establos, los centinelas en sus puestos, los p a r a l í t i c o s en las escaleras y los leprosos en los rosales se paseaban con bonetes colorados de domingo de carnaval, de modo que se dio a averiguar q u é h a b í a ocurrido en el mundo mientras él d o r m í a para que la gente de su casa y los habitantes de la ciudad anduvieran luciendo bonetes colorados y arrastrando por todas partes una ristra de cascabeles, y por fin e n c o n t r ó q u i é n le contara la verdad mi general, que h a b í a n llegado unos forasteros que parloteaban en lengua ladina pues no d e c í a n el mar sino la mar y llamaban papagayos a las guacamayas, a l m a d í a s a los cayucos y azagayas a los arpones, y que habiendo visto que s a l í a m o s a recibirlos nadando entorno de sus naves se encarapitaron en los palos de la arboladura y se gritaban unos a otros que mirad q u é bien hechos, de muy fermosos cuerpos y muy buenas caras, y los cabellos gruesos y casi como sedas de caballos, y habiendo visto que e s t á b a m o s pintados para no despellejarnos con el sol se alborotaron como cotorras mojadas gritando que mirad que de ellos se pintan de prieto, y dellos son de la color de los canarios, ni blancos ni negros, y dellos de lo que haya, y nosotros no e n t e n d í a m o s por q u é carajo nos h a c í a n tanta burla mi general si e s t á b a m o s tan naturales como nuestras madres nos parieron y en cambio ellos estaban vestidos como la sota de bastos a pesar del calor, que ellos dicen la calor como los contrabandistas holandeses, y tienen el pelo arreglado como mujeres aunque todos son hombres, que dellas no vimos ninguna, y gritaban que no e n t e n d í a m o s en lengua de cristianos cuando eran ellos los que no e n t e n d í a n lo que g r i t á b a m o s , y d e s p u é s vinieron hacia nosotros con sus cayucos que ellos llaman a l m a d í a s , como dicho tenemos, y se admiraban de que nuestros arpones tuvieran en la punta una espina de s á b a l o que ellos llaman diente de pece, y nos cambiaban todo lo que t e n í a m o s por estos bonetes colorados y estas sartas de pepitas de vidrio que nos c o l g á b a m o s en el pescuezo por hacerles gracia, y t a m b i é n por estas sonajas de l a t ó n de las que valen un m a r a v e d í y por bacinetas y espejuelos y otras m e r c e r í a s de Flandes, de las m á s baratas mi general, y como vimos que eran buenos servidores y de buen ingenio nos los fuimos llevando hacia la playa sin que se dieran cuenta, pero la vaina fue que entre el c a m b í e m e esto por aquello y le cambio esto por esto otro se f o r m ó u n cambalache de la puta madre y al cabo rato todo el mundo estaba cambalachando sus loros, su tabaco, sus bolas de chocolate, sus huevos de iguana, cuanto Dios crió, pues de todo tomaban y daban de aquello que t e n í a n de buena voluntad, y hasta q u e r í a n cambiar a uno de nosotros por un j u b ó n de terciopelo para mostrarnos en las Europas, i m a g í n e s e usted mi general, q u é despelote (El otoño, pp. 44-45).
L a parodia del diario de Colón aparece en la novela como un reporte pasado al patriarca por u n "yo" anónimo, una voz individual que representa al pueblo en general, que "forma parte de un narrador plural, al que entrega su mensaje antes de retornar al coro narrativo
NRFH,
LUI
E L DIARIO D E C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL
PATRIARCA
529
l a t e n t e " 2 4 . L a i d e n t i d a d d e l " y o " se c o n f í a , c o m o a m e n u d o es e l caso e n l a novela, a l a e x p r e s i ó n conativa " m i g e n e r a l " , e x p r e s i ó n que e n este caso hace j u e g o al título de a p e l a c i ó n "vuestras Altezas", usado p o r C o l ó n e n su d i a r i o . E n ambos casos, u n subalterno d a c u e n t a de l o o c u r r i d o a u n a instancia s u p e r i o r , u n p a r a l e l i s m o que l l a m a l a a t e n c i ó n sobre u n aspecto m e n o s r e c o r d a d o de C o l ó n q u i e n , pese a ser e l A l m i r a n t e de l a M a r O c é a n a que r e c l u t a subditos p a r a los Reyes, n o es m á s que otro subdito que debe dar c u e n t a de sus h a z a ñ a s a los que financian sus viajes. E n l a n o v e l a el n a r r a d o r n o enfoca d i r e c t a m e n t e al subdito pasando e l reporte sino al patriarca c u a n d o r e c u e r d a el m o m e n t o d e l i n f o r m e , r e m e m b r a n z a que le es suscitada p o r el p a n o r a m a de las islas del C a r i b e , cuya a s o c i a c i ó n c o n C o l ó n resulta evidente, y que le es sugerida m á s e s p e c í f i c a m e n t e p o r l a visión d e l m a r que, e n o p i n i ó n de C a n f i e l d , a d q u i e r e valor d e í c t i c o c o n respecto a C o l ó n e n l a m e m o r i a d e l p a t r i a r c a 2 5 . E n l a n o v e l a el m a r representa l a i n f a m i a y l a i m p o t e n c i a d e l patriarca t o d o p o d e r o s o q u i e n se ve forzado a vend e r l o a los n o r t e a m e r i c a n o s p a r a evitar el desembarco de los infantes de m a r i n a (estos sucesos t a m b i é n h a c e n pensar e n l a i m p o t e n c i a de los i n d í g e n a s y e n el desembarco de C o l ó n ) . Igualmente favorable al r e c u e r d o de C o l ó n es e l h e c h o de que e l patriarca e s t é e n c o m p a ñ í a de u n g r u p o de dictadores c a í d o s e n desgracia e n sus respectivos p a í s e s y acogidos p o r é s t e e n u n a casa de los arrecifes. U n o n o p u e d e m e n o s que asociar l a suerte de los p r ó f u g o s c o n la de C o l ó n a q u i e n estos se p a r e c e n p o r sus a m b i c i o n e s iniciales y su fracaso posterior. E n u n a r t í c u l o d e d i c a d o al " c í r c u l o h e r m e n é u t i c o " e n El otoño, P a l e n c i a - R o t h d e m u e s t r a que G a r c í a M á r q u e z c o n s i d e r a u n a enorm e d i f i c u l t a d establecer l a v e r d a d p o r m e d i o de l a vista y de los otros s e n t i d o s 2 6 . A l c o n t r a r i o , l a r e a l i d a d se fabrica, la ilusión se crea y la fig u r a d e l patriarca se mitifica. Esto hace que sea tan llamativa la aparic i ó n de l a p a l a b r a " v e r d a d " c o n r e f e r e n c i a al reporte d e l subdito: " e n c o n t r ó q u i é n le c o n t a r a la v e r d a d " . E l p r i m e r efecto d e l l e x e m a consiste e n l l a m a r l a a t e n c i ó n sobre l a c r e d u l i d a d d e l patriarca, a q u i e n n o le pasa n u n c a p o r la cabeza que u n subdito p o d í a burlarse de su a u t o r i d a d al fingir o d e c i r falsedades. P e r o t a m b i é n a d q u i e r e u n valor metatextual y a u t o r r e f e r e n c i a l al referirse al estatuto q u e G a r c í a M á r q u e z otorga al relato c o l o m b i n o y a l a v e r s i ó n alternativa c o n t a d a e n su p r o p i a novela. L a p a l a b r a " v e r d a d " está cargada de crítica ya que p o n e e n e n t r e d i c h o que l a v e r s i ó n de C o l ó n sea l a ú n i c a v e r d a d e r a de los hechos, y desenmascara l a falacia r e p r e s e n t a c i o n a l J . ORTEGA, "El otoño del patriarca: texto y cultura", HR, 46 (1978), p. 441. El "patriarca" de García Márquez. Arquetipo..., p. 90. Canfield observa que el arcaísmo usado por Colón, "la mar", se emplea en toda la novela (loe. cit.). 2 6 " E l círculo hermenéutico en El otoño del patriarca", Revlb, 1984, núms. 128/129, p. 1003. 2 4 25
530
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
NR1?H, LUI
de lo que fue establecido en el c o l o n i a l i s m o c o m o h i s t o r i a y repres e n t a c i ó n ú n i c a s . E n este sentido, se p o d r í a sugerir que l a v e r s i ó n del c o l o n i z a d o e n El otoño es, en efecto, la verdadera. S i n embargo, el m a c r o n i v e l d e l relato, su c a r á c t e r de r e i n s c r i p c i ó n , p a r a d ó j i c a m e n t e , t a m b i é n nos muestra que el m u n d o emerge c o m o u n constructo, que l a r e a l i d a d y la i d e n t i d a d n u n c a son reflejadas sino construidas en la r e p r e s e n t a c i ó n . L a v e r s i ó n "verdadera", p o r consiguiente y s e g ú n esta lectura, n o s e r í a m á s que otra versión de los hechos y la i n t e n c i ó n d e l a u t o r n o s e r í a e x p o n e r falsedades n i d e c i r verdades sino i n d a g a r los m o d o s p o r los que se construye l a "verdad", p a l a b r a q u e , entonces, n o s ó l o se carga de crítica sino t a m b i é n de i r o n í a . Y a que esta " v e r d a d " o c u r r i ó c u a n d o d o r m í a , el patriarca p i d e i n f o r m a c i ó n sobre los "hechos": e n efecto, c u a n d o se despierta es c o n f r o n t a d o c o n la i m a g e n de sus subditos vestidos c o n bonetes colorados, l o que le hace pensar e n u n " d o m i n g o de carnaval". E l lexem a "carnaval" está tan cargado de significaciones c o m o el l e x e m a " v e r d a d " y l o refuerza. S i n e m b a r g o , que yo sepa, t a m p o c o h a llamad o m u c h o la a t e n c i ó n . P r i m e r o , presenta los bonetes c o m o disfraces que c a m b i a n e l o r d e n c o m ú n de las cosas e invierten y desjerarquizan las reglas- 7 . E n segundo t é r m i n o , el carnaval que, c o m o f e n ó m e no religioso —el h e c h o de que el patriarca piense e n u n d o m i n g o n o es casual—, precede a la cuaresma e i n a u g u r a , p o r l o tanto, u n p e r í o d o de abstinencia. E l desembarco de los conquistadores se presentaría de esta m a n e r a c o m o l a ú l t i m a fiesta de u n a serie i n i c i a d a c o n el Día de Reyes, c o m o el p r i n c i p i o de u n a é p o c a de escasez, y el i n i c i o de u n p e r í o d o d u r a n t e el c u a l se espera l a salvación. M u c h o m á s tarde e n l a n o v e l a C o l ó n vuelve a ser asociado c o n l a cuaresma cuand o otro " y o " a n ó n i m o describe al g e n e r a l d i c i e n d o que "era m á s cen i z o que el o r o " (El otoño, p. 259), calificación cuyo adjetivo n o s ó l o hace pensar e n la m a l a suerte d e l A l m i r a n t e —es u n verdadero cenizo que trae m a l a sombra—, sino t a m b i é n e n el m i é r c o l e s de ceniza. C l a r o que, i n c l u s o si el carnaval i n a u g u r a u n p e r í o d o de sobried a d , e n sí m i s m o es u n a fiesta. L a a p a r i c i ó n d e l l e x e m a p o r l o tanto presenta l a conquista bajo el signo de la risa y la a l e g r í a . E n efecto, e n El otoño el desembarco de C o l ó n se n a r r a c o m o u n relato burlesco que desiste de la t r á g i c a s o l e m n i d a d c o n la que las narraciones de la c o n q u i s t a suelen revestirse. Si se enfoca este aspecto de l a v e r s i ó n de G a r c í a M á r q u e z , l a voz "carnaval" a d q u i e r e valor a u t o r r e f e r e n c i a l y se convierte e n u n a s e ñ a m e d i a n t e la c u a l el p r o p i o texto se refiere a sí m i s m o y hace patente su c a r á c t e r de v e r s i ó n alternativa frente a las visiones de los vencidos y los reversos de la c o n q u i s t a a los que estamos acostumbrados. G a r c í a M á r q u e z , al mostrar el lado festivo y 27 L a palabra carnaval se podría asociar, igualmente, con la versión popular de la dictadura ya que, como apunta JULIO ORTEGA, "el texto trabaja la mitología carnaval izada del poder" ("El otoño del patriarca: texto y cultura", p. 4 2 4 ) .
Nimi
LUI
E L DIARIO D E C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL
PATRIARCA
531
carnavalesco de la conquista, expulsa la s o l e m n i d a d , la queja y el vict i m i s m o que a m e n u d o caracterizan dichas visiones. E m p e r o , el carnaval de G a r c í a M á r q u e z presenta el texto c o l o m b i n o al revés, al sacar a la luz sus premisas interiorizadas y desenmascarar sus pretensiones de objetividad mediante u n a serie de inversiones sucesivas. Esto lleva directamente a las consideraciones de M i j a i l B a j t i n sobre e l carnaval c o m o o r i g e n de la novela p o l i f ó n i c a e n que distintas estructuras lingüísticas se presentan s i m u l t á n e a m e n t e y e n t r a n e n c o m p e t e n c i a 2 8 . S o n dos los p r o c e d i m i e n t o s b á s i c o s que c o n t r i b u y e n a la c o n s t r u c c i ó n de la p a r o d i a p o l i f ó n i c a de C o l ó n . A la m a n e r a del pastiche, el reporte que el " y o " pasa al patriarca i n c l u y e fragmentos originales que p r o v i e n e n d e l d i a r i o c o l o m b i n o y que describen a los i n d í g e n a s , p e r o cuya p e r t i n e n c i a es cuestionada p o r el " y o " 2 9 . A l m i s m o t i e m p o , este relato incluye u n a serie de calificativos, empleados p o r C o l ó n e n su d i a r i o , aplicados a los i n d í g e n a s , pero referidos a q u í a los c o n q u i s t a d o r e s. A m b o s p r o c e d i m i e n t o s son posibles gracias al d e s p 1 a z a m i e n t o d e l lugar de e n u n c i a c i ó n y focal ización que i m p l i c a , e n p r i m e r t é r m i n o , u n i n t e r c a m b i o sintáctico entre sujeto y objeto. L o c a l i z a c i ó n y e n u n c i a c i ó n se m u e v e n de u n c o n q u i s t a d o r e u r o p e o a u n subdito a m e r i c a n o , i n t e r c a m b i o que i n c i d e e n la desc r i p c i ó n y e v a l u a c i ó n de los dos b a n d o s y al que parece hacer eco el l e x e m a p o p u l a r "cambalache", que aparece m á s tarde e n el fragmento. D e esta m a n e r a se desmonta u n eje de la h i s t o r i o g r a f í a o c c i d e n t a l q u e enfoca exclusivamente la actividad d e l conquistador. E l h o m b r e e u r o p e o se convierte, de ser el p o l o d i n á m i c o de la r e l a c i ó n , en el p o l o observado al t i e m p o que el otro, usualmente silencioso, tamb i é n habla, o p i n a y p e r c i b e . L o s a u t ó c t o n o s se transforman e n suj e t o s de la e n u n c i a c i ó n mientras que los europeos se m u d a n en objetos, lo c u a l p e r m i t e a a q u é l l o s m o l d e a r la i m a g e n de éstos. E n su l i b r o , d e d i c a d o al estudio del patriarca, C a n f i e l d a f i r m a q u e la novela de la d i c t a d u r a es siempre la c o n t r a h i s t o r i a de la dict a d u r a que se i m p o n e a la historia o f i c i a l 3 0 . E n la m e d i d a e n que e l f r a g m e n t o analizado constituye la d e s c o n s t r u c c i ó n de u n a de las versiones h i s t o r i o g r á f i c a s d o m i n a n t e s sobre la conquista, la p a r o d i a d e l Primer diario de C o l ó n p u e d e leerse c o m o u n a venganza textual y form a r parte de u n a estrategia d e s c o l o n i z a d o r a . M u e s t r a la conquista n o tanto c o m o u n d e s c u b r i m i e n t o sino c o m o u n proceso r e c í p r o c o de c o n s t r u c c i ó n de representaciones e identidades entre culturas. 28 Véase L'œuvre de François Rabelais et la culture populaire au Moyen Age et sous la Renaissance, Gallimard, Paris, 1 9 7 6 . 29 PALENCIA-ROTH (Gabriel García Márquez: la línea..., p. 1 9 6 ) subraya en su texto las palabras que refieren al diario de Colón. Sin embargo, olvida fragmentos importantes, como los que tratan de la pintura del cuerpo, de la mujer y del intercambio de productos. 30 El "patriarca" de García Márquez. Arquetipo..., p. 128.
532
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
NRFH, LUI
D e l Primer diario, G a r c í a M á r q u e z e m p i e z a p o r t o m a r prestado e l t e m a de l a l e n g u a y p o r d e s e n t r a ñ a r l a r e t ó r i c a e n t o r n o a ella. A l e m p l e a r e l v e r b o "parlotear", e l subdito rebaja e l h a b l a d e l "foraster o " m e d i a n t e u n l e x e m a peyorativo. M i e n t r a s que, para C o l ó n , e l car á c t e r n a t u r a l de l a l e n g u a h a c í a i m p o s i b l e que h u b i e r a varias maneras de referirse a las cosas, e n l a v e r s i ó n de El otoño se c o n t r a p o n e n dos s i n ó n i m o s y se r e c o n o c e n , p o r tanto, varias lenguas. S i n e m bargo, las variantes n o t i e n e n l a m i s m a validez ya que e n cada pareja l é x i c a u n a voz se r e c o n o c e c o m o a p r o p i a d a mientras que l a otra se define c o m o "forastera" y " l a d i n a " . C o n c r e t a m e n t e , G a r c í a M á r q u e z c o n f r o n t a dos series léxicas. L a p r i m e r a integra palabras de o r i g e n á r a b e , " a l m a d í a " y "azagaya", y u n a cuyo o r i g e n , el DRAE, califica de i n c i e r t o , "papagayo", p e r o que es e m p l e a d a p o r C o l ó n e n su Diario. L a o t r a serie incluye dos palabras de o r i g e n taino, "guacamaya" y "cayuco", así c o m o l a palabra " a r p ó n " , cuya e t i m o l o g í a es incierta, seg ú n l o que se lee e n e l DRAE. E l subdito sugiere que los americanismos t i e n e n u n c a r á c t e r " n a t u r a l " mientras que l a í n d o l e de los d e m á s lexemas es l a de u n p r o d u c t o de i m p o r t a c i ó n . A la d i c o t o m í a entre a m e r i c a n i s m o s l é x i c o s y palabras de uso pen i n s u l a r viene a a ñ a d i r s e o t r a entre a r c a í s m o s de g é n e r o s y usos actuales. " E l m a r " y " e l c a l o r " se e n c u e n t r a n e n e l p a r a d i g m a de los a m e r i c a n i s m o s mientras que " l a c a l o r " y " l a m a r " se catalogan entre los lexemas peninsulares. Este a n a c r o n i s m o d e n t r o d e l a n a c r o n i s m o de l a r e i n s c r i p c i ó n d e l d i a r i o de C o l ó n (cuyo desembarco c o i n c i d e c o n e l de los marines estadounidenses) h a sido advertido p o r pocos críticos. Palencia-Roth, que sí h a l l a m a d o la a t e n c i ó n sobre él, dice al respecto: " I r ó n i c a m e n t e , e l inexistente (!) castellano (!) d e l N u e v o M u n d o se c o n s i d e r a m á s c o r r e c t o que e l c o r r i e n t e de E s p a ñ a . L o s n o m b r e s s e ñ a l a n realidades distintas; y éstas p o r su parte i n d i c a n valores culturales o p u e s t o s " 3 1 . N o estoy segura de que a q u í l a reinsc r i p c i ó n i m p l i q u e u n a r e f e r e n c i a a realidades distintas o a valores culturales i n c o m p a t i b l e s . E n c a m b i o , sobre l a i n e x i s t e n c i a d e l castel l a n o e n el N u e v o M u n d o n o cabe discutir; de a h í que las contraposiciones l é x i c a s p o s i b l e m e n t e n o s ó l o p u e d e n leerse c o m o u n a p a r o d i a d e l d i a r i o de C o l ó n y de las maneras e n las que e n él se construye l a o t r e d a d l i n g ü í s t i c a e n t é r m i n o s de n e c e d a d y barbarie, sino que p u e d e n interpretarse, asimismo, e n f u n c i ó n de las experiencias personales de G a r c í a M á r q u e z y l a s i t u a c i ó n lingüística que, hasta hace p o c o , i m p e r a b a e n e l á m b i t o h i s p á n i c o . Sabemos de las dificultades encontradas p o r e l escritor c o l o m b i a n o , a ú n n o consagrado, p a r a p u b l i c a r e n E s p a ñ a , debidas, entre otros factores, al uso n o a c o m p l e j a d o , p o r parte de G a r c í a M á r q u e z , de voces americanas. C o n o c e m o s t a m b i é n l a c o n s a g r a c i ó n de l a noGabriel García Márquez: la línea..., p. 199.
NRFH, L U I
E L DIARIO D E C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL PA TRIARCA
533
vela h i s p a n o a m e r i c a n a desde m e d i a d o s d e l siglo xx. Es c o m o si Garc í a M á r q u e z h u b i e r a t o m a d o s i m b ó l i c a m e n t e revancha al asociar las voces e s p a ñ o l a s "correctas" c o n el pasado y al p r o c l a m a r e l valor que significan p a r a e l presente las voces americanas. D e m a n e r a l ú d i c a r e i v i n d i c a la l e g i t i m i d a d d e l uso de u n e s p a ñ o l n o castizo, l a posibilid a d de alternar los c ó d i g o s , y la d i g n i d a d de las distintas modalidades l é x i c a s d e l e s p a ñ o l . Si las voces peninsulares h a n sido importadas p o r forasteros e n tierras americanas, la a s o c i a c i ó n —también anacrónica— de u n e l e m e n t o d e l p a r a d i g m a p e n i n s u l a r c o n los contrabandistas holandeses, sugiere, a d e m á s , que esta i m p o s i c i ó n fue ilegítima, c o n lo que e l a b o r a a r t í s t i c a m e n t e e l viejo t e m a tratado, p o r e j e m p l o , e n el ensayo u n p o c o anterior, Calibán, de R o b e r t o F e r n á n d e z Retam a r 3 2 . E l lugar o c u p a d o p o r e l cuestionamiento de l a n o r m a y la reiv i n d i c a c i ó n de las variantes e x ó g e n a s e n la r e i n s c r i p c i ó n ilustra, de esta m a n e r a , la i m p o r t a n c i a que les h a sido c o n c e d i d a e n las discusiones sobre el p r o c e s o de la d e s c o l o n i z a c i ó n c u l t u r a l y literaria de Hispanoamérica. O t r a inversión o p e r a d a p o r el autor c o n c i e r n e a la d e s c r i p c i ó n física de los dos pueblos que se encuentran. Los conocedores de su o b r a h a n observado la o b s e s i ó n de G a r c í a M á r q u e z c o n los animales y h a n destacado c ó m o suele asimilar sus personajes a los a n i m a l e s 3 3 . E n el caso d e l patriarca, muchas i m á g e n e s z o o m ó r f i c a s que se le aplican reflejan cambios de h u m o r o de situación. T r a n s m i t e n u n a visión irón i c a y reductiva, o sugieren la existencia de u n residuo divino o totém i c o 3 4 . P o r tener la r e i n s c r i p c i ó n u n c a r á c t e r satírico, n o cabe hablar de u n residuo d i v i n o c u a n d o el subdito c o m p a r a a los forasteros que se alborotan c o n "cotorras mojadas". A l contrario, i m p l i c a u n a degrad a c i ó n d e l conquistador m e d i a n t e el rebajamiento de su estatura y d i g n i d a d y constituye u n a r é p l i c a a la bestialización de los i n d í g e n a s p o r C o l ó n ; bestialización que es r e c o r d a d a al lector mediante la rep r o d u c c i ó n e n discurso i n d i r e c t o d e l texto c o l o m b i n o o r i g i n a l cuand o éste c o m p a r a el pelo de los i n d í g e n a s c o n "sedas de caballos". L u e g o , e l subdito t a m b i é n r e t o m a la o b s e r v a c i ó n de C o l ó n —"dellas n o vimos ninguna"— sobre los i n d í g e n a s , al observar la ausencia de mujeres entre los "forasteros". P e r o e n la r é p l i c a el tema d e l g é n e r o se desarrolla mediante la f e m e n i z a c i ó n d e l conquistador: "tienen el pelo arreglado c o m o mujeres". Casi tan denigrante c o m o la c o m p a r a c i ó n c o n u n a n i m a l debe haber sido para estos conquistadores, machos, valientes y ávidos de p o d e r , ser comparados c o n mujeres. E n la versión carnavalizada de l a conquista, incluso los g é n e r o s se invierten. Calibán. Apuntes sobre la cultura en nuestra América, Diógenes, México, 1 9 7 2 . Véanse, J.JOSET, Gabriel García Márquez coetáneo de la eternidad, Rodopi, Amsterdam, 1984, p. 3 9 y EDWARD WATERS H O O D , La ficción de Gabriel García Márquez. Repetición e intertextualidad, P . Lang, New York, 1 9 9 3 . 3 4 Cf. M . CANFIELD, "El patriarca de García Márquez: padre...", p. 1 0 3 2 . 32
3 3
534
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
NRFH, L U I
E l texto c o l o m b i n o , y c o n é l los d e m á s textos que construyen la o t r e d a d l a t i n o a m e r i c a n a desde u n a m i r a d a i m p e r i a l , es asediado desde todos los á n g u l o s posibles, y G a r c í a M á r q u e z lo utiliza t a m b i é n para tejer u n a v e r s i ó n carnavalesca sobre la famosa d i c o t o m í a entre c i v i l i z a c i ó n y barbarie. Desde la perspectiva de C o l ó n , la d e s n u d e z y la p i n t u r a c o r p o r a l de los i n d í g e n a s d e m o s t r a b a n su falta de civilizac i ó n , se v e í a n c o m o u n a ausencia de signos m e d i a d o r e s entre el h o m b r e y la naturaleza: "Ellos a n d a n todos desnudos c o m o su m a d r e los p a r i ó " . L a frase se vuelve a p r o d u c i r e n b o c a d e l subdito, c o n u n a sola tran sfo r m ac i ó n: " d e s n u d o s " se transforma en "naturales": " e s t á bamos tan naturales c o m o nuestras madres nos p a r i e r o n " . L a m í n i m a s u s t i t u c i ó n l é x i c a tiene u n significado mayor ya que desplaza los referentes de la barbarie p o r otros, e c o l ó g i c o s , desplazamiento que se e f e c t ú a de m a n e r a m á s e x p l í c i t a unas l í n e a s antes c u a n d o el subdito afirma que la p i n t u r a d e l c u e r p o sirve para protegerse d e l sol. T r a s evacuar la voz " d e s n u d o " y descartar sus i m p l i c a c i o n e s de barbarie, la r e i n s c r i p c i ó n se o c u p a de redefinir la " c i v i l i z a c i ó n " de los conquistadores d e c e n t e m e n t e vestidos, a c a b a n d o a s í c o n la dicotom í a c i v i l i z a c i ó n vs. barbarie. Si la barbarie se redefine c o m o actitud e c o l ó g i c a , la c i v i l i z a c i ó n se desenmascara c o m o i n a d e c u a c i ó n al m e d i o natural. E l patriarca, que e s t á j u g a n d o a las cartas c o n los dictadores p r ó f u g o s , r e c u e r d a que el subdito le r e p o r t ó que los forasteros: "estaban vestidos c o m o la sota de bastos a pesar d e l calor". L o s conquistadores establecen, p o r tanto, relaciones totalmente inadecuadas c o n el ecosistema que los rodea. D e h e c h o , la vestimenta e u r o p e a n o s ó l o se critica c o m o inadaptada, sino que incluso se asim i l a a la desnudez. Esto es i r ó n i c a m e n t e sugerido p o r G a r c í a M á r quez e n la voz que clausura la r e i n s c r i p c i ó n : "despelote". C o n este sustantivo el subdito califica e n su reporte la v o l u n t a d de los forasteros de c a m b i a r a u n i n d í g e n a p o r u n j u b ó n de terciopelo para mostrar e n "las E u r o p a s " . A q u í , el autor sugiere que lo que sirve e n u n a cultura n o tiene siempre el m i s m o valor e n otra. E l j u b ó n de terciop e l o —vestido y material de lujo e n E u r o p a y que r e c u e r d a el j u b ó n de seda que, s e g ú n Las Casas, el A l m i r a n t e p r o m e t i ó a q u i e n p r i m e ro viera tierra (Viajes, p. 61)—, e n otra n o t a c i ó n g e o g r á f i c a se asocia c o n la desnudez, c o n u n striptease, u n d e s p l u m a r de aves. L a asoc i a c i ó n de ambos lexemas p e r m i t e reparar e n la í n d o l e relativa y, al m i s m o t i e m p o , e n la falsedad de m u c h o s valores supuestamente civilizados. L a i n v e r s i ó n total y c ó m i c a de los presupuestos d e l texto c o l o m b i n o causa el deleite de los lectores p o r ser u n v e r d a d e r o despelote que hace t r o n c h a r de risa. U n a vez m á s , la r é p l i c a p a r ó d i c a a C o l ó n p u e d e leerse c o m o u n c o m e n t a r i o c o n el que el autor se refiere al efecto causado p o r su p r o p i o texto. P e r o las posibles interpretaciones de la voz "despelote" a ú n n o se h a n agotado, pues é s t a t a m b i é n p o d r í a leerse c o m o u n a a l u s i ó n a
NRI?H, LUI
E L DIARIO DE C O L Ó N E N EL OTOÑO DEL
PATRIARCA
535
la v o l u n t a d de los europeos de d e s p l u m a r y r o b a r a los i n d í g e n a s mediante u n trueque injusto. Ese trueque o " c a m b a l a c h e de la p u t a m a d r e " es el ú l t i m o p u n t o de m i r a de la r e i n s c r i p c i ó n . Miehtras C o l ó n interpretaba la g e n e r o s i d a d de los i n d í g e n a s c o m o u n i n d i c i o de su i m b e c i l i d a d y el h e c h o de que se c o n t e n t a r a n c o n tan p o c o c o m o u n a falta de inteligencia; e n la v e r s i ó n c o n t a d a al patriarca se invierten los polos, ya que los a u t ó c t o n o s saben que los regalos que recib e n n o valen nada. Si los aceptan, es p o r a m a b i l i d a d : " p o r hacerles gracia". E n c a m b i o , los forasteros se dejan llevar a la playa "sin que se d i e r a n cuenta", c o m o "buenos servidores y de b u e n i n g e n i o " . C o m o el p r o p i o autor, el p u e b l o se r í e de la falsa a u t o r i d a d y de la i m a g e n inflada del conquistador. Es clara la r e l a c i ó n de parentesco entre C o l ó n y el patriarca, que se c o n o c i e r o n p o r q u e a q u é l le r e g a l ó a é s t e u n a espuela de o r o p a r a q u e la llevara e n s e ñ a l de la m á s alta a u t o r i d a d (El otoño, p. 179). E l a n a c r o n i s m o expresa la desesperante i n m o v i l i d a d d e l tiempo h i s t ó r i co bajo las dictaduras. T a m b i é n se e n t i e n d e que el tipo de d i c t a d u r a q u e c u e n t a la novela c o m i e n z a c o n C o l ó n y los conquistadores que p a r e c e n haber i n c u b a d o la semilla de la m e g a l o m a n í a en los dictadores latinoamericanos. Esta a s c e n d e n c i a a u n es sugerida e n la novela p o r u n a serie de rasgos c o m p a r t i d o s p o r los dos personajes: ambos c a r e c e n de n o m b r e , acerca de ambos los lectores h a n f o r m u l a d o la p r e g u n t a de si t i e n e n u n a existencia real o si s ó l o son fantasmas, ambos se presentan c o m o pobres h o m b r e s mortales, objeto y, hasta cierto p u n t o , v í c t i m a s de u n proceso de n u l i f i c a c i ó n . E l fracaso y la soledad son los tributos que d e b e n pagar p o r su desmesura. E n los dos personajes se ilustra lo que Joset h a s e ñ a l a d o corno tema b á s i c o de la novela: la l u c h a i m p o s i b l e p o r conquistar u n a eternidad ilusor i a 3 5 . O , e n t é r m i n o s de Palencia-Roth, El otoño, c o m o Cien años de soledad, t e r m i n a c o n el mensaje de la i n e l u d i b l e v e r d a d del o l v i d o 3 6 . T a m b i é n se h a s e ñ a l a d o el o p t i m i s m o i m p l i c a d o al final de la novela, e n el tono serio de la voz del p u e b l o que juzga al dictador. L a apertura de la espiral de las dictaduras m e d i a n t e u n a p r o f e s i ó n de fe e n la dem o c r a c i a y el destino futuro de la h u m a n i d a d ya se a n u n c i a , en cierto sentido, e n la reescritura del diario c o l o m b i n o . Esta n o s ó l o p e r m i t e c o n c l u i r que las relaciones de fuerzas se repiten a lo largo de la historia, sino t a m b i é n que se p u e d e r o m p e r la espiral y "tentar lo imposible" m e d i a n t e la i m a g i n a c i ó n literaria. P e r o , p o r e n c i m a de todo, la p a r o d i a de C o l ó n e n El otoño rechaza la idea de que haya u n a sola v e r d a d , e incluso se resiste a la b ú s q u e d a de la v e r d a d d e f m i t o r i a p o r parte del c r í t i c o literario que q u i e r a encasillarla b i e n e n u n a de las series propuestas p o r Stavans,
35 3 6
Gabriel García Márquez coetáneo..., p. 67. " E l círculo hermenéutico...", p. 1016.
536
KRISTINE V A N D E N B E R G H E
NRFH, L U I
bien en uno de los paradigmas que entran en competencia en los actuales estudios poscoloniales, encabezados, respectivamente, por Edward Said —quien se concentra en la oposición entre colonizados y colonizadores—, y H o m i Bhabha —quien enfoca, sobre todo, la hibridez que resulta de su encuentro 3 7 . Si bien el relato del "yo", mediante el desplazamiento de los actantes, propone una inversión de la política imperial de la representación, es, al mismo tiempo, una subversión grotesca de distintos discursos sobre la conquista, puesto que establece una relación compleja, mimética y ambivalente con el texto matriz y con otras versiones de los vencidos. Por lo demás, esta ambivalencia se hace patente en el hecho de que García Márquez, en la reinscripción, desmantela los elementos constitutivos de la representación imperial en los textos de Colón, pero al mismo tiempo hace suyos estos textos, reconociendo, de esta manera, su valor fundacional para una literatura de la que él mismo es uno de los máximos exponentes. KRISTINE V A N D E N
BERGHE
FUNDP-Namur-FUSL Brussel
3 7 Véanse, E . SAID, op. cit. y H O M I K . BHABHA, The location of culture, Routlegde, L o n d o n , 2004.