Volume 2 Treinamento ENEM 2023 Flipbook PDF


6 downloads 120 Views 36MB Size

Story Transcript

; ! ~ ^ ” : ; ? * “ ? : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ; ! ^ ” ~ : ; ? * “ ? : ! ~ ” ^ ; “ ? * ” ; ! ~ ^ ” : ; ? * “ ? : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ; ! ^ ” ~ : ; ? * “

“ !

* !



!

* !

^ ~ ^

* ! !



; ?

;

” : ” :

~

“ !

*

?

~ ^

; ?

;

*



*

?

^



” : ”



*

Prezado aluno, prezada aluna,

O objetivo desse material, editado em dois volumes, é fornecer a você, candidato/candidata comprometido/a com o aprendizado enobrecedor e eficiente, um recurso pedagógico que facilite a realização de conexões fundamentais entre o conteúdo pormenorizado ao longo do LEITURA ESTRATÉGICA da Sala LD e a dinâmica de compreensão dessa mesma matéria teórica nas questões propostas pelas provas do Enem. Em síntese, a realização da vasta coletânea de exercícios que compõe esse material didático deve ser uma tarefa compreendida não apenas como um “treinamento de questões”, e sim, como estratégia de formulação de conhecimento, sedimentação de conceitos elementares, produção ativa de um repertório artístico e sociocultural, cuja premissa básica é possibilitar a melhoria da sua performance como estudante nos mais diversos processos seletivos, em todas as áreas de conhecimento, por meio, sobretudo, do aprimoramento da sua habilidade leitora. O material aqui compilado teve como referência as provas veiculadas oficialmente de 2010 a 2022, tanto na primeira data de aplicação, a chamada “Aplicação regular” (AR), como na segunda data de realização da prova, o processo avaliativo destinado às “Pessoas privadas de liberdade” (PPL). No que se tornou um caso único até o momento, no ano de 2016 foram realizadas três aplicações, tendo sido o documento de “Segunda aplicação” (2A) empregado pelos órgãos oficiais em substituição à AR e em data anterior à PPL do mesmo ano. Em relação à maneira como as questões foram compiladas nesse segundo volume, os conteúdos foram sequenciados da forma seguinte: O Módulo 1 - Contextos literários, parte inicial desse material, reúne questões que perpassam um panorama histórico, e já bastante canonizado, de estudo da reconhecida literatura brasileira. Os exercícios foram alocados respeitando a sequência temporal que se inicia com as produções quinhentistas (e as discussões sobre o colonialismo brasileiro do século XVI) e segue em direção às escritas poéticas desse início de século XXI. Já o Módulo 2 - Diálogos intertextuais / Releituras coloca no centro da atenção às questões que convocam uma leitura dialógica entre textos cujo debate proposto guarda semelhanças e, também, entre produções literárias que apresentam um posicionamento divergente sobre dada temática. Pensar as obras, pertencentes às mais diversas expressões artísticas, como recriações, releituras, reafirmações de uma existência poética prévia é o ponto alto de vários desses exercícios. No Módulo 3 - Interpretação de textos não verbais, você irá exercitar a leitura de imagens por intermédio de questões construídas a partir de textos de caráter não verbal, ou até mesmo de caráter híbrido, inseridos nas provas em formato de cartazes, charges, tirinhas e, novamente, várias das modalidades que servem à publicidade. Por fim, e muitíssimo importante, o Módulo 4 - Repertório artístico cultural compila as questões que abordam temas relacionados às várias expressões artísticas, desde as mais canônicas (como a pintura, a música, dança) até as expressões que alcançaram o apreço do público e da crítica de arte na contemporaneidade (como a instalação, a performance e o grafite). Questões que versam sobre o olhar moderno para arquitetura, gastronomia e, principalmente, para o atual debate referente ao conceito de “patrimônio cultural” também foram inseridas nesse módulo. Faça excelente uso do material que você tem em mãos. Realize as questões com tranquilidade e “atenção plena”. Lembre-se: o mais importante é a qualidade que você emprega para resolver cada item, e não apenas a quantidade de exercícios que conta ter feito. Desejamos que sua jornada de estudos rumo à aprovação seja feliz e enriquecedora. Grande abraço,

Lussandra Drummond Maria Fernandina Batista (organizadoras)

3

VOLUME 2

A presente apostila reúne, e setoriza em módulos, enorme parte das questões que foram aplicadas ao longo dos últimos treze anos de realização do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), na Prova de Linguagens, códigos e suas tecnologias e, em menor número, na Prova de Ciências Humanas e suas tecnologias.

SUMÁRIO MÓDULO 1

CONTEXTOS LITERÁRIOS MÓDULO 2

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS MÓDULO 3

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS MÓDULO 4

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

09

75

97

175

5

VOLUME 2

VOLUME 2

; ? “ ! ^ ” ~ : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? TREINAMENTO * : ! ~ ” ^ ! ~ ; “ ? ENEM * ” ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ?

* ” : ” :



*



*

COLETÂNEA DE QUESTÕES

2010 - 2022

” : ”



*

; ? “ ! ^ ” ~ : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ” ^ CONTEXTOS ! ~ ; “ LITERÁRIOS ? * ” ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ?

* ” : ” :



*



* ” : ”



*



No ano de 1985 aconteceu um acidente muito grave em Angra dos Reis, no Rio de Janeiro, perto da aldeia guarani de Sapukai. Choveu muito e as águas pluviais provocaram deslizamentos de terras das encostas da Serra do Mar, destruindo o Laboratório de Radioecologia da Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, construída em 1970 num lugar que os índios tupinambás, há mais de 500 anos, chamavam de Itaorna. O prejuízo foi calculado na época em 8 bilhões de cruzeiros. Os engenheiros responsáveis pela construção da usina nuclear não sabiam que o nome dado pelos índios continha informação sobre a estrutura do solo, minado pelas águas da chuva. Só descobriram que Itaorna, em língua tupinambá, quer dizer ‘pedra podre’, depois do acidente. FREIRE, J. R. B. Disponível em: www.taquiprati.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado).

Considerando-se a história da ocupação na região de Angra dos Reis mencionada no texto, os fenômenos naturais que a atingiram poderiam ter sido previstos e suas consequências minimizadas se  A. o acervo linguístico indígena fosse conhecido e valorizado.  B. as línguas indígenas brasileiras tivessem sido substituídas pela língua geral.  C. o conhecimento acadêmico tivesse sido priorizado pelos engenheiros.  D. a língua tupinambá tivesse palavras adequadas para descrever o solo.  E. o laboratório tivesse sido construído de acordo com as leis ambientais vigentes na época.

2

(ENEM 2015 AR)



Ao se apossarem do novo território, os europeus ignoraram um universo de antiga sabedoria, povoado por homens e bens unidos por um sistema integrado. A recusa em se inteirar dos valores culturais dos primeiros habitantes levou-os a uma descrição simplista desses grupos e à sua sucessiva destruição. Na verdade, não existe uma distinção entre a nossa arte e aquela produzida por povos tecnicamente menos desenvolvidos. As duas manifestações devem ser encaradas como expressões diferentes dos modos de sentir e pensar das várias sociedades, mas também como equivalentes, por resultarem de impulsos humanos comuns. SCATAMACHIA, M. C. M. In: AGUILAR, N. (Org.). Mostra do redescobrimento: arqueologia. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo – Associação Brasil 500 anos artes visuais, 2000.

De acordo com o texto, inexiste distinção entre as artes produzidas pelos colonizadores e pelos colonizados, pois ambas compartilham o(a) ambas compartilham o(a)  A. suporte artístico.  B. nível tecnológico.  C. base antropológica.  D. concepção estética.  E. referencial temático.

3

(ENEM 2015 AR)

3

As narrativas indígenas se sustentam e se perpetuam por uma tradição de transmissão oral (sejam as histórias verdadeiras dos seus antepassados, dos fatos e guerras recentes ou antigas; sejam as histórias de ficção, como aquelas da onça e do macaco). De fato, as comunidades indígenas nas chamadas “terras baixas da América do sul” (o que exclui as montanhas dos andes, por exemplo) não desenvolveram sistemas de escrita como os que conhecemos, sejam alfabéticos (como a escrita do português), sejam ideogramáticos (como a escrita dos chineses) ou outros. Somente nas sociedades indígenas com estratificação social (ou seja, já divididas em classes), como foram os astecas e os maias, é que surgiu algum tipo de escrita. A história da escrita parece mesmo mostrar claramente isso: que ela surge e se desenvolve – em qualquer das formas – apenas em sociedades estratificadas ( sumérios, egípcios, chineses, gregos etc.). O fato é que os povos indígenas no Brasil, por exemplo, não empregavam um sistema de escrita, mas garantiram a conservação e continuidade dos conhecimentos acumulados, das histórias passadas e, também, das narrativas que sua tradição criou, através da transmissão oral. Todas as tecnologias indígenas se transmitiram e se desenvolveram assim. E não foram poucas: por exemplo, foram os índios que domesticaram plantas silvestres e, muitas vezes, venenosas, criando o milho, a mandioca (ou macaxeira), o amendoim, as morangas e muitas outras mais (e também as desenvolveram muito; por exemplo, somente do milho criaram cerca de 250 variedades diferentes em toda a América). D´ ANGELIS, E R Histórias dos índios lá em casa: narrativas indígenas e tradição oral popular no Brasil. Disponível em: www.portalkaingang.org. Acesso em: 5 dez. 2012.

A escrita e a oralidade, nas diversas culturas, cumprem diferentes objetivos. O fragmento aponta que, nas sociedades indígenas brasileiras, a oralidade possibilitou

11

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2015 AR)

1

LEITURA ESTRATÉGICA  A. a conservação e a valorização dos grupos deten B. a preservação e a transmissão dos saberes e da memória cultural dos povos.  C. a manutenção e a reprodução dos modelos estratificados de organização social.  D. a restrição e a limitação do conhecimento acumulado a determinadas comunidades.  E. o reconhecimento e a legitimação da importância da fala como meio de comunicação.

4

(ENEM 2015 PPL)

(ENEM 2015 AR)

5

tores de certos saberes.



A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida. G NDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004 (adaptado).

A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, sobre a ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a  A. simplicidade da organização social das tribos brasileiras.



O primeiro contato dos suruís com o homem branco foi em 1969. A população indígena foi dizimada por doenças e matanças, mas, recentemente, voltou a crescer. Soa contraditório, mas a mesma modernidade que quase dizimou os suruís nos tempos do primeiro contato promete salvar a cultura e preservar o território desse povo. Em 2007, o líder Almir Suruí, de 37 anos, fechou uma parceria inédita e levou a tecnologia às tribos. Os índios passaram a valorizar a história dos anciãos. E a resguardar, em vídeos e fotos on-line, as tradições da aldeia. Ainda se valeram de smartphones e GPS para delimitar suas terras e identificar os desmatamentos ilegais.

 B. dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização.  C. superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena.  D. incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses.  E. dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua nativa.

RIBEIRO, A. Não temos o direito de ficar isolados. Época, n. 718, 20 fev. 2012 (adaptado).

Considerando-se as características históricas da relação entre índios e não índios, a suposta contradição observada na relação entre suruís e recursos da modernidade justifica-se porque os índios  A. aderiram à tecnologia atual como forma de assimilar a cultura do homem branco.  B. fizeram uso do GPS para identificar áreas propícias a novas plantações.  C. usaram recursos tecnológicos para registrar a cultura do seu povo.  D. fecharam parceria para denunciar as vidas perdidas por doenças e matanças.  E. resguardaram as tradições da aldeia à custa do isolamento provocado pela tecnologia moderna.

6

(ENEM 2014 AR)



Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem, reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem empreender suas viagens. J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In: DELUMEAU, J. História do medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).

Esse relato, associado ao imaginário das viagens marítimas da época moderna, expressa um sentimento de  A. gosto pela aventura.  B. fascínio pelo fantástico.  C. temor do desconhecido.  D. interesse pela natureza.  E. purgação dos pecados.

12

O índio era o único elemento então disponível para ajudar o colonizador como agricultor, pescador, guia, conhecedor da natureza tropical e, para tudo isso, deveria ser tratado como gente, ter reconhecidas sua inocência e alma na medida do possível. A discussão religiosa e jurídica em torno dos limites da liberdade dos índios se confundiu com uma disputa entre jesuítas e colonos. Os padres se apresentavam como defensores da liberdade, enfrentando a cobiça desenfreada dos colonos. CALDEIRA, J. A nação mercantilista. São Paulo: Editora 34, 1999 (adaptado).

(ENEM 2013 AR)

9

O canto triste dos conquistados: os últimos dias de Tenochtitlán Nos caminhos jazem dardos quebrados; os cabelos estão espalhados. Destelhadas estão as casas, Vermelhas estão as águas, os rios, como se alguém as tivesse tingido, Nos escudos esteve nosso resguardo, mas os escudos não detêm a desolação... PINSKY, J. et al. História da América através de textos. São Paulo: Contexto, 2007 (fragmento).

Entre os séculos XVI e XVIII, os jesuítas buscaram a conversão dos indígenas ao catolicismo. Essa aproximação dos jesuítas em relação ao mundo indígena foi mediada pela

O texto é um registro asteca, cujo sentido está relacionado ao(à)

 A. demarcação do território indígena.

 A. tragédia causada pela destruição da cultura desse

 B. manutenção da organização familiar.  C. valorização dos líderes religiosos indígenas.  D. preservação do costume das moradias coletivas.  E. comunicação pela língua geral baseada no Tupi.

povo.  B. tentativa frustrada de resistência a um poder considerado superior.  C. extermínio das populações indígenas pelo Exército espanhol.

(ENEM 2013 PPL)

8

Devem ser bons serviçais e habilidosos, pois noto que repetem logo o que a gente diz e creio que depressa se fariam cristãos; me pareceu que não tinham nenhuma religião. Eu, comprazendo a Nosso Senhor, levarei daqui, por ocasião de minha partida, seis deles para Vossas Majestades, para que aprendam a falar. COLOMBO, C. Diários da descoberta da América: as quatro viagens e o testamento. Porto Alegre: L&PM, 1984.

O documento destaca um aspecto cultural relevante em torno da conquista da América, que se encontra expresso em:  A. Deslumbramento do homem branco diante do comportamento exótico das tribos autóctones.  B. Violência militarizada do europeu diante da necessidade de imposição de regras aos ameríndios.  C. Cruzada civilizacional frente à tarefa de educar os povos nativos pelos parâmetros ocidentais.  D. Comportamento caridoso dos governos europeus

 D. dissolução da memória sobre os feitos de seus antepassados.  E. profetização das consequências da colonização da América.

10

(ENEM 2013 AR)

De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

A carta de Pero Vaz de Caminha permite entender o projeto colonizador para a nova terra. Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte objetivo:

diante da receptividade das comunidades indígenas.  E. Compromisso dos agentes religiosos diante da necessidade de respeitar a diversidade social dos índios.

13

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2014 AR)

7

LEITURA ESTRATÉGICA  A. Valorizar a catequese a ser realizada sobre os povos nativos.  B. Descrever a cultura local para enaltecer a prosperidade portuguesa.  C. Transmitir o conhecimento dos indígenas sobre o potencial econômico existente.  D. Realçar a pobreza dos habitantes nativos para de-

(ENEM 2011 AR)

12

Em geral, os nossos tupinambás ficam bem admirados ao ver os franceses e os outros dos países longínquos terem tanto trabalho para buscar o seu arabotã, isto é, pau-brasil. Houve uma vez um ancião da tribo que me fez esta pergunta: “Por que vindes vós outros, mairs e perós (franceses e portugueses), buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra?”

marcar a superioridade europeia.  E. Criticar o modo de vida dos povos autóctones para evidenciar a ausência de trabalho.

11

(ENEM 2012 AR)

Mas uma coisa ouso afirmar, porque há muitos testemunhos, e é que vi nesta terra de Veragua [Panamá] maiores indícios de ouro nos dois primeiros dias do que na Hispaniola em quatro anos, e que as terras da região não podem ser mais bonitas nem mais bem lavradas. Ali, se quiserem podem mandar extrair à vontade.

LÉRY, J. Viagem à Terra do Brasil. In: FERNANDES, F. Mudanças Sociais no Brasil. São Paulo: Difel, 1974.

O viajante francês Jean de Léry (1534-1611) reproduz um diálogo travado, em 1557, com um ancião tupinambá, o qual demonstra uma diferença entre a sociedade europeia e a indígena no sentido  A. do destino dado ao produto do trabalho nos seus sistemas culturais.  B. da preocupação com a preservação dos recursos ambientais.  C. do interesse de ambas em uma exploração comercial mais lucrativa do pau-brasil.

Carta de Colombo aos reis da Espanha, julho de 1503. Apud AMADO, J.; FIGUEIREDO, L. C. Colombo e a América: quinhentos anos depois. São Paulo: Atual, 1991 (adaptado).

 D. da curiosidade, reverência e abertura cultural re-

O documento permite identificar um interesse econômico espanhol na colonização da América a partir do século XV. A implicação desse interesse na ocupação do espaço americano está indicada na

 E. da preocupação com o armazenamento de madei-

cíprocas. ra para os períodos de inverno.

 A. expulsão dos indígenas para fortalecer o clero católico.  B. promoção das guerras justas para conquistar o território.  C. imposição da catequese para explorar o trabalho africano.  D. opção pela policultura para garantir o povoamento ibérico.  E. fundação de cidades para controlar a circulação de riquezas.

13

(ENEM 2010 AR)

Os vestígios dos povos Tupi-guarani encontram-se desde as Missões e o rio da Prata, ao sul, até o Nordeste, com algumas ocorrências ainda mal conhecidas no sul da Amazônia. A leste, ocupavam toda a faixa litorânea, desde o Rio Grande do Sul até o Maranhão. A oeste, aparecem (no rio da Prata) no Paraguai e nas terras baixas da Bolívia. Evitam as terras inundáveis do Pantanal e marcam sua presença discretamente nos cerrados do Brasil central. De fato, ocuparam, de preferência, as regiões de floresta tropical e subtropical. (PROUS. A. O Brasil antes dos brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Editor, 2005).

Os povos indígenas citados possuíam tradições culturais específicas que os distinguiam de outras sociedades indígenas e dos colonizadores europeus. Entre as tradições tupi-guarani, destacava-se

14

 A. da democracia racial, originado das relações cor-

dentes, dirigidas por um chefe, eleito pelos indiví-

diais estabelecidas entre portugueses e nativos no

duos mais velhos da tribo.

período anterior ao início da colonização brasileira.

 B. a ritualização da guerra entre as tribos e o caráter semissedentário de sua organização social.  C. a conquista de terras mediante operações militares, o que permitiu seu domínio sobre vasto território.

 B. da cordialidade brasileira, advinda da forma como os povos nativos se associaram economicamente aos portugueses, participando dos negócios coloniais açucareiros.  C. do brasileiro receptivo, oriundo da facilidade com

 D. o caráter pastoril de sua economia, que prescindia

que os nativos brasileiros aceitaram as regras im-

da agricultura para investir na criação de animais.

postas pelo colonizador, o que garantiu o sucesso

 E. o desprezo pelos rituais antropofágicos praticados em outras sociedades indígenas.

da colonização.  D. da natural miscigenação, resultante da forma como a metrópole incentivou a união entre colonos, ex-escravas e nativas para acelerar o povoamento da colônia.  E. do encontro, que identifica a colonização portuguesa como pacífica em função das relações de

(ENEM 2010 PPL)

14

Chegança

troca estabelecidas nos primeiros contatos entre portugueses e nativos.

Sou Pataxó, Sou Xavante e Carriri, Ianomâmi, sou Tupi Guarani, sou Carajá. Sou Pancararu, Carijó, Tupinajé, Sou Potiguar, sou Caeté, Ful-ni-ô, Tupinambá. Eu atraquei num porto muito seguro, Céu azul, paz e ar puro... Botei as pernas pro ar. Logo sonhei que estava no paraíso, Onde nem era preciso dormir para se sonhar. Mas de repente me acordei com a surpresa: Uma esquadra portuguesa veio na praia atracar. De grande-nau, Um branco de barba escura, Vestindo uma armadura me apontou pra me pegar. E assustado dei um pulo da rede, Pressenti a fome, a sede, Eu pensei: “vão me acabar”. Levantei-me de Borduna já na mão. Ai, senti no coração, O Brasil vai começar. NÓBREGA, A; e FREIRE, W. CD Pernambuco falando para o mundo, 1998.

A letra da canção apresenta um tema recorrente na história da colonização brasileira, as relações de poder entre portugueses e povos nativos, e representa uma crítica à ideia presente no chamado mito:

15

(ENEM 2010 PPL)

Dali avistamos homens que andavam pela praia, obra de sete ou oito. Eram pardos, todos nus. Nas mãos traziam arcos com suas setas. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas; e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam os beiços de baixo furados e metidos neles seus ossos brancos e verdadeiros. Os cabelos seus são corredios. CAMINHA, P. V. Carta. RIBEIRO, D. et al. Viagem pela história do Brasil: documentos. São Paulo: Companhia das Letras, 1997 (adaptado).

O texto é parte da famosa Carta de Pero Vaz de Caminha, documento fundamental para a formação da identidade brasileira. Tratando da relação que, desde esse primeiro contato, se estabeleceu entre portugueses e indígenas, esse trecho da carta revela a:

15

CONTEXTOS LITERÁRIOS

 A. a organização em aldeias politicamente indepen-

LEITURA ESTRATÉGICA  A. preocupação em garantir a integridade do colonizador diante da resistência dos índios à ocupação  B. postura etnocêntrica do europeu diante das características físicas e práticas culturais do indígena.  C. orientação da política da Coroa Portuguesa quanto à utilização dos nativos como mão de obra para colonizar a nova terra.  D. oposição de interesses entre portugueses e índios, que dificultava o trabalho catequético e exigia amplos recursos para a defesa da posse da nova terra.  E. abundância da terra descoberta, o que possibilitou a sua incorporação aos interesses mercantis portugueses, por meio da exploração econômica dos

(ENEM 2014 AR)

bre o conteúdo que será abordado no sermão.  B. conduzir o interlocutor à sua própria reflexão sobre os temas abordados nas pregações.

Páscoa de flores, dia de alegria Àquele Povo foi tão afligido O dia, em que por Deus foi redimido; Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.

 C. apresentar questionamentos para os quais a Igreja não possui respostas.  D. inserir argumentos à tese defendida pelo pregador sobre a eficácia das pregações.

Pois mandado pela alta Majestade Nos remiu de tão triste cativeiro, Nos livrou de tão vil calamidade.

 E. questionar a importância das pregações feitas pela Igreja durante os sermões.

Quem pode ser senão um verdadeiro Deus, que veio estirpar desta cidade O Faraó do povo brasileiro. DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos. São Paulo: Globo, 2006.

Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apresentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta temática expressa por

 B. preocupação com a identidade brasileira.  C. crítica velada à forma de governo vigente.  D. reflexão sobre os dogmas do cristianismo.  E. questionamento das práticas pagãs na Bahia.

VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965.

 A. provocar a necessidade e o interesse dos fiéis so-

Quando Deus redimiu da tirania Da mão do Faraó endurecido O Povo Hebreu amado, e esclarecido, Páscoa ficou da redenção o dia.

 A. visão cética sobre as relações sociais.

Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em um sermão entre em si e se resolva, não há um moço que se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto? Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fruto da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dúvida, será a matéria do sermão. Quero começar pregando-me a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a pregar; a vós, que aprendais a ouvir.

No Sermão da sexagésima, padre Antônio Vieira questiona a eficácia das pregações. Para tanto, apresenta como estratégia discursiva sucessivas interrogações, as quais têm por objetivo principal

índios.

16

(ENEM 2014 PPL)

Sermão da Sexagésima

da terra.

16

17

Em um engenho sois imitadores de Cristo crucificado porque padeceis em um modo muito semelhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio, e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites, as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciência, também terá merecimento de martírio. VIEIRA, A. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 (adaptado).

O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira estabelece uma relação entre a Paixão de Cristo e  A. a atividade dos comerciantes de açúcar nos portos brasileiros.

propósito de governar sua casa e dirigir suas ações como entendesse. Constava também que Aurélia tinha um tutor; mas essa entidade era desconhecida, a julgar pelo caráter da pupila, não devia exercer maior influência em sua vontade, do que a velha parenta. ALENCAR, J. Senhora. São Paulo: Ática, 2006.

O romance Senhora, de José de Alencar, foi publicado em 1875. No fragmento transcrito, a presença de D. Firmina Mascarenhas como “parenta” de Aurélia Camargo assimila práticas e convenções sociais inseridas no contexto do Romantismo, pois  A. o trabalho ficcional do narrador desvaloriza a mulher ao retratar a condição feminina na sociedade brasileira da época.  B. o trabalho ficcional do narrador mascara os hábitos no enredo de seu romance.  C. as características da sociedade em que Aurélia vivia são remodeladas na imaginação do narrador romântico.  D. o narrador evidencia o cerceamento sexista à au-

 B. a função dos mestres de açúcar durante a safra de cana.

toridade da mulher, financeiramente independente.  E. o narrador incorporou em sua ficção hábitos muito

 C. o sofrimento dos jesuítas na conversão dos ameríndios.

avançados para a sociedade daquele período histórico.

 D. o papel dos senhores na administração dos engenhos.  E. o trabalho dos escravos na produção de açúcar.

20 19

(ENEM 2015 PPL)

Quem não se recorda de Aurélia Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro e apagou-se de repente no meio do deslumbramento que produzira seu fulgor? Tinha ela dezoito anos quando apareceu a primeira vez na sociedade. Não a conheciam; e logo buscaram todos com avidez informações acerca da grande novidade do dia. Dizia-se muita coisa que não repetirei agora, pois a seu tempo saberemos a verdade, sem os comentos malévolos de que usam vesti-la os noveleiros. Aurélia era órfã; tinha em sua companhia uma velha parenta, viúva, D. Firmina Mascarenhas, que sempre a acompanhava na sociedade. Mas essa parenta não passava de mãe de encomenda, para condescender com os escrúpulos da sociedade brasileira, que naquele tempo não tinha admitido ainda certa emancipação feminina. Guardando com a viúva as deferências devidas à idade, a moça não declinava um instante do firme

(ENEM 2014 PPL)

Soneto Oh! Páginas da vida que eu amava, Rompei-vos! nunca mais! tão desgraçado!... Ardei, lembranças doces do passado! Quero rir-me de tudo que eu amava! E que doido que eu fui! como eu pensava Em mãe, amor de irmã! em sossegado Adormecer na vida acalentado Pelos lábios que eu tímido beijava! Embora — é meu destino. Em treva densa Dentro do peito a existência finda Pressinto a morte na fatal doença! A mim a solidão da noite infinda! Possa dormir o trovador sem crença. Perdoa minha mãe — eu te amo ainda! AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

17

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2012 AR)

18

LEITURA ESTRATÉGICA

A produção de Álvares de Azevedo situa-se na década de 1850, período conhecido na literatura brasileira como Ultrarromantismo. Nesse poema, a força expressiva da exacerbação romântica identifica-se com o(a)

 A. submissão de gênero, apoiada pela concepção patriarcal de família.  B. acesso aos produtos de beleza, decorrência da abertura dos portos.  C. ampliação do espaço de entretenimento, voltado

 A. amor materno, que surge como possibilidade de salvação para o eu lírico.  B. saudosismo da infância, indicado pela menção às figuras da mãe e da irmã.  C. construção de versos irônicos e sarcásticos, ape-

às distintas classes sociais.  D. proteção da honra, mediada pela disputa masculina em relação às damas da corte.  E. valorização do casamento cristão, respaldado pelos interesses vinculados à herança.

nas com aparência melancólica.  D. presença do tédio sentido pelo eu lírico, indicado pelo seu desejo de dormir.  E. fixação do eu lírico pela ideia da morte, o que o leva a sentir um tormento constante.

(ENEM 2010 AR)

22

SONETO Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!... já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece... Eis o estado que a mágoa me tem posto!

21

(ENEM 2013 AR)

TEXTO I Ela acorda tarde depois de ter ido ao teatro e à dança; ela lê romances, além de desperdiçar o tempo a olhar para a rua da sua janela ou da sua varanda; passa horas no toucador a arrumar o seu complicado penteado; um número igual de horas praticando piano e mais outras na sua aula de francês ou de dança. Comentário do Padre Lopes da Gama acerca dos costumes femininos [1839] apud SILVA, T. V. Z. Mulheres, cultura e literatura brasileira. Ipotesi — Revista de Estudos Literários, Juiz de Fora, v. 2. n. 2, 1998.

TEXTO II

O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive! AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.

O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é  A. a angústia alimentada pela constatação da irrever-

As janelas e portas gradeadas com treliças não eram cadeias confessas, positivas; mas eram, pelo aspecto e pelo seu destino, grandes gaiolas, onde os pais e maridos zelavam, sonegadas à sociedade, as filhas e as esposas. MACEDO, J. M. Memórias da Rua do Ouvidor [1878]. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 maio 2013 (adaptado).

A representação social do feminino comum aos dois textos é o(a)

sibilidade da morte.  B. a melancolia que frustra a possibilidade de reação diante da perda.  C. o descontrole das emoções provocado pela autopiedade.  D. o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa.  E. o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento.

18

24

Texto I Se eu tenho de morrer na flor dos anos! Meu Deus! não seja já; Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, Cantar o sabiá! Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro Respirando esse ar; Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo Os gozos do meu lar! Dá-me os sítios gentis onde eu brincava Lá na quadra infantil; Dá que eu veja uma vez o céu da pátria, O céu de meu Brasil! Se eu tenho de morrer na flor dos anos, Meu Deus! Não seja já! Eu quero ouvir cantar na laranjeira, à tarde, Cantar o sabiá! ABREU, C. Poetas românticos brasileiros. São Paulo: Scipione, 1993.

Texto II A ideologia romântica, argamassada ao longo do século XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-se em 1836. Durante quatro decênios, imperaram o “eu”, a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o nacionalismo, através da poesia, do romance, do teatro e do jornalismo (que fazia sua aparição nessa época). MOISÉS, M. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971

(ENEM 2015 AR)

Um dia, meu pai tomou-me pela mão, minha mãe beijou-me a testa, molhando-me de lágrimas os cabelos e eu parti. Duas vezes fora visitar o Ateneu antes da minha instalação. Ateneu era o grande colégio da época. Afamado por um sistema de nutrido reclame, mantido por um diretor que de tempos a tempos reformava o estabelecimento, pintando-o jeitosamente de novidade, como os negociantes que liquidam para recomeçar com artigos de última remessa; o Ateneu desde muito tinha consolidado crédito na preferência dos pais, sem levar em conta a simpatia da meninada, a cercar de aclamações o bombo vistoso dos anúncios. O Dr. Aristarco Argolo de Ramos, da conhecida família do Visconde de Ramos, do Norte, enchia o império com o seu renome de pedagogo. Eram boletins de propaganda pelas províncias, conferências em diversos pontos da cidade, a pedidos, à substância, atochando a imprensa dos lugarejos, caixões, sobretudo, de livros elementares, fabricados às pressas com o ofegante e esbaforido concurso de professores prudentemente anônimos, caixões e mais caixões de volumes cartonados em Leipzig, inundando as escolas públicas de toda a parte com a sua invasão de capas azuis, róseas, amarelas, em que o nome de Aristarco, inteiro e sonoro, oferecia-se ao pasmo venerador dos esfaimados de alfabeto dos confins da pátria. Os lugares que não procuravam eram um belo dia surpreendidos pela enchente, gratuita, espontânea, irresistível! E não havia senão aceitar a farinha daquela marca para o pão do espírito.

(fragmento).

POMPÉIA, R. O Ateneu. São Paulo: Scipione, 2005.

De acordo com as considerações de Massaud Moisés no Texto II, o Texto I centra-se

Ao descrever o Ateneu e as atitudes de seu diretor, o narrador revela um olhar sobre a inserção social do colégio demarcado pela:

 A. no imperativo do “eu”, reforçando a ideia de que estar longe do Brasil é uma forma de estar bem, já que o país sufoca o eu lírico.  B. no nacionalismo, reforçado pela distância da pátria e pelo saudosismo em relação à paisagem agradável onde o eu lírico vivera a infância.  C. na liberdade formal, que se manifesta na opção por versos sem métrica rigorosa e temática voltada para o nacionalismo.  D. no fazer anárquico, entendida a poesia como negação do passado e da vida, seja pelas opções for-

 A. ideologia mercantil da educação, repercutida nas vaidades pessoais.  B. interferência afetiva das famílias, determinantes no processo educacional.  C. produção pioneira de material didático, responsável pela facilitação do ensino.  D. ampliação do acesso à educação, com a negociação dos custos escolares.  E. cumplicidade entre educadores e famílias, unidos pelo interesse comum do avanço social.

mais, seja pelos temas.  E. no sentimentalismo, por meio do qual se reforça a alegria presente em oposição à infância, marcada pela tristeza.

19

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2010 PPL)

23

LEITURA ESTRATÉGICA

25

(ENEM 2014 PPL)

26

(ENEM 2013 AR)

O mulato

Capítulo LIV — A pêndula

Ana Rosa cresceu; aprendera de cor a gramática do Sotero dos Reis; lera alguma coisa; sabia rudimentos de francês e tocava modinhas sentimentais ao violão e ao piano. Não era estúpida; tinha a intuição perfeita da virtude, um modo bonito, e por vezes lamentara não ser mais instruída. Conhecia muitos trabalhos de agulha; bordava como poucas, e dispunha de uma gargantazinha de contralto que fazia gosto de ouvir. Uma só palavra boiava à superfície dos seus pensamentos: “Mulato”. E crescia, crescia, transformando-se em tenebrosa nuvem, que escondia todo o seu passado. Ideia parasita, que estrangulava todas as outras ideias. — Mulato! Esta só palavra explicava-lhe agora todos os mesquinhos escrúpulos, que a sociedade do Maranhão usara para com ele. Explicava tudo: a frieza de certas famílias a quem visitara; as reticências dos que lhe falavam de seus antepassados; a reserva e a cautela dos que, em sua presença, discutiam questões de raça e de sangue.

Saí dali a saborear o beijo. Não pude dormir; estirei-me na cama, é certo, mas foi o mesmo que nada. Ouvi as horas todas da noite. Usualmente, quando eu perdia o sono, o bater da pêndula fazia-me muito mal; esse tique-taque soturno, vagaroso e seco parecia dizer a cada golpe que eu ia ter um instante menos de vida. Imaginava então um velho diabo, sentado entre dois sacos, o da vida e o da morte, e a contá-las assim: — Outra de menos... — Outra de menos... — Outra de menos... — Outra de menos... O mais singular é que, se o relógio parava, eu dava-lhe corda, para que ele não deixasse de bater nunca, e eu pudesse contar todos os meus instantes perdidos. Invenções há, que se transformam ou acabam; as mesmas instituições morrem; o relógio é definitivo e perpétuo. O derradeiro homem, ao despedir-se do sol frio e gasto, há de ter um relógio na algibeira, para saber a hora exata em que morre. Naquela noite não padeci essa triste sensação de enfado, mas outra, e deleitosa. As fantasias tumultuavam-me cá dentro, vinham umas sobre outras, à semelhança de devotas que se abalroam para ver o anjo-cantor das procissões. Não ouvia os instantes perdidos, mas os minutos ganhados.

AZEVEDO, A. O Mulato. São Paulo: Ática, 1996 (fragmento).

O texto de Aluísio Azevedo é representativo do Naturalismo, vigente no final do século XIX. Nesse fragmento, o narrador expressa fidelidade ao discurso naturalista, pois

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992 (fragmento).

 A. relaciona a posição social a padrões de comportamento e à condição de raça.  B. apresenta os homens e as mulheres melhores do que eram no século XIX.  C. mostra a pouca cultura feminina e a distribuição de saberes entre homens e mulheres.  D. ilustra os diferentes modos que um indivíduo tinha de ascender socialmente.  E. critica a educação oferecida às mulheres e os maus-tratos dispensados aos negros.

O capítulo apresenta o instante em que Brás Cubas revive a sensação do beijo trocado com Virgília, casada com Lobo Neves. Nesse contexto, a metáfora do relógio desconstrói certos paradigmas românticos, porque  A. o narrador e Virgília não têm percepção do tempo em seus encontros adúlteros.  B. como “defunto autor”, Brás Cubas reconhece a inutilidade de tentar acompanhar o fluxo do tempo.  C. na contagem das horas, o narrador metaforiza o desejo de triunfar e acumular riquezas.  D. o relógio representa a materialização do tempo e redireciona o comportamento idealista de Brás Cubas.  E. o narrador compara a duração do sabor do beijo à perpetuidade do relógio.

20

(ENEM 2012 PPL)

— É o diabo!... praguejava entre dentes o brutalhão, enquanto atravessava o corredor ao lado do Conselheiro, enfiando às pressas o seu inseparável sobretudo de casimira alvadia. — É o diabo! Esta menina já devia ter casado! — Disso sei eu... balbuciou o outro. — E não é por falta de esforços de minha parte; creia! — Diabo! Faz lástima que um organismo tão rico e tão bom para procriar, se sacrifique desse modo! Enfim — ainda não é tarde; mas, se ela não se casar quanto antes — hum... hum!... Não respondo pelo resto! — Então o Doutor acha que...? Lobão inflamou-se: Oh! o Conselheiro não podia imaginar o que eram aqueles temperamentozinhos impressionáveis!... eram terríveis, eram violentos, quando alguém tentava contrariá-los! Não pediam — exigiam — reclamavam! AZEVEDO, A. O homem. Belo Horizonte: UFMG, 2003 (fragmento).

O romance O homem, de Aluísio Azevedo, insere-se no contexto do Naturalismo, marcado pela visão do cientificismo. No fragmento, essa concepção aplicada à mulher define-se por uma

sos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo. AZEVEDO, A. O cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento).

No romance O Cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois

 A. destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas.  B. exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo.  C. mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português.  D. destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses.  E. atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais.

 A. conivência com relação à rejeição feminina de assumir um casamento arranjado pelo pai.  B. caracterização da personagem feminina como um estereótipo da mulher sensual e misteriosa.  C. convicção de que a mulher é um organismo frágil e condicionado por seu ciclo reprodutivo.  D. submissão da personagem feminina a um processo que a infantiliza e limita intelectualmente.  E. incapacidade de resistir às pressões socialmente impostas, representadas pelo pai e pelo médico.

28

(ENEM 2011 AR)

Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música feita de beijos e soluços gosto-

29

(ENEM 2010 AR)

Capítulo III Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xícara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja - primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços. ASSIS, M. Quincas Borba. In: Obra completa. V1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993. (fragmento).

Quincas Borba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside

21

CONTEXTOS LITERÁRIOS

27

LEITURA ESTRATÉGICA  A. no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência.  B. no sentimento de nostalgia do passado devido à substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes.  C. na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião.  D. na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho.  E. na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia.

30

(ENEM 2010 PPL)

Quincas Borba mal podia encobrir a satisfação do triunfo. Tinha uma asa de frango no prato, e trincava-a com filosófica serenidade. Eu fiz-lhe ainda algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo em destruí-las. — Para entender bem o meu sistema, concluiu ele, importa não esquecer nunca o princípio universal, repartido e resumido em cada homem. Olha: a guerra, que parece uma calamidade, é uma operação conveniente, como se disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava filosoficamente a asa do frango), a fome é uma prova a que Humanitas submete a própria víscera. Mas eu não quero outro documento da sublimidade do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi plantado por um africano, suponhamos, importado de Angola. Nasceu esse africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um navio construído de madeira cortada no mato por dez ou doze homens, levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de uma multidão de esforços e lutas, executadas com o único fim de dar mate ao meu apetite.

31

Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste! Criança! não verás nenhum país como este! Olha que céu! que mar! que rios! que floresta! A Natureza, aqui, perpetuamente em festa, É um seio de mãe a transbordar carinhos. Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos, Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos! Vê que luz, que calor, que multidão de insetos! Vê que grande extensão de matas, onde impera, Fecunda e luminosa, a eterna primavera! Boa terra! jamais negou a quem trabalha O pão que mata a fome, o teto que agasalha… Quem com o seu suor a fecunda e umedece, Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece! Criança! não verás país nenhum como este: Imita na grandeza a terra em que nasceste! BILAC, O. Poesias infantis. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1929.

Publicado em 1904, o poema A pátria harmoniza-se com um projeto ideológico em construção na Primeira República. O discurso poético de Olavo Bilac ecoa esse projeto, na medida em que

 A. a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.  B. a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.  C. os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.  D. a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.  E. a valorização do trabalhador passa a integrar o conceito de bem-estar social experimentado.

ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 1975.

A filosofia de Quincas Borba — a Humanitas — contém princípios que, conforme a explanação do personagem, consideram a cooperação entre as pessoas uma forma de  A. lutar pelo bem da coletividade.  B. atender a interesses pessoais.  C. erradicar a desigualdade social.  D. minimizar as diferenças individuais.  E. estabelecer vínculos sociais profundos.

22

(ENEM 2015 AR)

32

(ENEM 2014 PPL)

Abrimos o Brasil a todo o mundo: mas queremos que o Brasil seja Brasil! Queremos conservar a nossa raça, a nossa história, e, principalmente, a nossa língua, que é toda a nossa vida, o nosso sangue, a nossa alma, a nossa religião. BILAC, O. Últimas conferências e discursos. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1927.

Nesse trecho, Olavo Bilac manifesta seu engajamento na constituição da identidade nacional e linguística, ressaltando a

 B. religiosidade do povo brasileiro.  C. abertura do Brasil para a democracia.  D. importância comercial do Brasil.  E. autorreferência do povo como brasileiro.

34

CONTEXTOS LITERÁRIOS

 A. transformação da cultura brasileira.

(ENEM 2014 AR)

Ninguém sentiu o teu espasmo obscuro, ó ser humilde entre os humildes seres, embriagado, tonto de prazeres, o mundo para ti foi negro e duro. Atravessaste no silêncio escuro a vida presa a trágicos deveres e chegaste ao saber de altos saberes tornando-te mais simples e mais puro.

33

(ENEM 2013 AR)

Mal secreto Se a cólera que espuma, a dor que mora N’alma, e destrói cada ilusão que nasce, Tudo o que punge, tudo o que devora O coração, no rosto se estampasse; Se se pudesse, o espírito que chora, Ver através da máscara da face, Quanta gente, talvez, que inveja agora Nos causa, então piedade nos causasse! Quanta gente que ri, talvez, consigo Guarda um atroz, recôndito inimigo, Como invisível chaga cancerosa! Quanta gente que ri, talvez existe, Cuja ventura única consiste Em parecer aos outros venturosa! CORREIA, R. In: PATRIOTA, M. Para compreender Raimundo Correia. Brasília: Alhambra, 1995.

Coerente com a proposta parnasiana de cuidado formal e racionalidade na condução temática, o soneto de Raimundo Correia reflete sobre a forma como as emoções do indivíduo são julgadas em sociedade. Na concepção do eu lírico, esse julgamento revela que

 A. a paisagem natural ganha contornos surreais, como o projeto brasileiro de grandeza.  B. a prosperidade individual, como a exuberância da terra, independe de políticas de governo.  C. os valores afetivos atribuídos à família devem ser aplicados também aos ícones nacionais.  D. a capacidade produtiva da terra garante ao país a riqueza que se verifica naquele momento.  E. a valorização do trabalhador passa a integrar o

Ninguém te viu o sentimento inquieto, magoado, oculto e aterrador, secreto, que o coração te apunhalou no mundo, Mas eu que sempre te segui os passos sei que cruz infernal prendeu-te os braços e o teu suspiro como foi profundo! SOUSA, C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1961.

Com uma obra densa e expressiva no Simbolismo brasileiro, Cruz e Sousa transpôs para seu lirismo uma sensibilidade em conflito com a realidade vivenciada. No soneto, essa percepção traduz-se em  A. sofrimento tácito diante dos limites impostos pela discriminação.  B. tendência latente ao vício como resposta ao isolamento social.  C. extenuação condicionada a uma rotina de tarefas degradantes.  D. frustração amorosa canalizada para as atividades intelectuais.  E. vocação religiosa manifesta na aproximação com a fé cristã.

35

(ENEM 2014 AR)

Psicologia de um vencido Eu, filho do carbono e do amoníaco, Monstro de escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis da infância, A influência má dos signos do zodíaco. Profundissimamente hipocondríaco, Este ambiente me causa repugnância... Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia, Que se escapa da boca de um cardíaco.

conceito de bem-estar social experimentado.

23

LEITURA ESTRATÉGICA Já o verme — este operário de ruínas — Que o sangue podre das carnificinas Come, e à vida, em geral, declara guerra, Anda a espreitar meus olhos para roê-los, E há de deixar-me apenas os cabelos, Na frialdade inorgânica da terra! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como  A. a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário requintado, além

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotismo se fizera combatente, o que achara? Decepções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções. A pátria que quisera ter era um mito; um fantasma criado por ele no silêncio de seu gabinete. BARRETO, L. Triste fim de Policarpo Quaresma. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2011.

O romance Triste fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, foi publicado em 1911. No fragmento destacado, a reação do personagem aos desdobramentos de suas iniciativas patrióticas evidencia que

do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no Modernismo.

 A. a dedicação de Policarpo Quaresma ao conhe-

 B. o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia sim-

cimento da natureza brasileira levou-o a estudar

bolista, manifesta em metáforas como “Monstro de

inutilidades, mas possibilitou-lhe uma visão mais

escuridão e rutilância, Sofro, desde a epigênesis

ampla do país.

da infância, a influência má dos signos do zodíaco”.

 B. a curiosidade em relação aos heróis da pátria le-

 C. a seleção lexical emprestada ao cientificismo,

vou-o ao ideal de prosperidade e democracia que

como se lê em “carbono e amoníaco”, “epigênesis

o personagem encontra no contexto republicano.

da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a

 C. a construção de uma pátria a partir de elementos

visão naturalista do homem.  D. a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o desconcerto existencial.  E. a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos modernistas.

míticos, como a cordialidade do povo, a riqueza do solo e a pureza linguística, conduz à frustração ideológica.  D. a propensão do brasileiro ao riso, ao escárnio, justifica a reação de decepção e desistência de Policarpo Quaresma, que prefere resguardar-se em seu gabinete.  E. a certeza da fertilidade da terra e da produção agrícola incondicional faz parte de um projeto ideológico salvacionista, tal como foi difundido na época do autor.

36

(ENEM 2012 AR)

Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das coisas do tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

24

(ENEM 2011 PPL)

— Adiante... Adiante... Não pares... Eu vejo. Canaã! Canaã! Mas o horizonte da planície se estendia pelo seio da noite e se confundia com os céus. Milkau não sabia para onde o impulso os levava: era o desconhecido que os atraía com a poderosa e magnética força da Ilusão. Começava a sentir a angustiada sensação de uma corrida no Infinito... — Canaã! Canaã!... suplicava ele em pensamento, pedindo à noite que lhe revelasse a estrada da Promissão. E tudo era silêncio, e mistério... Corriam... corriam. E o mundo parecia sem fim, e a terra do Amor mergulhada, sumida na névoa incomensurável... E Milkau, num sofrimento devorador, ia vendo que tudo era o mesmo; horas e horas, fatigados de voar, e nada variava, e nada lhe aparecia... Corriam... corriam... ARANHA, G. Canaã. São Paulo: Ática, 1998 (fragmento).

O sonho da terra prometida revela-se como valor humano que faz parte do imaginário literário brasileiro desde a chegada dos portugueses. Ao descrever a situação final das personagens Milkau e Maria, Graça Aranha resgata esse desejo por meio de uma perspectiva  A. subjetiva, pois valoriza a visão exótica da pátria

38

(ENEM 2010 AR)

Negrinha Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma – “dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral’’, dizia o referendo. Ótima, a dona Inácia. Mas não admitia choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos – e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo – essa indecência de negro igual. LOBATO, M. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro:

brasileira.  B. simbólica, pois descreve o amor de um estrangeiro pelo Brasil.  C. idealizada, pois relata o sonho de uma pátria acolhedora de todos.  D. realista, pois traz dados de uma terra geograficamente situada.  E. crítica, pois retrata o desespero de quem não alcançou sua terra.

Objetiva, 2000 (fragmento).

A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se no contexto, pela  A. falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas.  B. receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas.  C. ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças.  D. resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto.  E. rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos.

25

CONTEXTOS LITERÁRIOS

37

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2010 AR)

39

40

(ENEM 2015 AR)

Texto I

Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).

Texto II

Máscara senufo, Mali. Madeira e fibra vegetal. Acervo do MAE/USP.

A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência dela. Como se sentia estar no seu reino, na região em que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das mulheres acabavam o sentimento de sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a rua do Catete com o seu passo miúdo e sólido. [...] No caminho trocou cumprimento com as raparigas pobres de uma casa de cômodos da vizinhança. [...] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres raparigas, ela continuou o seu caminho, arrepanhando a saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os seus domínios.

BARRETO, L. Um e outro. In: Clara dos anjos. Rio de Janeiro: Editora Mérito (fragmento).

A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas, contos e romances do final do século XIX e início do XX, muitos dos quais elegem a rua para explorar essa experiência. Nos fragmentos I e II, a rua é vista, respectivamente, como lugar que  A. desperta sensações contraditórias e desejo de reconhecimento.  B. favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos dotes físicos.  C. possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros casuais.  D. propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal.  E. promove o anonimato e a segregação social.

26

As formas plásticas nas produções africanas conduziram artistas modernos do início do século XX, como Pablo Picasso, a algumas proposições artísticas denominadas vanguardas. A máscara remete à  A. preservação da proporção.  B. idealização do movimento.  C. estruturação assimétrica.  D. sintetização das formas.  E. valorização estética.

(ENEM 2015 AR)

42

CONTEXTOS LITERÁRIOS

41

(ENEM 2012 AR)

ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

MAGRITTE, R. A reprodução proibida. Óleo sobre tela, 81,3 x 65 cm. Museum Boijmans Van Buningen, Holanda,1937.

O Surrealismo configurou-se como uma das vanguardas artísticas europeias do início do século XX. René Magritte, pintor belga, apresenta elementos dessa vanguarda em suas produções. Um traço do Surrealismo presente nessa pintura é o(a)  A. justaposição de elementos díspares, observada na imagem do homem no espelho.

O quadro Les Demoiselles d’Avignon (1907), de Pablo Picasso, representa o rompimento com a estética clássica e a revolução da arte no início do século XX. Essa nova tendência se caracteriza pela

 A. pintura de modelos em planos irregulares.  B. mulher como temática central da obra.  C. cena representada por vários modelos.  D. oposição entre tons claros e escuros.  E. nudez explorada como objeto de arte.

 B. crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem do homem olhando sempre para frente.  C. construção de perspectiva, apresentada na sobreposição de planos visuais.  D. processo de automatismo, indicado na repetição da imagem do homem.

Imagem para questões 43 e 44

 E. procedimento de colagem, identificado no reflexo do livro no espelho.

LÉGER, F. Soldados jogando cartas. 1917. FARTHING, S. Coleção Grandes Artistas. Rio de Janeiro: Sextante, 2009

27

LEITURA ESTRATÉGICA

43

(ENEM 2011 PPL)

45

(ENEM 2011 AR)

As vanguardas europeias não devem ser vistas isoladamente, uma vez que elas apresentam alguns conceitos estéticos e visuais que se aproximam. Com base nos conceitos vanguardistas, entre eles o de exploração de formas geometrizadas do Cubismo, no início do século XX, o quadro Soldados jogando cartas explora uma

 A. abordagem sentimentalista do homem.  B. imagem plana para expressar a industrialização.  C. aproximação impossível entre máquina e homem.  D. uniformidade de tons como crítica à industrialização.  E. mecanização do homem expressa por formas tubulares.

44

(ENEM 2011 PPL)

Fernand Léger, artista francês envolvido com o movimento cubista, tinha como princípio transformar imagens em figuras geométricas, especialmente cones, esferas e cilindros. A obra apresentada mostra o homem em uma alusão à Revolução Industrial e ao pós I Guerra Mundial e explora

PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 x 777cm. Museu Reina Sofia, Espanha, 1937.

O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo  A. painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à re-

 A. as formas retilíneas e mecanizadas, sem valorização da questão espacial.  B. as formas delicadas e sutis, para humanizar o operário da indústria têxtil.  C. a força da máquina na vida do trabalhador pelo jogo de formas, luz/sombra.  D. os recursos oriundos de um mesmo plano visual para dar sentido a sua proposta.  E. a forma robótica dada aos operários, privilegiando os aspectos triangulares

alidade, colocando-se em plano frontal ao espectador.  B. horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo brutal de crueldade do ser humano.  C. uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica.  D. esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana a serviço da objetividade, observada pelo uso do claro-escuro.  E. uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográfica livre de sentimentalismos.

28

(ENEM 2010 AR)

47

(ENEM 2010 AR)

“Todas as manhãs quando acordo, experimento um prazer supremo: o de ser Salvador Dalí.” NÉRET, G. Salvador Dalí. Taschen, 1996.

Assim escreveu o pintor dos “relógios moles” e das “girafas em chamas” em 1931. Esse artista excêntrico deu apoio ao general Franco durante a Guerra Civil Espanhola e, por esse motivo, foi afastado do movimento surrealista por seu líder, André Breton. Dessa forma, Dalí criou seu próprio estilo, baseado na interpretação dos sonhos e nos estudos de Sigmund Freud, denominado “método de interpretação paranoico”. Esse método era constituído por textos visuais que demonstram imagens  A. do fantástico, impregnado de civismo pelo governo espanhol, em que a busca pela emoção e pela dramaticidade desenvolveram um estilo incomparável.  B. do onírico, que misturava sonho com realidade e interagia refletindo a unidade entre o consciente e o inconsciente como um universo único ou pessoal.  C. da linha inflexível da razão, dando vazão a uma forma de produção despojada no traço, na temática MONET, C. Mulher com sombrinha. 1875. 100x81cm. In: BECKETT, W. História da Pintura. São Paulo: Ática, 1997.

Em busca do maior naturalismo em suas obras e fundamentando-se em novo conceito estético, Monet, Degas, Renoir e outros artistas passaram a explorar novas formas de composição artística, que resultaram no estilo denominado Impressionismo. Observadores atentos da natureza, esses artistas passaram a  A. retratar, em suas obras, as cores que idealizavam

e nas formas vinculadas ao real.  D. do reflexo que, apesar do termo “paranoico”, possui sobriedade e elegância advindas de uma técnica de cores discretas e desenhos precisos.  E. da expressão e intensidade entre o consciente e a liberdade, declarando o amor pela forma de conduzir o enredo histórico dos personagens retratados.

de acordo com o reflexo da luz solar nos objetos.  B. usar mais a cor preta, fazendo contornos nítidos, que melhor definiam as imagens e as cores do objeto representado.  C. retratar paisagens em diferentes horas do dia, recriando, em suas telas, as imagens por eles idealizadas.  D. usar pinceladas rápidas de cores puras e dissociadas diretamente na tela, sem misturá-las antes na paleta.  E. usar as sombras em tons de cinza e de preto e com efeitos esfumaçados, tal como eram realizadas no Renascimento.

48

(ENEM 2015 AR)

Em junho de 1913, embarquei para a Europa a fim de me tratar num sanatório suíço. Escolhi o de Clavadel, perto de Davos-Platz, porque a respeito dele me falara João Luso, que ali passara um inverno com a senhora. Mais tarde vim a saber que antes de existir no lugar um sanatório, lá estivera por algum tempo Antônio Nobre. “Ao cair das folhas”, um dos seus mais belos sonetos, talvez o meu predileto, está datado de ”Clavadel, outubro, 1895”. Fiquei na Suíça até outubro de 1914. BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.

No relato de memórias do autor, entre os recursos usados para organizar a sequência dos eventos narrados, destaca-se a

29

CONTEXTOS LITERÁRIOS

46

LEITURA ESTRATÉGICA  A. a construção de frases curtas a fim de conferir dinamicidade ao texto.  B. presença de advérbios de lugar para indicar a progressão dos fatos.  C. alternância de tempos do pretérito para ordenar os acontecimentos.  D. inclusão de enunciados com comentários e avaliações pessoais.  E. alusão a pessoas marcantes na trajetória de vida do escritor.

 A. resquícios do discurso naturalista usado pelos escritores do século XIX.  B. ausência de linearidade no tratamento do tempo, recurso comum ao texto narrativo da primeira fase modernista.  C. referência à fauna como meio de denunciar o primitivismo e o atraso de algumas regiões do país.  D. descrição preconceituosa dos tipos populares brasileiros, representados por Macunaíma e Caiuanogue.  E. uso da linguagem coloquial e de temáticas do lendário brasileiro como meio de valorização da cultura popular nacional.

(ENEM 2014 AR)

50

Camelôs

49

(ENEM 2015 PPL)

Vei, a Sol Ora o pássaro careceu de fazer necessidade, fez e o herói ficou escorrendo sujeira de urubu. Já era de madrugadinha e o tempo estava inteiramente frio. Macunaíma acordou tremendo, todo lambuzado. Assim mesmo examinou bem a pedra mirim da ilhota para vê si não havia alguma cova com dinheiro enterrado. Não havia não. Nem a correntinha encantada de prata que indica pro escolhido, tesouro de holandês. Havia só as formigas jaquitaguas ruivinhas. Então passou Caiuanogue, a estrela da manhã. Macunaíma já meio enjoado de tanto viver pediu pra ela que o carregasse pro céu. Caiuanogue foi se chegando porém o herói fedia muito. — Vá tomar banho! — ela fez. E foi-se embora. Assim nasceu a expressão “Vá tomar banho” que os brasileiros empregam se referindo a certos imigrantes europeus. ANDRADE, M. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

O fragmento de texto faz parte do capítulo VII, intitulado “Vei, a Sol”, do livro Macunaíma, de Mário de Andrade, pertencente à primeira fase do Modernismo brasileiro. Considerando a linguagem empregada pelo narrador, é possível identificar

30

Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: O que vende balõezinhos de cor O macaquinho que trepa no coqueiro O cachorrinho que bate com o rabo Os homenzinhos que jogam box A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma. Alegria das calçadas Uns falam pelos cotovelos: — “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu acender o charuto. Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...” Outros, coitados, têm a língua atada. Todos porém sabem mexer nos cordéis com o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades. E ensinam no tumulto das ruas os mitos heróicos da meninice... E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007

Uma das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque

cionais da criança brasileira.

É macaquear A sintaxe lusíada… BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

 B. promove uma reflexão sobre a realidade de pobreza dos centros urbanos.  C. traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos de significação corriqueira.

Segundo o poema de Manuel Bandeira, as variações linguísticas originárias das classes populares devem ser

 D. introduz a interlocução como mecanismo de construção de uma poética nova.  E. constata a condição melancólica dos homens distantes da simplicidade infantil.

 A. satirizadas, pois as várias formas de se falar o português no Brasil ferem a língua portuguesa autêntica.  B. questionadas, pois o povo brasileiro esquece a sintaxe da língua portuguesa.  C. subestimadas, pois o português “gostoso” de Por-

51

(ENEM 2014 PPL)

tugal deve ser a referência de correção linguística.  D. reconhecidas, pois a formação cultural brasileira é

Cena

garantida por meio da fala do povo.

O canivete voou E o negro comprado na cadeia Estatelou de costas E bateu coa cabeça na pedra ANDRADE, O. Pau-brasil. São Paulo: Globo, 2001.

O Modernismo representou uma ruptura com os padrões formais e temáticos até então vigentes na literatura brasileira. Seguindo esses aspectos, o que caracteriza o poema Cena como modernista é o(a)

 E. reelaboradas, pois o povo “macaqueia” a língua portuguesa original.

(ENEM 2014 PPL)

53

TEXTO I

 A. construção linguística por meio de neologismo.  B. estabelecimento de um campo semântico inusitado.  C. configuração de um sentimentalismo conciso e irônico.  D. subversão de lugares-comuns tradicionais.  E. uso da técnica de montagem de imagens justaposAbaporu. Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 4 ago. 2012.

tas.

TEXTO II 52

(ENEM 2014 PPL)

Evocação do Recife A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros Vinha da boca do povo na língua errada do povo Língua certa do povo Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil Ao passo que nós O que fazemos

Em janeiro de 1928, Tarsila queria dar um presente de aniversário especial ao seu marido, Oswald de Andrade. Pintou o Abaporu. Eles acharam que parecia uma figura indígena, antropófaga, e Tarsila lembrou-se do dicionário tupi-guarani de seu pai. Batizou-se o quadro de Abaporu, que significa homem que come carne humana, o antropófago. E Oswald escreveu o Manifesto Antropófago e fundaram o Movimento Antropofágico. Disponível em: www.tarsiladoamaral.com.br. Acesso em: 4 ago. 2012 (adaptado).

31

CONTEXTOS LITERÁRIOS

 A. realiza um inventário dos elementos lúdicos tradi-

LEITURA ESTRATÉGICA

O movimento originado da obra Abaporu pretendia se apropriar

 A. direcionamentos possíveis para uma leitura crítica de dados histórico-culturais.  B. forma clássica da construção poética brasileira.

 A. da cultura europeia, para originar algo brasileiro.

 C. rejeição à ideia do Brasil como o país do futebol.

 B. da arte clássica, para copiar o seu ideal de beleza.

 D. intervenções de um leitor estrangeiro no exercício

 C. do ideário republicano, para celebrar a moderni-

de leitura poética.  E. lembretes de palavras tipicamente brasileiras

dade.  D. das técnicas artísticas nativas, para consagrar sua

substitutivas das originais.

tradição.  E. da herança colonial brasileira, para preservar sua identidade.

(ENEM 2012 PPL)

55

Sambinha

54

(ENEM 2013 AR)

Vêm duas costureirinhas pela rua das Palmeiras. Afobadas braços dados depressinha Bonitas, Senhor! que até dão vontade pros homens da rua. As costureirinhas vão explorando perigos... Vestido é de seda. Roupa-branca é de morim. Falando conversas fiadas As duas costureirinhas passam por mim. — Você vai? — Não vou não! Parece que a rua parou pra escutá-las. Nem trilhos sapecas Jogam mais bondes um pro outro. E o Sol da tardinha de abril Espia entre as pálpebras sapiroquentas de duas nuvens. As nuvens são vermelhas. A tardinha cor-de-rosa. Fiquei querendo bem aquelas duas costureirinhas... Fizeram-me peito batendo Tão bonitas, tão modernas, tão brasileiras! Isto é... Uma era ítalo-brasileira. Outra era áfrico-brasileira. Uma era branca. Outra era preta. ANDRADE, M. Os melhores poemas. São Paulo: Global, 1988.

MUSEU DA LÍNGUA PORTUGUESA. Oswald de Andrade: o culpado de tudo. 27 set. 2011 a 29 jan. 2012. São Paulo: Prol Gráfica, 2012.

O poema de Oswald de Andrade remonta à ideia de que a brasilidade está relacionada ao futebol. Quanto à questão da identidade nacional, as anotações em torno dos versos constituem

32

Os poetas do Modernismo, sobretudo em sua primeira fase, procuraram incorporar a oralidade ao fazer poético, como parte de seu projeto de configuração de uma identidade linguística e nacional. No poema de Mário de Andrade esse projeto revela-se, pois

 A. abordado subliminarmente, por meio de expres-

nhar de duas costureirinhas pela rua das Palmeiras

sões como “coração arlequinal” que, evocando o

— mas o andamento dos versos é truncado, o que

carnaval, remete à brasilidade.

faz com que o evento perca a naturalidade.  B. a sensibilidade do eu poético parece captar o movimento dançante das costureirinhas — depressinha — que, em última instância, representam um Brasil de “todas as cores”.  C. o excesso de liberdade usado pelo poeta ao desrespeitar regras gramaticais, como as de pontuação, prejudica a compreensão do poema.

 B. verificado já no título, que remete aos repentistas nordestinos, estudados por Mário de Andrade em suas viagens e pesquisas folclóricas.  C. lamentado pelo eu lírico, tanto no uso de expressões como “Sentimentos em mim do asperamente” (v. 1), “frio” (v. 6), “alma doente” (v. 7), como pelo som triste do alaúde “Dlorom” (v. 9).  D. problematizado na oposição tupi (selvagem) x

 D. a sensibilidade do artista não escapa do viés ma-

alaúde (civilizado), apontando a síntese nacional

chista que marcava a sociedade do início do século

que seria proposta no Manifesto Antropófago, de

XX, machismo expresso em “que até dão vontade

Oswald de Andrade.

pros homens da rua”.  E. o eu poético usa de ironia ao dizer da emoção de ver moças “tão modernas, tão brasileiras”, pois faz

 E. exaltado pelo eu lírico, que evoca os “sentimentos dos homens das primeiras eras” para mostrar o orgulho brasileiro por suas raízes indígenas.

questão de afirmar as origens africana e italiana das mesmas.

57

(ENEM 2011 AR)

Estrada

56

(ENEM 2012 AR)

O trovador Sentimentos em mim do asperamente dos homens das primeiras eras... As primaveras do sarcasmo intermitentemente no meu coração arlequinal… Intermitentemente… Outras vezes é um doente, um frio na minha alma doente como um longo som redondo… Cantabona! Cantabona! Dlorom... Sou um tupi tangendo um alaúde! ANDRADE, M. In: MANFIO, D. Z. (Org.) Poesias completas de Mário de Andrade. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005.

Cara ao Modernismo, a questão da identidade nacional é recorrente na prosa e na poesia de Mário de Andrade. Em O trovador, esse aspecto é

Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho, Interessa mais que uma avenida urbana. Nas cidades todas as pessoas se parecem. Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente. Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma. Cada criatura é única. Até os cães. Estes cães da roça parecem homens de negócios Andam sempre preocupados. E quanta gente vem e vai! E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar: Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso. Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos, Que a vida passa! que a vida passa! ­E que a mocidade vai acabar. BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.

A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de significados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para

33

CONTEXTOS LITERÁRIOS

 A. o poema capta uma cena do cotidiano — o cami-

LEITURA ESTRATÉGICA  A. o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação

(ENEM 2010 PPL)

59

dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade.  B. a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural.  C. a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude.  D. a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança.  E. a profunda sensação de medo gerada pela reflexão acerca da morte. AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB//USP.

58

(ENEM 2010 AR)

Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas  A. buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais.  B. defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional.  C. representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa.  D. mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica.  E. buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados.

34

O modernismo brasileito teve fortes influências das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas artes plásticas, a  A. imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas.  B. forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano.  C. natureza passa a ser admirada como um espaço utópico.  D. imagem privilegia uma ação moderna e industrializada.  E. forma apresenta contornos e detalhes humanos.

Cântico VI Tu tens um medo de Acabar. Não vês que acabas todo o dia. Que morres no amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que te renovas todo dia. No amor. Na tristeza. Na dúvida. No desejo. Que és sempre outro. Que és sempre o mesmo. Que morrerás por idades imensas. Até não teres medo de morrer. E então serás eterno.

PRADO, A. Poesia reunida. São Paulo: Siciliano, 1991.

Um dos procedimentos consagrados pelo Modernismo foi a percepção de um lirismo presente nas cenas e fatos do cotidiano. No poema de Adélia Prado, o eu lírico resgata a poesia desses elementos a partir do(a)  A. reflexão irônica sobre a importância atribuída aos estudos por sua mãe.  B. sentimentalismo, oposto à visão pragmática que reconhecia na mãe.  C. olhar comovido sobre seu pai, submetido ao trabalho pesado.  D. reconhecimento do amor num gesto de aparente banalidade.  E. enfoque nas relações afetivas abafadas pela vida conjugal.

MEIRELES, C. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 1963 (fragmento).

A poesia de Cecília Meireles revela concepções sobre o homem em seu aspecto existencial. Em Cântico VI, o eu lírico exorta seu interlocutor a perceber, como inerente à condição humana,  A. a sublimação espiritual graças ao poder de se emocionar.  B. o desalento irremediável em face do cotidiano repetitivo.  C. o questionamento cético sobre o rumo das atitudes humanas.  D. a vontade inconsciente de perpetuar-se em estado adolescente.  E. um receio ancestral de confrontar a imprevisibilidade das coisas.

61

(ENEM 2015 PPL)

Minha mãe achava estudo a coisa mais fina do mundo. Não é. A coisa mais fina do mundo é o sentimento. Aquele dia de noite, o pai fazendo serão, ela falou comigo: “Coitado, até essa hora no serviço pesado”. Arrumou pão e café, deixou tacho no fogo com água quente. Não me falou em amor. Essa palavra de luxo.

62

(ENEM 2015 AR)

Confidência itabirano De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil; este São Benedito do velho santeiro Alfredo Durval; este couro de anta, estendido no sofá de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa. Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói. ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012 (fragmento).

O poeta pensa a região como lugar, pleno de afetos. A longa história da ocupação de Minas Gerais, iniciada com a mineração, deixou marcas que se atualizam em Itabira, pequena cidade onde nasceu o poeta. Nesse sentido, a evocação poética indica o(a)  A. pujança da natureza resistindo à ação humana.  B. sentido de continuidade do progresso.  C. cidade como imagem positiva da identidade mineira.  D. percepção da cidade como paisagem da memória.  E. valorização do processo de ocupação da região.

35

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2015 AR)

60

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2014 PPL)

63

De mãos dadas Não serei o poeta de um mundo caduco. Também não cantarei o mundo futuro. Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças. Entre eles, considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas. Não serei o cantor de uma mulher, de uma história. Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela. Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida. Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins. O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes, a vida presente. ANDRADE, C. D. Sentimento do mundo. São Paulo: Cia. das Letras, 2012.

Escrito em 1940, o poema Mãos dadas revela um eu lírico marcado pelo contexto de opressão política no Brasil e da Segunda Guerra Mundial. Em face dessa realidade, o eu lírico  A. considera que em sua época o mais importante é

negro que foste para o algodão de USA para os canaviais do Brasil, para o tronco, para o colar de ferro, para a canga de todos os senhores do mundo; eu melhor compreendo agora os teus blues nesta hora triste da raça branca, negro! Olá, Negro! Olá, Negro! A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro! LIMA, J. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958 (fragmento).

O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na visão do eu lírico, um contexto social assinalado por  A. modernização dos modos de produção e consequente enriquecimento dos brancos.  B. preservação da memória ancestral e resistência negra à apatia cultural dos brancos.  C. superação dos costumes antigos por meio da incorporação de valores dos colonizados.  D. nivelamento social de descendentes de escravos e de senhores pela condição de pobreza.  E. antagonismo entre grupos de trabalhadores e lacunas de hereditariedade.

a independência dos indivíduos.  B. desvaloriza a importância dos planos pessoais na vida em sociedade.  C. reconhece a tendência à autodestruição em uma sociedade oprimida.  D. escolhe a realidade social e seu alcance individual como matéria poética.  E. critica o individualismo comum aos românticos e aos excêntricos.

64

(ENEM 2013 AR)

Olá! negro Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos e a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor tentarão apagar a tua cor! E as gerações dessas gerações quando apagarem a tua tatuagem execranda, não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! Pai-João, Mãe-negra, Fulô, Zumbi, negro-fujão, negro cativo, negro rebelde negro cabinda, negro congo, negro ioruba,

36

65

(ENEM 2012 PPL)

A rua Bem sei que, muitas vezes, O único remédio É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem, A dívida, o divertimento, O pedido de emprego, ou a própria alegria. A esperança é também uma forma De contínuo adiamento. Sei que é preciso prestigiar a esperança, Numa sala de espera. Mas sei também que espera significa luta e não, apenas, Esperança sentada. Não abdicação diante da vida. A esperança Nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da espera. Nunca é figura de mulher Do quadro antigo. Sentada, dando milho aos pombos. RICARDO, C. Disponível em: www.revista.agulha.nom.br. Acesso em: 2 jan. 2012.

 A. um olhar de resignação perante as dificuldades materiais e psicológicas da vida.  B. uma ideia de que a esperança do povo brasileiro está vinculada ao sofrimento e às privações.  C. uma posição em que louva a esperança passiva para que ocorram mudanças sociais.  D. um estado de inércia e de melancolia motivado pelo tempo passado “numa sala de espera”.  E. uma atitude de perseverança e coragem no contexto de estagnação histórica e social.

(ENEM 2012 AR)

66

Verbo ser QUE VAI SER quando crescer? Vivem perguntando em redor. Que é ser? É ter um corpo, um jeito, um nome? Tenho os três. E sou? Tenho de mudar quando crescer? Usar outro nome, corpo e jeito? Ou a gente só principia a ser quando cresce? É terrível, ser? Dói? É bom? É triste? Ser: pronunciado tão depressa, e cabe tantas coisas? Repito: ser, ser, ser. Er. R. Que vou ser quando crescer? Sou obrigado a? Posso escolher? Não dá para entender. Não vou ser. Não quero ser. Vou crescer assim mesmo. Sem ser. Esquecer. ANDRADE, C. D. Poesia e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1992.

A inquietação existencial do autor com a autoimagem corporal e a sua corporeidade se desdobra em questões existenciais que têm origem  A. no conflito do padrão corporal imposto contra as convicções de ser autêntico e singular.  B. na aceitação das imposições da sociedade seguindo a influência de outros.  C. na confiança no futuro, ofuscada pelas tradições e culturas familiares.  D. no anseio de divulgar hábitos enraizados, negligenciados por seus antepassados.  E. na certeza da exclusão, revelada pela indiferença de seus pares.

67

CONTEXTOS LITERÁRIOS

O poema de Cassiano Ricardo insere-se no Modernismo brasileiro. O autor metaforiza a crença do sujeito lírico numa relação entre o homem e seu tempo marcada por

(ENEM 2011 AR)

Lépida e leve Língua do meu Amor velosa e doce, que me convences de que sou frase, que me contornas, que me vestes quase, como se o corpo meu de ti vindo me fosse. Língua que me cativas, que me enleias os surtos de ave estranha, em linhas longas de invisíveis teias, de que és, há tanto, habilidosa aranha... [...] Amo-te as sugestões gloriosas e funestas, amo-te como todas as mulheres te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor, pela carne de som que à ideia emprestas e pelas frases mudas que proferes nos silêncios de Amor!... MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento).

A poesia de Gilka Machado identifica-se com concepções artísticas simbolistas. Entretanto, o texto selecionado incorpora referências temáticas e formais modernistas, já que, nele, a poeta  A. procura desconstruir a visão metafórica do amor e o cuidado formal.  B. concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona o poder da palavra.  C. questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a construção do verso livre.  D. propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa e propõe a simplificação verbal.  E. explora a construção da essência feminina, a partir da polissemia de “língua”, e inova o léxico.

68

(ENEM 2011 AR)

Guardar Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro Do que um pássaro sem voos.

37

LEITURA ESTRATÉGICA Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento).

A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das maneiras de se guardar o que se quer, o texto poeta  A. ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória social de um povo.  B. valoriza as lembranças individuais em detrimento

Dava-me dois apelidos: bezerro-encourado e cabra-cega. RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1984 (fragmento).

O impacto da doença, na infância, revela-se no texto memorialista de Graciliano Ramos através de uma atitude marcada por  A. uma tentativa de esquecer os efeitos da doença.  B. preservar a sua condição de vítima da negligência materna.  C. apontar a precariedade do tratamento médico no sertão.  D. registrar a falta de solidariedade dos amigos e familiares.  E. recompor, em minúcias e sem autopiedade, a sensação da dor.

das narrativas populares ou coletivas.  C. reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos.  D. destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que possuem maior repertório cultural.  E. revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de preservação da memória cultural.

69

(ENEM 2012 PPL)

Cegueira Afastou-me da escola, atrasou-me, enquanto os filhos de seu José Galvão se internavam em grandes volumes coloridos, a doença de olhos que me perseguia na meninice. Torturava-me semanas e semanas, eu vivia na treva, o rosto oculto num pano escuro, tropeçando nos móveis, guiando-me às apalpadelas, ao longo das paredes. As pálpebras inflamadas colavam-se. Para descerrá-las, eu ficava tempo sem fim mergulhando a cara na bacia de água, lavando-me vagarosamente, pois o contato dos dedos era doloroso em excesso. Finda a operação extensa, o espelho da sala de visitas mostrava-me dois bugalhos sangrentos, que se molhavam depressa e queriam esconder-se. Os objetos surgiam empastados e brumosos. Voltava a abrigar-me sob o pano escuro, mas isto não atenuava o padecimento. Qualquer luz me deslumbrava, feria-me como pontas de agulha [...]. Sem dúvida o meu espectro era desagradável, inspirava repugnância. E a gente da casa se impacientava. Minha mãe tinha a franqueza de manifestar-me viva antipatia.

38

(ENEM 2011 PPL)

70

Mudança Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos. Ordinariamente andavam pouco, mas como haviam repousado bastante na areia do rio seco, a viagem progredira bem três léguas. Fazia horas que procuravam uma sombra. A folhagem dos juazeiros apareceu longe, através dos galhos pelados da catinga rala. Arrastaram-se para lá, devagar, sinhá Vitória com o filho mais novo escanchado no quarto e o baú de folha na cabeça, Fabiano sombrio, cambaio. As manchas dos juazeiros tornaram a aparecer, Fabiano aligeirou o passo, esqueceu a fome, a canseira e os ferimentos. Deixaram a margem do rio, acompanharam a cerca, subiram uma ladeira, chegaram aos juazeiros. Fazia tempo que não viam sombra. RAMOS, G. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 2008 (fragmento).

Valendo-se de uma narrativa que mantém o distanciamento na abordagem da realidade social em questão, o texto expõe a condição de extrema carência dos personagens acuados pela miséria. O recurso utilizado na construção dessa passagem, o qual comprova a postura distanciada do narrador, é a

 B. descrição equilibrada entre os referentes físicos e psicológicos dos personagens.  C. narração marcada pela sobriedade lexical e sequência temporal linear.  D. caricatura dos personagens, compatível com o aspecto degradado que apresentam.  E. metaforização do espaço sertanejo, alinhada com o projeto de crítica social.

CONTEXTOS LITERÁRIOS

 A. caracterização pitoresca da paisagem natural.

(ENEM 2013 PPL)

72

Meu povo, meu poema Meu povo e meu poema crescem juntos Como cresce no fruto A árvore nova No povo meu poema vai nascendo Como no canavial Nasce verde o açúcar

No povo meu poema está maduro Como o sol Na garganta do futuro

71

(ENEM 2015 AR)

Da sua memória mil e mui tos out ros ros tos sol tos pou coa pou coa pag amo meu

Meu povo em meu poema Se reflete Como espiga se funde em terra fértil Ao povo seu poema aqui devolvo Menos como quem canta Do que planta FERREIRA GULLAR. Toda poesia. José Olympio: Rio de Janeiro, 2000.

O texto Meu povo, meu poema, de Ferreira Gullar, foi escrito na década de 1970. Nele, o diálogo com o contexto sociopolítico em que se insere expressa uma voz poética que sividade que se caracteriza pela  A. precisa do povo para produzir seu texto, mas se esquiva de enfrentar as desigualdades sociais.  B. dilui a importância das contingências políticas e sociais na construção de seu universo poético.

ANTUNES, A. 2 ou + corpos no mesmo espaço. São Paulo: Perspectiva, 1998

 C. associa o engajamento político à grandeza do

Trabalhando com recursos formais inspirados no Concretismo, o poema atinge uma expressividade que se caracteriza pela

fazer poético, fator de superação da alienação do povo.  D. afirma que a poesia depende do povo, mas esse nem sempre vê a importância daquela nas lutas de

 A. interrupção da fluência verbal, para testar os limites da lógica racional.  B. reestruturação formal da palavra, para provocar o

classe.  E. reconhece, na identidade entre o povo e a poesia, uma etapa de seu fortalecimento humano e social.

estranhamento no leitor.  C. dispersão das unidades verbais, para questionar o sentido das lembranças.  D. fragmentação da palavra, para representar o estreitamento das lembranças.  E. renovação das formas tradicionais, para propor uma nova vanguarda poética.

39

LEITURA ESTRATÉGICA

73

(ENEM 2013 PPL)

74

(ENEM 2011 PPL)

TEXTO I

Morte e vida Severina

Dois quadros

Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida: na mesma cabeça grande que a custo é que se equilibra, no mesmo ventre crescido sobre as mesmas pernas finas, e iguais também porque o sangue que usamos tem pouca tinta. E se somos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte Severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia.

Na seca inclemente do nosso Nordeste, O sol é mais quente e o céu mais azul E o povo se achando sem pão e sem veste, Viaja à procura das terras do Sul. De nuvem no espaço, não há um farrapo, Se acaba a esperança da gente roceira, Na mesma lagoa da festa do sapo, Agita-se o vento levando a poeira.

TEXTO II ABC do Nordeste flagelado O – Outro tem opinião de deixar mãe, deixar pai, porém para o Sul não vai, procura outra direção. Vai bater no Maranhão onde nunca falta inverno; outro com grande consterno deixa o casebre e a mobília e leva a sua família pra construção do governo. Disponível em: www.revista.agulha.com.br. Acesso em: 23 abr. 2010 (fragmento).

Os Textos I e II são de autoria do escritor nordestino Patativa do Assaré, que, em sua obra, retrata de forma bastante peculiar os problemas de sua região. Esses textos têm em comum o fato de abordarem  A. a falta de esperança do povo nordestino, que se deixa vencer pela seca.

MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio Janeiro: Nova Aguilar, 1994 (fragmento).

Nesse fragmento, parte de um auto de Natal, o poeta retrata uma situação marcada pela  A. presença da morte, que universaliza os sofrimentos dos nordestinos  B. figura do homem agreste, que encara ternamente sua condição de pobreza.  C. descrição sentimentalista de Severino, que divaga sobre questões existenciais.  D. miséria, à qual muitos nordestinos estão expostos, simbolizada na figura de Severino.  E. opressão socioeconômica a que todo ser humano se encontra submetido.

 B. a dúvida de que a ajuda do governo chegará ao povo nordestino.  C. o êxodo do homem nordestino à procura de melhores condições de vida.  D. o sentimento de tristeza do povo nordestino devido à falta de chuva.  E. o sofrimento dos animais durante os longos períodos de estiagem.

40

75

(ENEM 2011 AR)

TEXTO I O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias,

MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento).

TEXTO II João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus traços biográficos são sempre partilhados por outros homens. SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento).

Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a Vossa Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da  A. descrição minuciosa dos traços biográficos do personagem-narrador.  B. construção da figura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação.  C. representação, na figura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condi-

76

(ENEM 2010 PPL)

Açucar O branco açúcar que adoçará meu café Nesta manhã de Ipanema Não foi produzido por mim Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. [...] Em lugares distantes, Onde não há hospital, Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome Aos 27 anos Plantaram e colheram a cana Que viraria açúcar. Em usinas escuras, homens de vida amarga E dura Produziram este açúcar Branco e puro Com que adoço meu café esta manhã Em Ipanema. GULLAR, F. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,1980 (fragmento).

A Literatura Brasileira desempenha papel importante ao suscitar reflexões sobre desigualdades sociais. No fragmento, essa reflexão ocorre porque o eu lírico

 A. descreve as propriedades do açúcar.  B. se revela mero consumidor de açúcar.  C. destaca o modo de produção do açúcar.  D. exalta o trabalho dos cortadores de cana.  E. explicita a exploração dos trabalhadores.

ção.  D. apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial.  E. descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias.

77

(ENEM 2015 PPL)

Famigerado Com arranco, [o sertanejo] calou-se. Como arrependido de ter começado assim, de evidente. Contra que aí estava com o fígado em más margens; pensava, pensava. Cabismeditado. Do que, se resolveu. Levantou as feições. Se é que se riu: aquela crueldade de dentes. Encarar, não me encarava, só se fito à meia esguelha. Latejava-lhe um orgulho indeciso. Redigiu seu monologar. O que frouxo falava: de outras, diversas pessoas e coisas, da Serra, do São Ão, travados

41

CONTEXTOS LITERÁRIOS

mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhor`

LEITURA ESTRATÉGICA

assuntos, insequentes, como dificultação. A conversa era para teias de aranha. Eu tinha de entender-lhe as mínimas entonações, seguir seus propósitos e silêncios. Assim no fechar-se com o jogo, sonso, no me iludir, ele enigmava. E, pá: — Vosmecê agora me faça a boa obra de querer me ensinar o que é mesmo que é: fasmisgerado... faz-me-gerado... falmisgeraldo... familhas-gerado...? ROSA, J. G. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1988.

A linguagem peculiar é um dos aspectos que conferem a Guimarães Rosa um lugar de destaque na literatura brasileira. No fragmento lido, a tensão entre a personagem e o narrador se estabelece porque  A. o narrador se cala, pensa e monologa, tentando assim evitar a perigosa pergunta de seu interlocutor.  B. o sertanejo emprega um discurso cifrado, com enigmas, como se vê em “a conversa era para teias de aranha “  C. entre os dois homens cria-se uma comunicação impossível, decorrente de suas diferenças socioculturais.  D. a fala do sertanejo é interrompida pelo gesto de impaciência do narrador, decidido a mudar o assunto da conversa.  E. a palavra desconhecida adquire o poder de gerar conflito e separar as personagens em plano incomunicáveis.

(ENEM 2013 AR)

78

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou. [...] Enquanto eu tiver perguntas e não houver resposta continuarei a escrever. Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? Se antes da pré-pré-história já havia os monstros apocalípticos? Se esta história não existe, passará a existir. Pensar é um ato. Sentir é um fato. Os dois juntos — sou eu que escrevo o que estou escrevendo. [...] Felicidade? Nunca vi palavra mais doida, inventada pelas nordestinas que andam por aí aos montes. Como eu irei dizer agora, esta história será o resultado de uma visão gradual — há dois anos e meio venho aos poucos descobrindo os porquês. É visão da iminência de. De quê? Quem sabe se mais tarde saberei. Como que estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. Só não inicio pelo fim que justificaria o começo — como a morte parece dizer sobre a vida — porque preciso registrar os fatos antecedentes. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998 (fragmento).

A elaboração de uma voz narrativa peculiar acompanha a trajetória literária de Clarice Lispector, culminada com a obra A hora da estrela, de 1977, ano da morte da escritora. Nesse fragmento, nota-se essa peculiaridade porque o narrador  A. observa os acontecimentos que narra sob uma ótica distante, sendo indiferente aos fatos e às personagens.  B. relata a história sem ter tido a preocupação de investigar os motivos que levaram aos eventos que a compõem.  C. revela-se um sujeito que reflete sobre questões existenciais e sobre a construção do discurso.  D. admite a dificuldade de escrever uma história em razão da complexidade para escolher as palavras exatas.  E. propõe-se a discutir questões de natureza filosófica e metafísica, incomuns na narrativa de ficção.

42

(ENEM 2011 PPL)

Ele se aproximou e com a voz cantante de nordestino que a emocionou, perguntou-lhe: ― E se me desculpe, senhorinha, posso convidar a passear? ― Sim, respondeu atabalhoadamente com pressa, antes que ele mudasse de ideia. ― E se me permite, qual é mesmo a sua graça? ― Macabea. ― Maca ― o quê? ― Bea, foi ela obrigada a completar. ― Me desculpe mas até parece doença, doença de pele. ― Eu também acho esquisito mas minha mãe botou ele por promessa a Nossa Senhora da Boa Morte se eu vingasse, até um ano de idade eu não era chamada porque não tinha nome, eu preferia continuar a nunca ser chamada em vez de ter um nome que ninguém tem mas parece que deu certo — parou um instante retomando o fôlego perdido e acrescentou desanimada e com pudor ― pois como o senhor vê eu vinguei... pois é... [...] Numa das vezes em que se encontraram ela afinal perguntou-lhe o nome. ― Olímpico de Jesus Moreira Chaves ― mentiu ele porque tinha como sobrenome apenas o de Jesus, sobrenome dos que não têm pai. [...] ― Eu não entendo o seu nome ― disse ela. ― Olímpico? Macabea fingia enorme curiosidade escondendo dele que ela nunca entendia tudo muito bem e que isso era assim mesmo. Mas ele, galinho de briga que era, arrepiou-se todo com a pergunta tola e que ele não sabia responder. Disse aborrecido: ― Eu sei mas não quero dizer! ― Não faz mal, não faz mal, não faz mal... a gente não precisa entender o nome. LISPECTOR, C. A hora da estrela. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1978 (fragmento).

Na passagem transcrita, a caracterização das personagens e o diálogo que elas estabelecem revelam alguns aspectos centrais da obra, entre os quais se destaca a  A. ênfase metalinguística nas falas dos personagens, conscientes de sua limitação linguística e discursiva.  B. B relação afetiva dos personagens, por meio da qual

80

(ENEM 2011 AR)

Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: — Porque é que você não cria galinha-d’angola como todo mundo faz? — Quero criar nada não… — me deu resposta: — Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu.Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe. ROSA, J. G. Grande sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento).

Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador  A. relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho.  B. descreve o processo de transformação de um meeiro — espécie de agregado — em proprietário de terra.  C. denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra.  D. mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente.  E. mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras.

tentam superar as dificuldades de comunicação.  C. expressividade poética dos personagens, que procuram compreender a origem de seus nomes.  D. privação da palavra, que denota um dos fatores da exclusão social vivida pelos personagens.  E. consciência dos personagens de que o fingimento é uma estratégia argumentativa de persuasão.

43

CONTEXTOS LITERÁRIOS

79

LEITURA ESTRATÉGICA

81

(ENEM 2015 AR)

 A. A estrela d’alva / No céu desponta / E a lua anda tonta / Com tamanho esplendor. (As pastorinhas,

Aquarela

Noel Rosa e João de Barro).

O corpo no cavalete é um pássaro que agoniza exausto do próprio grito. As vísceras vasculhadas principiam a contagem regressiva. No assoalho o sangue se decompõe em matizes que a brisa beija e balança: o verde – de nossas matas o amarelo – de nosso ouro o azul – de nosso céu o branco o negro o negro

 B. Hoje / Eu quero a rosa mais linda que houver / Quero a primeira estrela que vier / Para enfeitar a noite do meu bem. (A noite do meu bem, Dolores Duran).  C. No rancho fundo / Bem pra lá do fim do mundo / Onde a dor e a saudade / Contam coisas da cidade. (No rancho fundo, Ary Barroso e Lamartine Babo).  D. Baby Baby / Não adianta chamar / Quando alguém está perdido / Procurando se encontrar. (Ovelha

CACASO. In: HOLLANDA, H. B (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.

negra, Rita Lee).  E. Pois há menos peixinhos a nadar no mar / Do que

Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema de Cacaso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando

os beijinhos que eu darei / Na sua boca. (Chega de saudade, Tom Jobim e Vinicius de Moraes).

 A. as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.  B. a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.  C. o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura.  D. o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.  E. as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.

82

(ENEM 2013 AR)

Mesmo tendo a trajetória do movimento interrompida com a prisão de seus dois líderes, o tropicalismo não deixou de cumprir seu papel de vanguarda na música popular brasileira. A partir da década de 70 do século passado, em lugar do produto musical de exportação de nível internacional prometido pelos baianos com a “retomada da linha evolutória”, instituiu-se nos meios de comunicação e na indústria do lazer uma nova era musical. TINHORÃO, J. R. Pequena história da música popular: da modinha ao tropicalismo. São Paulo: Art, 1986 (adaptado).

A nova era musical mencionada no texto evidencia um gênero que incorporou a cultura de massa e se adequou à realidade brasileira. Esse gênero está representado pela obra cujo trecho da letra é:

44

83

(ENEM 2013 PPL)

Grupo escolar Sonhei com um general de ombros largos que fedia e que no sonho me apontava a poesia enquanto um pássaro pensava suas penas e já sem resistência resistia. O general acordou e eu que sonhava face a face deslizei à dura via vi seus olhos que tremiam, ombros largos, vi seu queixo modelado a esquadria vi que o tempo galopando evaporava (deu para ver qual a sua dinastia) mas em tempo fixei no firmamento esta imagem que rebenta em ponta fria: poesia, esta química perversa, este arco que desvela e me repõe nestes tempos de alquimia. BRITO, A. C. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). 26 Poetas Hoje: antologia. Rio de Janeiro: Aeroplano, 1998.

O poema de Antônio Carlos Brito está historicamente inserido no período da ditadura militar no Brasil. A forma encontrada pelo eu lírico para expressar poeticamente esse momento demonstra que

aspectos negativos, como o mau cheiro atribuído ao general.  B. a descrição quase geométrica da aparência física do general expõe a rigidez e a racionalidade do governo.  C. a constituição de dinastias ao longo da história parece não fazer diferença no presente em que o tempo evapora.  D. a possibilidade de resistir está dada na renovação e transformação proposta pela poesia, química que desvela e repõe.  E. a resistência não seria possível, uma vez que as vítimas, representadas pelos pássaros, pensavam

85

(ENEM 2011 PPL)

Brazil, capital Buenos Aires No dia em que a bossa nova inventou o Brazil Teve que fazer direito, senhores pares, Porque a nossa capital era Buenos Aires, A nossa capital era Buenos Aires. E na cultura-Hollywood o cinema dizia Que em Buenos Aires havia uma praia Chamada Rio de Janeiro Que como era gelada só podia ter Carnaval no mês de fevereiro. Naquele Rio de Janeiro o tango nasceu E Mangueira o imortalizou na avenida Originária das tangas Com que as índias fingiam Cobrir a graça sagrada da vida. Tom Zé. Disponível em http://letras.terra.com.br. Acesso em: abr. 2010.

apenas nas próprias penas.

84

CONTEXTOS LITERÁRIOS

 A. a ênfase na força dos militares não é afetada por

O texto de Tom Zé, crítico de música, letrista e cantor, insere-se em um contexto histórico e cultural que, dentro da cultura literária brasileira, define-se como

(ENEM 2012 AR)

 A. contemporâneo à poesia concretista e por ela influenciado.  B. sucessor do Romantismo e de seus ideais nacionalistas.  C. expressão do modernismo brasileiro influenciado pelas vanguardas europeias.  D. representante da literatura engajada, de resistência ao Estado Novo.  E. precursor do movimento de afirmação nacionalisCapa do LP Os Mutantes, 1968. Disponível em: http://mutantes.com. Acesso em: 28 fev. 2012.

A capa do LP Os Mutantes, de 1968, ilustra o movimento da contracultura. O desafio à tradição nessa criação musical é caracterizado por

 A. letras e melodias com características amargas e depressivas.  B. arranjos baseados em ritmos e melodias nordestinos.  C. sonoridades experimentais e confluência de elementos populares e eruditos.  D. temas que refletem situações domésticas ligadas à tradição popular.  E. ritmos contidos e reservados em oposição aos modelos estrangeiros.

ta, o Tropicalismo.

86

(ENEM 2010 PPL)

Reclame Se o mundo não vai bem a seus olhos, use lentes ... ou transforme o mundo ótica olho vivo agradece a preferência CHACAL et al. Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006.

Chacal é um dos representantes da geração poética de 1970. A produção literária dessa geração, considerada marginal e engajada, de que é representativo o poema apresentado, valoriza

45

LEITURA ESTRATÉGICA  A. o experimentalismo em versos curtos e tom jocoso.  B. a sociedade de consumo, com o uso da linguagem publicitária.  C. a construção do poema, em detrimento do conteúdo.  D. a experimentação formal dos neossimbolistas.  E. o uso de versos curtos e uniformes quanto à métrica.

87

(ENEM 2010 PPL)

Eu não tenho hoje em dia muito orgulho do Tropicalismo. Foi sem dúvida um modo de arrombar a festa, mas arrombar a festa no Brasil é fácil. O Brasil é uma pequena sociedade colonial, muito mesquinha, muito fraca. VELOSO, C. In: HOLLANDA, H. B.; GONÇALVES, M. A. Cultura e participação nos anos 60. São Paulo: Brasiliense, 1995 (adaptado).

88

(ENEM 2015 AR)

Tudo era harmonioso, sólido, verdadeiro. No princípio. As mulheres, principalmente as mortas do álbum, eram maravilhosas. Os homens, mais maravilhosos ainda, ah, difícil encontrar família mais perfeita. A nossa família, dizia a bela voz de contralto da minha avó. Na nossa família, frisava, lançando em redor olhares complacentes, lamentando os que não faziam parte do nosso clã. [...] Quando Margarida resolveu contar os podres todos que sabia naquela noite negra de rebelião, fiquei furiosa [...] É mentira, é mentira!, gritei tapando os ouvidos. Mas Margarida seguia em frente: tio Maximiliano se casou com a inglesa de cachos só por causa do dinheiro, não passava de um pilantra, a loirinha feiosa era riquíssima. Tia Consuelo? Ora, tia Consuelo chorava porque sentia falta de homem, ela queria homem e não Deus, ou o convento ou o sanatório. O dote era tão bom que o convento abriu-lhe as portas com loucura e tudo. “E tem mais coisas ainda, minha queridinha”, anunciou Margarida fazendo um agrado no meu queixo. Reagi com violência: uma agregada, uma cria e, ainda por cima, mestiça. Como ousava desmoralizar meus heróis? TELLES, L. F. A estrutura da bolha de sabão. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

O movimento tropicalista, consagrador de diversos músicos brasileiros, está relacionado historicamente  A. à expansão de novas tecnologias de informação, entre as quais, a Internet, o que facilitou imensamente a sua divulgação mundo afora.  B. ao advento da indústria cultural em associação com um conjunto de reivindicações estéticas e políticas durante os anos 1960.  C. à parceria com a Jovem Guarda, também considerada um movimento nacionalista e de crítica política ao regime militar brasileiro.  D. ao crescimento do movimento estudantil nos anos 1970, do qual os tropicalistas foram aliados na crítica ao tradicionalismo dos costumes da sociedade brasileira.  E. à identificação estética com a Bossa Nova, pois ambos os movimentos tinham raízes na incorporação de ritmos norte-americanos, como o blues.

46

Representante da ficção contemporânea, a prosa de Lygia Fagundes Telles configura e desconstrói modelos sociais. No trecho, a percepção do núcleo familiar descortina um(a)  A. convivência frágil ligando pessoas financeiramente dependentes.  B. tensa hierarquia familiar equilibrada graças à presença da matriarca.  C. pacto de atitudes e valores mantidos à custa de ocultações e hipocrisias.  D. tradicional conflito de gerações protagonizado pela narradora e seus tios.  E. velada discriminação racial refletida na procura de casamentos com europeus.

(ENEM 2015 AR)

À garrafa Contigo adquiro a astúcia de conter e de conter-me. Teu estreito gargalo é uma lição de angústia. Por translúcida pões o dentro fora e o fora dentro para que a forma se cumpra e o espaço ressoe. Até que, farta da constante prisão da forma, saltes da mão para o chão e te estilhaces, suicida, numa explosão de diamantes. PAES, J. P. Prosas seguidas de odes mínimas. São Paulo: Cia. das Letras, 1992.

A reflexão acerca do fazer poético é um dos mais marcantes atributos da produção literária contemporânea, que, no poema de José Paulo Paes, se expressa por um(a)

(ENEM 2013 PPL)

90

Logo todos na cidade souberam: Halim se embeiçara por Zana. As cristãs maronitas de Manaus, velhas e moças, não aceitavam a ideia de ver Zana casar-se com um muçulmano. Ficavam de vigília na calçada do Biblos, encomendavam novenas para que ela não se casasse com Halim. Diziam a Deus e ao mundo fuxicos assim: que ele era um mascate, um teque-teque qualquer, um rude, um maometano das montanhas do sul do Líbano que se vestia como um pé rapado e matraqueava nas ruas e praças de Manaus. Galib reagiu, enxotou as beatas: que deixassem sua filha em paz, aquela ladainha prejudicava o movimento do Biblos. Zana se recolheu ao quarto. Os clientes queriam vê-la, e o assunto do almoço era só este: a reclusão da moça, o amor louco do “maometano”. HATOUM, M. Dois irmãos. São Paulo: Cia. das Letras, 2006 (fragmento).

Dois irmãos narra a história da família que Halim e Zana formaram na segunda metade do século XX. Considerando o perfil sociocultural das personagens e os valores sociais da época, a oposição ao casamento dos dois evidencia

 A. ras fortes barreiras erguidas pelas diferenças de  A. reconhecimento, pelo eu lírico, de suas limitações no processo criativo, manifesto na expressão “Por translúcida pões”.  B. subserviência aos princípios do rigor formal e dos cuidados com a precisão metafórica, como se observa em “prisão da forma”.  C. visão progressivamente pessimista, em face da impossibilidade da criação poética, conforme expressa o verso “e te estilhaces, suicida”.

nível financeiro.  B. o impacto dos preceitos religiosos no campo das escolhas afetivas.  C. a divisão das famílias em castas formadas pela origem geográfica.  D. a intolerância com atos litúrgicos, aqui representados pelas novenas e ladainhas.  E. a importância atribuída à ocupação exercida por um futuro chefe de família.

 D. processo de contenção, amadurecimento e transformação da palavra, representado pelos versos “numa explosão/de diamantes”.  E. necessidade premente de libertação da prisão representada pela poesia, simbolicamente comparada à “garrafa” a ser “estilhaçada”.

91

(ENEM 2012 AR)

Das irmãs os meus irmãos sujando-se na lama e eis-me aqui cercada de alvura e enxovais eles se provocando e provando do fogo e eu aqui fechada provendo a comida eles se lambuzando e arrotando na mesa

47

CONTEXTOS LITERÁRIOS

89

LEITURA ESTRATÉGICA e eu a temperada servindo, contida

 A. “Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada

os meus irmãos jogando-se na cama e eis-me afiançada por dote e marido

 B. “Os acontecimentos da sua infância a marcaram

QUEIROZ, S. O sacro ofício. Belo Horizonte: Comunicação, 1980.

O poema de Sonia Queiroz apresenta uma voz lírica feminina que contrapõe o estilo de vida do homem ao modelo reservado à mulher. Nessa contraposição, ela conclui que

tinham a ver”. até os doze anos”.  C. “Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet”.  D. “Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte”.  E. “Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise”.

 A. a mulher deve conservar uma assepsia que a distingue de homens, que podem se jogar na lama.  B. a palavra “fogo” é uma metáfora que remete ao ato de cozinhar, tarefa destinada às mulheres.  C. a luta pela igualdade entre os gêneros depende da ascensão financeira e social das mulheres.  D. a cama, como sua “alvura e enxovais”, é um símbolo da fragilidade feminina no espaço doméstico.  E. os papéis sociais destinados aos gêneros produzem efeitos e graus de autorrealização desiguais.

92

(ENEM 2010 AR)

Testes Dia desses resolvi fazer um teste proposto por um site da internet. O nome do teste era tentador: “O que Freud diria de você”. Uau. Respondi a todas as perguntas e o resultado foi o seguinte: “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os doze anos, depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu amadurecimento”. Perfeito! Foi exatamente o que aconteceu comigo. Fiquei radiante: eu havia realizado uma consulta paranormal com o pai da psicanálise, e ele acertou na mosca. Estava com tempo sobrando, e curiosidade é algo que não me falta, então resolvi voltar ao teste e responder tudo diferente do que havia respondido antes. Marquei umas alternativas esdrúxulas, que nada tinham a ver com minha personalidade. E fui conferindo o resultado, que dizia o seguinte: “Os acontecimentos da sua infância a marcaram até os 12 anos, depois disso você buscou conhecimento intelectual para seu amadurecimento”. MEDEIROS, M. Doidas e santas. Porto Alegre, 2008 (adaptado).

Quanto às influências que a internet pode exercer sobre os usuários, a autora expressa uma reação irônica no trecho:

48

93

(ENEM 2010 PPL)

As doze cores do vermelho Você volta para casa depois de ter ido jantar com sua amiga dos olhos verdes. Verdes. Às vezes quando você sai do escritório você quer se distrair um pouco. Você não suporta mais tem seu trabalho de desenhista. Cópias plantas réguas milímetros nanquim compasso 360º. de cercado cerco. Antes de dormir você quer estudar para a prova de história da arte mas sua menina menor tem febre e chama você. A mão dela na sua mão é um peixe sem sol em irradiações noturnas. Quentes ondas. Seu marido se aproxima os pés calçados de meias nos chinelos folgados. Ele olha as horas nos dois relógios de pulso. Ele acusa você de ter ficado fora de casa o dia todo até tarde da noite enquanto a menina ardia em febre. Ponto e ponta. Dor perfume crescente... CUNHA, H. P. As doze cores do vermelho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009.

A literatura brasileira contemporânea tem abordado, sob diferentes perspectivas, questões relacionadas ao universo feminino. No fragmento, entre os recursos expressivos utilizados na construção da narrativa, destaca-se a  A. repetição de “você”, que se refere ao interlocutor da personagem.  B. ausência de vírgulas, que marca o discurso irritado da personagem.  C. descrição minuciosa do espaço do trabalho, que se opõe ao da casa.  D. autoironia, que ameniza o sentimento de opressão da personagem.  E. ausência de metáforas, que é responsável pela objetividade do texto.

Para dar conta do movimento histórico do processo de inserção dos povos indígenas em contextos urbanos, cuja memória reside na fala dos seus sujeitos, foi necessário construir um método de investigação, baseado na História Oral, que desvelasse essas vivências ainda não estudadas pela historiografia, bem como as conflitivas relações de fronteira daí decorrentes. A partir da história oral foi possível entender a dinâmica de deslocamento e inserção dos índios urbanos no contexto da sociedade nacional, bem como perceber os entrelugares construídos por estes grupos étnicos na luta pela sobrevivência e no enfrentamento da sua condição de invisibilidade. MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indígena terena nos

TEXTO II Índio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas. SILVA, K. W.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.

Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras da

entrelugares da fronteira urbana. Patrimônio e Memória, n. 1, 2008.

O uso desse método para compreender as condições dos povos indígenas nas áreas urbanas brasileiras justifica-se por  A. focalizar a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica.  B. permitir o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais.  C. neutralizar as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico.  D. promover o retorno de grupos apartados de suas nações de origem.  E. registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita.

95

(ENEM 2016 AR)

TEXTO I Documentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas Como “os brasis” ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro. SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil a Construção de um povo. In: MOTA, C. G. (Org.) Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo Senac, 2000 (adaptado).

 A. concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.  B. percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.  C. compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.  D. transposição direta das Categorias originadas no imaginário medieval.  E. visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.

96

(ENEM 2018 PPL)

Quantos há que os telhados têm vidrosos E deixam de atirar sua pedrada, De sua mesma telha receiosos. Adeus, praia, adeus, ribeira, De regatões tabaquista, Que vende gato por lebre Querendo enganar a vista. Nenhum modo de desculpa Tendes, que valer-vos possa: Que se o cão entra na igreja, É porque acha aberta a porta. GUERRA, G. M. In: LIMA, R. T. Abecê de folclore. São Paulo: Martins Fontes, 2003 (fragmento).

Ao organizar as informações, no processo de construção do texto, o autor estabelece sua intenção comunicativa. Nesse poema, Gregório de Matos explora os ditados populares com o objetivo de  A. enumerar atitudes.  B. descrever costumes.  C. demonstrar sabedoria.  D. recomendar precaução.  E. criticar comportamentos.

49

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2019 PPL)

94

LEITURA ESTRATÉGICA

97

(ENEM 2020 AD)

Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Em meus versos teu nome celebrado, Por que vejas uma hora despertado O sono vil do esquecimento frio:

Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera. COSTA, C.M. Poemas. Disponível em www.dominiopublico.gov.br. Acesso em 7 jul. 2012.

Não vês nas tuas margens o sombrio, Fresco assento de um álamo copado; Não vês ninfa cantar, pastar o gado Na tarde clara do calmoso estio.

No soneto de Claudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma

Turvo banhando as pálidas areias Nas porções do riquíssimo tesouro O vasto campo da ambição recreias.

 A. angústia provocada pela sensação de solidão.

Que de seus raios o planeta louro Enriquecendo o influxo em tuas veias, Quanto em chamas fecunda, brota em ouro.

 C. dúvida existencial em face do espaço desconhe-

COSTA, C. M. Obras poéticas de Glauceste Satúrnio. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 out. 2015.

A concepção árcade de Cláudio Manuel da Costa registra sinais de seu contexto histórico, refletidos no soneto por um eu lírico que  A. busca o seu reconhecimento literário entre as gerações futuras.  B. contempla com sentimento de cumplicidade a natureza e o pastoreio.  C. lamenta os efeitos produzidos pelos atos de cobiça e pela indiferença.  D. encontra na simplicidade das imagens a expressão do equilíbrio e da razão.  E. recorre a elementos mitológicos da cultura clássica como símbolos da terra.

 B. resignação diante das mudanças do meio ambiente. cido.  D. intenção de recriar o passado por meio da paisagem.  E. empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra.

99

(ENEM 2020 AD)

Seixas era homem honesto; mas ao atrito da secretaria e ao calor das salas, sua honestidade havia tomado essa têmpera flexível da cera que se molda às fantasias da vaidade e aos reclamos da ambição. Era incapaz de apropriar-se do alheio, ou de praticar um abuso de confiança; mas professava a moral fácil e cômoda, tão cultivada atualmente em nossa sociedade. Segundo essa doutrina, tudo é permitido em matéria de amor; e o interesse próprio tem plena liberdade, desde que se transija com a lei e evite o escândalo. ALENCAR, J. Senhora. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.

98

(ENEM 2016 AR)

Soneto VII

A literatura romântica reproduziu valores sociais em sintonia com seu contexto de mudanças. No fragmento de Senhora, as concepções românticas do narrador repercutem a

Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço.

 A. resistência à relativização dos parâmetros éticos.

Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado: Ali em vale um monte está mudado: Quando pode dos anos o progresso!

 C. crítica aos modelos de austeridade dos espaços

Árvores aqui vi tão florescentes Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes.

50

 B. idealização de personagens pela nobreza de atitudes. coletivos.  D. defesa da importância da família na formação moral do indivíduo.  E. representação do amor como fator de aperfeiçoamento do espírito.

Leito de folhas verdes Brilha a lua no céu, brilham estrelas, Correm perfumes no correr da brisa, A cujo influxo mágico respira-se Um quebranto de amor, melhor que a vida! A flor que desabrocha ao romper d’alva Um só giro do sol, não mais, vegeta: Eu sou aquela flor que espero ainda Doce raio do sol que me dê vida. DIAS, G. Antologia poética. Rio de Janeiro: Agir, 1979 (fragmento).

Na perspectiva do Romantismo, a representação feminina espelha concepções expressas no poema pela  A. reprodução de estereótipos sociais e de gênero.  B. presença de traços marcadores de nacionalidade.  C. sublimação do desejo por meio da espiritualização.  D. correlação feita entre estados emocionais e natureza.  E. mudança de paradigmas relacionados à sensibilidade.

101

(ENEM 2020 PPL)

Exemplo da lírica de temática amorosa de Castro Alves, o poema constrói imagens caras ao Romantismo. Nesse fragmento, o lirismo romântico se expressa na  A. representação infantilizada da figura feminina.  B. criatividade inspirada em elementos da natureza.  C. opção pela morte como solução para as frustrações.  D. ansiedade com as atitudes de indiferença da mulher.  E. fixação por signos de fusão simbólica com o ser amado.

102

(ENEM 2018 PPL)

Talvez julguem que isto são voos de imaginação: é possível. Como não dar largas à imaginação, quando a realidade vai tomando proporções quase fantásticas, quando a civilização faz prodígios, quando no nosso próprio país a inteligência, o talento, as artes, o comércio, as grandes ideias, tudo pulula, tudo cresce e se desenvolve? Na ordem dos melhoramentos materiais, sobretudo, cada dia fazemos um passo, e em cada passo realizamos uma coisa útil para o engrandecimento do país. ALENCAR, J. Ao correr da pena. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2013.

O laço de fita Não sabes, criança? ‘Stou louco de amores… Prendi meus afetos, formosa Pepita. Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?! Não rias, prendi-me Num laço de fita. Na selva sombria de tuas madeixas, Nos negros cabelos de moça bonita, Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem, Formoso enroscava-se O laço de fita.

No fragmento da crônica de José de Alencar, publicada em 1854, a temática nacionalista constrói-se pelo elogio ao(à)  A. passado glorioso.  B. progresso nacional.  C. inteligência brasileira.  D. imponência civilizatória.  E. imaginação exacerbada.

[...] Pois bem! Quando um dia na sombra do vale Abrirem-me a cova... formosa Pepita! Ao menos arranca meus louros da fronte, E dá-me por c’roa… Teu laço de fita. ALVES, C. Espumas flutuantes. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2015 (fragmento).

51

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2020 PPL)

100

LEITURA ESTRATÉGICA

103

(ENEM 2016 PPL)

Estas palavras ecoavam docemente pelos atentos ouvidos de Guaraciaba, e lhe ressoavam n’alma como um hino celestial. Ela sentia-se ao mesmo tempo enternecida e ufana por ouvir aquele altivo e indômito guerreiro pronunciar a seus pés palavras do mais submisso e mavioso amor, e respondeu-lhe cheia de emoção: - ltajiba, tuas falas são mais doces para minha alma que os favos da jataí, ou o suco delicioso do abacaxi. Elas fazem-me palpitar o coração como a flor que estremece ao bafejo perfumado das brisas da manhã. Tu me amas, bem o sei, e o amor que te consagro também não é para ti nenhum segredo, embora meus lábios não o tenham revelado. A Flor, mesmo nas trevas, se trai pelo seu perfume; a fonte do deserto, escondida entre os rochedos, se revela por seu murmúrio ao caminhante sequioso. Desde os primeiros momentos tu viste meu coração abrir-se para ti, como a flor do manacá aos primeiros raios do sol. GUIMARÃES, B. O ermitão de Muquém. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 out. 2015.

O texto de Bernardo Guimarães é representativo da estética romântica. Entre as marcas textuais que evidenciam a filiação a esse movimento literário está em destaque a  A. referência a elementos da natureza local.  B. exaltação de Itagibá como nobre guerreiro.

[...] Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado, alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada golpe. — Cento e cinquenta! Só então houve quem visse um ponto vermelho, uma gota rubra deslizar no espinhaço negro do marinheiro e logo este ponto vermelho se transformar numa fita de sangue. CAMINHA, A. O Bom-Crioulo. São Paulo: Martin Claret, 2006.

A prosa naturalista incorpora concepções geradas pelo cientificismo e pelo determinismo. No fragmento, a cena de tortura a Bom-Crioulo reproduz essas concepções expressas pela  A. exaltação da resistência inata para legitimar a exploração de uma etnia.  B. defesa do estoicismo individual como forma de superação das adversidades.  C. concepção do ser humano como uma espécie predadora e afeita à morbidez.  D. observação detalhada do corpo para a identificação de características de raça.  E. apologia à superioridade dos organismos saudáveis para a sobrevivência da espécie.

 C. cumplicidade entre o narrador e a paisagem.  D. representação idealizada do cenário descrito.  E. expressão da desilusão amorosa de Guaraciaba.

104

(ENEM 2021 AR)

O Bom-Crioulo Com efeito, Bom-Crioulo não era somente um homem robusto, uma dessas organizações privilegiadas que trazem no corpo a sobranceira resistência do bronze e que esmagam com o peso dos músculos. [...] A chibata não lhe fazia mossa; tinha costas de ferro para resistir como um hércules ao pulso do guardião Agostinho. Já nem se lembrava do número das vezes que apanhara de chibata... [...] Entretanto, já iam cinquenta chibatadas! Ninguém lhe ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um gesto qualquer de dor. Viam-se unicamente naquele costão negro as marcas do junco, umas sobre outras, entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes, cortando a pele em todos os sentidos.

52

105

(ENEM 2019 PPL)

— Não digo que seja uma mulher perdida, mas recebeu uma educação muito livre, saracoteia sozinha por toda a cidade e não tem podido, por conseguinte, escapar à implacável maledicência dos fluminenses. Demais, está habituada ao luxo, ao luxo da rua, que é o mais caro; em casa arranjam-se ela e a tia sabe Deus como. Não é mulher com quem a gente se case. Depois, lembra-te que apenas começas e não tens ainda onde cair morto. Enfim, és um homem: faze o que bem te parecer. Essas palavras, proferidas com uma franqueza por tantos motivos autorizada, calaram no ânimo do bacharel. Intimamente ele estimava que o velho amigo de seu pai o dissuadisse de requestar a moça, não pelas consequências morais do casamento, mas pela obrigação, que este lhe impunha, de satisfazer uma dívida de vinte contos de réis, quando, apesar de todos os seus esforços, não conseguira até então pôr de parte nem o terço daquela quantia. AZEVEDO, A. A dívida. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 20 ago. 2017.

 A. caracterização pejorativa do comportamento da mulher solteira.  B. concepção irônica acerca dos valores morais inerentes à vida conjugal.  C. contraposição entre a idealização do amor e as imposições do trabalho.  D. expressão caricatural do casamento pelo viés do sentimentalismo burguês.  E. sobreposição da preocupação financeira em relação ao sentimento amoroso.

107

(ENEM 2017 PPL)

— Recusei a mão de minha filha, porque o senhor é… filho de uma escrava. — Eu? — O senhor é um homem de cor!… Infelizmente esta é a verdade… Raimundo tornou-se lívido. Manoel prosseguiu, no fim de um silêncio: — Já vê o amigo que não é por mim que lhe recusei Ana Rosa, mas é por tudo! A família de minha mulher sempre foi muito escrupulosa a esse respeito, e como ela é toda a sociedade do Maranhão! Concordo que seja uma asneira; concordo que seja um prejuízo tolo! O senhor porém não imagina o que é por cá a prevenção contra os mulatos!… Nunca me perdoariam um tal casamento; além do que, para realizá-lo, teria que quebrar a promessa que fiz a minha sogra, de não dar a neta senão a um branco de lei, português ou descendente direto de portugueses! AZEVEDO, A. O mulato. São Paulo: Escala, 2008.

106

(ENEM 2018 PPL)

Quanto às mulheres de vida alegre, detestava-as; tinha gasto muito dinheiro, precisava casar, mas casar com uma menina ingênua e pobre, porque é nas classes pobres que se encontra mais vergonha e menos bandalheira. Ora, Maria do Carmo parecia-lhe uma criatura simples, sem essa tendência fatal das mulheres modernas para o adultério, uma menina que até chorava na aula simplesmente por não ter respondido a uma pergunta do professor! Uma rapariga assim era um caso esporádico, uma verdadeira exceção no meio de uma sociedade roída por quanto vício há no mundo. Ia concluir o curso, e, quando voltasse ao Ceará, pensaria seriamente no caso. A Maria do Carmo estava mesmo a calhar: pobrezinha, mas inocente…

Influenciada pelo ideário cientificista do Naturalismo, a obra destaca o modo como o mulato era visto pela sociedade de fins do século XIX. Nesse trecho, Manoel traduz uma concepção em que a  A. miscigenação racial desqualificava o indivíduo.  B. condição econômica anulava os conflitos raciais.  C. discriminação racial era condenada pela sociedade.  D. escravidão negava o direito da negra à maternidade.  E. união entre mestiços era um risco à hegemonia dos brancos.

CAMINHA, A. A normalista. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 16 maio 2016.

Alinhado às concepções do Naturalismo, o fragmento do romance de Adolfo Caminha, de 1893, identifica e destaca nos personagens um(a)  A. compleição moral condicionada ao poder aquisitivo.  B. temperamento inconstante incompatível com a vida conjugal.  C. formação intelectual escassa relacionada a desvios de conduta.  D. laço de dependência ao projeto de reeducação de inspiração positivista.

108

(ENEM 2019 PPL)

A Esbraseia o Ocidente na agonia O sol... Aves em bandos destacados, Por céus de ouro e púrpura raiados, Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia… Delineiam-se além da serrania Os vértices de chamas aureolados, E em tudo, em torno, esbatem derramados Uns tons suaves de melancolia. Um mundo de vapores no ar flutua… Como uma informe nódoa avulta e cresce A sombra à proporção que a luz recua.

 E. sujeição a modelos representados por estratificações sociais e de gênero.

53

CONTEXTOS LITERÁRIOS

O texto, publicado no fim do século XIX, traz à tona representações sociais da sociedade brasileira da época. Em consonância com a estética realista, traços da visão crítica do narrador manifestam-se na

LEITURA ESTRATÉGICA A natureza apática esmaece… Pouco a pouco, entre as árvores, a lua Surge trêmula, trêmula... Anoitece. CORRÊA, R. Disponível em: www.brasiliana.usp.br. Acesso em: 13 ago. 2017.

Composição de formato fixo, o soneto tornou-se um modelo particularmente ajustado à poesia parnasiana. No poema de Raimundo Corrêa, remete(m) a essa estética  A. as metáforas inspiradas na visão da natureza.  B. a ausência de emotividade pelo eu lírico.  C. a retórica ornamental desvinculada da realidade.  D. o uso da descrição como meio de expressividade.  E. o vínculo a temas comuns à Antiguidade Clássica.

110

(ENEM 2017 PPL)

Chamou-me o bragantino e levou-me pelos corredores e pátios até ao hospício propriamente. Aí é que percebi que ficava e onde, na seção, na de indigentes, aquela em que a imagem do que a Desgraça pode sobre a vida dos homens é mais formidável. O mobiliário, o vestuário das camas, as camas, tudo é de uma pobreza sem par. Sem fazer monopólio, os loucos são da proveniência mais diversa, originando-se em geral das camadas mais pobres da nossa gente pobre. São de imigrantes italianos, portugueses e outros mais exóticos, são os negros roceiros, que teimam em dormir pelos desvãos das janelas sobre uma esteira esmolambada e uma manta sórdida; são copeiros, cocheiros, moços de cavalariça, trabalhadores braçais. No meio disto, muitos com educação, mas que a falta de recursos e proteção atira naquela geena social. BARRETO, L. Diário do hospício e O cemitério dos vivos. São Paulo: Cosac&

109

(ENEM 2019 PPL)

A nossa emotividade literária só se interessa pelos populares do sertão, unicamente porque são pitorescos e talvez não se possa verificar a verdade de suas criações. No mais é uma continuação do exame de português, uma retórica mais difícil, a se desenvolver por este tema sempre o mesmo: Dona Dulce, moça de Botafogo em Petrópolis, que se casa com o Dr. Frederico. O comendador seu pai não quer porque o tal Dr. Frederico, apesar de doutor, não tem emprego. Dulce vai à superiora do colégio de irmãs. Esta escreve à mulher do ministro, antiga aluna do colégio, que arranja um emprego para o rapaz. Está acabada a história. É preciso não esquecer que Frederico é moço pobre, isto é, o pai tem dinheiro, fazenda ou engenho, mas não pode dar uma mesada grande. Está aí o grande drama de amor em nossas letras, e o tema de seu ciclo literário. BARRETO, L. Vida e morte de MJ Gonzaga de Sá. Disponível em: www.brasiliana. usp.br. Acesso em: 10 ago. 2017.

Naify, 2010.

No relato de sua experiência no sanatório onde foi interno, Lima Barreto expõe uma realidade social e humana marcada pela exclusão. Em seu testemunho, essa reclusão demarca uma  A. medida necessária de intervenção terapêutica.  B. forma de punição indireta aos hábitos desregrados.  C. compensação para as desgraças dos indivíduos.  D. oportunidade de ressocialização em um novo ambiente.  E. conveniência da invisibilidade a grupos vulneráveis e periféricos.

111

(ENEM 2020 PPL)

Situado num momento de transição, Lima Barreto produziu uma literatura renovadora em diversos aspectos. No fragmento, esse viés se fundamenta na  A. releitura da importância do regionalismo.  B. ironia ao folhetim da tradição romântica.  C. desconstrução da formalidade parnasiana.  D. quebra da padronização do gênero narrativo.  E. rejeição à classificação dos estilos de época.

AMARAL, T. O mamoeiro, 1925, óleo sobre tela. IEB/USP.

54

 A. a representação de trabalhadores do campo.  B. as retas em detrimento dos círculos.  C. os padrões tradicionais nacionalistas.  D. a representação por formas geométricas.  E. os padrões e objetos mecânicos.

hálito explosivo... um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia. 5. Nós queremos entoar hinos ao homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita. 6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, fausto e munificiência, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais. MARINETTI, F. T. Manifesto futurista. In: TELES, G. M. Vanguardas europeias e Modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1985.

112

(ENEM 2019 PPL)

HELOÍSA: Faz versos? PINOTE: Sendo preciso... Quadrinhas... Acrósticos... Sonetos... Reclames. HELOÍSA: Futuristas? PINOTE: Não senhora! Eu já fui futurista. Cheguei a acreditar na independência... Mas foi uma tragédia! Começaram a me tratar de maluco. A me olhar de esguelha. A não me receber mais. As crianças choravam em casa. Tenho três filhos. No jornal também não pagavam, devido à crise. Precisei viver de bicos. Ah! Reneguei tudo. Arranjei aquele instrumento (Mostra a faca) e fiquei passadista. ANDRADE, O. O rei da vela. São Paulo: Globo, 2003.

O fragmento da peça teatral de Oswald de Andrade ironiza a reação da sociedade brasileira dos anos 1930 diante de determinada vanguarda europeia. Nessa visão, atribui-se ao público leitor uma postura

O documento de Marinetti, de 1909, propõe os referenciais estéticos do Futurismo, que valorizam a  A. composição estática.  B. inovação tecnológica.  C. suspensão do tempo.  D. retomada do helenismo.  E. manutenção das tradições.

114

(ENEM 2017 AR)

E venham, então, os alegres incendiários de dedos carbonizados! Vamos! Ateiem fogo às estantes das bibliotecas! Desviem o curso dos canais, para inundar os museus! Empunhem as picaretas, os machados, os martelos e deitem abaixo sem piedade as cidades veneradas! MARINETTI, F.T. Manifesto futurista. Disponível em : www.sibila.com.br. Acesso em: 2 Ago.2012(adaptado).

 A. preconceituosa, ao evitar formas poéticas simplificadas.  B. conservadora, ao optar por modelos consagrados.

Que princípio marcante do Futurismo e comum a várias correntes artísticas e culturais das primeiras três décadas do século XX está destacado no texto?

 C. preciosista, ao preferir modelos literários eruditos.  D. nacionalista, ao negar modelos estrangeiros.

 A. A tradição é uma força incontornável.

 E. eclética, ao aceitar diversos estilos poéticos.

 B. A arte é expressão da memória coletiva.  C. A modernidade é a superação decisiva da história.

113

(ENEM 2019 PPL)

1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade. 2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia. 3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insônia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco. 4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de

 D. A realidade cultural é determinada economicamente.  E. A memória é um elemento crucial da identidade cultural.

55

CONTEXTOS LITERÁRIOS

As vanguardas europeias trouxeram novas perspectivas para as artes plásticas brasileiras. Na obra O mamoeiro, a pintora Tarsila do Amaral valoriza

LEITURA ESTRATÉGICA

115

(ENEM 2016 2A)

O poema modernista de Mário de Andrade revisita o tema do nacionalismo de forma irônica ao  A. referendar estereótipos étnicos e sociais ligados ao brasileiro nortista.  B. idealizar a vida bucólica do norte do país como alternativa de brasilidade.  C. problematizar a relação entre distância geográfica e construção da nacionalidade.  D. questionar a participação da cultura autóctone na formação da identidade nacional.  E. propalar uma inquietação desfavorável quanto à aceitação das diferenças socioculturais.

PICASSO, P. Les demoiselles d’Avignon. Óleo sobre tela, 243,9 x 233,7 cm. Museu de Arte Moderna, Nova Iorque, 1907.

Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 13 set. 2012. A obra Les demoiselles d’Avignon, do pintor espanhol Pablo Picasso, é um dos marcos iniciais do movimento cubista. Essa obra filia-se também ao Primitivismo, uma vez que sua composição recorre à manifestação cultural de um determinado grupo étnico, que se caracteriza por  A. produção de máscaras ritualísticas africanas.  B. rituais de fertilidade das comunidades celtas.  C. festas profanas dos povos mediterrâneos.  D. culto à nudez de populações aborígenes.  E. danças ciganas do sul da Espanha.

116

Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De supetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim. Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! muito longe de mim Na escuridão ativa da noite que caiu Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos, Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo. Esse homem é brasileiro que nem eu. ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Villa Rica, 1993.

(ENEM 2021 PPL)

– ...E o amor não é só o que o senhor Sousa Costa pensa. Vim ensinar o amor como deve ser. Isso é que eu pretendo, pretendia ensinar pra Carlos. O amor sincero, elevado, cheio de senso prático, sem loucuras. Hoje, minha senhora, isso está se tornando uma necessidade desde que a filosofia invadiu o terreno do amor! Tudo o que há de pessimismo pela sociedade de agora! Estão se animalizando cada vez mais. Pela influência às vezes até indireta de Schopenhauer, de Nietzsche... embora sejam alemães. Amor puro, sincero, união inteligente de duas pessoas, compreensão mútua. E um futuro de paz conseguido pela coragem de aceitar o presente. Rosto polido por lágrimas saudosas, quem vira Fräulein chorar!... – ...É isso que eu vim ensinar pra seu filho, minha senhora. Criar um lar sagrado! Onde é que a gente encontra isso agora?

(ENEM 2021 AR)

Descobrimento

56

117

ANDRADE, M. Amar, verbo intransitivo. Rio de Janeiro: Agir, 2008.

Confrontada pela dona de casa, a personagem alemã explica as razões de sua presença ali. Em seu discurso, o amor é concebido por um viés que  A. defende a idealização dos sentimentos.  B. explica filosoficamente suas peculiaridades.  C. questiona a possibilidade de sua compreensão.  D. demarca as influências culturais sobre suas práticas.  E. reforça o papel da família na transmissão de seus valores.

(ENEM 2018 PPL)

119

CONTEXTOS LITERÁRIOS

118

(ENEM 2018 PPL)

Gaetaninho Ali na Rua do Oriente a ralé quando muito andava de bonde. De automóvel ou de carro só mesmo em dia de enterro. De enterro ou de casamento. Por isso mesmo o sonho de Gaetaninho era de realização muito difícil. Um sonho. [...] — Traga a bola! Gaetaninho saiu correndo. Antes de alcançar a bola um bonde o pegou. Pegou e matou. No bonde vinha o pai do Gaetaninho. A gurizada assustada espalhou a notícia na noite. — Sabe o Gaetaninho? — Que é que tem? — Amassou o bonde! A vizinhança limpou com benzina suas roupas domingueiras. Às dezesseis horas do dia seguinte saiu um enterro da Rua do Oriente e Gaetaninho não ia na boleia de nenhum dos carros do acompanhamento. Ia no da frente dentro de um caixão fechado com flores pobres por cima. Vestia a roupa marinheira, tinha as ligas, mas não levava a palhetinha. Quem na boleia de um dos carros do cortejo mirim exibia soberbo terno vermelho que feria a vista da gente era o Beppino. MACHADO, A. A. Brás, Bexiga e Barra Funda: notícias de São Paulo. Belo Horizonte; Rio de Janeiro: Vila Rica, 1994.

Situada no contexto da modernização da cidade de São Paulo na década de 1920, a narrativa utiliza recursos expressivos inovadores, como

AMARAL, T. EFCB. Óleo sobre tela. 56 cm x 65 cm, 1924. Disponível em: www. wikiart.org. Acesso em: 11 fev. 2015.

Uma das funções da obra de arte é representar o contexto sociocultural ao qual ela pertence. Produzida na primeira metade do século XX, a Estrada de Ferro Central do Brasil evidencia o processo de modernização pela  A. verticalização do espaço.  B. desconstrução da forma.

 A. o registro informal da linguagem e o emprego de frases curtas.  B. o apelo ao modelo cinematográfico com base em

 C. sobreposição de elementos.  D. valorização da natureza.  E. abstração do tema.

imagens desconexas.  C. a representação de elementos urbanos e a prevalência do discurso direto.  D. a encenação crua da morte em contraponto ao tom respeitoso do discurso.  E. a percepção irônica da vida assinalada pelo uso reiterado de exclamações.

120

(ENEM 2017 AR)

O farrista Quando o almirante Cabral Pôs as patas no Brasil O anjo da guarda dos índios Estava passeando em Paris. Quando ele voltou de viagem O holandês já está aqui. O anjo respira alegre: “Não faz mal, isto é boa gente, Vou arejar outra vez.” O anjo transpôs a barra, Diz adeus a Pernambuco, Faz barulho, vuco-vuco, Tal e qual o zepelim Mas deu um vento no anjo, Ele perdeu a memória. E não voltou nunca mais.

57

LEITURA ESTRATÉGICA MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992.

A Obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que  A. configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.  B. remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.  C. repercute as manifestações do sincretismo religioso.  D. descreve a gênese da formação do povo brasileiro.  E. promove inovações no repertório linguístico.

121

(ENEM 2017 AR)

122

(ENEM 2016 PPL)

Como se vai de São Paulo a Curitiba (1928) Os tempos mudaram. O mundo contemporâneo pulsa em ritmos acelerados. Novos fatores revelam conveniência de outros métodos. Surgem, no decurso dos nossos dias, motivos que nos convencem de que cada município deve levar a sério o problema da circulação rodoviária. Para facilitar a ação administrativa. Para uma revisão das suas possibilidades econômicas. Ritimo de ruralização. Costurar o país com estradas alegres, desligadas de horários. Livres e cheias de sol como um verso moderno! BOPP, R. Poesia completa de Raul Bopp. Rio de Janeiro: José Olympio: São Paulo: Edusp, 1998 (fragmento).

Nos anos de 1920, a necessidade de modernizar o Brasil refletiu-se na proposta de renovação estética defendida por artistas modernistas como Raul Bopp. No poema, o posicionamento favorável às transformações da sociedade brasileira aparece diretamente relacionado à experimentação na poesia. A relação direta entre modernização e procedimento estético no poema deve-se à correspondência entre  A. a discussão de tema técnico e a fragmentação da linguagem.  B. a afirmação da mudança dos tempos e a inovação vocabular. VALENTIM. R. Emblema 78. Acrílico sobre tela. 73 x 100 cm. 1978. Disponível em: www.espaçoarte.com.br Acesso em: 2 ago. 2012.

A obra de Rubem Valentim apresenta emblemas que, baseando-se em signos de religiões afro-brasileiras, se transformam em produção artística. A obra Emblema 78 relaciona-se com o Modernismo em virtude da  A. simplificação de formas da paisagem brasileira.  B. valorização de símbolos do processo de urbanização.  C. fusão de elementos da cultura brasileira com a arte europeia.  D. alusão aos símbolos cívicos presentes na bandeira nacional.  E. composição simétrica de elementos relativos à miscigenação racial.

58

 C. a oposição à realidade rural do país e a simplificação da sintaxe.  D. a adesão ao ritmo de vida urbano e a subjetividade da linguagem.  E. a exortação à ampla difusão das estradas e a liberdade dos versos.

Do amor à pátria São doces os caminhos que levam de volta à pátria. Não à pátria amada de verdes mares bravios, a mirar em berço esplêndido o esplendor do Cruzeiro do Sul; mas a uma outra mais íntima, pacífica e habitual – uma cuja terra se comeu em criança, uma onde se foi menino ansioso por crescer, uma onde se cresceu em sofrimentos e esperanças plantando canções, amores e filhos ao sabor das estações. MORAES, V. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1987.

O nacionalismo constitui tema recorrente na literatura romântica e na modernista. No trecho, a representação da pátria ganha contornos peculiares porque  A. o amor àquilo que a pátria oferece é grandioso e eloquente.  B. os elementos valorizados são intimistas e de dimensão subjetiva.  C. o olhar sobre a pátria é ingênuo e comprometido pela inércia.

 A. releitura irônica de um fato histórico.  B. visão ufanista de um episódio nacional.  C. denúncia implícita de atitudes autoritárias.  D. isenção ideológica do discurso do eu lírico.  E. representação saudosista do regime monárquico.

125

Descobrimento Abancado à escrivaninha em São Paulo Na minha casa da rua Lopes Chaves De sopetão senti um friúme por dentro. Fiquei trêmulo, muito comovido Com o livro palerma olhando pra mim. Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus! Muito longe de mim, Na escuridão ativa da noite que caiu, Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, Faz pouco se deitou, está dormindo. Esse homem é brasileiro que nem eu… ANDRADE, M. Poesias completas. São Paulo: Edusp, 1987.

 D. o patriotismo literário tradicional é subvertido e motivo de ironia.  E. a natureza é determinante na percepção do valor da pátria.

(ENEM 2016 2A)

O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do “descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim de  A. resgatar o passado indígena brasileiro.  B. criticar a colonização portuguesa no Brasil.

124

(ENEM 2016 PPL)

Quinze de Novembro Deodoro todo nos trinques Bate na porta de Dão Pedro Segundo. Seu imperadô, dê o fora que nós queremos tomar conta desta bugiganga. Mande vir os músicos. O imperador booejando responde: Pois não meus filhos não se vexem me deixem calçar as Chinelas podem entrar a vontade: só peço que não me bulam nas obras completas de Victor Hugo.

 C. defender a diversidade social e cultural brasileira.  D. promover a integração das diferentes regiões do país.  E. valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros.

MENDES, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

A poesia de Murilo Mendes dialoga com o ideário poético dos primeiros modernistas. No poema, essa atitude manifesta-se na

59

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2016 2A)

123

LEITURA ESTRATÉGICA

126

(ENEM 2016 2A)

O bonde abre a viagem, No banco ninguém, Estou só, stou sem. Depois sobe um homem, No banco sentou, Companheiro vou. O bonde está cheio, De novo porém Não sou mais ninguém. ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Wa Rica, 1993.

O desenvolvimento das grandes cidades e a consequente concentração populacional nos centros urbanos geraram mudanças importantes no comportamento dos indivíduos em sociedade. No poema de Mário de Andrade, publicado na década de 1940, a vida na metrópole aparece representada pela contraposição entre  A. a solidão e a multidão.  B. a carência e a satisfação.  C. a mobilidade e a lentidão.  D. a amizade e a indiferença.  E. a mudança e a estagnação.

127

(ENEM 2020 AD)

Dias depois da morte de D. Mariquinha, Seu Lula, todo de luto, reuniu os negros no pátio da casa-grande e falou para eles. A voz não era mais aquela voz mansa de outros tempos. Agora Seu Lula era o dono de tudo. O feitor, o negro Deodato, recebera as suas instruções aos gritos. Seu Lula não queria vadiação naquele engenho. Agora, todas as tardes, os negros teriam que rezar as ave-marias. Negro não podia mais andar de reza para S. Cosme e S. Damião. Aquilo era feitiçaria. [...] E o feitor Deodato, com a proteção do senhor, começou a tratar a escravatura como um carrasco. O chicote cantava no lombo dos negros, sem piedade. Todos os dias chegavam negros chorando aos pés de D. Amélia, pedindo valia, proteção contra o chicote do Deodato. A fama da maldade do feitor espalhara-se pela várzea. O senhor de engenho do Santa Fé tinha um escravo que matava negro na peia. [...] E o Santa Fé foi ficando assim o engenho sinistro da várzea. RÊGO, J. L. Fogo morto. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.

A condição dos trabalhadores escravizados do Santa Fé torna-se exponencialmente aflitiva após a morte da senhora do engenho. Nessa passagem, o sofrimento a que se submetem é intensificado pela reação à

60

 A. mania do novo senhor de se dirigir a eles aos gritos.  B. saudade do afeto antes dispensado por D. Mariquinha.  C. privação sumária de suas crenças e práticas ritualísticas.  D. inércia moral de D. Amélia ante as imposições do marido.  E. reputação do Santa Fé de lugar funesto a seus moradores.

128

(ENEM 2020 AR)

— O senhor pensa que eu tenho alguma fábrica de dinheiro? (O diretor diz essas coisas a ele, mas olha para todos como quem quer dar uma explicação a todos. Todas as caras sorriem.) Quando seu filho esteve doente, eu o ajudei como pude. Não me peça mais nada. Não me encarregue de pagar as suas contas: já tenho as minhas, e é o que me basta... (Risos.) O diretor tem o rosto escanhoado, a camisa limpa. A palavra possui um tom educado, de pessoa que convive com gente inteligente, causeuse. O rosto do Dr. Rist resplandece, vermelho e glabro. Um que outro tem os olhos no chão, a atitude discreta. Naziazeno espera que ele lhe dê as costas, vá reatar a palestra interrompida, aquelas observações sobre a questão social, comunismo e integralismo. MACHADO, D. Os ratos. São Paulo: Círculo do Livro, s/d.

A ficção modernista explorou tipos humanos em situação de conflito social. No fragmento do romancista gaúcho, esse conflito revela a  A. sujeição moral amplificada pela pobreza.  B. crise econômica em expansão nas cidades.  C. falta de diálogo entre patrões e empregados.  D. perspicácia marcada pela formação intelectual.  E. tensão política gerada pelas ideologias vigentes.

(ENEM 2019 PPL)

130

Canção

(ENEM 2018 PPL)

E fui mostrar ao ilustre hóspede [o governador do Estado] a serraria, o descaroçador e o estábulo. Expliquei em resumo a prensa, o dínamo, as serras e o banheiro carrapaticida. De repente supus que a escola poderia trazer a benevolência do governador para certos favores que eu tencionava solicitar. — Pois sim senhor. Quando V. Exª. vier aqui outra vez, encontrará essa gente aprendendo cartilha.

No desequilíbrio dos mares, as proas giram sozinhas… Numa das naves que afundaram é que certamente tu vinhas. Eu te esperei todos os séculos sem desespero e sem desgosto, e morri de infinitas mortes guardando sempre o mesmo rosto.

RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1991.

O fragmento do romance de Graciliano Ramos dialoga com o contexto da Primeira República no Brasil, ao focalizar o(a)

Quando as ondas te carregaram meus olhos, entre águas e areias, cegaram como os das estátuas, a tudo quanto existe alheias.

 A. derrocada de práticas clientelistas.  B. declínio do antigo atraso socioeconômico.

Minhas mãos pararam sobre o ar e endureceram junto ao vento, e perderam a cor que tinham e a lembrança do movimento.

 C. liberalismo desapartado de favores do Estado.  D. fortalecimento de políticas públicas educacionais.  E. aliança entre a elite agrária e os dirigentes

E o sorriso que eu te levava desprendeu-se e caiu de mim: e só talvez ele ainda viva dentro destas águas sem fim.

políticos.

MEIRELES, C. In: SECCHIN, A. C. (Org.). Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

Na composição do poema, o tom elegíaco e solene manifesta uma concepção de lirismo fundada na  A. contradição entre a vontade da espera pelo ser amado e o desejo de fuga.  B. expressão do desencanto diante da impossibilidade da realização amorosa.  C. associação de imagens díspares indicativas de esperança no amor futuro.  D. recusa à aceitação da impermanência do sentimento pela pessoa amada.  E. consciência da inutilidade do amor em relação à inevitabilidade da morte.

131

(ENEM 2018 AR)

O trabalho não era penoso: colar rótulos, meter vidros em caixas, etiquetá-las, selá-las, envolvê-las em papel celofane, branco, verde, azul, conforme o produto, separá-las em dúzias… Era fastidioso. Para passar mais rapidamente as oito horas havia o remédio: conversar. Era proibido, mas quem ia atrás de proibições? O patrão vinha? Vinha o encarregado do serviço? Calavam o bico, aplicavam-se ao trabalho. Mal viravam as costas, voltavam a taramelar. As mãos não paravam, as línguas não paravam. Nessas conversas intermináveis, de linguagem solta e assuntos crus, Leniza se completou. Isabela, Afonsina, Idália, Jurete, Deolinda – foram mestras. O mundo acabou de se desvendar. Leniza perdeu o tom ingênuo que ainda podia ter. Ganhou um jogar de corpo que convida, um quebrar de olhos que promete tudo, à toa, gratuitamente. Modificou-se o timbre de sua voz. Ficou mais quente. A própria inteligência se transformou. Tornou-se mais aguda, mais trepidante REBELO, M. A estrela sobe. Rio de Janeiro: José Olympio, 2009.

O romance, de 1939, traz à cena tipos e situações que espelham o Rio de Janeiro daquela década. No fragmento, o narrador delineia esse contexto centrado no

61

CONTEXTOS LITERÁRIOS

129

LEITURA ESTRATÉGICA  A. julgamento da mulher fora do espaço doméstico.  B. relato sobre as condições de trabalho no Estado Novo.

 A. revela-se um empreendedor capitalista pragmático que busca o êxito em suas realizações a qualquer custo, ignorando princípios éticos e valores

 C. destaque a grupos populares na condição de protagonistas

humanitários.  B. procura adequar sua atividade produtiva e função

 D. processo de inclusão do palavrão nos hábitos de linguagem.

de empresário às regras do Estado democrático de direito, ajustando o interesse pessoal ao bem da

 E. vínculo entre as transformações urbanas e os papéis femininos.

sociedade.  C. relata aos seus interlocutores fatos que lhe ocorreram em um passado distante, e enumera ações que põem em evidência as suas muitas virtudes de homem do campo.

132

(ENEM 2017 PPL)

Tenho visto criaturas que trabalham demais e não progridem. Conheço indivíduos preguiçosos que têm faro: quando a ocasião chega, desenroscam-se, abrem a boca e engolem tudo. Eu não sou preguiçoso. Fui feliz nas primeiras tentativas e obriguei a fortuna a ser-me favorável nas seguintes. Depois da morte do Mendonça, derrubei a cerca, naturalmente, e levei-a para além do ponto em que estava no tempo de Salustiano Padilha. Houve reclamações. — Minhas senhoras, Seu Mendonça pintou o diabo enquanto viveu. Mas agora é isto. E quem não gostar, paciência, vá à justiça. Como a justiça era cara, não foram à justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi a terra do Fidélis, paralítico de um braço, e a dos Gama, que pandegavam no Recife, estudando direito. Respeitei o engenho do Dr. Magalhães, juiz. Violências miúdas passaram despercebidas. As questões mais sérias foram ganhas no foro, graças às chicanas de João Nogueira. Efetuei transações arriscadas, endividei-me, importei maquinismos e não prestei atenção aos que me censuravam por querer abarcar o mundo com as pernas. Iniciei a pomicultura e a avicultura. Para levar os meus produtos ao mercado, comecei uma estrada de rodagem. Azevedo Gondim compôs sobre ela dois artigos, chamou-me patriota, citou Ford e Delmiro Gouveia. Costa Brito também publicou uma nota na Gazeta, elogiando-me e elogiando o chefe político local. Em consequência mordeu-me cem mil réis. RAMOS, G. São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 1990.

O trecho, de São Bernardo, apresenta um relato de Paulo Honório, narrador-personagem, sobre a expansão de suas terras. De acordo com esse relato, o processo de prosperidade que o beneficiou evidencia que ele

62

 D. demonstra ser um homem honrado, patriota e audacioso, atributos ressaltados pela realização de ações que se ajustam ao princípio de que os fins justificam os meios.  E. amplia o seu patrimônio graças ao esforço pessoal, contando com a sorte e a capacidade de iniciativa, sendo um exemplo de empreendedor com responsabilidade social.

133

(ENEM 2016 2A)

Anoitecer A Dolores É a hora em que o sino toca, mas aqui não há sinos; há somente buzinas, sirenes roucas, apitos aflitos, pungentes, trágicos, uivando escuro segredo; desta hora tenho medo. […] É a hora do descanso, mas o descanso vem tarde, o corpo não pede sono, depois de tanto rodar; pede paz – morte – mergulho no poço mais ermo e quedo; desta hora tenho medo. Hora de delicadeza, agasalho, sombra, silêncio. Haverá disso no mundo? É antes a hora dos corvos, bicando em mim, meu passado, meu futuro, meu degredo; desta hora, sim, tenho medo.

Com base no contexto da Segunda Guerra Mundial, o livro A rosa do povo revela desdobramentos da visão poética. No fragmento, a expressividade lírica demonstra um(a)

 A. agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.  B. força emotiva e capacidade de preservação da memória social.  C. denúncia retórica e habilidade para sedimentar so-

 A. defesa da esperança como forma de superação das atrocidades da guerra.

nhos e utopias.  D. ampliação do universo cultural e intervenção nos

 B. desejo de resistência às formas de opressão e medo produzidas pela guerra.

valores humanos.  E. identificação com o discurso masculino e questio-

 C. olhar pessimista das instituições humanas e so-

namento dos temas líricos.

ciais submetidas ao conflito armado.  D. exortação à solidariedade para a reconstrução dos espaços urbanos bombardeados.  E. espírito de contestação capaz de subverter a condição de vítima dos povos afetados.

134

135

(ENEM 2017 PPL)

Dois parlamentos Nestes cemitérios gerais não há morte pessoal. Nenhum morto se viu com modelo seu, especial. Vão todos com a morte padrão, em série fabricada. Morte que não se escolhe e aqui é fornecida de graça. Que acaba sempre por se impor sobre a que já medrasse. Vence a que, mais pessoal, alguém já trouxesse na carne. Mas afinal tem suas vantagens esta morte em série. Faz defuntos funcionais, próprios a uma terra sem vermes.

(ENEM 2017 PPL)

Sou um homem comum brasileiro, maior, casado, reservista, e não vejo na vida, amigo nenhum sentido, senão lutarmos juntos por um mundo melhor. Poeta fui de rápido destino Mas a poesia é rara e não comove nem move o pau de arara. Quero, por isso, falar com você de homem para homem, apoiar-me em você oferecer-lhe meu braço que o tempo é pouco e o latifúndio está aí matando […] Homem comum, igual a você, […] Mas somos muitos milhões de homens comuns e podemos formar uma muralha com nossos corpos de sonhos e margaridas.

MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997 (fragmento).

A lida do sertanejo com suas adversidades constitui um viés temático muito presente em João Cabral de Melo Neto. No fragmento em destaque, essa abordagem ressalta o(a)  A. inutilidade de divisão social e hierárquica após a morte.  B. aspecto desumano dos cemitérios da população carente.  C. nivelamento do anonimato imposto pela miséria na

FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).

No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de

morte.  D. tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da terra.  E. indiferença do sertanejo com a ausência de seus próximos.

63

CONTEXTOS LITERÁRIOS

ANDRADE, C. D. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 2005 (fragmento).

LEITURA ESTRATÉGICA

136

(ENEM 2016 AR)

137

Antiode

(ENEM 2019 PPL)

As montanhas correm agora, lá fora, umas atrás das outras, hostis e espectrais, desertas de vontades novas que as humanizem, esquecidas já dos antigos homens lendários que as povoaram e dominaram. Carregam nos seus dorsos poderosos as pequenas cidades decadentes, como uma doença aviltante e tenaz, que se aninhou para sempre em suas dobras. Não podendo matá-las de todo ou arrancá-las de si e vencer, elas resignam-se e as ocultam com sua vegetação escura e densa, que lhes serve de coberta, e resguardam o seu sonho imperial de ferro e ouro.

Poesia, não será esse o sentido em que ainda te escrevo: flor! (Te escrevo: flor! Não uma flor, nem aquela flor-Virtude – em disfarçados urinóis). Flor é a palavra flor; verso inscrito no verso, como as manhãs no tempo. Flor é o salto da ave para o voo: o salto fora do sono quando seu tecido se rompe; é uma explosão posta a funcionar, como uma máquina, uma jarra de flores.

PENNA, C. Fronteira. Rio de Janeiro: Artium, 2001.

As soluções de linguagem encontradas pelo narrador projetam uma perspectiva lírica da paisagem contemplada. Essa projeção alinha-se ao poético na medida em que

MELO NETO, J. C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro Nova Fronteira, 1997 (fragmento).

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem, sem necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto, poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de  A. uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim de assumir novos sig-

 A. explora a identidade entre o homem e a natureza.  B. reveste o inanimado de vitalidade e ressentimento.  C. congela no tempo a prosperidade de antigas cidades.  D. destaca a estética das formas e das cores da paisagem.  E. captura o sentido da ruína causada pela extração mineral.

nificados.  B. um urinol, em referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do século XX.  C. uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente ligada à palavra poética.  D. uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-científico pós-Revolução Industrial.  E. um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao eu lírico.

64

138

(ENEM 2019 PPL)

O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessôas mais velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir matar os bichinhos assustados — o tatú que se agarra no chão dando guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que mesmo até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando socôrro. Todo choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora, como quem diz a salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os homens, pé-ante-pé, indo a peitavento, cercaram o casal de tamanduás, encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam dormindo. Os homens empurraram com a vara de ferrão, com

ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2016.

Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da paisagem dos sertões mineiros. Nesse fragmento, o narrador empresta à cena uma expressividade apoiada na  A. plasticidade de cores e sons dos elementos nativos.  B. dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência.  C. religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus costumes.  D. correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do campo.

LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1990.

A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade em razão de determinadas soluções narrativas. No fragmento, o processo que leva a essa expressividade fundamenta-se no  A. desencontro estabelecido no diálogo do par amoroso.  B. exercício de análise filosófica conduzido pelo narrador.  C. registro do processo de autoconhecimento da personagem.  D. discurso fragmentado como reflexo de traumas psicológicos.  E. afastamento da voz narrativa em relação aos dramas existenciais.

 E. humanização da presa em contraste com o desdém e a ferocidade do homem.

140

(ENEM 2016 AR)

A partida do trem 139

(ENEM 2018 PPL)

Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo involuntariamente dissera. E ele com os olhos miúdos quis que ela não fugisse e falou: — Repita o que você disse, Lóri. — Não sei mais. — Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente disse: um dia será o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema individualidade de pessoa, mas seremos um só. — Sim. Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço? Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase correndo: ele era o perigo.

Marcava seis horas da manhã, Angela Prain pagou o táxi e pegou sua pequena valise, Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha bem vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho. Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou: — A senhora deseja trocar de lugar comigo? Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada, para ela dava no mesmo, Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão sobre o camafeu filigranado de ouro espetado no peito, passou a mão pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini: — É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar? LISPECTOR, C. Onde estiveste de noite. Rio de Janeiro. Nova Fronteira, 1980 (fragmento).

65

CONTEXTOS LITERÁRIOS

pancada bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho, quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.

LEITURA ESTRATÉGICA A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador enfatiza o(a)

 A. gírias e expressões coloquiais para criticar a lin-

 A. comportamento vaidoso de mulheres de condição

 B. intenções satíricas e humorísticas para delinear

social privilegiada.  B. anulação das diferenças sociais no espaço público de uma estação.  C. incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações diferentes.  D. constrangimento da aproximação formal de pessoas desconhecidas.  E. sentimento de solidão alimentado pelo processo de envelhecimento.

guagem adornada da tradição literária então vigente. uma concepção de poesia voltada para a felicidade dos leitores.  C. frases de efeito e interpelações ao leitor para ironizar as tentativas de adequação do poema ao gosto do público.  D. recursos da escrita em prosa e noções do senso comum para enfatizar as dificuldades inerentes ao trabalho do poeta.  E. referências intertextuais e anedóticas para defender a importância de uma atitude destemida ante os riscos da criação poética.

142

141

(ENEM 2020 AD)

Pessoal intransferível Escute, meu chapa: um poeta não se faz com versos. É o risco, é estar sempre a perigo sem medo, é inventar o perigo e estar sempre recriando dificuldades pelo menos maiores, é destruir a linguagem e explodir com ela. Nada no bolso e nas mãos. Sabendo: perigoso, divino, maravilhoso. Poetar é simples, como dois e dois são quatro sei que a vida vale a pena etc. Difícil é não correr com os versos debaixo do braço. Difícil é não cortar o cabelo quando a barra pesa. Difícil, pra quem não é poeta, é não trair a sua poesia, que, pensando bem, não é nada, se você está sempre pronto a temer tudo; menos o ridículo de declamar versinhos sorridentes. E sair por aí, ainda por cima sorridente mestre de cerimônias, “herdeiro” da poesia dos que levaram a coisa até o fim e continuam levando, graças a Deus. E fique sabendo: quem não se arrisca não pode berrar. Citação: leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi. Adeusão. TORQUATO NETO. Melhores poemas de Torquato Neto. São Paulo: Global, 2018.

Expoente da poesia produzida no Brasil na década de 1970 e autor de composições representativas da Tropicália, Torquato Neto mobiliza, nesse texto,

66

(ENEM 2020 PPL)

No Brasil, após a eclosão da Bossa Nova, no fim dos anos 1950 — quando efetivamente a canção popular começou a ser objeto de debate e análise por parte das elites culturais — desenvolveram-se duas principais vertentes interpretativas da nossa música: a vertente da tradição e a vertente da modernidade, dualismo que não surgiu nesta época e nem se restringe ao tema da produção musical. Desde pelo menos 1922, a tensão entre “tradicional” e “moderno” ocupa o centro do debate político-cultural no país, refletindo o dilema de uma elite em busca da identidade brasileira. ARAÚJO, P. C. Eu não sou cachorro, não. Rio de Janeiro: Record, 2013.

A manifestação cultural que, a partir da década de 1960, pretendeu sintetizar o dualismo apresentado no texto foi:  A. Jovem Guarda, releitura do rock anglófono com letras em português.  B. Samba-canção, combinação de ritmos africanos com tons de boleros.  C. Tropicália, junção da música pop internacional com ritmos nacionais.  D. Brega, amostra do dia a dia dos setores populares com temas românticos.  E. Cancioneiro caipira, retrato do cotidiano do homem do campo com melodias tristes.

(ENEM 2018 AR)

144

(ENEM 2018 AR)

A Casa de Vidro

Dia 20/10

Houve protestos. Deram uma bola a cada criança e tempo para brincar. Elas aprenderam malabarismos incríveis e algumas viajavam pelo mundo exibindo sua alegre habilidade. (O problema é que muitos, a maioria, não tinham jeito e eram feios de noite, assustadores. Seria melhor prender essa gente – havia quem dissesse.) Houve protestos. Aumentaram o preço da carne, liberaram os preços dos cereais e abriram crédito a juros baixos para o agricultor. O dinheiro que sobrasse, bem, digamos, ora o dinheiro que sobrasse! Houve protestos. Diminuíram os salários (infelizmente aumentou o número de assaltos) porque precisamos combater a inflação e, como se sabe, quando os salários estão acima do índice de produtividade eles se tornam altamente inflacionários, de modo que. Houve protestos. Proibiram os protestos. E no lugar dos protestos nasceu o ódio. Então surgiu a Casa de Vidro, para acabar com aquele ódio.

É preciso não beber mais. Não é preciso sentir vontade de beber e não beber: é preciso não sentir vontade de beber. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso fechar para balanço e reabrir. É preciso não dar de comer aos urubus. Nem esperanças aos urubus. É preciso sacudir a poeira. É preciso poder beber sem se oferecer em holocausto. É preciso. É preciso não morrer por enquanto. É preciso sobreviver para verificar. Não pensar mais na solidão de Rogério, e deixá-lo. É preciso não dar de comer aos urubus. É preciso enquanto é tempo não morrer na via pública.

ÂNGELO, I. A casa de vidro. São Paulo: Círculo do Livro, 1985.

Publicado em 1979, o texto compartilha com outras obras da literatura brasileira escritas no período as marcas o contexto em que foi produzido, como a  A. referência à censura e à opressão para alegorizar a falta de liberdade de expressão característica da época.  B. valorização de situações do cotidiano para atenuar os sentimentos de revolta em relação ao governo instituído.  C. utilização de metáforas e ironias para expressar um olhar crítico em relação à situação social e política do país.  D. tendência realista para documentar com verossimilhança o drama da população brasileira durante o Regime Militar.  E. sobreposição das manifestações populares pelo discurso oficial para destacar o autoritarismo do momento histórico.

TORQUATO NETO. In: MENDONÇA, J. (Org.) Poesia (im)popular brasileira. São Bernardo do Campo: Lamparina Luminosa, 2012.

O processo de construção do texto formata uma mensagem por ele dimensionada, uma vez que  A. configura o estreitamento da linguagem poética.  B. reflete as lacunas da lucidez em desconstrução.  C. projeta a persistência das emoções reprimidas.  D. repercute a consciência da agonia antecipada.  E. revela a fragmentação das relações humanas.

145

(ENEM 2017 AR)

Contranarciso em mim eu vejo o outro e outro e outro enfim dezenas trens passando vagões cheios de gente centenas o outro que há em mim é você você e você assim como eu estou em você eu estou nele em nós e só quando estamos em nós estamos em paz mesmo que estejamos a sós

67

CONTEXTOS LITERÁRIOS

143

LEITURA ESTRATÉGICA Leminski P. Toda poesia. São Paulo: Cia. das Letras, 2013.

A busca pela identidade constitui uma faceta da tradição literária, redimensionada pelo olhar contemporâneo. No poema, essa nova dimensão revela a  A. ausência de traços identitários.  B. angústia com a solidão em público.  C. valorização da descoberta do “eu” autêntico.  D. percepção da empatia como fator de autoconhecimento.  E. impossibilidade de vivenciar experiências de pertencimento.

146

(ENEM 2017 AR)

E aqui, antes de continuar este espetáculo, e necessário que façamos uma advertência a todos e a cada um. Neste momento, achamos fundamental que cada um tome uma posição definida. Sem que cada um tome uma posição definida, não é possível continuarmos. É fundamental que cada um tome uma posição, seja para a esquerda, seja para a direita. Admitimos mesmo que alguns tomem uma posição neutra, fiquem de braços cruzados. Mas é preciso que cada um, uma vez tomada sua posição, fique nela! Porque senão, companheiros, as cadeiras do teatro rangem muito e ninguém ouve nada.

147

(ENEM 2019 AR)

Essa lua enlutada, esse desassossego A convulsão de dentro, ilharga Dentro da solidão, corpo morrendo Tudo isso te devo. E eram tão vastas As coisas planejadas, navios, Muralhas de marfim, palavras largas Consentimento sempre. E seria dezembro. Um cavalo de jade sob as águas Dupla transparência, fio suspenso Todas essas coisas na ponta dos teus dedos E tudo se desfez no pórtico do tempo Em lívido silêncio. Umas manhãs de vidro Vento, a alma esvaziada, um sol que não vejo Também isso te devo. HILST, H. Júbilo, memória, noviciado da paixão. São Paulo: Cia. das Letras, 2018.

No poema, o eu lírico faz um inventário de estados passados espelhados no presente. Nesse processo, aflora o  A. cuidado em apagar da memória os restos do amor.  B. amadurecimento revestido de ironia e desapego.  C. mosaico de alegrias formado seletivamente.  D. desejo reprimido convertido em delírio.  E. arrependimento dos erros cometidos.

FERNANDES, M.; RANGEL, F. Liberdade, liberdade. Porto Alegre: L&PM, 2009.

A peça Liberdade, liberdade, encenada em 1964, apresenta o impasse vivido pela sociedade brasileira em face do regime vigente. Esse impasse é representado no fragmento pelo(a)  A. barulho excessivo produzido pelo ranger das cadeiras do teatro.  B. indicação da neutralidade como a melhor opção ideológica naquele momento.  C. constatação da censura em função do engajamento social do texto dramático.  D. correlação entre o alinhamento politico e a posição corporal dos espectadores.  E. interrupção do espetáculo em virtude do comportamento inadequado do público.

148

(ENEM 2018 AR)

o que será que ela quer essa mulher de vermelho alguma coisa ela quer pra ter posto esse vestido não pode ser apenas uma escolha casual podia ser um amarelo verde ou talvez azul mas ela escolheu vermelho ela sabe o que ela quer e ela escolheu vestido e ela é uma mulher então com base nesses fatos eu já posso afirmar que conheço o seu desejo caro watson, elementar: o que ela quer sou euzinho sou euzinho o que ela quer só pode ser euzinho o que mais podia ser FREITAS, A. Um útero é do tamanho de um punho. São Paulo: Cosac Naify, 2013

68

.

 A. hipocrisia do discurso alicerçado sobre o senso comum.  B. mudança de paradigmas de imagem atribuídos à mulher.  C. tentativa de estabelecer preceitos da psicologia feminina.  D. importância da correlação entre ações e efeitos causados.  E. valorização da sensibilidade como característica de gênero.

149

(ENEM 2018 AR)

Vó Clarissa deixou cair os talheres no prato, fazendo a porcelana estalar. Joaquim, meu primo, continuava com o queixo suspenso, batendo com o garfo nos lábios, esperando a resposta. Beatriz ecoou a palavra como pergunta, “o que é lésbica?”. Eu fiquei muda. Joaquim sabia sobre mim e me entregaria para a vó e, mais tarde, para toda a família. Senti um calor letal subir pelo meu pescoço e me doer atrás das orelhas. Previ a cena: vó, a senhora é lésbica? Porque a Joana é. A vergonha estava na minha cara e me denunciava antes mesmo da delação. Apertei os olhos e contraí o peito, esperando o tiro. […] […] Pensei na naturalidade com que Taís e eu levávamos a nossa história. Pensei na minha insegurança de contar isso à minha família, pensei em todos os colegas e professores que já sabiam, fechei os olhos e vi a boca da minha vó e a boca da tia Carolina se tocando, apesar de todos os impedimentos. Eu quis saber mais, eu quis saber tudo, mas não consegui perguntar. POLESSO, N. B. Vó, a senhora é lésbica? Amora. Porto Alegre: Não Editora, 2015 (fragmento).

A situação narrada revela uma tensão fundamentada na perspectiva do  A. conflito com os interesses de poder.  B. silêncio em nome do equilíbrio familiar.  C. medo instaurado pelas ameaças de punição.  D. choque imposto pela distância entre as gerações.  E. apego aos protocolos de conduta segundo os gêneros.

150

CONTEXTOS LITERÁRIOS

No processo de elaboração do poema, a autora confere ao eu lírico uma identidade que aqui representa a

(ENEM 2018 AR)

Quebranto às vezes sou o policial que me suspeito me peço documentos e mesmo de posse deles me prendo e me dou porrada às vezes sou o porteiro não me deixando entrar em mim mesmo a não ser pela porta de serviço […] às vezes faço questão de não me ver e entupido com a visão deles sinto-me a miséria concebida como um eterno começo fecho-me o cerco sendo o gesto que me nego a pinga que me bebo e me embebedo o dedo que me aponto e denuncio o ponto em que me entrego. às vezes!… CUTI. Negroesia. Belo Horizonte: Mazza, 2007 (fragmento).

Na literatura de temática negra produzida no Brasil, é recorrente a presença de elementos que traduzem experiências históricas de preconceito e violência. No poema, essa vivência revela que o eu lírico  A. incorpora seletivamente o discurso do seu opressor.  B. submete-se à discriminação como meio de fortalecimento.  C. engaja-se na denúncia do passado de opressão e injustiças.  D. sofre uma perda de identidade e de noção de pertencimento.  E. acredita esporadicamente na utopia de uma sociedade igualitária.

151

(ENEM 2017 PPL)

A madrasta retalhava um tomate em fatias, assim finas, capaz de envenenara todos. Era possível entrever o arroz branco do outro lado do tomate, tamanha a sua transparência. Com a saudade evaporando pelos olhos, eu insistia em justificar a economia que administrava seus gestos. Afiando a faca no cimento frio da pia, ela cortava o tomate vermelho, sanguíneo, maduro, como se degolasse cada um de nós. Seis. O pai, amparado pela prateleira da cozinha, com o suor desinfetando o ar, tamanho o cheiro do álcool, reparava na fome dos filhos. Enxergava o manejo da faca desafiando o tomate e, por certo, nos pensava devorados pelo vento ou

69

LEITURA ESTRATÉGICA tempestade, segundo decretava a nova mulher. Todos os dias — cotidianamente — havia tomate para o almoço. Eles germinavam em todas as estações. Jabuticaba, manga, laranja, floresciam cada uma em seu tempo. Tomate, não. Ele frutificava, continuamente, sem demandar adubo além do ciúme. Eu desconhecia se era mais importante o tomate ou o ritual de cortá-lo. As fatias delgadas escreviam um ódio e só aqueles que se sentem intrusos ao amor podem tragar. QUEIRÓS, B. C. Vermelho amargo. São Paulo: Cosac & Naify, 2011.

Ao recuperar a memória da infância, o narrador destaca a importância do tomate nos almoços da família e a ação da madrasta ao prepará-lo. A insistência nessa imagem é um procedimento estético que evidencia a  A. saudade do menino em relação à sua mãe.  B. insegurança do pai diante da fome dos filhos.  C. raiva da madrasta pela indiferença do marido.  D. resistência das crianças quanto ao carinho da madrasta.

pulação de baixa renda, por falta de espaço adequado.  B. ressalta a irrelevância das opções de lazer para diferentes classes sociais, que o acessam à sua maneira.  C. expressa o desinteresse das classes sociais menos favorecidas economicamente pelas atividades de lazer.  D. implica condições desiguais de acesso ao lazer, pela falta de infraestrutura e investimentos em equipamentos.  E. aponta para o predomínio do lazer contemplativo, nas classes favorecidas economicamente; e do prático, nas menos favorecidas.

153

 E. convivência conflituosa entre o menino e a esposa do pai.

152

 A. retrata a ausência de opções de lazer para a po-

(ENEM 2017 AR)

Fim de semana no parque Olha o meu povo nas favelas e vai perceber Daqui eu vejo uma caranga do ano Toda equipada e o tiozinho guiando Com seus filhos ao lado estão indo ao parque Eufóricos brinquedos eletrônicos Automaticamente eu imagino A molecada lá da área como é que tá Provavelmente correndo pra lá e pra cá Jogando bola descalços nas ruas de terra É, brincam do jeito que dá […] Olha só aquele clube, que da hora Olha aquela quadra, olha aquele campo, olha Olha quanta gente Tem sorveteria, cinema, piscina quente […] Aqui não vejo nenhum clube poliesportivo Pra molecada frequentar nenhum incentivo O investimento no lazer é muito escasso O centro comunitário é um fracasso RACIONAIS MCs. Racionais MCs. São Paulo: Zimbabwe, 1994 (fragmento).

A letra da canção apresenta uma realidade social quanto à distribuição distinta dos espaços de lazer que

(ENEM 2017 AR)

A lavadeira começou a viver como uma serviçal que impõe respeito e não mais como escrava. Mas essa regalia súbita foi efêmera. Meus irmãos, nos frequentes deslizes que adulteravam este novo relacionamento, eram dardejados pelo olhar severo de Emilie; eles nunca suportaram de bom grado que uma índia passasse a comer na mesa da sala, usando os mesmos talheres e pratos, e comprimindo com os lábios o mesmo cristal dos copos e a mesma porcelana das xícaras de café. Uma espécie de asco e repulsa tingia-lhes o rosto, já não comiam com a mesma saciedade e recusavam-se a elogiar os pastéis de picadinho de carneiro, os folheados de nata e tâmara, e o arroz com amêndoas, dourado, exalando um cheiro de cebola tostada. Aquela mulher, sentada e muda, com o rosto rastreado de rugas, era capaz de tirar o sabor e o odor dos alimentos e de suprimir a voz e o gesto como se o seu silêncio ou a sua presença que era só silêncio impedisse o outro de viver. HATOUM, M. Relato de um certo Oriente. São Paulo: Cia. das Letras, 2000.

Ao apresentar uma situação de tensão em família, o narrador destila, nesse fragmento, uma percepção das relações humanas e sociais demarcada pelo

 A. predomínio dos estigmas de classe e de raça sobre a intimidade da convivência.  B. discurso da manutenção de uma ética doméstica contra a subversão dos valores.  C. desejo de superação do passado de escassez em prol do presente de abastança.  D. sentimento de insubordinação à autoridade representada pela matriarca da família.  E. rancor com a ingratidão e a hipocrisia geradas pelas mudanças nas regras da casa.

70

155

(ENEM 2022 AR)

A escrava

Esaú e Jacó

– Admira-me —, disse uma senhora de sentimentos sinceramente abolicionistas —; faz-me até pasmar como se possa sentir, e expressar sentimentos escravocratas, no presente século, no século dezenove! A moral religiosa e a moral cívica aí se erguem, e falam bem alto esmagando a hidra que envenena a família no mais sagrado santuário seu, e desmoraliza, e avilta a nação inteira! Levantai os olhos ao Gólgota, ou percorrei-os em torno da sociedade, e dizei-me: — Para que se deu em sacrifício, o Homem Deus, que ali exalou seu derradeiro alento? Ah! Então não era verdade que seu sangue era o resgate do homem! É então uma mentira abominável ter esse sangue comprado a liberdade!? E depois, olhai a sociedade… Não vedes o abutre que a corrói constantemente!… Não sentis a desmoralização que a enerva, o cancro que a destrói? Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela é, e sempre será um grande mal. Dela a decadência do comércio; porque o comércio e a lavoura caminham de mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a lavoura; porque o seu trabalho é forçado.

Bárbara entrou, enquanto o pai pegou da viola e passou ao patamar de pedra, à porta da esquerda. Era uma criaturinha leve e breve, saia bordada, chinelinha no pé. Não se lhe podia negar um corpo airoso. Os cabelos, apanhados no alto da cabeça por um pedaço de fita enxovalhada, faziam-lhe um solidéu natural, cuja borla era suprida por um raminho de arruda. Já vai nisto um pouco de sacerdotisa. O mistério estava nos olhos. Estes eram opacos, não sempre nem tanto que não fossem também lúcidos e agudos, e neste último estado eram igualmente compridos; tão compridos e tão agudos que entravam pela gente abaixo, revolviam o coração e tornavam cá fora, prontos para nova entrada e outro revolvimento. Não te minto dizendo que as duas sentiram tal ou qual fascinação. Bárbara interrogou-as; Natividade disse ao que vinha e entregou-lhe os retratos dos filhos e os cabelos cortados, por lhe haverem dito que bastava. – Basta, confirmou Bárbara. Os meninos são seus filhos? – São. ASSIS, M. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.

REIS, M. F. Úrsula outras obras. Brasília: Câmara dos Deputados, 2018.

Inscrito na estética romântica da literatura brasileira, o conto descortina aspectos da realidade nacional no século XIX ao

No relato da visita de duas mulheres ricas a uma vidente no Morro do Castelo, a ironia — um dos traços mais representativos da narrativa machadiana — consiste no

 A. revelar a imposição de crenças religiosas

 A. modo de vestir dos moradores do morro carioca.

a pessoas escravizadas.  B. apontar a hipocrisia do discurso conservador na defesa da escravidão.  C. sugerir práticas de violência física e moral em nome do progresso material.  D. relacionar o declínio da produção agrícola e comercial a questões raciais.  E. ironizar o comportamento dos proprietários de ter-

 B. senso prático em relação às oportunidades de renda.  C. mistério que cerca as clientes de práticas de vidência.  D. misto de singeleza e astúcia dos gestos da personagem.  E. interesse do narrador pelas figuras femininas ambíguas.

ra na exploração do trabalho.

71

CONTEXTOS LITERÁRIOS

(ENEM 2022 AR)

154

LEITURA ESTRATÉGICA

156

(ENEM 2022 AR)

A senhora manifestava-se por atos, por gestos, e sobretudo por um certo silêncio, que amargava, que esfolava. Porém desmoralizar escancaradamente o marido, não era com ela.[…] As negras receberam ordem para meter no serviço a gente do tal compadre Silveira: as cunhadas, ao fuso; os cunhados, ao campo, tratar do gado com os vaqueiros; a mulher e as irmãs, que se ocupassem da ninhada. Margarida não tivera filhos, e como os desejasse com a força de suas vontades, tratava sempre bem aos pequenitos e às mães que os estavam criando. Não era isso uma sentimentalidade cristã, uma ternura, era o egoísta e cru instinto da maternidade, obrando por mera simpatia carnal. Quanto ao pai do lote (referia-se ao Antônio), esse que fosse ajudar ao vaqueiro das bestas. Ordens dadas, o Quinquim referendava. Cada um moralizava o outro, para moralizar-se. PAIVA, M. O. Dona Guidinha do Poço. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.

No trecho do romance naturalista, a forma como o narrador julga comportamentos e emoções das personagens femininas revela influência do pensamento

 A. capitalista, marcado pela distribuição funcional

157

(ENEM 2022 AR)

Era o êxodo da seca de 1898. Uma ressurreição de cemitérios antigos — esqueletos redivivos, com o aspecto terroso e o fedor das covas podres. Os fantasmas estropiados como que iam dançando, de tão trôpegos e trêmulos, num passo arrastado de quem leva as pernas, em vez de ser levado por elas. Andavam devagar, olhando para trás, como quem quer voltar. Não tinham pressa em chegar, porque não sabiam aonde iam. Expulsos de seu paraíso por espadas de fogo, iam, ao acaso, em descaminhos, no arrastão dos maus fados. Fugiam do sol e o sol guiava-os nesse forçado nomadismo. Adelgaçados na magreira cômica, cresciam, como se o vento os levantasse. E os braços afinados desciam-lhes aos joelhos, de mãos abanando. Vinham escoteiros. Menos os hidrópicos — de ascite consecutiva à alimentação tóxica — com os fardos das barrigas alarmantes. Não tinham sexo, nem idade, nem condição nenhuma. Eram os retirantes. Nada mais. ALMEIDA, J. A. A bagaceira. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1978.

Os recursos composicionais que inserem a obra no chamado “Romance de 30” da literatura brasileira manifestam-se aqui no(a)

do trabalho.  B. liberal, buscando a igualdade entre pessoas escravizadas e livres.  C. científico, considerando o ser humano como um fenômeno biológico.  D. religioso, fundamentado na fé e na aceitação dos dogmas do cristianismo.  E. afetivo, manifesto na determinação de acolher familiares e no respeito mútuo.

 A. desenho cru da realidade dramática dos retirantes.  B. indefinição dos espaços para efeito de generalização.  C. análise psicológica da reação dos personagens à seca.  D. engajamento político do narrador ante as desigualdades.  E. contemplação lírica da paisagem transformada em alegoria.

72

GABARITO CONTEXTOS LITERÁRIOS 1- A

42-A

2-C

43-?

3-B

44-?

4-C

45-A

5-D

46-D

6-C

47-B

7-E

48-C

8-C

49-E

9-B

50-C

10-A

51-?

11-E

52-?

12-A

53-A

13-B

54-A

14-E

55-B

15-D

56-D

16-C

57-B

17-?

58-A

18-E

59-B

19-D

60-A

20-?

61-D

21-A

62-D

22-B

63-?

23-B

64-B

24-A

65-E

25-?

66-A

26-D

67-E

27-C

68-C

28-C

69-E

29-A

70-?

30-B

71-D

31-B

72-E

32-?

73-C

33-A

74-?

34-A

75-C

35-D

76-E

36-C

77-E

37-E

78-C

38-D

79-?

39-D

80-D

40-D

81-D

41-A

82-D

83-D 84-C 85-D 86-A 87-B 88-C 89-D 90-B 91-E 92-E 93-B 94-E 95-C 96-E 97-C 98-E 99-A 100-D 101-E 102-B 103-A 104-D 105-E 106-E 107-A 108-D 109-B 110-E 111-D 112-B 113-B 114-C 115-A 116-C 117-?

123-B 124-E 125-C 126-A 127-C 128-A 129-B 130-E 131-E 132-A 133-C 134-A 135-C 136-A 137-B 138-E 139-? 140-E 141-E 142-C 143-C 144-C 145-D 146-D 147-B 148-A 149-B 150-A 151-E 152-D 153-A 154-B 155-D 156-C 157-A

118-A 119-C 120-B 121-C 122-E

Total de meus acertos:___________ de ______________ . ___________%

L E I T U R A E S T R AT É G I C A

; ? “ ! ^ ” ~ : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ” ^ DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS ! ~ ; “ RELEITURAS ? * ” ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ?

* ” : ” :



*



* ” : ”



*

de dona Flor a esconder-se sob uma natureza tranquila e dócil. Vadinho conhecia-lhe as fraquezas e as expunha ao sol, aquela ânsia controlada de tímida, aquele recatado desejo fazendo-se violência e mesmo incontinência ao libertar-se na cama. AMADO, J. Dona Flor e seus dois maridos. São Paulo: Martins, 1966.

TEXTO II

ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978.

O contexto histórico e literário do período barrocoárcade fundamenta o poema Casa dos Contos, de 1975. A restauração de elementos daquele contexto por uma poética contemporânea revela que  A. a disposição visual do poema reflete sua dimensão plástica, que prevalece sobre a observação da realidade social.  B. a reflexão do eu lírico privilegia a memória e resgata, em fragmentos, fatos e personalidades da Inconfidência Mineira.  C. a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.  D. eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma continuidade de procedimentos estéticos e literários.  E. o eu lírico recria, em seu momento histórico, numa

As suas mãos trabalham na braguilha das calças do falecido. Dulcineusa me confessou mais tarde: era assim que o marido gostava de começar as intimidades. Um fazer de conta que era outra coisa, a exemplo do gato que distrai o olhar enquanto segura a presa nas patas. Esse o acordo silencioso que tinham: ele chegava em casa e se queixava que tinha um botão a cair. Calada, Dulcineusa se armava dos apetrechos da costura e se posicionava a jeito dos prazeres e dos afazeres. COUTO, M. Um rio chamado tempo, uma casa chamada terra. São Paulo: Cia. das Letras, 2002.

Tema recorrente na obra de Jorge Amado, a figura feminina aparece, no fragmento, retratada de forma semelhante à que se vê no texto do moçambicano Mia Couto. Nesses dois textos, com relação ao universo feminino em seu contexto doméstico, observa-se que  A. o desejo sexual é entendido como uma fraqueza moral, incompatível com a mulher casada.  B. a mulher tem um comportamento marcado por convenções de papéis sexuais.  C. à mulher cabe o poder da sedução, expresso pelos gestos, olhares e silêncios que ensaiam.  D. a mulher incorpora o sentimento de culpa e age com apatia, como no mito bíblico da serpente.  E. a dissimulação e a malícia fazem parte do repertório feminino nos espaços público e íntimo.

linguagem de ruptura, o ambiente de opressão vivido pelos inconfidentes.

2

(ENEM 2015 PPL)

TEXTO I Quem sabe, devido às atividades culinárias da esposa, nesses idílios Vadinho dizia-lhe “Meu manuê de milho verde, meu acarajé cheiroso, minha franguinha gorda”, e tais comparações gastronômicas davam justa ideia de certo encanto sensual e caseiro

77

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

(ENEM 2015 AR)

1

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2015 PPL)

3

TEXTO I Versos de amor A um poeta erótico Oposto ideal ao meu ideal conservas. Diverso é, pois, o ponto outro de vista Consoante o qual, observo o amor, do egoísta Modo de ver, consoante o qual, o observas. Porque o amor, tal como eu o estou amando, É espírito, é éter, é substância fluida, É assim como o ar que a gente pega e cuida, Cuida, entretanto, não o estar pegando! É a transubstanciação de instintos rudes, Imponderabilíssima, e impalpável, Que anda acima da carne miserável Como anda a garça acima dos açudes! ANJOS, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1996 (fragmento).

TEXTO II Arte de amar Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor. Só em Deus ela pode encontrar satisfação. Não noutra alma. Só em Deus — ou fora do mundo. As almas são incomunicáveis. Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo. Porque os corpos se entendem, mas as almas não. BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

Os Textos I e II apresentam diferentes pontos de vista sobre o tema amor. Apesar disso, ambos definem esse sentimento a partir da oposição entre  A. satisfação e insatisfação.  B. egoísmo e generosidade.  C. felicidade e sofrimento.  D. corpo e espírito.  E. ideal e real.

(ENEM 2015 PPL)

4

TEXTO I Voluntário Rosa tecia redes, e os produtos de sua pequena indústria gozavam de boa fama nos arredores. A reputação da tapuia crescera com a feitura de uma maqueira de tucum ornamentada com a coroa brasileira, obra de ingênuo gosto, que lhe valera a admiração de toda a comarca e provocara a inveja da célebre Ana Raimunda, de Óbidos, a qual chegara a formar uma fortunazinha com aquela especialidade, quando a indústria norte-americana reduzira à inatividade os teares rotineiros do Amazonas. SOUSA, I. Contos amazônicos. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

TEXTO II Relato de um certo oriente Emilie, ao contrário de meu pai, de Dorner e dos nossos vizinhos, não tinha vivido no interior do Amazonas. Ela, como eu, jamais atravessara o rio. Manaus era o seu mundo visível. O outro latejava na sua memória. Imantada por uma voz melodiosa, quase encantada, Emilie maravilha-se com a descrição da trepadeira que espanta a inveja, das folhas malhadas de um tajá que reproduz a fortuna de um homem, das receitas de curandeiros que veem em certas ervas da floresta o enigma das doenças mais temíveis, com as infusões de coloração sanguínea aconselhadas para aliviar trinta e seis dores do corpo humano. “E existem ervas que não curam nada”, revelava a lavadeira, “mas assanham a mente da gente. Basta tomar um gole do líquido fervendo para que o cristão sonhe uma única noite muitas vidas diferentes”. Esse relato poderia ser de duvidosa veracidade para outras pessoas, mas não para Emilie. HATOUM, M. São Paulo: Cia. das Letras, 2008.

As representações da Amazônia na literatura brasileira mantêm relação com o papel atribuído à região na construção do imaginário nacional. Pertencentes a contextos históricos distintos, os fragmentos diferenciam-se ao propor uma representação da realidade amazônica em que se evidenciam  A. aspectos da produção econômica e da cura na tradição popular.  B. manifestações culturais autênticas e da resignação familiar.  C. valores sociais autóctones e influência dos estrangeiros.  D. formas de resistência locais e do cultivo das superstições.  E. costumes domésticos e levantamento das tradições indígenas.

78

(ENEM 2015 AR)

6

TEXTO I

TEXTO I

A melhor banda de todos os tempos da última semana O melhor disco brasileiro de música americana O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos Não importa contradição O que importa é televisão Dizem que não há nada que você não se acostume Cala a boca e aumenta o volume então.

Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até o esgotamento completo. Vencido palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.

MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).

TEXTO II O fetichismo na música e a regressão da audição Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao invés de entreter, parece que tal música contribui ainda mais para o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação. ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

A aproximação entre a letra da canção e a crítica de Adorno indica o(a)

CUNHA, E. Os sertões. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1987.

TEXTO II Na trincheira, no centro do reduto, permaneciam quatro fanáticos sobreviventes do extermínio. Era um velho, coxo por ferimento e usando uniforme da Guarda Católica, um rapaz de 16 a 18 anos, um preto alto e magro, e um caboclo. Ao serem intimados para deporem as armas, investiram com enorme fúria. Assim estava terminada e de maneira tão trágica a sanguinosa guerra, que o banditismo e o fanatismo traziam acesa por longos meses, naquele recanto do território nacional. SOARES, H. M. A Guerra de Canudos. Rio de Janeiro: Altina, 1902.

Os relatos do último ato da Guerra de Canudos fazem uso de representações que se perpetuariam na memória construída sobre o conflito. Nesse sentido, cada autor caracterizou a atitude dos sertanejos, respectivamente, como fruto da  A. manipulação e incompetência.  B. ignorância e solidariedade.

 A. lado efêmero e restritivo da indústria cultural.

 C. hesitação e obstinação.

 B. baixa renovação da indústria de entretenimento.

 D. esperança e valentia.

 C. influência da cultura americana na música brasi-

 E. bravura e loucura.

leira.  D. fusão entre elementos da indústria cultural e da cultura popular.  E. declínio da forma musical em prol de outros meios de entretenimento.

79

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

(ENEM 2015 PPL)

5

LEITURA ESTRATÉGICA

7

(ENEM 2014 AR)

(ENEM 2014 AR)

8

TEXTO I João Guedes, um dos assíduos frequentadores do boliche do capitão, mudara-se da campanha havia três anos. Três anos de pobreza na cidade bastaram para o degradar. Ao morrer, não tinha um vintém nos bolsos e fazia dois meses que saíra da cadeia, onde estivera preso por roubo de ovelha. A história de sua desgraça se confunde com a da maioria dos que povoam a aldeia de Boa Ventura, uma cidadezinha distante, triste e precocemente envelhecida, situada nos confins da fronteira do Brasil com o Uruguai. MARTINS, C. Porteira fechada. Porto Alegre: Movimento, 2001 (fragmento).

Jornal Zero Hora, 2 mar. 2006.

Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe destaque a figura do carro, , elemento introduzido por Iotti no intertexto. além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao explorar  A. uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso.  B. uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciando-se a atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro.  C. um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico presente tanto em Guernica quanto na charge.  D. uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência de tragédias retratadas tanto em Guernica quanto na charge.  E. uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro.

80

TEXTO II Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e viesse, menos complicação com os homens, mas não tava fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares que sempre dão para descolar algum, fui de porta em porta me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo escabreado pedindo referências, e referências eu só tinha do diretor do presídio. FONSECA, R. Feliz Ano Novo. São Paulo: Cia. das Letras, 1989 (fragmento).

A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas tradicionais da literatura brasileira. Nos fragmentos dos dois autores contemporâneos, esse embate incorpora um elemento novo: a questão da violência e do desemprego. As narrativas apresentam confluência, pois nelas o(a)  A. criminalidade é algo inerente ao ser humano, que sucumbe a suas manifestações.  B. meio urbano, especialmente o das grandes cidades, estimula uma vida mais violenta.  C. falta de oportunidades na cidade dialoga com a pobreza do campo rumo à criminalidade.  D. êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da violência nas grandes cidades.  E. complacência das leis e a inércia das personagens são estímulos à prática criminosa.

TEXTO II

A mitologia comparada surge no século XVIII. Essa tendência influenciou o escritor cearense José de Alencar, que, inspirado pelo estilo da epopeia homérica na Ilíada, propõe em Iracema uma espécie de mito fundador do povo brasileiro. Assim como a Ilíada vincula a constituição do povo helênico à Guerra de Troia, deflagrada pelo romance proibido de Helena e Páris, Iracema vincula a formação do povo brasileiro aos conflitos entre índios e colonizadores, atravessados pelo amor proibido entre uma índia — Iracema — e o colonizador português Martim Soares Moreno. DETIENNE, M. A invenção da mitologia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998 (adaptado).

A comparação estabelecida entre a Ilíada e Iracema demonstra que essas obras  A. combinam folclore e cultura erudita em seus estilos estéticos.  B. articulam resistência e opressão em seus gêneros literários.  C. associam história e mito em suas construções identitárias.  D. refletem pacifismo e belicismo em suas escolhas ideológicas.  E. traduzem revolta e conformismo em seus padrões alegóricos.

PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 x 169 cm Disponível em: www.portinari.org.br. Acesso em: 12 jun. 2013.

Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que  A. a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e preocupa-se apenas com a estética literária.  B. a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja grande significação é a afirmação da arte acadêmica brasileira e a contestação de uma linguagem moderna.  C. a carta, como testemunho histórico-político, mos-

10

(ENEM 2013 AR)

tra o olhar do colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro plano, a inquietação

TEXTO I Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam, este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. [...] Andavam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com suas tinturas que muito agradavam. CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).

dos nativos.  D. as duas produções, embora usem linguagens diferentes — verbal e não verbal —, cumprem a mesma função social e artística.  E. a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico, retratando a colonização.

81

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

(ENEM 2014 PPL)

9

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2013 PPL)

11

 A. referir-se, em terceira pessoa, a um indivíduo qualificado como invejoso.  B. conferir à inveja aspectos humanos ao fazer dela

TEXTO I Eles se beijavam no elevador, nos corredores do prédio. Se amavam tanto, que o vizinho solteirão da esquerda guardava por eles uma vermelha inveja. Uma tarde, sem que ninguém soubesse por que, eles se enforcaram no banheiro. Houve muito tumulto, carros da polícia parados em frente ao edifício, as equipes de TV. O sol caía sobre as marquises e a cabeça dos curiosos na rua. Um senhor dizia para uma mulher passando ali: — Eles se suicidaram. Uma comerciária acrescentava: — Dizem que eles se gostavam muito. — Que coisa! Enquanto isso, o solteirão, na janela do seu apartamento, vendo todos lá embaixo, mordia com sabor a carne acesa de uma enorme goiaba. FERNANDES, R. O caçador. João Pessoa: UFPB, 1997 (fragmento).

TEXTO II Invejoso O carro do vizinho é muito mais possante E aquela mulher dele é tão interessante Por isso ele parece muito mais potente Sua casa foi pintada recentemente E quando encontra o seu colega de trabalho Só pensa em quanto deve ser o seu salário Queria ter a secretária do patrão Mas sua conta bancária já chegou ao chão [...]

personagem de narrativa.  C. expressar o ponto de vista do invejoso por meio da fala de uma personagem.  D. dissertar sobre a inveja, apresentando argumentos contrários e favoráveis.  E. fazer uma descrição do perfil psicológico de alguém caracterizado como invejoso.

12

(ENEM 2012 AR)

LXXVIII (Camões, 1525-1580) Leda serenidade deleitosa, Que representa em terra um paraíso; Entre rubis e perlas doce riso; Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Presença moderada e graciosa, Onde ensinando estão despejo e siso Que se pode por arte e por aviso, Como por natureza, ser fermosa; Fala de quem a morte e a vida pende, Rara, suave; enfim, Senhora, vossa; Repouso nela alegre e comedido: Estas as armas são com que me rende E me cativa Amor; mas não que possa Despojar-me da glória de rendido. CAMÕES, L. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008. SANZIO, R. (1483-1520)

Invejoso Querer o que é dos outros é o seu gozo E fica remoendo até o osso Mas sua fruta só lhe dá o caroço Invejoso O bem alheio é o seu desgosto Queria um palácio suntuoso Mas acabou no fundo desse poço... ANTUNES, A. Iê Iê Iê. São Paulo: Rosa Celeste, 2009 (fragmento).

O conto e a letra de canção abordam o mesmo tema, a inveja. Embora empreguem recursos linguísticos diferentes, ambos lançam mão de um mecanismo em comum, que consiste em

A mulher com o unicórnio. Roma, Galleria Borghese. Disponível em: www.arquipelagos.pt. Acesso em: 29 fev. 2012.

A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artísticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de produção pelo fato de ambos

82

pelo unicórnio presente na pintura e pelos adjeti-

14

(ENEM 2012 AR)

vos usados no poema.  B. valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e na variação de atitudes da mulher, evidenciadas pelos adjetivos do poema.  C. apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta da moça e os adjetivos usados no poema.  D. desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema.  E. apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela emotividade e o conflito interior, evidenciados pela expressão da moça e pelos adjetivos do poema.

Cartaz afixado nas bibliotecas centrais e setoriais da Universidade Federal de Goiás (UFG), 2011.

(ENEM 2012 AR)

13

Pote Cru é meu pastor. Ele me guiará. Ele está comprometido de monge. De tarde deambula no azedal entre torsos de cachorro, trampas, trapos, panos de regra, couros, de rato ao podre, vísceras de piranhas, baratas albinas, dálias secas, vergalhos de lagartos, linguetas de sapatos, aranhas dependuradas em gotas de orvalho etc. etc. Pote Cru, ele dormia nas ruínas de um convento Foi encontrado em osso. Ele tinha uma voz de oratórios perdidos. BARROS, M. Retrato do artista quando coisa. Rio de Janeiro: Record, 2002.

Ao estabelecer uma relação com o texto bíblico nesse poema, o eu lírico identifica-se com Pote Cru porque

Considerando-se a finalidade comunicativa comum do gênero e o contexto específico do Sistema de Biblioteca da UFG, esse cartaz tem função predominantemente  A. socializadora, contribuindo para a popularização da arte.  B. sedutora, considerando a leitura como uma obra de arte.  C. estética, propiciando uma apreciação despretensiosa da obra.  D. educativa, orientando o comportamento de usuários de um serviço.  E. contemplativa, evidenciando a importância de artistas internacionais.

 A. entende a necessidade de todo poeta ter voz de oratórios perdidos.  B. elege-o como pastor a fim de ser guiado para a salvação divina.  C. valoriza nos percursos do pastor a conexão entre as ruínas e a tradição.  D. necessita de um guia para a descoberta das coisas da natureza.  E. acompanha-o na opção pela insignificância das

15

(ENEM 2012 PPL)

TEXTO I Pessoas e sociedades Pessoa, no seu conceito jurídico, é todo ente capaz de direitos e obrigações. As pessoas podem ser físicas ou jurídicas.

coisas.

83

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

 A. apresentarem um retrato realista, evidenciado

LEITURA ESTRATÉGICA Pessoa física - É a pessoa natural; é todo ser humano, é todo indivíduo (sem qualquer exceção). A existência da pessoa física termina com a morte. É o próprio ser humano. Sua personalidade começa com o seu nascimento (artigo 4º do Código Civil Brasileiro). No decorrer da sua vida, a pessoa física constituirá um patrimônio, que será afastado, por fim, em caso de morte, para transferência aos herdeiros. Pessoa jurídica - É a existência legal de uma sociedade, associação ou instituição, que aferiu o direito de ter vida própria e isolada das pessoas físicas que a constituíram. É a união de pessoas capazes de possuir e exercitar direitos e contrair obrigações, independentemente das pessoas físicas, através das quais agem. É, portanto, uma nova pessoa, com personalidade distinta da de seus membros (da pessoa natural). Sua existência legal dá-se em decorrência de leis e só nascerá após o devido registro nos órgãos públicos competentes (Cartórios ou Juntas Comerciais). POLONI, A. Disponível em: http://uj.novaprolink.com.br. Acesso em: 30 ago. 2011 (adaptado).

16

(ENEM 2012 PPL)

TEXTO I Poema de sete faces Mundo mundo vasto mundo, Se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro: Record, 2001 (fragmento).

TEXTO II CDA (imitado) Ó vida, triste vida! Se eu me chamasse Aparecida dava na mesma. FONTELA, O. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify; Rio de Janeiro: 7Letras, 2006.

TEXTO I

Orides Fontela intitula seu poema CDA, sigla de Carlos Drummond de Andrade, e entre parênteses indica “imitado” porque, como nos versos de Drummond,  A. apresenta o receio de colocar os dramas pessoais no mundo vasto.  B. expõe o egocentrismo de sentir o coração maior que o mundo.  C. aponta a insuficiência da poesia para solucionar

Disponível em: www.respirandodireito.blogspot.com. Acesso em: 30 ago. 2011.

Os textos I e II tratam da definição de pessoa física e de pessoa jurídica. Considerando sua função social, o cartum faz uma paródia do artigo científico, pois

os problemas da vida.  D. adota tom melancólico para evidenciar a desesperança com a vida.  E. invoca a tristeza da vida para potencializar a ineficácia da rima.

 A. explica o conceito de pessoa física em linguagem coloquial e informal.  B. compara pessoa física e jurídica ao explorar dois tipos de profissão.  C. subverte o conceito de pessoa física com uma escolha lexical equivocada.  D. acrescenta conhecimento jurídico ao definir pessoa física.  E. complementa as definições promovidas por Antonio Poloni.

84

TEXTO I A canção do africano Lá na úmida senzala, Sentado na estreita sala, Junto ao braseiro, no chão, entoa o escravo o seu canto, E ao cantar correm-lhe em pranto Saudades do seu torrão... De um lado, uma negra escrava Os olhos no filho crava, Que tem no colo a embalar... E à meia-voz lá responde Ao canto, e o filhinho esconde, Talvez p’ra não o escutar! “Minha terra é lá bem longe, Das bandas de onde o sol vem; Esta terra é mais bonita, Mas à outra eu quero bem.”

18

(ENEM 2012 PPL)

Só é meu O país que trago dentro da alma. Entro nele sem passaporte Como em minha casa. [...] As ruas me pertencem. Mas não há casas nas ruas. As casas foram destruídas desde a minha infância. Os seus habitantes vagueiam no espaço À procura de um lar. [...] Só é meu O mundo que trago dentro da alma. BANDEIRA, M. Um poema de Chagall. In: Estrela da vida inteira: poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993 (fragmento).

ALVES, C. Poesias completas. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995 (fragmento).

TEXTO II No caso da Literatura Brasileira, se é verdade que prevalecem as reformas radicais, elas têm acontecido mais no âmbito de movimentos literários do que de gerações literárias. A poesia de Castro Alves em relação à de Gonçalves Dias não é a de negação radical, mas de superação, dentro do mesmo espírito romântico. MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003 (fragmento).

O fragmento do poema de Castro Alves exemplifica a afirmação de João Cabral de Melo Neto porque  A. exalta o nacionalismo, embora lhe imprima um fundo ideológico retórico.  B. canta a paisagem local, no entanto, defende ideais do liberalismo.  C. mantém o canto saudosista da terra pátria, mas renova o tema amoroso.  D. explora a subjetividade do eu lírico, ainda que tematize a injustiça social.  E. inova na abordagem de aspecto social, mas mantém a visão lírica da terra pátria.

CHAGALL, M. Eu e a aldeia. Nova York, 1911. Disponível em: pintoresonline.com.br.

A arte, em suas diversas manifestações, desperta sentimentos que atravessam fronteiras culturais. Relacionando a temática do texto com a imagem, percebe-se a ligação entre  A. alegria e a satisfação na produção das obras modernistas.  B. memória e a lembrança passadas no íntimo do enunciador.  C. saudade e o refúgio encontrados pelo homem na natureza.  D. lembrança e o rancor relacionados ao seu ofício original.  E. exaustão e o medo impostos ao corpo de todo artista.

85

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

(ENEM 2012 PPL)

17

LEITURA ESTRATÉGICA

19

chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações...

(ENEM 2011 PPL)

AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento).

Texto II À margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho ingazeiro – ali os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado. TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento).

Luscar. Cartum.

Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos,

Nesse cartum, o artista lança mão do recurso da intertextualidade para construir o texto. Esse recurso se constitui pela presença de informações que remetem a outros textos. O emprego desse recurso no cartum revela uma crítica

 A. a linguagem afetiva aproxima os narradores dos

 A. à qualidade da informação prestada pela mídia

 C. o detalhamento do cotidiano dos personagens re-

personagens marginalizados.  B. a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens. vela a sua origem social.

brasileira.  B. aos altos níveis de violência no país veiculados

 D. o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão.

pela mídia.  C. à imparcialidade dos telejornais na veiculação de informações.

 E. a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta.

 D. à ausência de critérios para divulgação de notícias em telejornais.  E. ao incentivo da mídia a atos violentos na sociedade.

21 20

(ENEM 2010 AR)

Texto I Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia lhes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à

86

(ENEM 2010 PPL)

Texto I XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer. HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento).

Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento).

Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é  A. o “outro” transformado no próprio eu lírico, o que se realiza por meio de uma espécie de fusão de dois seres em um só.  B. a fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nos versos de Hilda Hilst, a afirmação do eu lírico de que odeia a si mesmo.  C. o outro que se confunde com o eu lírico, verificando-se, porém, nos versos de Camões, certa resistência do ser amado.  D. a dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque o ódio ou o amor se produzem no imaginário, sem a realização concreta.  E. o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor.

(ENEM 2021 AR)

22

TEXTO I Os séculos de escravidão são um aspecto triste da história brasileira. Tabu e vergonha, quando se pensa nas dores e humilhações desumanas por que passaram homens e mulheres negros trazidos da África; mas também – por que não? – orgulho, quando se evocam as lutas e estratégias de resistência e sobrevivência dos escravos, ex-escravos e descendentes. Histórias transmitidas de geração em geração, como narrativas que dão sentido e identidade. Povos remanescentes de quilombolas são grupos unidos por esse passado comum, que têm território como base na reprodução física, social, econômica e cultural de sua coletividade. São reconhecidos na Constituição de 1988 como detentores de direitos territoriais coletivos e fazem parte do conjunto dos povos e comunidades tradicionais. LOSCHI, M. Território e tradição. Retratos: a revista do IBGE, n. 2, ago 2017 (adaptado).

TEXTO II exiba ao pai nossos corações feridos de angústia nossas costas chicoteadas ontem no pelourinho da escravidão hoje no pelourinho da discriminação sabes que em cada coração de negro há um quilombo pulsando em cada barraco outro palmares crepita os fogos do Xangô iluminado nossa luta atual e passada NASCIMENTO, A. Axés do sangue e da esperança. Retratos: a revista do IBGE, n. 2, ago. 2017.

Na comparação entre os textos I e II, percebe-se que ambos apresentam, em relação à história dos africanos escravizados, um(a)  A. saudosismo do local de origem.  B. culpabilização do homem europeu.  C. valorização da memória dos antepassados.  D. apelo à religiosidade das pessoas mais velhas.  E. reconhecimento dos direitos desses sujeitos.

23

(ENEM 2021 PPL)

Espaço e memória O termo “Na minha casa...” é uma metáfora que guarda múltiplas acepções para o conjunto de pessoas, de adeptos, dos que creem nos orixás. Múltiplos deuses que a diáspora negra trouxe para o Brasil. Refere-se ao espaço onde as comunidades edificaram seus templos, referência de orgulho, aludindo ao patrimônio cultural de matriz africana, reelaborado em novo território. O espaço é fundamental na constituição da história de um povo. Halbwachs (1941, p. 85), ao afirmar que não há memória coletiva que não se desenvolva em um quadro espacial, aponta para a importância de aspecto tão significativo no desenvolvimento da vida social. Lugar para onde está voltada a memória, onde aqueles que viveram a condição-limite de escravo podiam pensar se como seres humanos, exercer essa humanidade e encontrar os elementos que lhes conferiam e garantiam uma identidade religiosa e diferenciada, com características próprias, que constituiu um “patrimônio simbólico do negro brasileiro (a memória cultural da África), afirmou-se aqui como território político-mítico-religioso para sua transmissão e preservação” (SODRÉ, 1988, p. 50).

87

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

Texto II

LEITURA ESTRATÉGICA BARROS, J. F. P. Na minha casa. Rio de Janeiro: Pallas, 2003.

Na construção desse texto acadêmico, o autor se vale de estratégia argumentativa bastante comum a esse gênero textual, a intertextualidade, cujas marcas são

 A. diálogo que a letra da canção estabelece com diferentes tradições da cultura nacional.  B. singularidade com que o compositor converte referências eruditas em populares.  C. caráter inovador com que o compositor concebe o

 A. aspas, que apresentam o questionamento parcial de um ponto de vista.  B. citações de autores consagrados, que garantem a autoridade do argumento.  C. construções sintáticas, que privilegiam a coorde-

processo de criação artística.  D. relativização que a letra da canção promove na concepção tradicional de originalidade.  E. resgate que a letra da canção promove de obras pouco conhecidas pelo público no país.

nação temporal de argumentos.  D. comparações entre dois pontos de vista, que são antagônicos.  E. parênteses, que representam uma digressão para as considerações do autor.

24

(ENEM 2020 AR)

TEXTO I É pau, é pedra, é o fim do caminho É um resto de toco, é um pouco sozinho É um caco de vidro, é a vida, é o sol É a noite, é a morte, é o laço, é o anzol É peroba-do-campo, é o nó da madeira Caingá, candeia, é o matita-pereira TOM JOBIM. Águas de março. O Tom de Jobim e o tal de João Bosco (disco de bolso). Salvador: Zen Produtora, 1972 (fragmento).

TEXTO II A inspiração súbita e certeira do compositor serve ainda de exemplo do lema antigo: nada vem do nada. Para ninguém, nem mesmo para Tom Jobim. Duas fontes são razoavelmente conhecidas. A primeira é o poema O caçador de esmeraldas, do mestre parnasiano Olavo Bilac: “Foi em março, ao findar da chuva, quase à entrada/ do outono, quando a terra em sede requeimada/ bebera longamente as águas da estação [...]”. E a outra é um ponto de macumba, gravado com sucesso por J. B. Carvalho, do Conjunto Tupi: “É pau, é pedra, é seixo miúdo, roda a baiana por cima de tudo”. Combinar Olavo Bilac e macumba já seria bom; mas o que se vê em Águas de março vai muito além: tudo se transforma numa outra coisa e numa outra música, que recompõem o mundo para nós. NESTROVSKI, A. O samba mais bonito do mundo. In: Três canções de Tom Jobim. São Paulo: Cosac Naify, 2004.

Ao situar a composição no panorama cultural brasileiro, o Texto II destaca o(a)

(ENEM 2020 AD)

25

Carlos é hoje um homem dividido, Mário, e isso graças às suas cartas. Às vezes ele torce pelas palmeiras paródicas do Oswald de Andrade (a ninguém cá da terra passou despercebido o título que quer dar ao seu primeiro livro de poemas — Minha terra tem palmeiras). Às vezes não quer esquecer o gélido cinzel de Bilac e a prosa clássica dos decadentistas franceses, e à noite, ao ouvir o chamado da moça-fantasma, fica cismando ismálias em decassílabos rimados. Às vezes sucumbe ao trato cristão da condição humana e, à sombra dos rodapés de Tristão de Ataíde, tem uma recaída jacksoniana. Às vezes não sabe se prefere o barulho do motor do carro em disparada, ou se fica contemplando o sinal vermelho que impõe stop ao trânsito e silêncio ao cidadão. Às vezes entoa loas à vida besta, que devia jazer para sempre abandonada em Itabira. Mas na maioria das vezes sai saracoteando ironicamente pela rua macadamizada da poesia, que nem um pernóstico malandro escondido por detrás dos óculos e dos bigodes, ou melhor, que nem a foliona negra que você tanto admirou no Rio de Janeiro por ocasião das bacanais de Momo. SANTIAGO, S. Contos antológicos de Silviano Santiago. São Paulo: Nova Alexandria, 2006.

Inspirado nas cartas de Mário de Andrade para Carlos Drummond de Andrade, o autor dá a esse material uma releitura criativa, atribuindo-lhe um remetente ficcional. O resultado é um texto de expressividade centrada na

 A. hesitação na escolha de um modelo literário ideal.  B. colagem de estilos e estéticas na formação do escritor.  C. confluência de vozes narrativas e de referências biográficas.  D. fragmentação do discurso na origem da representação poética.  E. correlação entre elementos da cultura popular e de origem erudita.

88

(ENEM 2019 AR)

27

TEXTO I Estratos

TEXTO I

Na passagem de uma língua para outra, algo sempre permanece, mesmo que não haja ninguém para se lembrar desse algo. Pois um idioma retém em si mais memórias que os seus falantes e, como uma chapa mineral marcada por camadas de uma história mais antiga do que aquela dos seres viventes, inevitavelmente carrega em si a impressão das eras pelas quais passou. Se as “línguas são arquivos da história”, elas carecem de livros de registro e catálogos. Aquilo que contém pode apenas ser consultado em parte, fornecendo ao pesquisador menos os elementos de uma biografia do que um estudo geológico de uma sedimentação realizada em um período sem começo ou sem fim definido. HELLER-ROAZEN, D. Ecolalias: sobre o esquecimento das línguas. Campinas: Unicamp, 2010.

realizada por Hans Namuth em 1951. CHIPP, H. Teorias da arte moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

TEXTO II

TEXTO II

Na reflexão gramatical dos séculos XVI e XVII, a influência árabe aparece pontualmente, e se reveste sobretudo de item bélico fundamental na atribuição de rudeza aos idiomas português e castelhano por seus respectivos detratores. Parecer com o árabe, assim, é uma acusação de dessemelhança com o latim. SOUZA, M. P. Linguística histórica. Campinas: Unicamp, 2006.

Relacionando-se as ideias dos textos a respeito da história e memória das línguas, quanto à formação da língua portuguesa, constata-se que  A. a presença de elementos de outras línguas no português foi historicamente avaliada como um índice de riqueza.

MUNIZ, V. Action Photo (segundo Hans Namuth em Pictures in Chocolate The Museum of Modern Art, Nova Iorque, 1977. NEVES, A. História da arte 4. Vitória: Ufes – Nead, 2011.

 B. o estudioso da língua pode identificar com precisão os elementos deixados por outras línguas na transformação da língua portuguesa.  C. o português é o resultado da influência de outras línguas no passado e carrega marcas delas em suas múltiplas camadas.  D. o árabe e o latim estão na formação escolar e na memória dos falantes brasileiros.  E. a influência de outras línguas no português ocorreu de maneira uniforme ao longo da história.

Utilizando chocolate derretido como matéria-prima, essa obra de Vik Muniz reproduz a célebre fotografia do processo de criação de Jackson Pollock. A originalidade dessa releitura reside na  A. apropriação parodística das técnicas e materiais utilizados.  B. reflexão acerca dos sistemas de circulação da arte.  C. simplificação dos traços da composição pictórica.  D. contraposição de linguagens artísticas distintas.  E. crítica ao advento do abstracionismo.

89

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

(ENEM 2019 AR)

26

LEITURA ESTRATÉGICA  A. o tênis indica um jogo em que a cooperação pre-

(ENEM 2019 AR)

28

domina, o que representa o distanciamento na re-

TEXTO I

Duas coisas enchem o ânimo de admiração e veneração sempre crescentes: o céu estrelado sobre mim e a lei moral em mim. KANT, I. Crítica da razão prática. Lisboa: Edições 70, s/d (adaptado).

lação entre as pessoas.  B. o tênis indica um jogo em que a competição é predominante, o que representa um sonho comum no relacionamento entre pessoas.  C. o frescobol indica um jogo em que a cooperação

TEXTO II

Duas coisas admiro: a dura lei cobrindo-me e o estrelado céu dentro de mim. FONTELA, O. Kant (relido). In: Poesia completa. São Paulo: Hedra, 2015.

A releitura realizada pela poeta inverte as seguintes ideias centrais do pensamento kantiano:  A. Possibilidade da liberdade e obrigação da ação.  B. A prioridade do juízo e importância da natureza.  C. Necessidade da boa vontade e crítica da metafísica.

prevalece, o que simboliza o compartilhamento de sonhos entre as pessoas no relacionamento.  D. o frescobol indica um jogo em que a competição prevalece, o que simboliza um relacionamento em que uma pessoa busca destruir o sonho da outra.  E. o frescobol e o tênis indicam, respectivamente, situações de competição e cooperação, o que ilustra os diferentes sonhos das pessoas no relacionamento.

 D. Prescindibilidade do empírico e autoridade da razão.  E. Interioridade da norma e fenomenalidade do mundo.

29

(ENEM 2019 PPL)

TEXTO I

(ENEM 2019 PPL)

Há casais que jogam com os sonhos como se jogassem tênis. Ficam à espera do momento certo para a cortada. O jogo de tênis é assim: recebe-se o sonho do outro para destruí-lo, arrebentá-lo como bolha de sabão. O que se busca é ter razão e o que se ganha é o distanciamento. Aqui, quem ganha, sempre perde. Já no frescobol é diferente. O sonho do outro é um brinquedo que deve ser preservado, pois sabe-se que, se é sonho, é coisa delicada, do coração. Assim cresce o amor. Ninguém ganha para que os dois ganhem. E se deseja então que o outro viva sempre, eternamente, para que o jogo nunca tenha fim… ALVES, R. Tênis X Frescobol. As melhores crônicas de Rubem Alves. Campinas: Papirus, 2012.

O texto de Rubem Alves faz uma analogia entre dois jogos que utilizam raquetes e as diferentes formas de as pessoas se relacionarem afetivamente, de modo que

90

30

Por “complexo de vira-latas” entendo eu a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo. Isto em todos os setores e, sobretudo, no futebol. Dizer que nós nos julgamos “os maiores” é uma cínica inverdade. Em Wembley, por que perdemos? Porque, diante do quadro inglês, louro e sardento, a equipe brasileira ganiu de humildade. Jamais foi tão evidente e, eu diria mesmo, espetacular o nosso vira-latismo [...]. É um problema de fé em si mesmo. O brasileiro precisa se convencer de que não é um vira-latas. RODRIGUES, N. À sombra das chuteiras imortais. São Paulo: Cia. das Letras, 1993.

TEXTO II A melhor banda de todos os tempos da última semana As músicas mais pedidas Os discos que vendem mais As novidades antigas Nas páginas dos jornais Um idiota em inglês Se é idiota, é bem menos que nós Um idiota em inglês É bem melhor do que eu e vocês A melhor banda de todos os tempos da última semana

TITÃS. A melhor banda de todos os tempos da última semana. São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).

O verso do Texto II que estabelece a adequada relação temática com “o nosso vira-latismo”, presente no Texto I, é:

 A. assegura a existência de pensamentos contrários à ordem vigente.  B. mantém a heterogeneidade das formas de relações sociais.  C. conserva a influência religiosa sobre certas culturas.  D. preserva a diversidade cultural e comportamental.  E. reforça comportamentos e padrões culturais.

 A. “As novidades antigas”.  B. “Os discos que vendem mais”.  C. “O melhor disco brasileiro de música americana”.  D. “A melhor banda de todos os tempos da última semana”.  E. “O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos”.

(ENEM 2017 AR)

31

TEXTO I Terezinha de Jesus De uma queda foi ao chão Acudiu três cavalheiros Todos os três de chapéu na mão O primeiro foi seu pai O segundo, seu irmão O terceiro foi aquele A quem Tereza deu a mão

32

(ENEM 2017 AR)

TEXTO I A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Rodrigues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, sendo também encontrada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena e apresenta complexidades em sua fonologia e sintaxe. Sua característica principal é o uso de diferentes alturas na voz. O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela proximidade de cidades ou mesmo pela convivência com falantes de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, esses outros falantes são minoritários e acabam por se submeter à realidade ticuna, razão pela qual, talvez, não representem uma ameaça linguística. Língua Portuguesa, n. 52, few 2010 (adaptado).

BATISTA, M. F. B. M.; SANTOS, I. M. F. (Org.). Cancioneiro da Paraíba. João Pessoa: Grafset, 1993 (adaptado).

TEXTO II Outra interpretação é feita a partir das condições sociais daquele tempo. Para a ama e para a criança para quem cantava a cantiga, a música falava do casamento como um destino natural na vida da mulher, na sociedade brasileira do século XIX, marcada pelo patriarcalismo. A música prepara a moça para o seu destino não apenas inexorável, mas desejável: o casamento, estabelecendo uma hierarquia de obediência (pai, irmão mais velho, marido), de acordo com a época e circunstâncias de sua vida. Disponível em: http://provsjose.blogspot.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012. O comentário do texto II sobre o texto I evoca a mobilização da língua oral que, em determinados contextos,

TEXTO II Riqueza da língua “O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na presente”, dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. A profecia se cumpriu o inglês é hoje a língua franca da globalização. No extremo oposto da economia linguística mundial, estão as línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje se falem de 6.000 a 7.000 línguas no mundo todo. Quase metade delas deve desaparecer nos próximos 100 anos, A última edição do Ethnologue – o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais -, de 2005, listava 516 línguas em risco de extinção. Veja, n. 36, set 2007 (adaptado).

Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, cujas realidades se aproximam em função do(a)

91

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

O melhor disco brasileiro de música americana O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos

LEITURA ESTRATÉGICA  A. semelhança no modo de expansão.  B. preferência de uso na modalidade falada.  C. modo de organização das regras sintáticas.  D. predomínio em relação às outras línguas de contato.  E. fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias.

33

(ENEM 2016 AR)

TEXTO I Entrevistadora – eu vou conversar aqui com a professora A. D. … o português então não é uma língua difícil? Professora – olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que você… já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler obras da literatura… obras da/ dos meios de comunicação… se você tem acesso a revistas… é… a livros didáticos… a… livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.

TEXTO II Entrevistadora – Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil? Professora – Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais. MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).

O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos  A. apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.  B. são modelos de emprego de regras gramaticais.  C. são exemplos de uso não planejado da língua.  D. apresentam marcas da linguagem literária.  E. são amostras do português culto urbano.

92

34

(ENEM 2016 AR)

Pérolas absolutas Há, no seio de uma ostra, um movimento – ainda que imperceptível. Qualquer coisa imiscuiu-se pela fissura, uma partícula qualquer, diminuta e invisível. Venceu as paredes lacradas, que se fecham como a boca que tem medo de deixar escapar um segredo. Venceu. E agora penetra o núcleo da ostra, contaminando-lhe a própria substância. A ostra reage, imediatamente. E começa a secretar o nácar. É um mecanismo de defesa, uma tentativa de purificação contra a partícula invasora. Com uma paciência de fundo de mar, a ostra profanada continua seu trabalho incansável, secretando por anos a fio o nácar que aos poucos se vai solidificando. É dessa solidificação que nascem as pérolas. As pérolas são, assim, o resultado de uma contaminação. A arte por vezes também. A arte é quase sempre a transformação da dor. […] Escrever é preciso. É preciso continuar secretando o nácar, formar a pérola que talvez seja imperfeita, que talvez jamais seja encontrada e viva para sempre encerrada no fundo do mar. Talvez estas, as pérolas esquecidas, jamais achadas, as pérolas intocadas e por isso absolutas em si mesmas, guardem em si uma parcela faiscante da eternidade. SEIXAS, H. Uma ilha chamada livro. Rio de Janeiro: Record, 2009 (fragmento).

Considerando os aspectos estéticos e semânticos presentes no texto, a imagem da pérola configura uma percepção que  A. reforça o valor do sofrimento e do esquecimento para o processo criativo.  B. ilustra o conflito entre a procura do novo e a rejeição ao elemento exótico.  C. concebe a criação literária como trabalho progressivo e de autoconhecimento.  D. expressa a ideia de atividade poética como experiência anônima e involuntária.  E. destaca o efeito introspectivo gerado pelo contato com o inusitado e com o desconhecido.

DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS/ RELEITURAS

35

(ENEM 2022 AR)

TEXTO I

Disponível em: https://amigodobicho.wordpress.com/. Acesso em: 10 dez. 2017.

TEXTO II Nas ruas, na cidade e no parque Ninguém nunca prendeu o Delegado. O vaivém de rua em rua e sua longa vida são relembrados e recontados. Exemplo de sobrevivência, liderança, inteligência canina, desde pequenininho seu focinho negro e seus olhos delineados desenharam um mapa mental olfativo-visual de Lavras. Corria de quem precisava correr e se aproximava de quem não lhe faria mal, distinguia este daquele. Assim, tornou-se um cão comunitário. Nunca se soube por que escolheu a rua, talvez lhe tenham feito mal dentro de quatro paredes. Idoso, teve câncer e desapareceu. O querido foi procurado pela cidade inteira por duas protetoras, mas nunca encontrado. COSTA, A. R. N. Viver o amor aos cães: Parque Francisco de Assis. Carmo do Cachoeira: Irdin, 2014 (adaptado).

Os dois textos abordam a temática de animais de rua, porém, em relação ao Texto I, o Texto II

 A. problematiza a necessidade de adoção de animais sem lar.  B. valida a troca afetiva entre os pets adotados e seus donos.  C. reforça a importância da campanha de adoção de animais.  D. exalta a natureza amigável de cães e de gatos.  E. promove a campanha de adoção de animais.

93

LEITURA ESTRATÉGICA

36

(ENEM 2022 AR)

TEXTO I Projeto Mural Eletrônico desenvolvido no INT, semelhante a um totem, promete tornar o acesso à informação disponível para todos A inclusão de pessoas com deficiência se constituiu um dos principais desafios e preocupações para a sociedade ao longo das últimas décadas. E o uso da tecnologia tem se revelado um aliado fundamental em muitas iniciativas voltadas para essa área. Exemplo disso é uma das recentes criações do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) – unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Ali, com o objetivo de que as diferenças entre pessoas não sejam sinônimo de obstáculos no acesso à informação ou na comunicação, engenheiros e tecnólogos vêm trabalhando no desenvolvimento do projeto Mural Eletrônico. O Mural Eletrônico nasceu da necessidade de promover a inclusão nas escolas. Com interface multimídia e interativa, todos têm a possibilidade de acessar o Mural Eletrônico. Por meio do equipamento, podem ser disponibilizados vídeos com Libras, leitura sonora de textos, que também estarão acessíveis em uma plataforma de braile dinâmico, ao lado do teclado. KIFFER, D. Inclusão ampla e irrestita. Rio Pesquisa, n. 36, set. 2016 (adaptado).

TEXTO II Projeto Surdonews, desenvolvido na UFRJ, garante acesso de surdos à informação e contribui para sua “inclusão cientifica” Para não permitir que a falta de informação seja um fator para o isolamento e a inacessibilidade da comunidade surda, a jornalista e pesquisadora Roberta Savedra Schiaffino criou o projeto “Surdonews: montando os quebra-cabeças das notícias para o surdo”. Trata-se de uma página no Facebook, com notícias constantemente atualizadas e apresentadas por surdos em Libras, e veiculadas por meio de vídeos. A ideia de criar o projeto surgiu quando Roberta, ela própria surda profunda, ainda cursava o mestrado. Para isso, ela procurou traçar um diagnóstico do conhecimento informal entre as pessoas com surdez. Ela entrevistou cinquenta alunos surdos do ensino fundamental e viu que eles tinham muita dificuldade de ler, além de não captar a notícia falada. “Isso é muito grave, pois 90% do saber de um indivíduo vem do conhecimento informal, adquirido em feiras científicas, conversas, cinema, teatro, incluindo a mídia, por todas as suas possibilidades disseminadoras”, explica a pesquisadora. “Prezamos pelo conteúdo científico em nossas pautas. Contudo, independentemente disso, nosso principal trabalho é, além de informar e atualizar, fazer com que os textos não sejam empobrecidos no processo de ‘tradução’ e, sim, acessíveis”. KIFFER, D. Comunicação sem barreiras. Rio Pesquisa, n. 37, dez. 2016 (adaptado).

Considerando-se o tema tecnologias e acessibilidade, os textos I e II aproximam-se porque apresentam projetos que

 A. garantem a igualdade entre as pessoas.  B. foram criados por uma pesquisadora surda.  C. tiveram origem em um curso de pós-graduação.  D. estão circunscritos ao espaço institucional da escola.  E. têm como objetivo a disseminação do conhecimento.

94

GABARITO DIÁLOGOS INTERTEXTUAIS 1-E 2-B 3-D 4-A 5-A 6-E 7-E 8-C 9-C 10-C 11-A 12-C 13-E 14-D 15-E 16-C 17-E 18-B 19-B 20-D 21-A 22-C 23-B 24-A 25-B 26-C 27-A 28-E 29-C 30-C 31-E 32-D 33-E 34-C 35-A 36-E

Total de meus acertos:___________ de ______________ . ___________%

L E I T U R A E S T R AT É G I C A

; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ” ; ? * : ! ~ ”; ^ ? * ” ! ~ : “ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ” ; ? * : ! ~ ” ^ INTERPRETAÇÃO : ! ~ ; DE“TEXTOS ? ” VERBAIS * NÃO ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ” ; ? * : ! ~ ”; ^ ? * ” ! ~ : “ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ” ; ?

*



*



*



*

Nessa tirinha, produzida na década de 1970, os recursos verbais e não verbais sinalizam a finalidade de  A. reforçar a luta por direitos civis.  B. explicitar a autonomia feminina.  C. ironizar as condições de igualdade.  D. estimular a abdicação da vida social.  E. criticar as obrigações da maternidade.

(ENEM 2021 AR)

3

Disponível em: www.deskgram.org. Acesso em: 12 dez. 2018 (adaptado).

A associação entre o texto verbal e as imagens da garrafa e do cão configura recurso expressivo que busca  A. estimular denúncias de maus-tratos contra animais.  B. desvincular o conceito de descarte da ideia de negligência.  C. incentivar campanhas de adoção de animais em situação de rua.  D. sensibilizar o público em relação ao abandono de animais domésticos.  E. alertar a população sobre as sanções legais acerca de uma prática criminosa.

2

(ENEM 2021 AR)

LEMOS, A. Artistas brasileiras. Belo Horizonte: Miguilim, 2018.

O que assegura o reconhecimento desse texto em quadrinhos como prefácio é o(a)  A. função de apresentação do livro.  B. apelo emocional apoiado nas imagens.  C. descrição do processo criativo da autora.  D. referência à mescla dos trabalhos manual e digital.  E. uso de elementos gráficos voltados para o público-alvo.

99

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

(ENEM 2021 AR)

1

LEITURA ESTRATÉGICA

4

(ENEM 2021 AR)

(ENEM 2021 AR)

5

O TATA CONTOU SOBRE O CALUNGA , 0 MAR QUE NÃO ACABA. LONGE DAQUI...

1 6

4 NANA, SE A GENTE BEBER A NSANGA E ENFRENTAR O CALUNGA, PODEMOS FICAR JUNTOS LA NA OUTRA TERRA.

2

5

...LONGE DISSO TUDO.

D’SALETE, M. Cumbe. São Paulo: Veneta. 2016, p. 10-11 (adaptado).

A sequência dos quadrinhos conjuga lirismo e violência ao  A. sugerir a impossibilidade de manutenção dos afetos.  B. revelar os corpos marcados pela brutalidade colonial.  C. representar o abatimento diante da desumanidade vivida. Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 10 jun. 2019 (adaptado).

No texto, os recursos verbais e não verbais empregados têm por objetivo  A. divulgar informações científicas sobre o uso indiscriminado de aparelhos celulares.  B. influenciar o leitor a mudar atitudes e hábitos considerados prejudiciais às crianças.  C. relacionar o uso da tecnologia aos efeitos decorrentes da falta de exercícios físicos.  D. indicar medidas eficazes para desestimular a utilização de telefones pelo público infantil.  E. sugerir aos pais e responsáveis a substituição de dispositivos móveis por atividades lúdicas.

100

 D. acentuar a resistência identitária dos povos escravizados.  E. expor os sujeitos alijados de sua ancestralidade pelo exílio.

(ENEM 2021 AR)

TEXTO I

EIGENHEER, E. M. Lixo: a limpeza urbana através dos tempos. Porto Alegre: Gráfica Pallotti, 2

TEXTO II A repugnante tarefa de carregar lixo e os dejetos da casa para as praças e praias era geralmente destinada ao único escravo da família ou ao de menor status ou valor. Todas as noites, depois das dez horas, os escravos conhecidos popularmente como “tigres” levavam tubos ou barris de excremento e lixo sobre a cabeça pelas ruas do Rio. KARASCH. M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1950. Rio de Janeiro: Cia. das Letras, 2000.

A ação representada na imagem e descrita no texto evidencia uma prática do cotidiano nas cidades no Brasil nos séculos XVIII e XIX caracterizada pela  A. valorização do trabalho braçal.  B. reiteração das hierarquias sociais.  C. sacralização das atividades laborais.  D. superação das exclusões econômicas.  E. ressignificação das heranças religiosas.

101

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

6

LEITURA ESTRATÉGICA

7

(ENEM 2021 PPL) Circuito Praça da Liberdade 6 Centro de Arte Popular - Cemig

5 Escola de Design - UEMG

4 Memorial Minas Gerais Vale

7 BDMG Cultural

3 MM Gerdau - Museu das Minas e do Metal

R .B do G ar m ui

s

rte

Fo ias Av .B

or

Av.

és

iro

inhe

oP Joã

s

a

sil

R. ta San

ipe

erg

10 Arquivo Público Mineiro

11 Casa do Patrimônio Cultural de Minas Gerais 12 Centro Cultural Banco do Brasil

o urã

aD

Rit

15 Palácio da Liberdade

m

ãe

as Di

zag

Aleixo

Café Restaurante Livraria Lojas

Ai

9 Museu Mineiro

Av. B ra

R. S

s

r na

s ve al nç

on

io Antôn

bo

olom

ão C

stóv

Cri Av.

do

er

ahia

aB R. d

Go

sG má

f. R. Pro

hia

a Ba

R. d

R.

R.

To R.

2 Espaço do Conhecimento UFMG 1 Centro de Informação ao Visitante / Hub Minas Digital (Rainha da Sucata) 16 Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais

8 Academia Mineira de Letras

13 Casa da Economia Criativa 14 Cefart Liberdade

Acessibilidade para pessoas com deficiência física Acessibilidade para pessoas com deficiência visual Tradução em Libras Audioguia Centro de Informação ao Visitante (CIV)

Disponível em: www.circuitoliberdade.mg.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2019 (adaptado).

Partindo a pé do Museu Mineiro pelo trajeto mais curto até a próxima atração com tradução em Libras, serviço de alimentação e venda de livros, o leitor do mapa passará em frente ao(à)  A. Escola de Design.  B. Academia Mineira de Letras.  C. Museu das Minas e do Metal.  D. Espaço do Conhecimento UFMG.  E. Casa do Patrimônio Cultural de Minas Gerais.

102

Disponível em: www.iotforall.com. Acesso em: 22 jun. 2018.

A realidade virtual é uma tecnologia de informação que, conforme sugere a imagem, tem como uma de suas principais funções  A. promover a manipulação eficiente de conhecimentos e informações de difícil compreensão no mundo físico.  B. conduzir escolhas profissionais da área de ciência da computação, oferecendo um leque de opções de atuação.  C. transferir conhecimento da inteligência artificial para as áreas tradicionais, como as das ciências Disponível em: www.facebook.com/ministeriodoesporte. Acesso em: 7 dez. 2017.

Esse anúncio publicitário propõe soluções para um problema social recorrente, ao  A. promover ações de conscientização para reduzir a violência de gênero em eventos esportivos.  B. estimular o compartilhamento de políticas públicas sobre a igualdade de gênero no esporte.

exatas e naturais.  D. levar o ser humano a experimentar mentalmente outras realidades, para as quais é transportado sem sair de seu próprio lugar.  E. delimitar tecnologias exclusivas de jogos virtuais, a fim de oferecer maior emoção ao jogador por meio de outras realidades.

 C. divulgar para a população as novas regras complementares para as torcidas de futebol.  D. informar ao público masculino as consequências de condutas ofensivas.  E. regulamentar normas de boa convivência nos es-

10

(ENEM 2020 AR)

tádios.

9

(ENEM 2020 AR)

103

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

(ENEM 2020 AR)

8

LEITURA ESTRATÉGICA Disponível em: www.bhaz.com.br. Acesso em: 14 jun. 2018.

Essa campanha de conscientização sobre o assédio sofrido pelas mulheres nas ruas constrói-se pela combinação da linguagem verbal e não verbal. A imagem da mulher com o nariz e a boca cobertos por um lenço é a representação não verbal do(a)

12

(ENEM 2020 AR)

 A. silêncio imposto às mulheres, que não podem denunciar o assédio sofrido.  B. metáfora de que as mulheres precisam defender-se do assédio masculino.  C. constrangimento pelo qual passam as mulheres e sua tentativa de esconderem-se.

Disponível em: www.acontecendoaqui.com.br. Acesso em: 15 jun. 2018.

 D. necessidade que as mulheres têm de passarem despercebidas para evitar o assédio.

Nessa campanha publicitária, a imagem da família e o texto verbal unem-se para reforçar a ideia de que

 E. incapacidade de as mulheres protegerem-se da agressão verbal dos assediadores.

 A. a família que adota é mais feliz.  B. a adoção tardia é muito positiva.  C. as famílias preferem adotar bebês.

(ENEM 2020 AR)

11

 D. a adoção de adolescentes é mais simples.

RE DE S

Produção agrícola e de alimentos

DOS IND VIDA I DE

o eg

pr

m

se De

e ua Ág oto esg

OS DU VÍ

Edu caç ão

IS E COM UN CIA I SO EST ILO

A de m tr bie ab nt al e ho

Idade, sexo e fatores hereditários

is era sG ai nt

as, Cultura ômic is e con Am ioe bi c e ndições de vida o o C S e de trabalho

S RIA TÁ

Co nd içõ es

O conceito de saúde formulado na histórica VIII Conferência Nacional de Saúde, no ano de 1986, ficou conhecido como um “conceito ampliado” de saúde, conforme ilustrado na fi gura. Esse conceito foi fruto de intensa mobilização em diversos países da América Latina nas décadas de 1970 e 1980, como resposta à crise dos sistemas públicos de saúde.

Serviços sociais de saúde

Ha bita ção

BATISTELLA, C. Abordagens contemporâneas do conceito de saúde. Disponível em: www.dihs.ensp.fi ocruz.br. Acesso em: 23 set. 2020.

Com base no conceito apresentado no texto, a saúde é consequência direta do(a)  A. adoção de um estilo de vida ativo por parte dos indivíduos.  B. disponibilidade de emprego no mercado de trabalho.  C. condição habitacional presente nas cidades.  D. acesso ao sistema educacional.  E. forma de organização social.

104

 E. os filhos adotivos são companheiros dos pais.

(ENEM 2020 AD)

Disponível em: www.inbatatais.com.br. Acesso em: 8 maio 2012.

No anúncio sobre a proibição da venda de bebidas alcoólicas para menores, a linguagem formal interage com a linguagem informal quando o autor  A. desrespeita a regência padrão para ampliar o alcance da publicidade.  B. elabora um jogo de significados ao utilizar a palavra “legal”.  C. apoia-se no emprego de gírias para se fazer entender.  D. utiliza-se de metalinguagem ao jogar com as palavras “legal” e “lei”.  E. esclarece que se trata de uma lei ao compará-la a uma proibição.

105

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

13

LEITURA ESTRATÉGICA

14

(ENEM 2020 AD)

Disponível em: www.comunicadores.info. Acesso em: 27 ago. 2017.

Essa é uma campanha de conscientização sobre os efeitos do álcool na direção. Pela leitura do texto, depreende-se que  A. o álcool afeta os sentidos humanos, podendo provocar a morte de pessoas inocentes.  B. a bicicleta é um veículo de difícil visibilidade para os motoristas alcoolizados.  C. o recipiente da bebida pode ser usado como refletor da imagem da criança.  D. a visão do motorista alcoolizado fica turva após a ingestão de bebida.  E. a bebida alcoólica é proibida a menores de idade.

106

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

15

(ENEM 2020 AD)

Disponível em: www.vidasimples.uol.com.br. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado).

A apropriação das informações produzidas na imagem do GPS, nesse texto, tem o propósito de  A. reafirmar a necessidade do uso de aparelhos eletrônicos na escolha de rotas.  B. demonstrar a eficiência da tecnologia na resolução de problemas humanos.  C. estimular a reflexão sobre o poder de controlar os rumos da vida.  D. comprovar a aplicabilidade dos recursos digitais na reconfiguração de trajetos.  E. destacar a incerteza das emoções vividas pelo coração humano.

107

LEITURA ESTRATÉGICA

16

(ENEM 2020 AD)

Disponível em: www.folhavitoria.com.br. Acesso em: 11 dez. 2017.

O uso inusitado do jogo de caça-palavras nessa publicidade de um mercado hortifrúti leva à  A. alusão a hábitos alimentares saudáveis.  B. inclusão de carne em uma dieta alternativa.  C. construção de uma lista de compras lúdica.  D. ênfase na carne para uma alimentação balanceada.  E. quebra de expectativa em relação aos itens de um hortifrúti.

108

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

17

(ENEM 2020 AD)

Disponível em: www.comunicaquemuda.com.br. Acesso em: 9 dez. 2017.

A fim de contribuir para a diminuição do número de acidentes de trânsito, essa campanha  A. proíbe o uso de remédios para evitar o sono na direção.  B. dá dicas aos motoristas sobre diminuição do cansaço físico.  C. apresenta a capotagem como consequência da direção perigosa.  D. atribui ao motorista a responsabilidade pela segurança no trânsito.  E. conscientiza o motorista sobre a necessidade de controle da velocidade nas estradas.

109

LEITURA ESTRATÉGICA

18

(ENEM 2020 AD)

Disponível em: www.hospitalalbertorassi.org.br. Acesso em: 13 dez. 2017 (adaptado).

Considerando-se os elementos constitutivos do texto, esse anúncio visa resolver um problema relacionado ao(à)  A. falta de cuidado com o meio ambiente.  B. uso indiscriminado de fontes de energia.  C. escassez de água em diversos pontos do planeta.  D. carência de medidas de controle de poluição ambiental.  E. ausência de ações de reciclagem de objetos descartáveis.

110

Essa campanha contra a sexualização infantil utiliza-se da articulação entre texto escrito e imagem para representar um(a)  A. casal de crianças do sexo oposto.  B. relação inocente entre duas crianças.  C. horário do dia inapropriado para crianças.  D. proximidade inadequada entre as crianças.  E. espaço perigoso para crianças dessa idade.

21

(ENEM 2020 PPL)

MORAIS, G. Disponível em: www.gusmorais.com. Acesso em: 1 ago. 2013.

Os quadrinhos apresentam a sequência de certos dispositivos eletrônicos criados no decorrer da história, destacando  A. a alienação provocada pelo uso excessivo da tecnologia nas sociedades urbanas contemporâneas.  B. o estágio mais recente da evolução tecnológica para o armazenamento de dados digitais.  C. os diferentes tipos de dispositivos usados atualmente para a gravação de dados digitais.  D. o desperdício de matéria-prima proveniente da indústria tecnológica. NOVAES, C. O menino sem imaginação. São Paulo: Ática, 1993.

 E. a comparação entre evolução humana e tecnológica.

20

(ENEM 2020 PPL)

O gênero capa de livro tem, entre outras, a função de antecipar uma possível leitura a ser feita da obra em questão. Pela leitura dessa capa, infere-se que seu criador teve como propósito  A. criticar a alienação das crianças promovida pela forte presença das mídias de massa em seu cotidiano.  B. alertar os pais sobre a má influência das tecnologias para o desenvolvimento infantil.  C. satirizar o nível de criatividade de meninos isolados do convívio com seu grupo.  D. condenar o uso recorrente de aparatos eletrônicos pelos jovens na atualidade.  E. censurar o comportamento dos pais em relação à educação dada aos filhos.

111

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

Disponível em: www.facebook.com/cnj.oficial. Acesso em: 20 jun. 2018.

(ENEM 2020 PPL)

19

LEITURA ESTRATÉGICA  A. convidam a pensar sobre o conceito ampliado de saúde.  B. criticam a relação entre a prática de exercícios e a saúde.  C. coadunam-se com o conceito de saúde construído

(ENEM 2020 PPL)

22

TEXTO I

na Conferência.  D. exemplificam a conquista do estado de saúde em um sentido amplo.  E. reproduzem a relação de causalidade entre fazer exercício e ter saúde.

Disponível em: http://iasdcentralcampinas.org.br. Acesso em: 5 jun. 2018.

TEXTO II

Disponível em: http://listaloficial.com.br. Acesso em: 5 jun. 2018.

TEXTO III Analisemos o conceito de saúde formulado na histórica VIII Conferência Nacional de Saúde, no ano de 1986. Também conhecido como “conceito ampliado” de saúde, foi fruto de intensa mobilização, que se estabeleceu em diversos países da América Latina, como resposta à crise dos sistemas públicos de saúde. Recordemos seu enunciado: em sentido amplo, a saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. Sendo assim, é principalmente resultado das formas de organização social, de produção, as quais podem gerar grandes desigualdades nos níveis de vida. BATISTELLA, C. Abordagens contemporâneas do conceito de saúde. Disponível em: www.epsjv.fiocruz.br. Acesso em: 5 jun. 2018 (adaptado).

Com base no conceito ampliado de saúde, podemos interpretar que as imagens dos textos I e II

112

(ENEM 2020 PPL)

SOUSA, M. Disponível em: www.turmadamonica.com.br. Acesso em: 16 abr. 2015.

A ironia expressa na tirinha representa uma crítica à seguinte relação entre sociedade e natureza:  A. Perseguição étnica indígena.  B. Crescimento econômico predatório.  C. Modificação de práticas colonizadoras.  D. Comprometimento de jazidas minerais.  E. Desenvolvimento de reservas extrativistas.

113

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

23

LEITURA ESTRATÉGICA

24

(ENEM 2019 AR)

Disponível em: www.essl.pt. Acesso em: 9 maio 2019 (adaptado).

Essa campanha se destaca pela maneira como utiliza a linguagem para conscientizar a sociedade da necessidade de se acabar com o bullying. Tal estratégia está centrada no(a)  A. chamamento de diferentes atores sociais pelo uso recorrente de estruturas injuntivas.  B. variedade linguística caracterizadora do português europeu.  C. restrição a um grupo específico de vítimas ao apresentar marcas gráficas de identificação de gênero como “o(a)”.  D. combinação do significado de palavras escritas em línguas inglesa e portuguesa.  E. enunciado de cunho esperançoso “passe à história” no título do cartaz.

114

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

25

(ENEM 2019 AR)

Disponível em: http://epoca.globo.com. Acesso em: 20 mar. 2014.

De acordo com esse infográfico, as redes sociais estimulam diferentes comportamentos dos usuários que revelam  A. exposição exagerada dos indivíduos.  B. comicidade ingênua dos usuários.  C. engajamento social das pessoas.  D. disfarce do sujeito por meio de avatares.  E. autocrítica dos internautas.

115

LEITURA ESTRATÉGICA

26

(ENEM 2019 AR)

(ENEM 2019 AR)

27

Disponível em: www.acnur.org. Acesso em: 11 dez. 2018.

Nesse cartaz, o uso da imagem do calçado aliada ao texto verbal tem o objetivo de  A. criticar as difíceis condições de vida dos refugiados.  B. revelar a longa trajetória percorrida pelos refugiados.  C. incentivar a campanha de doações para os refugiados.  D. denunciar a situação de carência vivida pelos refugiados.  E. simbolizar a necessidade de adesão à causa dos refugiados.

Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 10 dez. 2018 (adaptado).

O texto tem o formato de uma carta de jogo e apresenta dados a respeito de Marcelo Gleiser, premiado pesquisador brasileiro da atualidade. Essa apresentação subverte um gênero textual ao  A. vincular áreas distintas do conhecimento.  B. evidenciar a formação acadêmica do pesquisador.  C. relacionar o universo lúdico a informações biográficas.  D. especificar as contribuições mais conhecidas do pesquisador.  E. destacar o nome do pesquisador e sua imagem no início do texto.

116

(ENEM 2019 PPL)

VERÍSSIMO, L. F. As cobras em: se Deus existe que eu seja atingido por um raio. Porto Alegre: L&PM, 2000.

No que diz respeito ao uso de recursos expressivos em diferentes linguagens, o cartum produz humor brincando com a  A. caracterização da linguagem utilizada em uma esfera de comunicação específica.  B. deterioração do conhecimento científico na sociedade contemporânea.  C. impossibilidade de duas cobras conversarem sobre o universo.  D. dificuldade inerente aos textos produzidos por cientistas.  E. complexidade da reflexão presente no diálogo.

117

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

28

LEITURA ESTRATÉGICA

29

(ENEM 2019 PPL)

Destak, nov. 2015 (adaptado).

A imagem da caneta de tinta vermelha, associada às frases do cartaz, é utilizada na campanha para mostrar ao possível doador que  A. a doação de sangue faz bem à saúde.  B. a linha da vida é fina como o traço de caneta.  C. a atitude de doar sangue é muito importante.  D. a caneta vermelha representa a atitude do doador.  E. a reserva do banco de sangue está chegando ao fim.

Disponível em: http://jconlineinteratividade.ne10.uol.com.br. Acesso em: 17 set. 2015.

Ao relacionar o problema da seca à inclusão digital, essa charge faz uma crítica a respeito da  A. dificuldade na distribuição de computadores nas áreas rurais.  B. capacidade das tecnologias em aproximar realidades distantes.  C. possibilidade de uso do computador como solução de problemas sociais.  D. ausência de políticas públicas para o acesso da população a computadores.  E. escolha das prioridades no atendimento às reais necessidades da população.

30

118

(ENEM 2019 PPL)

(ENEM 2019 PPL)

Disponível em: www.facebook.comlminsaude. Acesso em: 14 fev. 2018 (adaptado).

A utilização de determinadas variedades linguísticas em campanhas educativas tem a função de atingir o público-alvo de forma mais direta e eficaz. No caso desse texto, identifica-se essa estratégia pelo(a)  A. discurso formal da língua portuguesa.  B. registro padrão próprio da língua escrita.  C. seleção lexical restrita à esfera da medicina.  D. fidelidade ao jargão da linguagem publicitária.  E. uso de marcas linguísticas típicas da oralidade.

Disponível em: portal.pmf.sc.gov.br. Acesso em: 27 jun. 2015.

As informações presentes na campanha contra o bullying evidenciam a intenção de  A. destacar as diferentes ofensas que ocorrem no ambiente escolar.  B. elencar os malefícios causados pelo bullying na vida de uma criança.  C. provocar uma reflexão sobre a violência física que acontece nas escolas.  D. denunciar a pouca atenção dada a crianças que sofrem bullying nas escolas.  E. alertar sobre a relação existente entre o bullying e determinadas brincadeiras.

32

(ENEM 2018 AR)

119

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

31

LEITURA ESTRATÉGICA

33

(ENEM 2018 AR)

BRANCO, A. Disponível em: www.oesquema.com.br. Acesso em: 30 jun. 2015 (adaptado).

A internet proporcionou o surgimento de novos paradigmas sociais e impulsionou a modificação de outros já estabelecidos nas esferas da comunicação e da informação. A principal consequência criticada na tirinha sobre esse processo é a  A. criação de memes.  B. ampliação da blogosfera.  C. supremacia das ideias cibernéticas.  D. comercialização de pontos de vista.  E. banalização do comércio eletrônico.

34

(ENEM 2018 AR)

35

(ENEM 2018 AR)

SILVA, I.; SANTOS, M. E. P.; JUNG, N. M. Domínios de Lingu@gem, n.4, out.-dez. 2016 (adaptado).

Disponível em: www.separeolixo.gov.br. Acesso em: 4 dez. 2017 (adaptado).

A fotografia exibe a fachada de um supermercado em Foz do Iguaçu, cuja localização transfronteiriça é marcada tanto pelo limite com Argentina e Paraguai quanto pela presença de outros povos. Essa fachada revela o(a)

Nessa campanha, a principal estratégia para convencer o leitor a fazer a reciclagem do lixo é a utilização da linguagem não verbal como argumento para

 A. apagamento da identidade linguística.

 A. reaproveitamento de material.

 B. planejamento linguístico no espaço urbano.

 B. facilidade na separação do lixo.

 C. presença marcante da tradição oral na cidade.

 C. melhoria da condição do catador.

 D. disputa de comunidades linguísticas diferentes.

 D. preservação de recursos naturais.

 E. poluição visual promovida pelo multilinguismo.

 E. geração de renda para o trabalhador.

120

Nesse texto, busca-se convencer o leitor a mudar seu comportamento por meio da associação de verbos no modo imperativo à  A. indicação de diversos canais de atendimento.  B. divulgação do Centro de Defesa da Mulher.  C. informação sobre a duração da campanha.  D. apresentação dos diversos apoiadores.  E. utilização da imagem das três mulheres. Disponível em: www.facebook.com/omeusegredinho.Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado)

Essa imagem ilustra a reação dos celíacos (pessoas sensíveis ao glúten) ao ler rótulos de alimentos sem glúten. Essas reações indicam que, em geral, os rótulos desses produtos

38

(ENEM 2018 AR)

 A. trazem informações explícitas sobre a presença do glúten.  B. oferecem várias opções de sabor para esses consumidores.  C. classificam o produto como adequado para o consumidor celíaco.  D. influenciam o consumo de alimentos especiais para esses consumidores.  E. variam na forma de apresentação de informações relevantes para esse público.

37

(ENEM 2018 AR)

Disponível em: http://cpdoc.fgv.br Acesso em: 6 dez. 2017.

Essa imagem foi impressa em cartilha escolar durante a vigência do Estado Novo com o intuito de  A. destacar a sabedoria inata do líder governamental.  B. atender a necessidade familiar de obediência infantil.  C. promover o desenvolvimento consistente das atitudes solidárias.  D. conquistar a aprovação política por meio do apelo carismático.  E. estimular o interesse acadêmico por meio de exercícios intelectuais.

121

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

Disponível em: www.sul21.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017 (adaptado).

(ENEM 2018 AR)

36

LEITURA ESTRATÉGICA

39

(ENEM 2018 AR)

Disponível em: http://arquivo-x.webnode.com. Acesso em: 5 dez. 2012.

Em sua conversa com o pai, Calvin busca persuadi-lo, recorrendo à estratégia argumentativa de  A. mostrar que um bom trabalho como pai implica a valorização por parte do filho.  B. apelar para a necessidade que o pai demonstra de ser bem-visto pela família.  C. explorar a preocupação do pai com a própria imagem e popularidade.  D. atribuir seu ponto de vista a terceiros para respaldar suas intenções.  E. gerar um conflito entre a solicitação da mãe e os interesses do pai.

(ENEM 2018 PPL)

41

Tônico para a saúde da mulher. Disponível em: www.propagandashistoricas.com.br. Acesso em: 28 nov. 2017.

O anúncio publicitário da década de 1940 reforça os seguintes estereótipos atribuídos historicamente a uma suposta natureza feminina:  A. Pudor inato e instinto maternal  B. Fragilidade física e necessidade de aceitação.  C. Isolamento social e procura de autoconhecimento.  D. Dependência econômica e desejo de ostentação.  E. Mentalidade fútil e conduta hedonista. Disponível em: www.pedal.com.br. Acesso em: 3 jul. 2014 (adaptado).

No texto, o uso da linguagem verbal e não verbal atende à finalidade de  A. chamar a atenção para o respeito aos sinais de trânsito.  B. informar os motoristas sobre a segurança dos

40

(ENEM 2018 PPL)

usuários de ciclovias.  C. alertar sobre os perigos presentes nas vias urbanas brasileiras.  D. divulgar a distância permitida entre carros e veículos menores.  E. propor mudanças de postura por parte de motoristas no trânsito.

122

Campanhas publicitárias podem evidenciar problemas sociais. O cartaz tem como finalidade:

Quer suporte para encontrar pessoas que compartilham da mesma opinião Lê e cria avaliações, ranking de produtos e posts em blogs

Usa novos canais on-line e novas ferramentas de comunicação

Novo consumidor social

Deseja uma experiência melhor on-line do que off-line

Confia em conselhos de amigos on-line, conhecidos e estranhos

Tende a comprar mais on-line do que off-line

Quer fornecer feedback sobre o produto e serviço ao cliente

Disponível em: www.pedal.com.br. Acesso em: 3 jul. 2014 (adaptado).

O consumidor do século XXI, chamado de novo consumidor social, tende a se comportar de modo diferente do consumidor tradicional. Pela associação das características apresentadas no diagrama, infere-se que esse novo consumidor sofre influência da

 A. alertar os homens agressores sobre as consequências de seus atos.  B. conscientizar a população sobre a necessidade de denunciar a violência doméstica.  C. instruir as mulheres sobre o que fazer em casos de agressão.  D. despertar nas crianças a capacidade de reconhecer atos de violência doméstica.  E. exigir das autoridades ações preventivas contra a violência doméstica.

44

(ENEM 2017 AR)

 A. cultura do comércio eletrônico.  B. busca constante pelo menor preço.  C. divulgação de informações pelas empresas.  D. necessidade recorrente de consumo.  E. postura comum aos consumidores tradicionais.

43

(ENEM 2017 AR)

Época, n. 698, 3 out. 2011 (adaptado).

Os textos publicitários são produzidos para cumprir determinadas funções comunicativas. Os objetivos desse cartaz estão voltados para a conscientização dos brasileiros sobre a necessidade de  A. as crianças frequentarem a escola regularmente.  B. a formação leitora começar na infância.  C. a alfabetização acontecer na idade certa.  D. a literatura ter o seu mercado consumidor ampliado.  E. as escolas desenvolverem campanhas a favor da leitura.

123

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

Disponível em: www.agenciapatriciagalvao.org.br. Acesso em: 15 mai. 2017 (adaptado).

(ENEM 2017 AR)

42

LEITURA ESTRATÉGICA

45

(ENEM 2017 AR)

46

(ENEM 2017 PPL)

DAHMER, A. Disponível em: www.malvados.com.br. Acesso em: 15 maio 2013.

Importantes recursos de reflexão e crítica próprios do gênero textual, esses quadrinhos possibilitam pensar sobre o papel da tecnologia nas sociedades contemporâneas, pois  A. indicam a solidão existencial dos usuários das redes sociais virtuais. Revista Bolsa, 1986. In: CARRASCOZA, J. A. A evolução do texto publicitário: a associação de palavras como elemento de sedução na publicidade. São Paulo: Futura, 1999 (adaptado).

 B. criticam a superficialidade das relações humanas mantidas pela internet.  C. retratam a dificuldade de adaptação de pessoas

Nesse cartaz publicitário de uma empresa de papel e celulose, a combinação dos elementos verbais e não verbais visa  A. justificar os prejuízos ao meio ambiente, ao vincular a empresa à difusão da cultura.  B. incentivar a leitura de obras literárias, ao referir-se a títulos consagrados do acervo mundial.  C. seduzir o consumidor, ao relacionar o anunciante às histórias clássicas da literatura universal.  D. promover uma reflexão sobre a preservação ambiental ao aliar o desmatamento aos clássicos da literatura.  E. construir uma imagem positiva do anunciante, ao associar a exploração alegadamente sustentável à produção de livros.

124

mais velhas às relações virtuais.  D. ironizam o crescimento da conexão virtual oposto à falta de vínculos reais entre as pessoas.  E. denunciam o enfraquecimento das relações humanas nos mundos virtual e real contemporâneos.

(ENEM 2017 PPL)

(ENEM 2017 PPL)

48

Disponível em: www.blognerdegeek.com. Acesso em: 7 mar. 2013 (adaptado).

Na tirinha, o leitor é convidado a refletir sobre relacionamentos afetivos. A articulação dos recursos verbais e não verbais tem o objetivo de Veja, n. 42, 20 out. 2010 (adaptado).

Campanhas de conscientização para o diagnóstico precoce do câncer de mama estão presentes no cotidiano das brasileiras, possibilitando maiores chances de cura para a paciente, em especial se a doença for detectada precocemente. Pela análise dos recursos verbais e não verbais dessa peça publicitária, constata-se que o cartaz  A. promove o convencimento do público feminino, porque associa as palavras “prevenção” e “conscientização”.  B. busca persuadir as mulheres brasileiras, valendo-se do duplo sentido da palavra “tocar”.

 A. criticar a superficialidade com que as relações amorosas são expostas nas redes sociais.  B. negar antigos conceitos ou experiências afetivas ligadas à vida amorosa dos adolescentes.  C. enfatizar a importância de incorporar novas experiências na vida amorosa dos adolescentes.  D. valorizar as manifestações nas redes sociais como medida do sucesso de uma relação amorosa.  E. associar a popularidade de uma mensagem nas redes sociais à profundidade de uma relação amorosa.

 C. objetiva chamar a atenção para um assunto evitado por mulheres mais velhas.  D. convence a mulher a se engajar na campanha e a usar o laço rosa.  E. mostra a seriedade do assunto, evitado por muitas mulheres.

125

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

47

LEITURA ESTRATÉGICA

49

(ENEM 2017 PPL)

Superinteressante, n. 290, abr. 2011 (adaptado).

No processo de criação da capa de uma revista, é parte importante não só destacar o tema principal da edição, mas também captar a atenção do leitor. Com essa capa sobre os desastres naturais, desperta-se o interesse do leitor ao se apresentar uma ilustração com impacto visual e uma parte verbal que agrega ao texto um caráter  A. fantasioso, pois se cria a expectativa de uma matéria jornalística, com a natureza protagonizando ações espetaculares no futuro.  B. instrucional, pois se cria a expectativa da apresentação de conselhos e orientações para a precaução contra os desastres naturais.  C. alarmista, pois se reforça a imagem da natureza como um agressor e um inimigo temido pela sua avassaladora força de destruição.  D. místico, pois se cria uma imagem do espaço brasileiro como ameaçado por uma natureza descontrolada, em meio a um cenário apocalíptico.  E. intimista, pois se reforça a imagem de uma publicação organizada em torno das impressões e crenças do leitor preocupado com os desastres naturais.

126

(ENEM 2016 AR)

Disponível em: www.paradapelavida.com.br. Acesso em: 15 nov. 2014.

Nesse texto, a combinação de elementos verbais e não verbais configura-se como estratégia argumentativa para  A. manifestar a preocupação do governo com a segurança dos pedestres.  B. associar a utilização do celular às ocorrências de atropelamento de crianças.  C. orientar pedestres e motoristas quanto à utilização responsável do telefone móvel.  D. influenciar o comportamento de motoristas em relação ao uso de celular no trânsito.  E. alertar a população para os riscos da falta de atenção no trânsito das grandes cidades.

52

(ENEM 2016 AR)

National Geographic Brasil, n. 151, out. 2012 (adaptado).

Nessa campanha publicitária, para estimular a economia de água, o leitor é incitado a  A. adotar práticas de consumo consciente.  B. alterar hábitos de higienização pessoal e residencial.  C. contrapor-se a formas indiretas de exportação de água.  D. optar por vestuário produzido com matéria-prima reciclável.  E. conscientizar produtores rurais sobre os custos de produção. SATRAPI, M. Persépolis. São Paulo: Cia. das Letras, 2007 (adaptado).

51

(ENEM 2016 AR)

A memória recuperada pela autora apresenta a relação entre  A. conflito trabalhista e engajamento sindical.  B. organização familiar e proteção à infância.  C. centralização econômica e pregação religiosa.  D. estrutura educacional e desigualdade de renda.  E. transformação política e modificação de costumes.

127

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

50

LEITURA ESTRATÉGICA

53

(ENEM 2016 2A)

Disponível em: www.superplacas.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.

A presença desse aviso em um hotel, além de informar sobre um fato e evitar possíveis atos indesejados no local, tem como objetivo implícito  A. isentar o hotel de responsabilidade por danos causados aos hóspedes.  B. impedir a destruição das câmeras como meio de apagar evidências.  C. assegurar que o hotel resguardará a privacidade dos hóspedes.  D. inibir as pessoas de circular em uma área do hotel. Disponível em: www.ideiasustentavel.com.br. Acesso em: 30 maio 2016 (adaptado).

A importância da preservação do meio ambiente para a saúde é ressaltada pelos recursos verbais e não verbais utilizados nessa propaganda da SOS Mata Atlântica. No texto, a relação entre esses recursos

 E. desestimular os hóspedes que requisitem as imagens gravadas.

55

(ENEM 2016 2A)

 A. condiciona o entendimento das ações da SOS Mata Atlântica.  B. estabelece contraste de informações na propaganda.  C. é fundamental para a compreensão do significado da mensagem.  D. oferece diferentes opções de desenvolvimento temático.  E. propõe a eliminação do desmatamento como suficiente para a preservação ambiental.

54

(ENEM 2016 2A)

Disponível em: http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 30 jul. 2012.

Entre as funções de um cartaz, está a divulgação de campanhas. Para cumprir essa função, as palavras e as imagens desse cartaz estão combinadas de maneira a  A. evidenciar as formas de contágio da tuberculose.  B. mostrar as formas de tratamento da doença.  C. discutir os tipos da doença com a população.  D. alertar a população em relação à tuberculose.  E. combater os sintomas da tuberculose.

128

(ENEM 2016 2A)

TEXTO I Mama África Mama África (a minha mãe) é mãe solteira e tem que fazer mamadeira todo dia além de trabalhar como empacotadeira nas Casas Bahia Mama África tem tanto o que fazer além de cuidar neném além de fazer denguim filhinho tem que entender Mama África vai e vem mas não se afasta de você quando Mama sai de casa seus filhos se olodunzam rola o maior jazz Mama tem calos nos pés Mama precisa de paz Mama não quer brincar mais filhinho dá um tempo é tanto contratempo no ritmo de vida de Mama CHICO CÉSAR. Mama África. São Paulo: MZA Music, 1995.

TEXTO II

FAMÍLIAS

54,9%

parceiros ou de ambos, de

16,3%

das famílias no Brasil são formadas por casais com filhos. Mulheres são responsáveis por

os filhos são só de um dos

Em

relacionamentos anteriores, um indicativo de aumento

desses grupos,

37,3%

das famílias, mas em

1,9

Elas têm cada vez menos filhos

62,7%

das uniões reconstituídas.

dos lares o rendimento delas ajuda no sustento da casa.

por mulher.

E engravidam mais tarde: aos 26,8 anos de idade. Fonte: IBGE A nova família brasileira. Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 17 dez. 2012 (adaptado).

A pesquisa, realizada pelo IBGE, evidencia características das famílias brasileiras, também tematizadas pela canção Mama África. Ambos os textos destacam o(a)  A. preocupação das mulheres com o mercado de trabalho.  B. responsabilidade das mulheres no sustento das famílias.  C. comprometimento das mulheres na reconstituição do casamento.  D. dedicação das mulheres no cuidado com os filhos.  E. importância das mulheres nas tarefas diárias.

129

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

56

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2016 2A)

57

AD MÚ ORO SIC AP OP . AMO LIVROS.

(ENEM 2016 2A)

58

QUESTÃO 130

PARA DOAR SANGUE SOU FÃ DE FUTEBOL. VOCÊ PRECISA

CONHECER A PESSOA?

PRONTO. AGORA VOCÊ JÁ CONHECE A BIANCA. ADORO Assim como ela, milhares de pessoas CINEMA. precisam de doação de sangue.

TENHO 15 ANOS. TENHO LEUCEMIA E PRECISO DE DOAÇÃO DE SANGUE.

Seja para quem for, seja doador.

Procure o Hemocentro mais próximo.

RIC. Disponível em: www.nanquim.com.br. Acesso em: 8 dez. 2012. Disponível em: http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 8 nov. 2013 (adaptado).

Na campanha publicitária, há uma tentativa de sensibilizar o público-alvo, visando levá-lo à doação de sangue. Analisando a estratégia argumentativa utilizada, percebe-se que  A. a exposição de alguns dados sobre a jovem procura provocar compaixão, visto que, em razão da doença, ela vive de maneira diferente dos demais jovens de sua idade.  B. a campanha defende a ideia de que, para doar, é preciso conhecer o doente, considerando que foi

O texto faz referência aos sistemas de comunicação e informação. A crítica feita a uma das ferramentas midiáticas se fundamenta na falta de  A. opinião dos leitores nas redes sociais.  B. recursos tecnológicos nas empresas jornalísticas.  C. instantaneidade na divulgação da notícia impressa.  D. credibilidade das informações veiculadas nos blogs.  E. adequação da linguagem jornalística ao público jovem.

59

(ENEM 2016 2A)

preciso apresentar a jovem para gerar identificação.  C. o questionamento seguido da resposta propõe reflexão por parte do público-alvo, visto que o texto critica a prática de escolher para quem doar.  D. as escolhas verbais associadas à imagem parecem contraditórias, pois constroem uma aparência incompatível com a de uma jovem doente.  E. a campanha explora a expressão da jovem a fim de gerar comoção no leitor, levando-o a doar sangue para as pessoas com leucemia.

Disponível em: www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 9 nov. 2011.

Para além de objetivos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a)  A. elaboração de novas políticas que garantiram a estabilidade econômica do país  B. instalação de empresas multinacionais no Brasil.  C. legalização dos sindicatos no Brasil.  D. surgimento das políticas governamentais assistencialistas.  E. processo de redemocratização do Brasil.

130

(ENEM 2016 2A)

THAVES. Jornal do Brasil, 19 fev. 1997 (adaptado).

A forma de organização interna da indústria citada gera a seguinte consequência para a mão de obra nela inserida:  A. Ampliação da jornada diária.  B. Melhoria da qualidade do trabalho.  C. Instabilidade nos cargos ocupados.  D. Eficiência na prevenção de acidentes.  E. Desconhecimento das etapas produtivas.

61

(ENEM 2016 PPL)

Essa história em quadrinhos aborda a padronização da imagem corporal na contemporaneidade. O fator que pode ser identificado como influenciador do comportamento obsessivo retratado nos quadrinhos éo  A. entendimento da aparência corporal relacionada à saúde.  B. controle feminino sobre o ideal social de estética corporal.  C. desejo pelo modelo de corpo ideal construído socialmente.  D. questionamento crítico dos valores ligados ao sucesso social.  E. posicionamento reflexivo da mulher frente às imposições estéticas.

131

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

60

LEITURA ESTRATÉGICA

62

(ENEM 2016 PPL)

63

(ENEM 2016 PPL)

A MOBILIDADE PRECISA DE

DIVERSIDADE

SUGAI, C. Disponível em: www.acessibilidadenapratica.com.br. Acesso em: 29 de jun. 2015.

O texto sugere que a mobilidade é uma questão crucial para a vida nas cidades. Nele, destaca-se a necessidade de  A. incorporar meios de transportes diversos para viabilizar o deslocamento urbano.  B. investir em transportes de baixo custo para minimizar os impactos ambientais.  C. ampliar a quantidade de transportes coletivos para atender toda a população.  D. privilegiar meios alternativos de transporte para garantir a mobilidade.  E. adotar medidas para evitar o uso de transportes motorizados.

FANG. C. Miopia. Disponível em: http://news.psu.edu. Acesso em: 18 abr. 2015.

O cartum Miopia, de Chen Fang, foi apresentado em 2011 na quarta mostra Ecocartoon, que teve como tema a educação ambiental. Seu título e os elementos visuais fazem referência ao exame oftalmológico e a um tipo específico de dificuldade visual. Com o uso metafórico da miopia e a exploração de características da imagem, o cartum  A. evidencia o papel secundário que animais e plantas desempenham no processo de produção de riquezas.  B. expõe o alto custo para a manutenção da vida tanto dos seres humanos como de animais e plantas.  C. denuncia a hierarquia de valores que supervaloriza o dinheiro em detrimento dos seres vivos.  D. revela o distanciamento entre o homem e a natureza, resultante das atividades econômicas.  E. questiona o antagonismo entre homens e mulheres, motivado por questões econômicas.

132

(ENEM 2016 PPL)

No Brasil, milhares de crianças e adolescentes trabalham em casas de família. Isso não é legal. O trabalho infantil doméstico encurta a infância, prejudica a autoestima e provoca grande defasagem escolar. Desenvolvemos diversos programas sociais que protegem e dão dignidade a crianças e jovens, como o PETI, PROJOVEM URBANO, PROJOVEM ADOLESCENTE E PROJOVEM TRABALHADOR, entre outros. Disponível em: http://servicos.prt16.mpt.mp.br. Acesso em: 15 jul. 2015 (adaptado)

A peça publicitária, em pauta, busca promover uma conscientização social. Pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados pelo autor, o texto

 A. opõe a fragilidade da criança aos desmandos dos adultos.  B. elenca as causas da existência do trabalho infantil no Brasil.  C. detalhada as iniciativas governamentais de solução do problema abordado.  D. divulga ações institucionais locais para o enfrentamento de um problema nacional.  E. ressalta a responsabilidade das famílias na proteção das crianças e dos adolescentes.

133

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

64

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2016 PPL)

65

Disponível em:www.jornalcidade.com.br. Acesso em: 07 out. 2015 (adaptado)

A charge aborda uma situação do cotidiano de algumas famílias. Nesse sentido, ela tem o objetivo comunicativo de  A. denunciar os prejuízos da falta de diálogo entre pais e filhos.  B. mostrar as diferenças entre as preferências de entretenimento entre pais e filhos.  C. evidenciar os excessos de utilização das redes sociais em momentos de convivência familiar.  D. demonstrar que as mudanças culturais ocorridas na sociedade impõem novos comportamentos às famílias.  E. enfatizar que a socialização de informações sobre os filhos é uma forma de demonstrar orgulho de familiares.

134

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

66

(ENEM 2016 PPL)

Disponível em:www.jornalcidade.com.br. Acesso em: 07 out. 2015 (adaptado)

Analisar o processo atual de circulação e de armazenamento de determinados bens culturais diante da transformação decorrente do impacto de novas tecnologias indica que hoje  A. as músicas e os textos têm privilegiado um formato digital, tornando inadmissível sua acumulação.  B. a rede mundial de computadores acaba com o chamado direito autoral, que é inaplicável em relações virtuais.  C. a segurança e a inclusão digital são problemas, expondo a impossibilidade de realizar um comércio feito on-line.  D. as mídias digitais e a internet permitiram maior fluxo desses produtos, pois seu acúmulo independe de grandes bases materiais.  E. a pirataria é o recurso utilizado pelos consumidores, visto que são impedidos de adquirir legalmente algo desprovido de suporte físico.

135

LEITURA ESTRATÉGICA

67

(ENEM 2016 PPL)

Quino. MAFALDA. Disponível em: www.nova-acropole.pt. Acesso em: 28 fev. 2013.

A figura do inquilino ao qual a personagem da tirinha se refere é o(a)  A. constrangimento por olhares de reprovação.  B. costume imposto aos filhos por coação.  C. consciência da obrigação moral.  D. pessoa habitante da mesma casa.  E. temor de possível castigo.

136

(ENEM 2016 PPL)

Disponível em: www.malvados.com.br. Acesso em: 11 dez. 2012.

A tirinha compara dois veículos de comunicação, atribuindo destaque à  A. resistência do campo virtual à adulteração de dados.  B. interatividade dos programas de entretenimento abertos.  C. confiança do telespectador nas notícias veiculadas.  D. credibilidade das fontes na esfera computacional.  E. autonomia do internauta na busca de informações.

HENFIL. Diretas Já! 1984.In: LEMOS, R. (Org.). Uma história do Brasil através da caricatura (1840-2001). Rio de Janeiro: Letras & Expressões, 2001.

A imagem faz referência a uma intensa mobilização popular e pode ser traduzida como  A. a campanha popular que confrontava a legitimidade das eleições indiretas no país.  B. a manifestação de milhares de pessoas em prol da realização de eleições para o Senado.  C. as passeatas realizadas em prol do fim da Ditadura Militar no Brasil e na Argentina.  D. os comícios e manifestações populares pela abertura política de forma lenta e segura.

(ENEM 2015 AR)

70

 E. o movimento que exigia o direito à igualdade de voto para homens e mulheres

ulho Dia M

un

ra

ej

d i a l Con

t

Hepatite é assim.

d

a Hepati te

28

Pode aparecer onde menos se espera e em cinco formas diferentes.

69

(ENEM 2016 PPL)

É por isso que o Dia Mundial Contra a Hepatite está aí para alertar você. As hepatites A, B, C, D e E têm diversas causas e muitas formas de chegar até você. cuidados necessários para cuidar do maior bem que você tem: A SUA SAÚDE!

Algumas maneiras de se prevenir: a as hepatites A e B. de banhos em locais públicos e ao uso de desinfetantes em piscinas.

se alimentar. todos os acessórios.

contaminadas com o vírus.

137

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

68

LEITURA ESTRATÉGICA Disponível em: htt://.farm5.static.flick.com Acesso em: 26 out. 2011 (adaptado).

Nas peças publicitárias, vários recursos verbais e não verbais são usados com o objetivo de atingir o público-alvo, influenciando seu comportamento. Considerando as informações verbais e não verbais trazidas no texto a respeito da hepatite, verifica-se que

Disponível em: www.behance.net. Acesso em: 21 fev. 2013 (adaptado).

A rapidez é destacada como uma das qualidades do serviço anunciado, funcionando como estratégia de persuasão em relação ao consumidor do mercado gráfico. O recurso da linguagem verbal que contribui para esse destaque é o emprego  A. do termo “fácil’’ no início do anúncio, com foco no processo.

 A. o tom lúdico é empregado como recurso de con-

 B. de adjetivos que valorizam a nitidez da impressão.

solidação de pacto de confiança entre o médico e

 C. das formas verbais no futuro e no pretérito, em se-

a população.  B. a figura do profissional da saúde é legitimada, evocando-se o discurso autorizado como estratégia argumentativa.  C. o uso de construções coloquiais e específicas da

quência.  D. da expressão intensificadora “menos do que” associada à qualidade.  E. da locução “do mundo” associada a “melhor”, que quantifica a ação.

oralidade são recursos de argumentação que simulam o discurso do médico.

72

(ENEM 2015 AR)

 D. a empresa anunciada deixa de se autopromover ao mostrar preocupação social e assumir a responsabilidade pelas informações.  E. o discurso evidencia uma cena de ensinamento didático, projetado com subjetividade no trecho sobre as maneiras de prevenção.

71

(ENEM 2015 AR)

Zero Hora, jun. 2008 (adaptado).

Dia do Músico, do Professor, da Secretária, do Veterinário... Muitas são as datas comemoradas ao longo do ano e elas, ao darem visibilidade a segmentos específicos da sociedade, oportunizam uma reflexão sobre a responsabilidade social desses segmentos. Nesse contexto, está inserida a propaganda da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), em que se combinam elementos verbais e não verbais para se abordar a estreita relação entre imprensa, cidadania, informação e opinião. Sobre essa relação, depreende-se do texto da ABI que,

 A. para a imprensa exercer seu papel social, ela deve transformar opinião em informação.  B. para a imprensa democratizar a opinião, ela deve selecionar a informação.  C. para o cidadão expressar sua opinião, ele deve democratizar a informação.  D. para a imprensa gerar informação, ela deve fundamentar-se em opinião.  E. para o cidadão formar sua opinião, ele deve ter acesso à informação.

138

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

73

(ENEM 2015 PPL)

Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 5 dez. 2012.

Esse infográfico resume as conclusões de diversas pesquisas científicas sobre a adolescência. Tais conclusões  A. desconstroem os estereótipos a respeito dos adolescentes.  B. estabelecem novos limites de duração para essa fase da vida.  C. reiteram a ideia da adolescência como um período conturbado.  D. confirmam a proximidade entre os universos adolescente e adulto.  E. apontam a insegurança como uma característica típica dos adolescentes.

139

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2015 PPL)

74

Disponível em: http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

Campanhas educativas têm o propósito de provocar uma reflexão em torno de questões sociais de grande relevância, tais como as relacionadas à cidadania e também à saúde. Com a imagem de um relógio despertador e o slogan “Sempre é hora de combater a dengue”, a Campanha Nacional de Combate à Dengue objetiva convencer a população de que é preciso DAHMER, A. Disponível em: www.malvados.com.br. Acesso em: 18 fev. 2013.

As redes sociais permitem que seus usuários facilmente compartilhem entre si ideias e opiniões. Na tirinha, há um tom de crítica àqueles que  A. fazem uso inadequado das redes sociais para criticar o mundo.  B. são usuários de redes sociais e têm seus desejos atendidos.

 A. eliminar potenciais criadouros, quando aparecer a doença.  B. posicionar-se criticamente sobre as ações de combate ao mosquito.  C. prevenir-se permanentemente contra a doença.  D. repensar as ações de prevenção da doença.  E. preparar os agentes de combate ao mosquito.

 C. se supõem críticos, porém não apresentam ação efetiva.  D. são usuários das redes sociais e não criticam o

76

(ENEM 2015 PPL)

mundo.  E. se esforçam para promover mudanças no mundo.

VEIGA, D. Disponível em: http://dirceuveiga.com.br. Acesso em: 3 maio 2012.

75

(ENEM 2015 PPL)

Considerando que a internet influencia os modos de comunicação contemporânea, a charge faz uma crítica ao uso vicioso dessa tecnologia, pois  A. gera diminuição no tempo de descanso, substituído pelo contato com outras pessoas.  B. propicia a continuação das atividades de trabalho, ainda que em ambiente doméstico.  C. promove o distanciamento nos relacionamentos, mesmo entre pessoas próximas fisicamente.  D. tem impacto negativo no tempo disponível para o lazer do casal.  E. implica a adoção de atitudes agressivas entre os membros de uma mesma família.

140

78

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

(ENEM 2015 PPL)

77

(ENEM 2015 PPL)

Disponível em: http://fsindical-rs.org.br. Acesso em: 16 ago. 2012 (adaptado).

Nesse texto, associam-se recursos verbais e não verbais na busca de mudar o comportamento das pessoas quanto a uma questão de saúde pública. No cartaz, essa associação é ressaltada no(a)  A. destaque dado ao laço, símbolo do combate à

Disponível em: http://newsgerais.blogspot.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012.

Esse texto trata de uma campanha sobre o trânsito e visa a orientação dos motociclistas quanto ao(à)

aids, seguido da frase “Use caminsinha”.  B. centralização da frase “Previna-se”.

 A. intolerância com a morosidade do tráfego.

 C. foco dado ao objeto camisinha em imagem e em

 B. desconhecimento da legislação.

palavra.  D. laço como elemento de ligação entre duas recomendações.

 C. crescente número de motocicletas.  D. manutenção preventiva do veículo.  E. cuidado com a própria segurança.

 E. sobreposição da imagem da camisinha e da boia, relacionada à frase “Salve vidas”.

79

(ENEM 2015 PPL)

141

LEITURA ESTRATÉGICA CABRAL, I. Disponível em: www.ivancabral.com. Acesso em: 30 jul. 2012.

A palavra inglesa “involution” traduz-se como involução ou regressão. A construção da imagem com base na combinação do verbal com o não verbal revela a intenção de

80

(ENEM 2015 PPL)

 A. denunciar o retrocesso da humanidade.  B. criticar o consumo de bebida alcoólica pelos humanos.  C. satirizar a caracterização dos humanos como primatas.  D. elogiar a teoria da evolução humana pela seleção natural.  E. fazer um trocadilho com as palavras inovação e NANI. Disponível em: www.nanihumor.com. Acesso em: 7 ago. 2012.

involução.

(ENEM 2015 PPL)

80

As novas tecnologias foram massificadas, alcançando e impactando de diferentes formas os lugares. A ironia proposta pela charge indica que o acesso à tecnologia está  A. vinculado a mudanças na paisagem.  B. garantido de forma equitativa aos cidadãos.  C. priorizado para resolver as desigualdades.  D. relacionado a uma ação redentora na vida social.  E. dissociado de revoluções na realidade socioespacial.

GILMAR. Disponível em: www.deficientefisico.com. Acesso em 6 dez. 2012.

O cartum evidencia um desafio que o tema da inclusão social impõe às democracias contemporâneas. Esse desafio exige a combinação entre  A. participação política e formação profissional diferenciada.  B. exercício da cidadania e políticas de transferência de renda.  C. modernização das leis e ampliação do mercado de trabalho.  D. universalização de direitos e reconhecimento das diferenças.  E. crescimento econômico e flexibilização dos processos seletivos.

142

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

82

(ENEM 2015 PPL)

SANTIAGO. O interior. In: LEMOS, R. (Org.). Uma história do Brasil através da caricatura: 1840-2001. Rio de Janeiro: Letras & Expressões, 2001 (adaptado).

O diálogo entre os personagens da charge evidencia, no Brasil, a(s)  A. reinserção do país na economia globalizada.  B. transformações políticas na vigência do Estado Novo.  C. alterações em áreas estratégicas para o desenvolvimento do país.  D. suspensão das eleições legislativas durante o período da Ditadura Militar.  E. volta da democracia após um período de suspensão de eleições diretas para o Executivo Federal.

143

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2014 AR)

83

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 28 jul. 2013.

Essa propaganda defende a transformação social e a diminuição da violência por meio da palavra. Isso se evidencia pela  A. predominância de tons claros na composição da peça publicitária.  B. associação entre uma arma de fogo e um megafone.  C. grafia com inicial maiúscula da palavra “voz” no slogan.  D. imagem de uma mão segurando um megafone.  E. representação gráfica da propagação do som.

Disponível em: http://info.abril.com.br. Acesso em: 9 maio 2013 (adaptado).

85

(ENEM 2014 AR)

O texto introduz uma reportagem a respeito do futuro da televisão, destacando que as tecnologias a ela incorporadas serão responsáveis por  A. estimular a substituição dos antigos aparelhos de TV.  B. contemplar os desejos individuais com recursos de ponta.  C. transformar a televisão no principal meio de acesso às redes sociais.  D. renovar técnicas de apresentação de programas e de captação de imagens.  E. minimizar a importância dessa ferramenta como meio de comunicação de massa.

Scientific American Brasil, ano 11, n. 134, jul. 2013 (adaptado).

Para atingir o objetivo de recrutar talentos, esse texto publicitário  A. afirma, com a frase “Queremos seu talento exatamente como ele é”, que qualquer pessoa com talento pode fazer parte da equipe.  B. apresenta como estratégia a formação de um per-

84

(ENEM 2014 AR)

fil por meio de perguntas direcionadas, o que dinamiza a interação texto-leitor.  C. utiliza a descrição da empresa como argumento principal, pois atinge diretamente os interessados em informática.  D. usa estereótipo negativo de uma figura conhecida, o nerd, pessoa introspectiva e que gosta de informática.  E. recorre a imagens tecnológicas ligadas em rede, para simbolizar como a tecnologia é interligada.

144

(ENEM 2014 PPL)

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

86

(ENEM 2014 PPL)

87

1

Nada de pegar namorada do amigo. No máximo, pegue uma carona com ela.

2 3

Pegar carona com a gatinha que não bebeu pega muito bem.

4 5

Já pegou uma ou duas ou três cervejas? Então pegue um táxi.

Pegou no copo, não pegue na direção.

Pega muito mal exagerar na bebida.

6

Pro bicho não pegar, pegue táxi, ônibus ou carona. Só não pegue no volante depois de beber.

´ Disponível em: http://blog.planalto.gov.br. Acesso em: 29 fev. 2012. Disponível em: http://vicostudio.blogspot.com.br. Acesso em: 1 ago. 2012

.

Essa propaganda visa convencer as mães de que o canal de televisão é adequado aos seus filhos. Para tanto, o locutor dirige-se ao interlocutor por meio de estratégias argumentativas de

Anúncios publicitários geralmente fazem uso de elementos verbais e não verbais. Nessa peça publicitária, a imagem, que simula um manual, e o texto verbal, que faz uso de uma variedade de língua específica, combinados, pretendem

 A. manipulação, ao detalhar os programas infantis

 A. fazer a gradação de comportamentos e de atitu-

que compõem a grade da emissora.  B. persuasão, ao evidenciar as características da programação dirigida ao público infantil.  C. intimidação, ao dirigir-se diretamente às mães para chamá-las à reflexão.  D. comoção, ao tranquilizar as mães sobre a qualidade dos programas da emissora.  E. comparação, ao elencar os serviços oferecidos por outras emissoras ao público infantil.

des em termos da gravidade de efeitos da bebida alcoólica.  B. aconselhar o leitor da peça publicitária a não “pegar” a namorada do amigo para o “bicho não pegar”.  C. promover a mudança de comportamento dos jovens em relação ao consumo do álcool e à direção.  D. demonstrar que a viagem de ônibus ou de táxi é mais segura, independentemente do consumo de álcool.  E. incentivar a prática da carona em carros de motoristas do sexo feminino.

145

LEITURA ESTRATÉGICA

88

(ENEM 2014 PPL)

90

(ENEM 2014 AR)

DAHMER, A. Disponível em: http://roundfinal.blogspot.com.br. Acesso em: 14 dez. 2012.

Na tirinha, o autor utiliza estratégias para atingir sua finalidade comunicativa. Considerando os elementos verbais e não verbais que constituem o texto, seu objetivo é

 A. incentivar o uso da tecnologia na comunicação contemporânea.  B. mostrar o empenho do homem na resolução de problemas sociais.  C. atrair a atenção do leitor para a generosidade das pessoas.

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29 out. 2013 (adaptado).

Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para

 D. chamar a atenção para o constante abandono de  A. informar crianças vítimas de abuso sexual sobre

animais.  E. fazer uma crítica à situação social contemporânea.

os perigos dessa prática, contribuindo para erradicá-la.

89

(ENEM 2014 PPL)

 B. denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o objetivo de colocar criminosos na cadeia.  C. dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma criança, enfatizando a importância da denúncia.  D. destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período.  E. chamar a atenção para o fato de o abuso infantil

Disponível em: . Acesso em: 3 ago. 2013 (adaptado).

As redes sociais tornaram-se espaços importantes de relacionamento e comunicação. A charge apresenta o impacto da internet na vida dos indivíduos quando faz referência à  A. ampliação do poder dos clérigos no controle dos fiéis.  B. adequação dos ritos sacramentais ao cotidiano.  C. perda de privacidade em ambiente virtual.  D. reinterpretação da noção de pecado.  E. modernização das instituições religiosas.

146

ocorrer durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo.

PAIVA, M. Disponível em: www.redes.unb.br. Acesso em: 25 maio 2014.

A discussão levantada na charge, publicada logo após a promulgação da Constituição de 1988, faz referência ao seguinte conjunto de direitos:  A. Civis, como o direito à vida, à liberdade de expressão e à propriedade.  B. Sociais, como direito à educação, ao trabalho e à proteção à maternidade e à infância.  C. Difusos, como direito à paz, ao desenvolvimento sustentável e ao meio ambiente saudável.  D. Coletivos, como direito à organização sindical, à participação partidária e à expressão religiosa.  E. Políticos, como o direito de votar e ser votado, à soberania popular e à participação democrática.

93

(ENEM 2014 AR)

WILL. Disponível em: www.willtirando.com.br. Acesso em: 7 nov. 2013.

Opportunity é o nome de um veículo explorador que aterrissou em Marte com a missão de enviar informações à Terra. A charge apresenta uma crítica ao(à)  A. gasto exagerado com o envio de robôs a outros planetas.  B. exploração indiscriminada de outros planetas.  C. circulação digital excessiva de autorretratos.  D. vulgarização das descobertas espaciais.

NEVES, E. Engraxate. Disponível em: www.grafar.blogspot.com. Acesso em: 15 fev. 2013.

 E. mecanização das atividades humanas.

92

(ENEM 2014 AR)

Considerando-se a dinâmica entre tecnologia e organização do trabalho, a representação contida no cartum é caracterizada pelo pessimismo em relação à  A. ideia de progresso.  B. concentração do capital.  C. noção de sustentabilidade.  D. organização dos sindicatos.  E. obsolescência dos equipamentos.

147

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

(ENEM 2014 AR)

91

LEITURA ESTRATÉGICA

94

(ENEM 2014 AR)

Fon-Fon!, ano IV, n. 36, 3 set. 1910. Disponível em: objdigital.bn.br. Acesso em: 4 abr. 2014.

A charge, datada de 1910, ao retratar a implantação da rede telefônica no Brasil, indica que esta  A. permitiria aos índios se apropriarem da telefonia móvel.  B. ampliaria o contato entre a diversidade de povos indígenas.  C. faria a comunicação sem ruídos entre grupos sociais distintos.  D. restringiria a sua área de atendimento aos estados do norte do país.  E. possibilitaria a integração das diferentes regiões do território nacional.

148

(ENEM 2013 AR)

Época, São Paulo, n. 698, 3 out. 2011.

Os anúncios publicitários, em geral, utilizam as linguagens verbal e não verbal com a intenção de influenciar comportamentos. Os recursos linguísticos e imagéticos presentes na propaganda da ABP convergem para  A. reforçar o caráter informativo do anúncio sobre a realização do evento de publicidade.  B. mostrar que ideias ruins ou mal elaboradas também podem causar algum tipo de poluição.  C. definir os critérios para a participação no Festival Brasileiro de Publicidade de 2011.  D. comparar a poluição ocasionada por ideias ruins e a originada pela ação humana.  E. estimular os publicitários a se inscreverem no Festival Brasileiro de Publicidade de 2011. PEDERNEIRAS, R. Revista da Semana, ano 35, n. 40, 15 set. 1934. In: LEMOS, R. (Org.). Uma história do Brasil através das caricaturas (1840-2001). Rio de Janeiro: Bom

97

(ENEM 2013 PPL)

Texto; Letras e Expressões, 2001.

Na imagem, da década de 1930, há uma crítica à conquista de um direito pelas mulheres, relacionado com a  A. redivisão do trabalho doméstico.  B. liberdade de orientação sexual.  C. garantia da equiparação salarial.  D. aprovação do direito ao divórcio.  E. obtenção da participação eleitoral. Disponível em: www.flogao.com.br. Acesso: 28 fev. 2012.

96

(ENEM 2013 PPL)

Os textos relativos ao mundo do trabalho, geralmente, são elaborados no padrão normativo da língua. No anúncio, apesar de o enunciador ter usado uma variedade linguística não padrão, ele atinge seus propósitos comunicativos porque  A. os fazendeiros podem contar com a comodidade de serem atendidos em suas fazendas.  B. a parede de uma casa é um suporte eficiente para a divulgação escrita de um anúncio.  C. a letra de forma torna a mensagem mais clara, de modo a facilitar a compreensão.  D. os mecânicos especializados em máquinas pesadas são raros na zona rural.  E. o contexto e a seleção lexical permitem que se alcance o sentido pretendido.

149

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

95

LEITURA ESTRATÉGICA

98

(ENEM 2013 PPL)

Disponível em: http://portal.rpc.com.br. Acesso em: 13 jun. 2011.

A tirinha faz referência a uma situação muito comum nas famílias brasileiras: a necessidade de estudar para o vestibular. Buscando convencer o seu interlocutor, os personagens da tira fazem uso das seguintes estratégias argumentativas:  A. Comoção e chantagem.  B. Comoção e ironia.  C. Intimidação e chantagem.  D. Intimidação e sedução.  E. Sedução e ironia.

150

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

99

(ENEM 2013 PPL)

Disponível em: http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 29 fev. 2012.

As propagandas fazem uso de diferentes recursos para garantir o efeito apelativo, isto é, o convencimento do público em relação ao que apresentam. O cartaz da campanha promovida pelo Ministério da Saúde utiliza vários recursos, verbais e não verbais, como estratégia persuasiva, dentre os quais se destaca  A. a ligação estabelecida entre as palavras “hábito” e “hemocentro”, explorando a ideia de frequência.  B. a relação entre a palavra “corrente”, a imagem das pessoas de mãos dadas e a mão estendida ao leitor.  C. o emprego da expressão “Um grande ato”, despertando a consciência das pessoas para o sentimento de solidariedade.  D. a apresentação da imagem de pessoas saudáveis, estratégia adequada ao público-alvo da campanha.  E. a associação entre o grande número de pessoas no cartaz e o número de pessoas que precisam receber sangue em nosso país.

151

LEITURA ESTRATÉGICA

100

(ENEM 2013 PPL)

101

(ENEM 2013 PPL)

Disponível em: http://euvoudebike.com.br. Acesso em: 23 ago. 2011.

Dois ciclistas profissionais chocaram-se em um parque público e culparam a ineficiência da sinalização local, uma vez que ambos leram e respeitaram a placa dirigida a esse tipo de esportista. Os fatos relatados e a leitura da referida placa revelam que  A. a obediência às regras de segurança é fundamental na prática de esportes.  B. a prática de esporte dificulta a concentração do ciclista em outras informações.  C. a interpretação dos textos pode ser prejudicada por equívocos em sua elaboração. Veja, São Paulo, 29 set. 2009 (adaptado).

O texto apresentado emprega uma estratégia de argumentação baseada em recursos verbais e não verbais, com a intenção de  A. desaconselhar a ingestão de biscoitos, taxados de “vilões”, inimigos de uma alimentação saudável.  B. associar a imagem da guloseima a um traço ne-

 D. a capacidade de leitura do ciclista é fundamental para o alcance de um bom rendimento físico.  E. a responsabilidade pelas informações produzidas pelas placas de trânsito é de quem vai usar a via pública.

102

(ENEM 2013 PPL)

gativo, que se concretiza na utilização do termo “desafio”.  C. alertar para um problema mundial, como se prevê em “globesidade”, relacionando o açúcar, representado pelo doce, a um vilão.  D. ironizar a importância do problema, por meio do tom dramático da linguagem empregada, como se vê no uso de “culpado” e “vilão”.  E. atestar a redução do consumo de alimentos calóricos, como o biscoito, desencadeada pelas recentes divulgações de pesquisas comprobatórias do

CABRAL, I. Disponível em: http://ivancabral.blogspot.com. Acesso em: 26 jul. 2010.

A cada verão, o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, traz preocupação para os brasileiros. A charge retrata essa situação a que o país está submetido. Considerando os objetivos da charge, sua posição crítica se dá na medida em que

malefício que eles fazem à saúde.  A. compara o mosquito a um esportista.  B. enfatiza o poder de resistência do inseto.  C. elege o mosquito como o vilão da saúde.  D. atribui características humanas ao mosquito.  E. ignora a gravidade da questão por meio do humor.

152

(ENEM 2013 PPL)

Disponível em: http://picasaweb.google.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010.

No processo de modernização apresentado na tirinha, Mafalda depara-se com um contraponto entre  A. o domínio dos modos de produção e a geração de novas ferramentas com a tecnologia de informação e comunicação.  B. o acompanhamento das mudanças na sociedade e o surgimento de novas opções de vida e trabalho com a cibernética.  C. a constatação do avanço da tecnologia e a proposição de reprodução de velhas práticas com novas máquinas.  D. a apresentação de novas perspectivas de vida e trabalho para a mulher com os avanços das tecnologias de informação.  E. a aplicação da cibernética e o descontentamento com a passividade do cotidiano das mulheres no trabalho de corte e costura.

153

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

103

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2013 AR)

104

105

Casados e independentes Um novo levantamento do IBGE mostra que o número de casamentos entre pessoas na faixa dos 60 anos cresce, desde 2003, a um ritmo 60% maior que o observado na população brasileira como um todo... Aumento no número de casamentos (entre 2003 e 2008) Entre pessoas acima dos 60

(ENEM 2013 PPL)

O que a internet esconde de você Sites de busca manipulam resultados. Redes sociais decidem quem vai ser seu amigo — e descartam as pessoas sem avisar. E, para cada site que você pode acessar, há 400 outros invisíveis. Prepare-se para conhecer o lado oculto da internet.

Na população brasileira

44%

28%

...e um fator determinante é que cada vez mais pessoas nessa idade estão no mercado de trabalho, o que lhes garante a independência financeira necessária para o matrimônio. População com mais de 60 anos no mercado de trabalho Em 2003

Hoje*

31%

38%

Fontes: IBGE e Organização Internacional do Trabalho (OIT) * Com base no último dado disponível, de 2008 Veja, São Paulo, 21 abr. 2010 (adaptado).

Os gráficos expõem dados estatísticos por meio de linguagem verbal e não verbal. No texto, o uso desse recurso  A. exemplifica o aumento da expectativa de vida da população.  B. explica o crescimento da confiança na instituição do casamento.  C. mostra que a população brasileira aumentou nos últimos cinco anos.  D. indica que as taxas de casamento e emprego cresceram na mesma proporção.  E. sintetiza o crescente número de casamentos e de ocupação no mercado de trabalho.

GRAVATÁ, A. Superinteressante, São Paulo, ed. 297, nov. 2011 (adaptado).

Analisando-se as informações verbais e a imagem associada a uma cabeça humana, compreende-se que a venda  A. representa a amplitude de informações que compõem a internet, às quais temos acesso em redes sociais e sites de busca.  B. faz uma denúncia quanto às informações que são omitidas dos usuários da rede, sendo empregada no sentido conotativo.  C. diz respeito a um buraco negro digital, onde estão escondidas as informações buscadas pelo usuário nos sites que acessa.  D. está associada a um conjunto de restrições sociais presentes na vida daqueles que estão sempre conectados à internet.  E. remete às bases de dados da web, protegidas por senhas ou assinaturas e às quais o navegador não tem acesso.

154

(ENEM 2013 AR)

108

(ENEM 2013 AR)

CURY, C. Disponível em: http://tirasnacionais.blogspot.com. Acesso em: 13 nov. 2011.

A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio de uma atitude  A. crítica, expressa pelas ironias.  B. resignada, expressa pelas enumerações.  C. indignada, expressa pelos discursos diretos.  D. agressiva, expressa pela contra-argumentação.  E. alienada, expressa pela negação da realidade.

107

(ENEM 2013 AR)

Disponível em: http://orion-oblog.blogspot.com.br. Acesso em: 6 jun. 2012 (adaptado).

O cartaz aborda a questão do aquecimento global. A relação entre os recursos verbais e não verbais nessa propaganda revela que  A. o discurso ambientalista propõe formas radicais de resolver os problemas climáticos.  B. a preservação da vida na Terra depende de ações de dessalinização da água marinha.  C. a acomodação da topografia terrestre desencadeia o natural degelo das calotas polares.  D. o descongelamento das calotas polares diminui a quantidade de água doce potável do mundo.  E. a agressão ao planeta é dependente da posição

Disponível em: www.filosofia.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010.

Pelas características da linguagem visual e pelas escolhas vocabulares, pode-se entender que o texto possibilita a reflexão sobre uma problemática contemporânea ao

assumida pelo homem frente aos problemas ambientais.

 A. criticar o transporte rodoviário brasileiro, em razão da grande quantidade de caminhões nas estradas.  B. ironizar a dificuldade de locomoção no trânsito urbano, devida ao grande fluxo de veículos.  C. expor a questão do movimento como um problema existente desde tempos antigos, conforme frase citada.  D. restringir os problemas de tráfego a veículos particulares, defendendo, como solução, o transporte público.  E. propor a ampliação de vias nas estradas, detalhando o espaço exíguo ocupado pelos veículos nas ruas.

155

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

106

LEITURA ESTRATÉGICA

109

(ENEM 2013 AR)

CAULOS. Disponível em: www.caulos.com. Acesso em: 24 set. 2011.

O cartum faz uma crítica social. A figura destacada está em oposição às outras e representa a  A. opressão das minorias sociais.  B. carência de recursos tecnológicos.  C. falta de liberdade de expressão.  D. defesa da qualificação profissional.  E. reação ao controle do pensamento coletivo.

110

(ENEM 2013 AR)

KUCZYNSKIEGO, P. Ilustração, 2008. Disponível em: http://capu.pl. Acesso em: 3 ago. 2012.

O artista gráfico polonês Pawla Kuczynskiego nasceu em 1976 e recebeu diversos prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao abordar o trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para  A. difundir a origem de marcantes diferenças sociais.  B. estabelecer uma postura proativa da sociedade.  C. provocar a reflexão sobre essa realidade.  D. propor alternativas para solucionar esse problema.  E. retratar como a questão é enfrentada em vários países do mundo.

156

111

D ressaltar a inserção da mulher no merca E exaltar liricamente a voz materna na GR¿OKR

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

D deslocamento temporal do comentário lateral. E posicionamento relaxado dos personagens.

Questões 96AR) a 135 (ENEMde 2013 QUESTÃO 96 Grupo Escolar de Palmeiras 3º anno 18-11-911 Descripção J B Pereira A nossa bandeira “Auri verde pendão de minha terra Que a brisa do Brazil beija e balança Estandarte que a luz do sol encerra As promessas divinas da Esperança.”

A bandeira brazileira é a mais bonita de todas; vou descrevel-a. O rectangulo verde indica a cor de nossas mattas. O losango amarello indica a cor das riquezas naturais que o nosso caro Brazil encerra como o ouro. No centro da bandeira vê-se uma esphera azul que indica a terra, e as estrellas que se acham dentro da esphera representam os estados. Na faixa dentro da esphera está escripto o lema Ordem e Progresso, o qual representa a base da republica e a organização do povo brazileiro. Salve! Bandeira Brazileira

GRUPO ESCOLAR de Maria Anna de B Bandeira Nacional. Acervo APES Disponível em: w

O documento foi retirado de uma exposição on-line de manuscritos do estado de São Paulo do in DAESP. C10279. Disponível www.arquivoestado.sp.gov.br. Acesso em: 15 maio 2013. Quanto à relevância social para o leitor da atualidade, o em: texto A funciona como veículo de transmissão de valores patrióticos próprios do período em que foi esc O documento foi retirado de uma exposição on-line de manuscritos do estado de São Paulo do início do século B cumpre uma função instrucional de ensinar regras de comportamento em eventos cívicos. XX. Quanto à relevância social para o leitor da atualidade, o texto C deixa subentendida a ideia de que o brasileiro preserva as riquezas naturais do país. D argumenta em favor da construção de uma nação com igualdade de direitos.  A. funciona como veículo de transmissão de valores patrióticos próprios do determinada período em que época. foi escrito. E apresenta uma metodologia de ensino restrita a uma GRUPO ESCOLAR DE PALMEIRAS. Redações de Maria Anna de Biase e J. B. Pereira sobre a Bandeira Nacional. Palmeiras (SP), 18 nov. 1911. Acervo APESP. Coleção

 B. cumpre uma função instrucional de ensinar regras de comportamento em eventos cívicos. LC - 2º dia | Caderno 5 - AMARELO - Página 6  C. deixa subentendida a ideia de que o brasileiro preserva as riquezas naturais do país.  D. argumenta em favor da construção de uma nação com igualdade de direitos.  E. apresenta uma metodologia de ensino restrita a uma determinada época.

157

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2012 AR)

112

114

(ENEM 2012 PPL)

Quando a propaganda é decisiva na troca de marcas

Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 1 mar. 2012.

A publicidade, de uma forma geral, alia elementos verbais e imagéticos na constituição de seus textos. Nessa peça publicitária, cujo tema é a sustentabilidade, o autor procura convencer o leitor a  A. assumir uma atitude reflexiva diante dos fenômenos naturais.  B. evitar o consumo excessivo de produtos reutilizáveis.

Todo supermercadista sabe que, quando um produto está na mídia, a procura pelos consumidores aumenta. Mas, em algumas categorias, a influência da propaganda é maior, de acordo com pesquisa feita com 400 pessoas pela consultoria YYY e com exclusividade para o supermercado XXX. O levantamento mostrou que, mesmo não sendo a razão o fator mais apontado para trocar de marca, não se pode ignorar a força das campanhas publicitárias. Em algumas categorias, um terço dos respondentes atribuem a mudança à publicidade. Para Nicanor Guerreiro, a propaganda estabelece uma relação mais “emocional” da marca com o público. “Todos sentimos necessidade de consumir produtos que sejam ‘aceitos’ pelas outras pessoas. Por isso, a comunicação faz o papel de endosso das marcas”, afirma. O executivo ressalta, no entanto, que nada disso adianta se o produto não cumprir as promessas transmitidas nas ações de comunicação. Um dos objetivos da propaganda é tornar o produto aspiracional, despertando o desejo de experimentá-lo. O que o consumidor deseja é o que a loja vende. E é isso o que o supermercadista precisa ter sempre em mente. Veja o gráfico: Categorias em que a influência da propaganda na troca de marcas atinge mais de 20% dos consumidores Creme dental

 C. aderir à onda sustentável, evitando o consumo excessivo.

 E. consumir produtos de modo responsável e ecológico.

113

29%

Margarina

29%

Bebida energética

27%

Condicionador

26%

Shampoo

26%

 D. abraçar a campanha, desenvolvendo projetos sustentáveis.

31%

Biscoito

Sabonete

26%

Prato congelado

21%

Achocolatado líquido

21%

Disponível em: www.riovermelho.net. Acesso em: 3 mar. 2012 (adaptado)

.

De acordo com o texto e com as informações fornecidas pelo gráfico, para aumentar as vendas de produtos, é necessário que

(ENEM 2012 PPL)

 A. a campanha seja centrada em produtos alimentícios, a fim de aumentar o percentual de troca atual

ESSA ESTRADA VAI PRA SÃO PAULO?

SEI NÃO, DOTÔ... MAIS SI ELA FÔ VAI FAZÊ UMA FALTA DANADA PRA NÓIS!

que se apresenta como o mais baixo.  B. a preferência de um produto ocorra por influência da propaganda devido à necessidade emocional das marcas.  C. a propaganda influencie na troca de marca e que o consumidor valorize a qualidade do produto.  D. os produtos mais vendidos pelo comércio não sejam divulgados para o público como tal.  E. as marcas de qualidade inferior constituam o foco da publicidade por serem mais econômicas

158

(ENEM 2012 PPL)

116

(ENEM 2012 PPL)

O futebol na arte pop brasileira

LEIRNER, N. Futebol. FONSECA, M. O. Nelson Leirner: 2011-1961 = 50 anos.

Disponível em: www.petba.org.br. Acesso em: 8 nov. 2011.

A unidade de sentido de um texto se constrói a partir daquilo que é dito, daquilo que não é dito, a partir do modo de se dizer, dos motivos, das aparências, do contexto. Nesse sentido, a partir da leitura do anúncio, depreende-se que  A. a referência à proibição de beber no trânsito é feita a partir da intertextualidade entre a placa de trânsito, que normalmente remete à ideia de proibição, tendo ao fundo a imagem de uma garrafa. GERCHMAN, R. Superhomens. ALENCAR, V. P. Cultura popular e crítica.

 B. a relação estabelecida entre a frase “novo sinal de trânsito” e a parte não verbal permite estabelecer

As imagens representam, respectivamente, as obras Futebol, do artista plástico Nelson Leirner; e Superhomens, de Rubens Gerchman. São obras representativas de um movimento denominado Pop Art, que ecoou no Brasil na década de 1960, no qual artistas se apropriaram de imagens da vida diária e da cultura de massa, tornando-as objetos de arte. A partir de uma perspectiva ampliada e crítica sobre o esporte, interpretada como um elemento da cultura corporal de movimento, as imagens

 C. o adjetivo “novo”, seguido do substantivo “sinal”

 A. banalizam o esporte ao misturar o futebol e a pin-

 D. o anúncio tem uma finalidade específica interrela-

tura em um mesmo campo.  B. deixam transparecer a preferência de ambos os artistas pelo futebol enquanto esporte.

um público-alvo específico, ou seja, pessoas envolvidas com o álcool. empregado no anúncio, remete à ideia de que agora existe uma nova placa de trânsito que deve ser respeitada pelos motoristas. cionada, nesse caso, à ideia de persuadir as pessoas a não consumirem bebidas alcoólicas, pois elas fazem mal à saúde.

 C. permitem refletir sobre como as artes visuais se

 E. a conexão estabelecida entre a placa de trânsito

apropriaram do futebol como uma tradição nacio-

e a imagem da garrafa é construída com o objetivo

nal.

de evidenciar quais são os motivos que levam as

 D. fazem uma reflexão crítica sobre o futebol e a violência como temas circulantes na sociedade.

pessoas a não ingerirem bebida alcoólica enquanto estão dirigindo.

 E. destacam a importância do esporte como atividade física de lazer para a sociedade.

159

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

115

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2012 PPL)

117

IDADE 25

32

39

46

53

60

67

74

81

88

55 Habilidade numérica

Habilidade verbal

50 Capacidade de resolver problemas 45

40

HABILIDADE (PONTUAÇÃO NOS TESTES)

35

BUSCATO, M.; SEGADILHA, B.; PEROSA, T. Disponível em: www.revistaepoca. globo.com. Acesso em: 28 fev. 2012.

Em variados momentos de nossa vida, precisamos interpretar as diferentes linguagens dos sistemas de comunicação. O gráfico é um desses sistemas, que, no caso apresentado, indica que as habilidades associadas à inteligência humana variam de acordo com a idade. Considerando essa informação, constata-se que  A. as habilidades verbal e de resolução de problemas destacam-se entre 40 e 60 anos.  B. a habilidade numérica diminui consideravelmente entre 20 e 40 anos.  C. a habilidade de resolução de problemas piora consideravelmente a partir dos 30 anos.  D. as habilidades humanas, em geral, declinam consideravelmente a partir dos 40 anos.  E. a habilidade numérica melhora muito na faixa etária entre 60 e 80 anos

160

*cinz25dom6*

QUESTÃO 98 Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

VOSMECÊ ESTÁ EMITINDO UMA PARVOÍCE!

VOCÊ DEVE SER MUITO MAIS MINHA FILHAa SÓ A genteA se acostuma morar em apartamentos de VELHO QUE A MINHA FILHA! TEM ANINHOS! fundos e a não ter18 outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir todas as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão. &2/$6$17,0Eu sei, mas não devia. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

A progressão é garantida nos textos por determinados recursos linguísticos, e pela conexão entre esses sso em: 26 jul. 2010. Disponível em: http://blog.educacional.com.br. Acesso em: 30 set. 2011. recursos e as ideias que eles expressam. Na crônica, a UWHV YLVXDLV continuidade textual é construída, predominantemente, ompositor e As variações e as mudanças nas línguas estão correlacionadas a fatores sociais. Na tira, a dedução do pai da ar do Rio de por meio mprecisas e garota é confirmada e gera o efeito de humor, pois seu interlocutor apresenta um vocabulário V H VXJHUHP A do emprego de vocabulário rebuscado, possibilitando a elegância do raciocínio.  A. urbano, típico de quem nasce nas grandes metrópoles brasileiras. socialmente B da repetição de estruturas, garantindo o paralelismo

da da capital. da capital. Brasil. .

 B. formal, relativo a quem frequenta a escola por muitos anos. sintático e de ideias.

 C. encontrado entre falantes de constituindo classe socioeconômica alta. C elitizado, da apresentação de argumentos lógicos, blocos textuais independentes.  D. especial, restrito a quem frequenta os espaços da juventude. D da ordenação de orações justapostas, dispondo as informações de modo paralelo.

 E. conservador, representado por uma fala arcaica para a geração atual.

movimento, HPXPMRJR E da estruturação de frases ambíguas, construindo efeitos de sentido opostos. e perder são (ENEM 2012 PPL) 119 a cada dia e QUESTÃO 115 QUESTÃO 99 com o erro e TEXTO I ncer e atingir ÀS VEZES NA Antigamente o esportiva. VIDA TEMOS se errar um QUE PARAR colega, mas Antigamente, os pirralhos dobravam a língua diante PARA UM s das falhas dos pais e se um se esquecia de arear os dentes antes de BALANÇO. superar as cair nos braços de Morfeu, era capaz de entrar no couro. aprendizado Não devia também se esquecer de lavar os pés, sem tugir nem mugir. Nada de bater na cacunda do padrinho, nem de ne, 2007 (adaptado). debicar os mais pois levava tunda.Acesso Ainda LAERTE. Disponível em: velhos, http://claudiagiron.blog.terra.com.br. em:cedinho, 8 set. /$(57('LVSRQtYHOHPKWWSFODXGLDJLURQEORJWHUUDFRPEU$FHVVRHPVHW aguava as plantas, ia ao corte e logo voltava aos penates. ser praticado 2011. esenta como Na tira, o recurso utilizado para produzir humor é a 1mR¿FDYDPDQJDQGRQDUXDQHPHVFDSXOLDGRPHVWUH ca que mesmo que não entendesse patavina da instrução moral Na o recurso utilizado para humor éa A tira, transformação da inérciasmart em produzir movimento por de meio e cívica. O verdadeiro calçava botina botões as situações para comparecer todo liró ao copo d’água, se bem que do balanço. necessidade QR FRQYHVFRWH DSHQDV ODPELVFDVVH SDUD HYLWDU ÀDWRV  A. transformação em movimento B universalização da do inércia enunciador por meio dopor usomeio da Os bilontras é que eram um precipício, jogando com pau pois exige primeira do plural. atletas nele do debalanço. dois pessoa bicos, pelo que carecia muita cautela e caldo de JDOLQKD2PHOKRUHUDS{UDVEDUEDVGHPROKRGLDQWHGH C polissemia da palavra balanço, ou seja, seus do enunciador por meio do uso da RV laboração e  B. universalização XP WUHWHLUR GH WRSHWH GHSRLV GH ¿QWDU H HQJDPEHODU múltiplos sentidos. ento pessoal. coiós, e antes que se pusesse tudo em pratos limpos, ele pessoa do plural. competição D primeira pressuposição abria o arco. de que o ócio é melhor que o trabalho. habilidades.  C. daC.da palavra balanço, ou seja, seus múlANDRADE, D. Poesia prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1983 (fragmento). E polissemia metaforização vida ecomo caminho a ser seguido situação de continuamente. aprendizado. tiplos sentidos. TEXTO II

Palavras do arco da velha

- 2º dia | Caderno 6 - CINZA - Página 6  D. pressuposição deLCque o ócio é melhor que o tra-

balho.

6LJQL¿FDGR

Expressão

Cair nos braços de Morfeu

Dormir

 E. metaforização da vida como caminho a ser seguiDebicar Zombar, ridicularizar doTunda continuamente.

Surra

Mangar

Escarnecer, caçoar

Tugir

Murmurar

Liró

Bem-vestido

Copo d’água

Lanche oferecido pelos amigos

*amar25dom12*

120

(ENEM 2012 AR)

QUESTÃO 116 HAGAR DIK BROWNE

É COMO SE ELES VEJA QUANTOS SOUBESSEM QUE ALGO TUBARÕES RUIM VAI ACONTECER! ESTÃO SEGUINDO A GENTE!

.

BROWNE, D. Folha de S. Paulo, 13 ago. 2011.

BROWNE, D. Folha de S. Paulo, 13 ago. 2011

As palavras palavras eeasasexpressões expressõessão são mediadoras As mediadoras dosdos sentidos produzidos nos textos. Na fala de Hagar, a sentidos produzidos nos textos. Na fala de Hagar, a expressão “é como se” ajuda a conduzir o conteúdo expressão “é como se” ajuda a conduzir o conteúdo enunciado para o campo da enunciado para o campo da A conformidade, pois as condições meteorológicas evidenciam um acontecimento ruim. meteorológicas  A. conformidade, pois as condições B UHÀH[LELOLGDGH SRLV R SHUVRQDJHP VH UHIHUH DRV WXEDU}HVXVDQGRXPSURQRPHUHÀH[LYR evidenciam um acontecimento ruim. C condicionalidade, pois a atenção dos personagens é a condição necessária a sua sobrevivência.  B. reflexibilidade, pois opara personagem se refere aos D possibilidade, pois a proximidade dos tubarões leva à tubarões usando umiminente pronome reflexivo. suposição do perigo para os homens. E impessoalidade, pois o personagem usa a terceira  C. condicionalidade, poisoadistanciamento atenção dos personagens pessoa para expressar dos fatos. QUESTÃO 117 necessária para a sua sobrevivência. é a condição Cabeludinho

 D. possibilidade, pois a proximidade dos tubarões

Quando a Vó me recebeu nas férias, ela me apresentou aos amigos: é meu neto. Ele foi estudar leva à suposição doEste perigo iminente para os hono Rio e voltou de ateu. Ela disse que eu voltei de ateu. Aquela mens.preposição deslocada me fantasiava de ateu. Como quem dissesse no Carnaval: aquele menino está fantasiado de palhaço. Minha avó usa entendia de  E. impessoalidade, pois o personagem a terceira regências verbais. Ela falava de sério. Mas todo-mundo riu.pessoa Porquepara aquela preposição deslocada podiados fazer de expressar o distanciamento fatos. uma informação um chiste. E fez. E mais: eu acho que buscar a beleza nas palavras é uma solenidade de amor. E pode ser instrumento de rir. De outra feita, no meio da pelada um menino gritou: Disilimina esse, Cabeludinho. 161 Eu não disiliminei ninguém. Mas aquele verbo novo

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

(ENEM 2012 PPL)

118

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2012 AR)

121

*bran75SAB12*

QUESTÃO 42

hões de anos, Uma gigante empresa taiwanesa do setor de X FOLPD FRP tecnologia vai substituir parte de seus funcionários por um sfriamento e milhão de robôs em até três anos, segundo a agência de endo algumas notícias chinesa. O objetivo é cortar despesas. Os robôs

São Paulo: Editora da

ulo, 2003 (adaptado).

s no planeta temperatura.

serão usados para fazer trabalhos simples e de rotina, como limpeza, soldagem e montagem, atividades que atualmente são feitas por funcionários. A empresa já tem 10 mil robôs e o número deve chegar a 300 mil em 2012 e a um milhão em três anos.

LAERTE. Disponível em: http://blog.educacional.com.br. Acesso em: 8 set. 2011.

do Ipad vai trocar trabalhadores por um milhão de robôs em três anos. proximidade QueFabricante estratégia argumentativa leva o personagem do terceiro quadrinho a persuadir sua interlocutora? Disponível em: http://noticias.r7.com. Acesso em: 21 ago. 2011 (adaptado).

D HP UHODomR Em relação aos efeitos da decisão da empresa, uma

 A. Prova concreta, ao expor o produto ao consumidor.

divergência entre o empresário e os funcionários, no Consenso, sugerir que vendedor tem técnica. 3DFt¿FRTXH  B. exemplo citado,ao encontra-se nostodo respectivos argumentos:

o e ação dos

 C. Raciocínio lógico, ao relacionar uma fruta com um produto eletrônico. A $XPHQWRGDH¿FLrQFLDí3HUGDGRVSRVWRVGHWUDEDOKR

 D. Comparação, ao enfatizar que os produtos apresentados anteriormente são inferiores. B 5HIRUoRGDSURGXWLYLGDGHí$PSOLDomRGDVQHJRFLDo}HV

 E. ao elaborar o discurso de acordo com os anseios do consumidor. C Indução, 'LPLQXLomRGRVFXVWRVí5HGXomRGDFRPSHWLWLYLGDGH

ado algumas D ,QRYDomRGRVLQYHVWLPHQWRVí)OH[LELOL]DomRGDSURGXomR de luta no E 5DFLRQDOL]DomRGRWUDEDOKRí0RGHUQL]DomRGDVDWLYLGDGHV têm buscado 43 (ENEM 2012 AR) UPDQGR VXD QUESTÃO 122 s, de que são Por Vias Seguras Setembro 2011 ebradeiras de Mortos em acidentes de trânsito í, têm lutado 38000 rtos casos a 36000

ço rural em questão.

8, v. 2, jul./dez. 2002.

34000 32000 30000 28000 26000 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

xto, e visando ação social e

geração de ção produtiva

as para a condição de

Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS

Disponível em:www.vias-seguras.com/. Acesso fev. 2012. 2012. Disponível em:www.vias-seguras.com/. Acessoem: em: 28 28 fev.

O2gráfico divulgado pela Associação por Vias JUi¿FR GLYXOJDGR SHOD $VVRFLDomR SRU 9LDV Seguras traça objetivamente, a partir de dados do Seguras traça objetivamente, a partir de dados Ministério da Saúde, um histórico do número de vítido Ministério da Saúde, um histórico do número mas fatais em decorrência de acidentes de trânsito de vítimas fatais em decorrência de acidentes de no Brasil ao longo de catorze anos. As informações trânsito no Brasil ao longo de catorze anos. As nele dispostas demonstram que o número de vítiinformações nele dispostas demonstram que o número mas fatais

de vítimas fatais de terra com  A. aumentou de forma progressiva ao longo do peDJURLQGXVWULDO A aumentou de forma progressiva ao longo do período.

ríodo.

B WHYHVXDPDLRUUHGXomRQR¿QDOGDGpFDGDGHQRYHQWD

de indústrias  B. teve sua maior redução no final da década de noC estabilizou-se nos cinco primeiros anos do século XXI. Amazônia. venta. amentais que D sofreu mais redução que aumento ao longo do período.

FLGDGHV

 C. nos cinco primeiros anos do século E estabilizou-se estabilizou-se na passagem do século XX ao século XXI. XXI.

CH - 1º dia | Caderno 3 - BRANCO - Página 12

 D. sofreu mais redução que aumento ao longo do período.  E. estabilizou-se na passagem do século XX ao século XXI.

162

(ENEM 2012 PPL)

QUINO. Toda Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

Cada uma das personagens adota uma forma diferente de designar os países “não desenvolvidos”, porém, atualmente tem-se adotado a terminologia “países em desenvolvimento” porque  A. representa melhor a ausência de desigualdades econômicas que se observa hoje entre essas nações.  B. facilita as relações comerciais no mercado globalizado, ao aproximar países mais e menos desenvolvidos.  C. indica que os países estão em processo de desenvolvimento, reduzindo o estigma inerente ao termo “subdesenvolvidos”.  D. demonstra o crescimento econômico desses países, que vem sendo maior ao longo dos anos, erradicando as desigualdades.  E. reafirma que durante a Guerra Fria os países que eram subdesenvolvidos alcançaram estágios avançados de desenvolvimento.

163

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

123

LEITURA ESTRATÉGICA

124

Disponível em: www.gandhiserve.org. Acesso em: 21 nov. 2011.

(ENEM 2012 PPL)

O cartum, publicado em 1932, ironiza as consequências sociais das constantes prisões de Mahatma Gandhi pelas autoridades britânicas, na Índia, demonstrando  A. a ineficiência do sistema judiciário inglês no território indiano.  B. o apoio da população hindu à prisão de Gandhi.  C. o caráter violento das manifestações hindus frente à ação inglesa.  D. a impossibilidade de deter o movimento liderado por Gandhi.  E. a indiferença das autoridades britânicas frente ao ZIRALDO. 20 anos de prontidão, 1984.

Os aparelhos televisores se multiplicam nas residências do Brasil a partir da década de 1960. A partir da charge, os programas televisivos eram controlados para atender interesses dos  A. artistas críticos.

apelo popular hindu.

126

(ENEM 2011 AR)

 B. grupos terroristas.  C. governos autoritários.  D. partidos oposicionistas.  E. intelectuais esquerdistas.

IMAGINE DORMIR. Com a chegada do inverno, muitas pessoas perdem o sono. São milhões de necessitados que lutam contra a fome e o frio. Para vencer esta batalha, eles precisam de você. Deposite qualquer quantia. Você ajuda milhares de pessoas a terem uma boa noite e dorme com a consciência tranquila. Veja. 05 set. 1999 (adaptado).

O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estratégias persuasivas para influenciar o comportamento do seu leitor. Entre os recursos argumentativos mobilizados pelo autor para obter a adesão do público à campanha, destaca-se nesse texto  A. a oposição entre individual e coletivo, trazendo um

125

(ENEM 2012 AR)

ideário populista para o anúncio.  B. a utilização de tratamento informal com o leitor, o que suaviza a seriedade do problema.  C. o emprego de linguagem figurada, o que desvia a atenção da população do apelo financeiro.  D. o uso dos numerais “milhares” e “milhões”, responsável pela supervalorização das condições dos necessitados.  E. o jogo de palavras entre “acordar” e “dormir”, o que relativiza o problema do leitor em relação ao dos necessitados.

164

(ENEM 2011 AR)

128

Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meia-verdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar há 29 anos (viu, só? Não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade E, cá para nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela? Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição. Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano 42, nº 27, 8 jul. 2009.

O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário — de destacar a potencial supressão de trecho do texto — reforça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de  A. ressaltar a informação no título, em detrimento do restante do conteúdo associado.  B. incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do plural no discurso.  C. contar a história da criação do órgão como argumento de autoridade.  D. subverter o fazer publicitário pelo uso de sua metalinguagem.

(ENEM 2011 AR)

Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 27 jul. 2010 (adaptado).

O texto é uma propaganda de um adoçante que tem o seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que o autor o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e não verbais, com vistas a  A. ridicularizar a forma física do possível cliente do produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de mudanças estéticas.  B. enfatizar a tendência da sociedade contemporânea de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando tal postura.  C. criticar o consumo excessivo de produtos industrializados por parte da população, propondo a redução desse consumo.  D. associar o vocábulo “açúcar” à imagem do corpo fora de forma, sugerindo a substituição desse produto pelo adoçante.  E. relacionar a imagem do saco de açúcar a um corpo humano que não desenvolve atividades físicas, incentivando a prática esportiva.

 E. impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto.

165

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

127

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2011 AR)

128

Disponível em: www.ccsp.com.br. Acesso em: 26 jul. 2010 (adaptado).

O anúncio publicitário está intimamente ligado ao ideário de consumo quando sua função é vender um produto. No texto apresentado, utilizam-se elementos linguísticos e extralinguísticos para divulgar a atração “Noites de Terror”, de um parque de diversões. O entendimento da propaganda requer do leitor  A. a identificação com o público-alvo a que se destina o anúncio.  B. a avaliação da imagem como uma sátira às atrações de terror.  C. a atenção para a imagem da parte do corpo humano selecionada aleatoriamente.  D. o reconhecimento do intertexto entre a publicidade e um dito popular.  E. a percepção do sentido literal da expressão “noites do terror”, equivalente à “noites de terror”.

166

(ENEM 2011 AR)

O argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à teoria evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico. Considerando o contexto apresentado, verifica-se que o impacto tecnológico pode ocasionar  A. o surgimento de um homem dependente de um novo modelo tecnológico.  B. a mudança do homem em razão dos novos inventos que destroem sua realidade.  C. a problemática social de grande exclusão digital a partir da interferência da máquina.  D. a invenção de equipamentos que dificultam o trabalho do homem, em sua esfera social.  E. o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de ferramentas como lança, máquina e computador.

131

(ENEM 2011 AR)

COSTA, C. Superinteressante. Fev. 2011 (adaptado).

Os amigos são um dos principais indicadores de bem-estar na vida social das pessoas. Da mesma forma que em outras áreas a internet também inovou as maneiras de vivenciar a amizade. Da leitura do infográfico, depreende-se dois tipos de amizade virtual, a simétrica e a assimétrica, ambas com seus prós e contras. Enquanto a primeira se baseia na relação de reciprocidade, a segunda  A. reduz o número de amigos virtuais, ao limitar o acesso à rede.  B. parte do anonimato obrigatório para se difundir.  C. reforça a configuração de laços mais profundos de amizade.  D. facilita a interação de pessoas em virtude de interesses comuns.  E. tem a responsabilidade de promover a proximidade física.

167

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

130

LEITURA ESTRATÉGICA

132

(ENEM 2011 AR)

Movimento dos caras-pintadas

Veja. Nº 14, 7 abr. 2010.

As modernas técnicas de comunicação estão associadas aos impactos da mensagem. Nesse texto, a intenção é  A. alertar para os perigos dos animais domésticos.  B. mostrar os cuidados com os cães de estimação.  C. registrar um protesto contra a prisão de animais.  D. sugerir brincadeiras de crianças com os cães.  E. valorizar a adoção como saída para dramas sociais

Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado).

O movimento representado na imagem, do início dos anos de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil. Nesse contexto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico,

(ENEM 2011 PPL)

134

 A. aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha Diretas Já.  B. manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação da Lei da Ficha Limpa.  C. engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para agendar suas manifestações.  D. espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou ações revolucionárias armadas.  E. tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no processo de impeachment do então presidente Collor.

133

(ENEM 2011 PPL)

Disponível em: http://www.mt.gov.br. Acesso em: 28 jun. 2011 (adaptado).

O texto publicitário tem como objetivo principal o convencimento do seu público-leitor e, para alcançar esse objetivo, utiliza diferentes tipos de linguagem. Na peça publicitária, que foi divulgada na ocasião da aprovação da Lei Seca, os elementos verbais e não verbais foram usados a fim de levar a população a  A. reduzir gradativamente a ingestão de álcool antes de dirigir.  B. associar o consumo de bebidas à ideia de morte na juventude.  C. prevenir-se quanto aos efeitos do álcool no organismo humano.  D. incompatibilizar as bebidas alcoólicas com a direção de automóveis.  E. reconhecer que tipo de bebida alcoólica deve ser evitada no trânsito.

168

(ENEM 2010 AR)

137

(ENEM 2010 PPL)

Campanha publicitária de loja de eletrônicos. Revista Época. Nº 424, 03 de jul, 2006.

Ao circularem socialmente, os textos realizam-se como práticas de linguagem, assumindo configurações específicas, formais e de conteúdo. Considerando o contexto em que circula o texto publicitário, seu objetivo básico é  A. influenciar o comportamento do leitor, por meio de apelos que visam à adesão ao consumo.  B. definir as regras de comportamento social pautadas no combate ao consumismo exagerado.  C. defender a importância do conhecimento de informática pela população de baixo poder aquisitivo.  D. facilitar o uso de equipamentos de informática pe-

Disponível em:http://pimentacomlimao.files.wordpress.com. Acesso em: 17 abr. 2010 (adaptado).

las classes sociais economicamente desfavorecidas.  E. questionar o fato de o homem ser mais inteligente que a máquina, mesmo a mais moderna.

A charge remete ao contexto do movimento que ficou conhecido como Diretas Já, ocorrido entre os anos de 1983 e 1984. O elemento histórico evidenciado na imagem é  A. a insistência dos grupos políticos de esquerda em

136

(ENEM 2010 AR)

realizar atos políticos ilegais e com poucas chances de serem vitoriosos.  B. a mobilização em torno da luta pela democracia frente ao regime militar, cada vez mais desacreditado.  C. o diálogo dos movimentos sociais e dos partidos políticos, então existentes, com os setores do governo interessados em negociar a abertura.  D. a insatisfação popular diante da atuação dos parti-

O gráfico representa a relação entre o tamanho e a totalidade dos imóveis rurais no Brasil. Que característica da estrutura fundiária brasileira está evidenciada no gráfico apresentado?

dos políticos de oposição ao regime militar criados no início dos anos 80.  E. a capacidade do regime militar em impedir que as manifestações políticas acontecessem.

 A. A concentração de terras nas mãos de poucos.  B. A existência de poucas terras agricultáveis.  C. O domínio territorial dos minifúndios.  D. A primazia da agricultura familiar.  E. A debilidade dos plantios modernos.

169

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

135

LEITURA ESTRATÉGICA

138

(ENEM 2010 PPL)

139

(ENEM 2010 PPL)

APADRINHE. IGUAL AO JOÃO, MILHARES DE

CRIANÇAS TAMBÉM PRECISAM DE UM MELHOR AMIGO. SEJA O MELHOR AMIGO DE UMA CRIANÇA.

A tirinha mostra que o ser humano, na busca de atender suas necessidades e de se apropriar dos espaços,  A. adotou a acomodação evolucionária como forma de sobrevivência ao dar conta de suas deficiências impostas pelo meio ambiente.  B. utilizou o conhecimento e a técnica para criar equipamentos que lhe permitiram compensar as suas limitações físicas.  C. levou vantagens em relação aos seres de menor estatura, por possuir um físico bastante desenvolvido, que lhe permitia muita agilidade.  D. dispensou o uso da tecnologia por ter um organismo adaptável aos diferentes tipos de meio ambiente.  E. sofreu desvantagens em relação a outras espécies, por utilizar os recursos naturais como forma de se apropriar dos diferentes espaços.

Anúncio assinado pelo Fundo Cristão para Crianças CCF-Brasil. Revista IstoÉ. São Paulo: Três, ano 32, n° 2079, 16 set. 2009.

Pela forma como as informações estão organizadas, observa-se que, nessa peça publicitária, predominantemente, busca-se  A. conseguir a adesão do leitor à causa anunciada.  B. reforçar o canal de comunicação com o interlocutor.  C. divulgar informações a respeito de um dado assunto.  D. enfatizar os sentimentos e as impressões do próprio enunciador.  E. ressaltar os elementos estéticos, em detrimento do conteúdo veiculado.

170

(ENEM 2010 PPL)

141

(ENEM 2010 PPL)

Disponível em: http://portal.saude.gov.br. Acesso em: 03 set. 2010.

Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, ago. 2009.

Esse texto é uma propaganda veiculada nacionalmente. Esse gênero textual utiliza-se da persuasão com uma intencionalidade específica. O principal objetivo desse texto é  A. comprovar que o avanço da dengue no país está relacionado ao fato de a população desconhecer os agentes causadores.  B. convencer as pessoas a se mobilizarem, com o intuito de eliminar os agentes causadores da doença.  C. demonstrar que a propaganda tem um caráter institucional e, por essa razão, não pretende vender produtos.  D. informar à população que a dengue é uma doença que mata e que, por essa razão, deve ser combatida.  E. sugerir que a sociedade combata a doença, observando os sintomas apresentados e procurando auxílio médico.

Disponível em: http://www.dukechargista.com.br. Acesso em: 03 set. 2010.

Todo texto apresenta uma intenção, da qual derivam as escolhas linguísticas que o compõem. O texto da campanha publicitária e o da charge apresentam, respectivamente, composição textual pautada por uma estratégia  A. expositiva, porque informa determinado assunto de modo isento; e interativa, porque apresenta intercâmbio verbal entre dois personagens.  B. descritiva, pois descreve ações necessárias ao combate à dengue; e narrativa, pois um dos personagens conta um fato, um acontecimento.  C. injuntiva, uma vez que, por meio do cartaz, diz como se deve combater a dengue; e dialogal, porque estabelece uma interação oral.  D. narrativa, visto que apresenta relato de ações a serem realizadas; e descritiva, pois um dos personagens descreve a ação realizada.  E. persuasiva, com o propósito de convencer o interlocutor a combater a dengue; e dialogal, pois há a interação oral entre os personagens.

171

INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS

140

LEITURA ESTRATÉGICA

142

(ENEM 2022 AR)

(ENEM 2022 AR)

143

Disponível em: http://viva-porto.pt. Acesso em: 24 nov. 2021 (adaptado). Disponível em: : www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29 out. 2013 (adaptado).

Para convencer o público-alvo sobre a necessidade de um trânsito mais seguro, essa peça publicitária apela para o(a)

A articulação entre os elementos verbais e os não verbais do texto tem como propósito desencadear a

 A. identificação de distinções entre mulheres e homens.

 A. sentimento de culpa provocado no condutor causador de acidentes.  B. dano psicológico causado nas vítimas da violência nas estradas.  C. importância do monitoramento do trânsito pelas autoridades competentes.  D. necessidade de punição a motoristas alcoolizados envolvidos em acidentes.  E. sofrimento decorrente da perda de entes queridos em acidentes automobilísticos.

172

 B. revisão de representações estereotipadas de gênero.  C. adoção de medidas preventivas de combate ao sexismo.  D. ratificação de comportamentos femininos e masculinos.  E. retomada de opiniões a respeito da diversidade dos papéis sociais.

GABARITO INTERPRETÇÃO DE TEXTOS NÃO VERBAIS 1-D

42-A

2-C

43-B

3-A

44-B

4-B

45-E

5-D

46-D

6-B

47-B

7-E

48-A

8-A

49-C

9-D

50-A

10-B

51-D

11-E

52-E

12-B

53-C

13-B

54-C

14-A

55-D

15-C

56-B

16-E

57-C

17-D

58-C

18-A

59-E

19-B

60-E

20-B

61-C

21-A

62-B

22-E

63-A

23-B

64-B

24-A

65-C

25-A

66-D

26-E

67-C

27-C

68-A

28-A

69-E

29-E

70-B

30-E

71-C

31-E

72-E

32-A

73-A

33-D

74-C

34-B

75-C

35-A

76-C

36-E

77-E

37-E

78-E

38-D

79-B

39-B

80-D

40-D

81-E

41-E

82-E

83-B 84-B 85-B 86-? 87-? 88-? 89-C 90-C 91-C 92-B 93-A 94-E 95-E 96-E 97-E 98-C 99-B 100-C 101-C 102-B 103-C

123-C 124-C 125-D 126-E 127-D 128-D 129-D 130-A 131-D 132-E 133-? 134-? 135-A 136-A 137-B 138-B 139-A 140-B 141-E 142-A 143-B

104-E 105-B 106-A 107-B 108-E 109-E 110-C 111-A 112-E 113-B 114-C 115-C 116-A 117-A 118-E 119-C 120-D 121-E 122-B

Total de meus acertos:___________ de ______________ . ___________%

L E I T U R A E S T R AT É G I C A

; ? “ ! ^ ” ~ : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ” ^ REPERTÓRIO ! ~ ; ARTÍSTICO ? CULTURAL * ” “ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ? * : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ! ~ ; ? “ ! ~ ^ ” : ; ? ! * “ ^ ; ?

* ” : ” :



*



* ” : ”



*

(ENEM 2021 AR)

2

A crise dos refugiados imortalizada para sempre no fundo do mar

MEIRELLES, V. Moema. Óleo sobre tela, 129 cm x 190 cm. Masp, São Paulo, 1866. TAYLOR J.C. A balsa de Lampedusa. Instalação Musei Atlântico. Lanzarote, Canárias, 2016 (detalhe).

A balsa de Lampedusa, nome da obra de Taylor, que abre este post, é uma das instalações criadas por ele para compor o acervo do primeiro museu submarino da Europa, o Museu Atlântico, localizado em Lanzarote, uma das ilhas do arquipélago das Canárias. Lampedusa é o nome da ilha italiana onde a grande maioria dos refugiados que saem da África ou de países como Síria, Líbano e Iraque, tenta chegar para conseguir asilo no continente europeu. As esculturas do Museu Atlântico ficam a 14 metros de profundidade, nas águas cristalinas de Lanzarote. Na balsa, estão dez pessoas. Todas têm no rosto a expressão do abandono. Entre elas, há algumas crianças. Uma delas, uma menina debruçada sobre a beira do bote, olha sem esperança o horizonte. A imagem é tão forte, que dispensa qualquer palavra. Exatamente o papel da arte.

Disponível em: www.masp.art.br. Acesso em: 13 ago. 2012 (adaptado).

Nessa obra, que retrata uma cena de Caramuru, célebre poema épico brasileiro, a filiação à estética romântica manifesta-se na  A. exaltação do retrato fiel da beleza feminina.  B. tematização da fragilidade humana diante da morte.  C. ressignificação de obras do cânone literário nacional.  D. representação dramática e idealizada do corpo da índia.  E. oposição entre a condição humana e a natureza primitiva.

Disponível em: http://conexaoplaneta.com.br. Acesso em: 22 jun. 2019 (adaptado).

Além de apresentar ao público a obra A balsa de Lampedusa, essa reportagem cumpre, paralelamente, a função de chamar a atenção para  A. a ilha de Lanzarote, localizada no arquipélago das Canárias, com vocação para o turismo.

3

(ENEM 2021 AR)

Que tal transformar a internet em palco para a dança?

 B. as muitas vidas perdidas nas travessias marítimas em embarcações precárias ao longo dos séculos.  C. a inovação relativa à construção de um museu no fundo do mar, que só pode ser visitado por mergulhadores.  D. a construção do museu submarino como um memorial para as centenas de imigrantes mortos nas travessias pelo mar.  E. a arte como perpetuadora de episódios marcantes da humanidade que têm de ser relembrados para que não tornem a acontecer.

177

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

(ENEM 2021 AR)

1

LEITURA ESTRATÉGICA O coreógrafo e bailarino Didier Mulleras se destaca como um dos criadores que descobriram a dança de outro ponto de vista. Mini@tures é uma experiência emblemática entre movimento, computador, internet e vídeo. Com os recursos da computação gráfica, a dança das miniaturas pode caber na palma da mão. Pelo fato de usar a internet como palco, o processo de criação das miniaturas de dança levou em consideração os limites de tempo de download e o tamanho de arquivo, para que um número maior de espectadores pudesse assistir. A graça das miniaturas está justamente na contaminação entre mídias: corpo/dança/computação gráfica/internet. De fato, é a rede que faz a maior diferença nesse grupo. Mini@tures explora uma nova dimensão que descobre o espaço-tempo da web e conquista um novo território para a dança contemporânea. A qualquer hora, dança on-line. SPANGHERO, M. A dança dos encéfalos acesos. São Paulo: Itaú Cultural, 2003

Disponível em: www.correiobraziliense.com.br. Acesso em: 18 jun. 2019 (adaptado).

A forma original de John Lennon da Silva reinterpretar a coreografia de A morte do cisne demonstra que  A. a composição da coreografia foi influenciada pela escolha do figurino.  B. a criação artística é beneficiada pelo encontro de modelos oriundos de diferentes realidades socioculturais.  C. a variação entre os modos de dançar uma mesma música evidencia a hierarquia que marca manifestações artísticas.  D. a formação erudita, à qual o dançarino não teve acesso, resulta em artistas que só conhecem a es-

(adaptado).

Considerado o primeiro projeto de dança contemporânea concebido para a rede, esse trabalho é apresentado como inovador por

tética da arte popular.  E. a interpretação, por homens, de coreografias originalmente concebidas para mulheres exige uma adaptação complexa.

 A. adotar uma perspectiva conceitual como contraposição à tradição de grandes espetáculos.  B. criar novas formas de financiamento ao utilizar a

5

(ENEM 2021 AR)

internet para divulgação das apresentações.  C. privilegiar movimentos gerados por computação gráfica, com a substituição do palco pela tela.  D. produzir uma arte multimodal, com o intuito de ampliar as possibilidades de expressão estética.  E. redefinir a extensão e o propósito do espetáculo para adaptá-lo ao perfil de diferentes usuários. RODRIGUES, S. Acervo pessoal.

4

(ENEM 2021 AR)

O solo A morte do cisne, criado em 1905 pelo russo Mikhail Fokine a partir da música do compositor francês Camille Saint-Saens, retrata o último voo de um cisne antes de morrer. Na versão original, uma bailarina com figurino impecavelmente branco e na ponta dos pés interpreta toda a agonia da ave se debatendo até desfalecer. Em 2012, John Lennon da Silva, de 20 anos, morador do bairro de São Mateus, na Zona Leste de São Paulo, elaborou um novo jeito de dançar a coreografia imortalizada pela bailarina Anna Pavlova. No lugar de um colã e das sapatilhas, vestiu calça jeans, camiseta e tênis. Em vez de balé, trouxe o estilo popping da street dance. Sua apresentação inovadora de A morte do cisne, que foi ao ar no programa Se ela dança, eu danço, virou hit no YouTube.

178

A revolução estética brasiliense empurrou os designers de móveis dos anos 1950 e início dos 1960 para o novo. Induzidos a abandonar o gosto rebuscado pelo colonial, a trocar Ouro Preto por Brasília, eles criaram um mobiliário contemporâneo que ainda hoje vemos nas lojas e nas salas de espera de consultórios e escritórios, Colada no uso de madeiras nobres, como o jacarandá e a peroba, e em materiais de revestimento como o couro e a palhinha, desenvolveu-se uma tendência feita de linhas retas e curvas suaves, nos moldes da capital no Cerrado. CHAVES. D. Disponível em: www.veja.abril.com.br. Acesso em. 29 jul. 2010.

(ENEM 2021 AR)

7

 A. aparecem definidos nas linhas retas dos objetos.  B. expressam o desenho rebuscado por meio das linhas.  C. mostram a expressão assimétrica das linhas curvas suaves.  D. apontam a unidade de matéria-prima utilizada em sua fabricação.  E. surgem na simplificação das informações visuais de cada composição. LICHTENSTEIN, R. Garota com bola. Óleo sobre tela, 153 cm x 91,9 cm. Museu de Arte Moderna de Nova York, 1961.

(ENEM 2021 AR)

6

TEXTO I

Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 4 dez. 2018.

A obra, da década de 1960, pertencente ao movimento artístico Pop Art, explora a beleza e a sensualidade do corpo feminino em uma situação de divertimento. Historicamente, a sociedade inventou e continua reinventando o corpo como objeto de intervenções sociais, buscando atender aos valores e costumes de cada época. Na reprodução desses preceitos, a erotização do corpo feminino tem sido constituída pela

HAZOUMÉ, R. Nanawax. Plástico e tecido. Galerie Gagosian, 2009. Disponível em: www.actuart.org. Acesso em 19 jun. 2010.

TEXTO II As máscaras não foram feitas para serem usadas; elas se concentram apenas nas possibilidades antropomórficas dos recipientes plásticos descartados e, ao mesmo tempo, chamam a atenção para a quantidade de lixo que se acumula em quase todas as cidades ou aldeias africanas.

FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante; 2011 (adaptado)

Romuald Hazoumé costuma dizer que sua obra apenas manda de volta ao oeste o refugo de uma sociedade de consumo cada vez mais invasiva. A obra desse artista africano que vive no Benin denota o (a)

 A. realizações de exercícios físicos sistemáticos e excessivos.  B. utilização de medicamentos e produtos estéticos.  C. educação do gesto, da vontade e do comportamento.  D. construção de espaços para vivência de práticas corporais.  E. promoção de novas experiências de movimento humano no lazer.

 A. empobrecimento do valor artístico pela combinação de diferentes matérias-primas.  B. reposicionamento estético de objetos por meio da mudança de função.  C. convite aos espectadores para interagir e completar obras inacabadas.  D. militância com temas da ecologia que marcam o continente africano.  E. realidade precária de suas condições de produção

8

(ENEM 2021 AR)

No seio de diversos povos africanos, nomeadamente no antigo Reino do Congo, existem testemunhos gráficos de que a escrita tomava várias formas. Exemplo disso são as tampas de panela esculpidas em baixo-relevo do povo Woyo (região de Cabinda), com cenas e provérbios do cotidiano, desenhos na terra ou areia, imagens gravadas ou inscritas nos bastões de chefe ou em pedras sagradas, mas, sobretudo, movimentos do corpo humano inscritos num gestual familiar. Entre os Woyo existia o

artística.

179

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

Na reportagem sobre os 50 anos de Brasília, de Débora Chaves, com a reprodução fotográfica de cadeiras e poltronas de Sérgio Rodrigues, verifica-se que os elementos da estética brasiliense

LEITURA ESTRATÉGICA costume de os pais oferecerem aos filhos textos ou tampas de panelas entalhados, transmitindo uma espécie de recado, com signos codificados que traduziam orientações para conseguir uma boa relação conjugal, ter sensatez na escolha do cônjuge e estar alerta para as dificuldades do casamento. RODRIGUES, M. R. A. M.; TAVARES, A. C. P. Singularidades museológicas de uma tábua com esculturas em diálogo: do alambamento ao casamento em cabinda (Angola). Anais do Museu Paulista, n. 2, malo-ago. 2017 (adaptado)

.

Para o povo Woyo, os artefatos culturais mencionados no texto cumprem a função de uma  A. pedagogia dos costumes sociais.

 A. ironizam a forma idealizada de beleza em que roupas de grife são apresentadas por modelos  B. refletem sua admiração pelo mundo da moda, apesar dos limites de sua realidade financeira.  C. salientam a difícil condição financeira dos idosos no Brasil no acesso aos bens de consumo.  D. fazem uma crítica social às comunidades que vivem nos arredores dos aterros sanitários.  E. dão sentido estético a materiais do cotidiano descartados pela sociedade de consumo.

 B. imposição das formas de comunicação.  C. desvalorização dos comportamentos da juventude.  D. destituição dos valores do matrimônio.

10

(ENEM 2021 PPL)

TEXTO I

 E. etnografia das celebrações religiosas.

9

(ENEM 2021 PPL)

TEXTO I

TOHAKU, H. Floresta de pinheiros. Nanquim sobre papel, 1,56 m x 3,47 m. Museu Nacional de Tóquio, Japão, 1595. Disponível em: https://medium.com. Acesso em: 19 jun. 2019.

TEXTO II Arte japonesa TEXTO II Artista popular, inquieta e sonhadora, mais conhecida como a “Rainha do Papel de Bala”, Efigênia Ramos Rolim dá vida à sua arte usando o lixo como matéria-prima para construir objetos artísticos que refletem seu olhar fantástico do cotidiano. Sua produção inclui peças de vestuário, carrinhos de madeira customizados e um grande número de personagens realizados com material reciclado que remetem a histórias irreais, surgidas da sua imaginação. Já teve sua obra exposta ao lado de nomes como Arthur Bispo do Rosário e recebeu a Ordem do Mérito Cultural do Ministério da Cultura, a mais alta honraria concedida pelo órgão aos artistas brasileiros. Disponível em: http://bienaldecuritiba.com.br. Acesso em: 18 jun. 2019 (adaptado).

A artista Efigênia Ramos Rolim destaca-se por produzir peças que, ao serem vestidas,

O zen (chán, em chinês) enfatiza a autoconfiança e a meditação, rejeitando os estudos tradicionais das escrituras budistas e a realização de complicados rituais. O zen foi introduzido no Japão no século XIII por monges japoneses que viajaram à China a fim de estudar as mais recentes doutrinas. A simplicidade e a autodisciplina rígida ensinadas pelos mestres zen atraíram a classe dos samurais (guerreiros), e muitos templos zen foram construídos no Japão entre os séculos XIII e XV. ARICHI, M. In: FARTHING, S. (Ed.). Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).

A obra Floresta de pinheiros, do artista Hasegawa Tohaku, expressa influências do zen-budismo ao  A. apresentar uma cena completa ao espectador.  B. criar uma atmosfera propícia à contemplação.  C. transmitir os valores de um ideal guerreiro.  D. desafiar os paradigmas estéticos vigentes.  E. mimetizar espaços de culto religioso.

180

(ENEM 2021 PPL)

12

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

11

(ENEM 2021 PPL)

Harpa construída entre os séculos XIX e XX na atual República Democrática do Congo, em Mangbetu. CLARKE, C. The Art of Africa: a resource for educators. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2006 (adaptado).

A harpa congolesa representada na fotografia é um instrumento musical que faz parte de tradições africanas. Sua classificação acústica tem correspondência com o

HAUSMANN, R. O crítico de arte. Litografia e fotocolagem em papel, 32 cm x 25,5 cm. Tate Collection, Londres, 1919.

Disponível em: https://medium.com. Acesso em: 19 jun. 2019.

Produzida em 1919, a obra O crítico de arte, de Hausmann, utiliza procedimentos de composição que revelam a

 A. berimbau, já que ambos produzem som por meio de corda vibrante.  B. agogô, uma vez que a matriz africana é comum aos dois instrumentos.  C. atabaque, levando em conta a pele esticada que cobre o corpo do instrumento.  D. reco-reco, considerando-se a madeira como elemento de base para sua construção.  E. xilofone, em função de ser encontrado em diversas culturas de miscigenação africana.

 A. visão satírica do artista em relação às convenções da arte burguesa.  B. necessidade de reconhecimento social de uma nova estética.  C. valorização da vanguarda artística pelo mercado de arte.  D. beleza da arte em meio às turbulências do pós-guerra.  E. fragilidade da formação acadêmica dos novos artistas.

13

(ENEM 2021 PPL)

Vamos ao teatro para um encontro com a vida, mas, se não houver diferença entre a vida lá fora e a vida em cena, o teatro não terá sentido. Não há razão para fazê-lo. Se aceitarmos, porém, que a vida no teatro é mais visível, mais vívida do que lá fora, então veremos que é a mesma coisa e, ao mesmo tempo, um tanto diferente. Convém acrescentar algumas particularidades. A vida, no teatro é mais compreensível e intensa porque é mais concentrada. A limitação do espaço e a compressão do tempo criam essa concentração.

181

LEITURA ESTRATÉGICA

BROOK, P. A porta aberta. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1999.

Segundo o diretor inglês Peter Brook, na passagem citada, a relação entre vida cotidiana e teatro pode ser resumida da maneira seguinte:  A. Para assistir a uma peça de teatro, é preciso estar concentrado.  B. Não existe diferença entre a vida cotidiana e o teatro, eles são iguais.  C. No teatro, uma vida inteira pode acontecer e ser compreendida em apenas duas horas sobre um palco de dez metros quadrados.  D. No teatro, as falas são mais longas do que na vida cotidiana, e o palco é mais bonito.  E. No teatro, tudo é visível, os atores falam mais alto e mais pausadamente do que falamos no cotidiano, o que torna a vida mais compreensível.

14

(ENEM 2021 PPL)

Foi no século XVIII, nas terras de uma fazenda, que surgiu a Vila Distinta e Real de Sobral. O desenvolvimento da localidade se deu por estar próxima ao Rio Acaraú, que ligava os estados de Pernambuco, Piauí e Maranhão. O tombamento de Sobral trouxe, ainda, como peculiaridade no Ceará, o envolvimento dos moradores. Quem passa pela cidade pode ver construções que trazem os estilos coloniais, ecléticos, art déco e vernaculares. No interior do Ceará, município de Sobral guarda a arte colonial brasileira. Disponível em:http://portal.iphan.gov.br.Acesso em: 14 de julho de 2015 (adaptado).

A condição atribuída ao complexo arquitetônico da cidade, conforme mencionada no texto, proporcionou a  A. harmonização de espaços sociais.  B. valorização de reservas ecológicas.  C. ampliação de conjuntos residenciais.  D. manutenção de comunidades de pescadores.  E. preservação de artefatos de memória.

182

15

(ENEM 2020 AR)

Slam do Corpo é um encontro pensado para surdos e ouvintes, existente desde 2014, em São Paulo. Uma iniciativa pioneira do grupo Corposinalizante, criado em 2008. (Antes de seguirmos, vale a explicação: o termo slam vem do inglês e significa — numa nova acepção para o verbo geralmente utilizado para dizer “bater com força” — a “poesia falada nos ritmos das palavras e da cidade”). Nos saraus, o primeiro objetivo foi o de botar os poemas em Libras na roda, colocar os surdos para circular e entender esse encontro entre a poesia e a língua de sinais, compreender o encontro dessas duas línguas. Poemas de autoria própria, três minutos, um microfone. Sem figurino, nem adereços, nem acompanhamento musical. O que vale é modular a voz e o corpo, um trabalho artesanal de tornar a palavra “visível”, numa arena cujo objetivo maior é o de emocionar a plateia, tirar o público da passividade, seja pelo humor, horror, caos, doçura e outras tantas sensações. NOVELLI, G. Poesia incorporada. Revista Continente, n. 189, set. 2016 (adaptado).

Na prática artística mencionada no texto, o corpo assume papel de destaque ao articular diferentes linguagens com o intuito de  A. imprimir ritmo e visibilidade à expressão poética.  B. redefinir o espaço de circulação da poesia urbana.  C. estimular produções autorais de usuários de Libras.  D. traduzir expressões verbais para a língua de sinais.  E. proporcionar performances estéticas de pessoas surdas

(ENEM 2020 AR)

(ENEM 2020 AR)

17

TEXTO I

KOSUTH, J. One and Three Chairs. Museu Reina Sofia, Espanha, 1965. Disponível em: www.museoreinasofia.es. Acesso em: 4 jun. 2018 (adaptado). HIRST, D. Mother and Child. Bezerro dividido em duas partes: 1029 x 1689 x 625mm, 1993 (detalhe). Vidro, aço pintado, silicone, acrílico, monofilamento, aço inoxidável, bezerro e solução de formaldeído.

TEXTO II O grupo Jovens Artistas Britânicos (YABs), que surgiu no final da década de 1980, possui obras diversificadas que incluem fotografias, instalações, pinturas e carcaças desmembradas. O trabalho desses artistas chamou a atenção no final do período da recessão, por utilizar materiais incomuns, como esterco de elefantes, sangue e legumes, o que expressava os detritos da vida e uma atmosfera de niilismo, temperada por um humor mordaz. Disponível em: http://damienhirst.com. Acesso em: 15 jul. 2015. FARTHING, S. Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado).

A provocação desse grupo gera um debate em torno da obra de arte pelo(a)

A obra de Joseph Kosuth data de 1965 e se constitui por uma fotografia de cadeira, uma cadeira exposta e um quadro com o verbete “Cadeira”. Trata-se de um exemplo de arte conceitual que revela o paradoxo entre verdade e imitação, já que a arte  A. não é a realidade, mas uma representação dela.  B. fundamenta-se na repetição, construindo variações.  C. não se define, pois depende da interpretação do fruidor.  D. resiste ao tempo, beneficiada por múltiplas formas de registro.  E. redesenha a verdade, aproximando-se das definições lexicais.

 A. recusa a crenças, convicções, valores morais, estéticos e políticos na história moderna.  B. frutífero arsenal de materiais e formas que se relacionam com os objetos construídos.  C. economia e problemas financeiros gerados pela recessão que tiveram grande impacto no mercado.  D. influência desse grupo junto aos estilos pós-modernos que surgiram nos anos 1990.  E. interesse em produtos indesejáveis que revela uma consciência sustentável no mercado.

18

(ENEM 2020 AR)

Sou o coração do folclore nordestino Eu sou Mateus e Bastião do Boi-bumbá Sou o boneco de Mestre Vitalino Dançando uma ciranda em Itamaracá Eu sou um verso de Carlos Pena Filho Num frevo de Capiba Ao som da Orquestra Armorial Sou Capibaribe Num livro de João Cabral Sou mamulengo de São Bento do Una Vindo no baque solto de maracatu Eu sou um auto de Ariano Suassuna No meio da Feira de Caruaru Sou Frei Caneca do Pastoril do Faceta Levando a flor da lira Pra Nova Jerusalém Sou Luiz Gonzaga E sou do mangue também

183

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

16

LEITURA ESTRATÉGICA Eu sou mameluco, sou de Casa Forte Sou de Pernambuco, sou o Leão do Norte LENINE; PINHEIRO, P.C. Leão do Norte. In: LENINE; SUZANO, M. Olho de peixe. São Paulo: Velas, 1993 (fragmento).

O fragmento faz parte da canção brasileira contemporânea e celebra a cultura popular nordestina. Nele, o artista exalta as diferentes manifestações culturais pela  A. valorização do teatro, música, artesanato, literatura, dança, personagens históricos e artistas populares, compondo um tecido diversificado e enriquecedor da cultura popular como patrimônio regional e nacional  B. identificação dos lugares pernambucanos, manifestações culturais, como o bumba meu boi, as cirandas, os bonecos mamulengos e heróis locais, fazendo com que essa canção se apresente como uma referência à cultura popular nordestina.  C. exaltação das raízes populares, como a poesia, a literatura de cordel e o frevo, misturadas ao erudito, como a Orquestra Armorial, compondo um rico tecido cultural, que transforma o popular em erudito.  D. caracterização das festas populares como identidade cultural localizada e como representantes de uma cultura que reflete valores históricos e sociais próprios da população local.  E. apresentação do Pastoril do Faceta, do maracatu, do bumba meu boi e dos autos como representação da musicalidade e do teatro popular religioso, bastante comum ao folclore brasileiro.

19

(ENEM 2020 AR)

Leandro Aparecido Ferreira, o MC Fioti, compôs em 2017 a música Bum bum tam tam, que gerou, em nove meses, 480 milhões de visualizações no YouTube. É o funk brasileiro mais ouvido na história do site. A partir de uma gravação da flauta que achou na internet, MC Fioti fez tudo sozinho: compôs, cantou e produziu em uma noite só. “Comecei a pesquisar alguns tipos de flauta, coisas antigas. E nisso eu achei a ‘flautinha do Sebastian Bach’”, conta. A descoberta foi por acaso: Fioti não sabia quem era o músico alemão e não sabe tocar o instrumento. A “flauta envolvente” da música é um trecho da Partita em Lá menor, escrita pelo alemão Johann Sebastian Bach por volta de 1723.

184

Disponível em: https://g1.globo.com. Acesso em: 6 jun. 2018 (adaptado).

A incorporação de um trecho da obra para flauta solo de Johann Sebastian Bach na música de MC Fioti demonstra a  A. influência permanente da cultura eurocêntrica nas produções musicais brasileiras.  B. homenagem aos referenciais estéticos que deram origem às produções da música popular.  C. necessidade de divulgar a música de concerto nos meios populares nas periferias das grandes cidades.  D. utilização desintencional de uma música excessivamente distante da realidade cultural dos jovens brasileiros.  E. inter-relação de elementos culturais vindos de realidades distintas na construção de uma nova proposta musical.

20

(ENEM 2020 AR)

A arte pré-histórica africana foi incontestavelmente um veículo de mensagens pedagógicas e sociais. Os San, que constituem hoje o povo mais próximo da realidade das representações rupestres, afirmam que seus antepassados lhes explicaram sua visão do mundo a partir desse gigantesco livro de imagens que são as galerias. A educação dos povos que desconhecem a escrita está baseada sobretudo na imagem e no som, no audiovisual. KI-ZERBO, J. A arte pré-histórica africana. In: KI-ZERBO, J. (Org.) História geral da África, I: metodologia e pré-história da África. Brasília: Unesco, 2010.

De acordo com o texto, a arte mencionada é importante para os povos que a cultivam por colaborar para o(a)  A. transmissão dos saberes acumulados.  B. expansão da propriedade individual.  C. ruptura da disciplina hierárquica.  D. surgimento dos laços familiares.  E. rejeição de práticas exógenas.

ROCHA, G. Tropicalismo, antropologia, mito, ideograma. In: Revolução do Cinema

(ENEM 2020 AR)

Novo. Rio de Janeiro: Alhambra; Embrafilme, 1981 (adaptado).

A reabilitação da biografia histórica integrou as aquisições da história social e cultural, oferecendo aos diferentes atores históricos uma importância diferenciada, distinta, individual. Mas não se tratava mais de fazer, simplesmente, a história dos grandes nomes, em formato hagiográfico — quase uma vida de santo —, sem problemas, nem máculas. Mas de examinar os atores (ou o ator) célebres ou não, como testemunhas, como reflexos, como reveladores de uma época. DEL PRIORE, M. Biografia: quando o indivíduo encontra a história. Topoi, n. 19, jul.-dez. 2009.

De acordo com o texto, novos estudos têm valorizado a história do indivíduo por se constituir como possibilidade de  A. adesão ao método positivista.  B. expressão do papel das elites.  C. resgate das narrativas heroicas.  D. acesso ao cotidiano das comunidades.  E. interpretação das manifestações do divino.

22

(ENEM 2020 AD)

TEXTO I Cinema Novo O filme quis dizer: “Eu sou o samba” A voz do morro rasgou a tela do cinema E começaram a se configurar Visões das coisas grandes e pequenas Que nos formaram e estão a nos formar Todas e muitas: Deus e o diabo, vidas secas, os fuzis, Os cafajestes, o padre e a moça, a grande feira, o desafio Outras conversas, outras conversas sobre os jeitos do Brasil VELOSO, C.; GIL, G. In: Tropicália 2. Rio de Janeiro: Polygram, 1993 (fragmento).

TEXTO II O cinema brasileiro partiu da consciência do subdesenvolvimento e da necessidade de superá-lo de maneira total, em sentido estético, filosófico, econômico: superar o subdesenvolvimento com os meios do subdesenvolvimento. Tropicalismo é o nome dessa operação; por isso existe um cinema antes e depois do Tropicalismo. Agora nós não temos mais medo de afrontar a realidade brasileira, a nossa realidade, em todos os sentidos e a todas as profundidades.

Uma das aspirações do Cinema Novo, movimento cinematográfico brasileiro dos anos 1960, incorporadas pela letra da canção e detectáveis no texto de Glauber Rocha, está na  A. retomada das aspirações antropofágicas pela prática intertextual.  B. problematização do conceito de arte provocada pela geração tropicalista.  C. materialização do passado como instrumento de percepção do contemporâneo.  D. síntese da cultura popular em sintonia com as manifestações artísticas da época.  E. formulação de uma identidade brasileira calcada na tradição cultural e na crítica social.

23

(ENEM 2020 AD)

Ao lado da indústria da moda, a do rock é o melhor exemplo da vendabilidade elástica do passado cultural, com suas reciclagens regulares de sua própria história na forma de retomadas e releituras, retornos e versões cover. Nos últimos anos, o desenvolvimento de novas tecnologias acelerou e, de certa maneira, democratizou esse processo a ponto de permitir que as evidências culturais do rock sejam fisicamente desmanteladas e remontadas como pastiche e colagem, com mais rapidez e falta de controle do que em qualquer época. CONNOR, S. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1989.

O rock personifica o paradoxo da cultura de massas (pós-moderna), visto que seu alcance e influência globais, combinados com a sua tolerância, criam uma  A. subversão ao sistema cultural vigente.  B. identificação de pluralidade de estilos e mídias.  C. homogeneização dos ritmos nas novas criações.  D. desvinculação identitária nos hábitos de escuta.  E. formação de confluência de métodos e pensamento.

185

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

21

LEITURA ESTRATÉGICA

24

(ENEM 2020 AD)

Durante cinco minutos, a banda norte-americana Atomic Tom deixou de lado microfones, guitarras, baixo e bateria. Mas eles não fizeram um show acústico como pode parecer. Eles utilizaram quatro aparelhos de telefone celular, cada um substituindo um instrumento, por meio de quatro aplicativos diferentes: Shred, Drum Meister, Pocket Guitar e Microphone. Os quatro membros da banda embarcaram no metrô de Nova Iorque, ligaram seus celulares e começaram a tocar a música Take me Out sem nenhum tipo de anúncio, filmando a apresentação com outros aparelhos de telefone. O vídeo resultante foi sucesso no YouTube com mais de 2 milhões de visualizações. Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 6 jun. 2018 (adaptado).

A apresentação da banda Atomic Tom revela  A. alternativas inusitadas para enfrentar a difícil aquisição de instrumentos musicais tradicionais.  B. formas descartáveis de produção musical ligadas à efemeridade da sociedade atual.  C. maneiras inovadoras de ouvir música por meio de aparelhos eletrônicos portáteis.  D. possibilidades de fazer música decorrentes dos avanços tecnológicos.  E. soluções originais de levar a cultura musical para os meios de transporte.

186

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

25

(ENEM 2020 AD)

DE MARIA, W. Campo relampejante, 1977. Disponível em: www.ballardian.com. Acesso em: 12 jun. 2018.

Na obra Campo relampejante (1977), o artista Walter de Maria coloca hastes de ferro em espaços regulares, em um campo de 1600 metros quadrados no Novo México. O trabalho faz parte do movimento artístico Land Art, que trata da  A. constituição da cena artística marcada pela paisagem natural, modificada pela multimídia.  B. ocupação de um local vazio sem função específica, passando a existir como arte.  C. utilização de equipamentos tradicionais como suporte para a atividade artística.  D. divulgação de fenômenos científicos que dialogam com a estética da arte.  E. exposição da obra em locais naturais e institucionais abertos ao público.

187

LEITURA ESTRATÉGICA

26

(ENEM 2020 AD)

(ENEM 2020 PPL)

28

Brasília é a primeira cidade moderna inscrita na lista do Patrimônio Mundial. O plano da cidade, idealizado por Lúcio Costa, segue os princípios básicos da Carta de Atenas, de 1933. Uma cidade estruturada em áreas, cada qual com uma função específica (área monumental, onde se concentram os prédios da administração, área residencial, área agrária e área de lazer), separadas por vastos espaços naturais que se comunicam pelo traçado das grandes vias. SILVA, F. F. As cidades brasileiras e o Patrimônio Cultural da Humanidade. São Paulo: Peirópolis, 2003.

A cidade apresentada foi reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade porque

A África possui os próprios estilos de reggae e centenas de bandas. Clubes de reggae são encontrados na Europa, na Austrália e nos Estados Unidos. Todos, de Erick Clapton a Caetano Veloso, já realizaram suas incursões ao reggae. A fonte desse som é a Jamaica, a terceira maior ilha do Caribe. No fim dos anos 1960, o reggae também começava a conquistar certo espaço em várias regiões do Brasil e logo o som caiu nas graças dos maranhenses. Na cidade de São Luís, o grande investimento midiático, o crescente mercado de discos e o desenvolvimento do circuito das radiolas fizeram o movimento reggae alcançar a solidez em meados da década de 1980. FARIAS, J.; PINTO, T. Da Jamaica ao Brasil: por uma história social do reggae. Disponível em: www.eumed.net. Acesso em: 18 nov. 2011 (adaptado).

 A. mescla populações e sotaques ilustrativos da diversidade étnica brasileira.  B. preserva princípios arquitetônicos e urbanísticos originados no Modernismo.  C. sintetiza valores cívicos e políticos definidores do patriotismo político nacional.  D. promove serviços turísticos e produtos artesanais representativos das tradições locais.  E. protege acervos documentais e imagéticos reveladores da trajetória institucional do país.

27

(ENEM 2020 AD)

No aluir das paredes, no ruir das pedras, no esfacelar do barro, havia um longo gemido. Era o gemido soturno e lamentoso do Passado, do Atraso, do Opróbrio. A cidade colonial, imunda, retrógrada, emperrada nas velhas tradições, estava soluçando no soluçar daqueles apodrecidos materiais que desabavam. Mas o hino claro das picaretas abafava esse projeto impotente. Com que alegria cantavam elas — as picaretas regeneradoras! E como as almas dos que ali estavam compreendiam o que elas diziam, no clamor incessante e rítmico, celebrando a vitória da higiene, do bom gosto e da arte. BILAC, O. Crônica (1904). Apud SEVCENKO, N. Literatura como missão: tensões sociais e criação cultural na Primeira República. São Paulo: Brasiliense, 1995.

De acordo com o texto, a “picareta regeneradora” do alvorecer do século XX significava a  A. erradicação dos símbolos monárquicos.  B. restauração das edificações seculares.  C. interrupção da especulação imobiliária.  D. reconstrução das moradias populares.  E. reestruturação do espaço urbano.

188

Considerada por alguns “capital brasileira do reggae”, a cidade de São Luís também é reconhecida pelos festejos juninos que incluem Bumba meu boi, Tambor de crioula, Cacuriá e as tradicionais quadrilhas. O conjunto dessas características demonstra a  A. apropriação de gêneros e estilos estrangeiros na criação da música tradicional maranhense.  B. inexpressividade das manifestações nordestinas em relação às novas referências estéticas.  C. coexistência de referenciais culturais díspares na construção da musicalidade brasileira.  D. diluição de modelos estéticos internacionais na criação de novos referenciais musicais.  E. sobreposição de ideias musicais caribenhas na música autenticamente nacional.

29

(ENEM 2020 PPL)

TEXTO I A dupla Claudinho e Buchecha foi formada por dois amigos de infância que eram vizinhos na comunidade do Salgueiro. Os cantores iniciaram sua carreira artística no início dos anos 1990, cantando em bailes funk de São Gonçalo (RJ), e fizeram muito sucesso com a música Fico assim sem você, em 2002. Buchecha trabalhou por um bom tempo como office boy e Claudinho atuou como peão de obras e vendedor ambulante. Disponível em: http://dicionariompb.com.br. Acesso em: 19 abr. 2018 (adaptado).

TEXTO II Ouvi a canção Fico assim sem você no rádio e me apaixonei instantaneamente. Quando isso acontece comigo, não posso fazer nada a não ser trazer a música pra perto de mim e então começar a cantar e tocar sem parar, até que ela se torne minha. A canção caiu como uma luva no repertório do disco e eu contava as horas pra poder gravá-la. CALCANHOTTO, A. Fico assim sem você. Disponível em: www.adrianapartimpim.

 A. ação afirmativa.  B. missão civilizatória.  C. desobediência civil.  D. apropriação cultural.  E. comportamento xenofóbico.

com.br. Acesso em: 19 abr. 2018 (adaptado).

A letra da canção Fico assim sem você, que circulava em meios populares, veiculada pela grande mídia, começou a integrar o repertório de crianças cujas famílias tinham o hábito de ouvir o que é conhecido como MPB. O novo público que passou a conhecer e apreciar essa música revela a  A. legitimação de certas músicas quando interpretadas por artistas de uma parcela específica da sociedade.  B. admiração pelas composições musicais realizadas por sujeitos com pouca formação acadêmica.  C. necessidade que músicos consagrados têm de buscar novos repertórios nas periferias.

31

(ENEM 2020 PPL)

Uma civilização é a entidade cultural mais ampla. As aldeias, as regiões, as etnias, as nacionalidades, os segmentos religiosos, todos têm culturas distintas em diferentes níveis de heterogeneidade cultural. A cultura de um vilarejo no sul da Itália pode ser diferente da de um vilarejo no norte da Itália, mas ambos compartilharam uma cultura italiana comum que os distingue de vilarejos alemães. As comunidades europeias, por sua vez, compartilharão aspectos culturais que as distinguem das comunidades chinesas ou hindus. HUNTINGTON, S. P. O choque de civilizações. Rio de Janeiro: Objetiva,1997.

De acordo com esse entendimento, a civilização é uma construção cultural que se baseia na

 D. importância dos meios de comunicação de massa na formação da música brasileira.  E. função que a indústria fonográfica ocupa em resgatar músicas da periferia.

 A. atemporalidade dos valores universais.  B. globalização do mundo contemporâneo.  C. fragmentação das ações políticas.  D. centralização do poder estatal.

30

(ENEM 2020 PPL)

 E. identidade dos grupos sociais.

As canções dos escravos tornaram-se espetáculos em eventos sociais e religiosos organizados pelos senhores e chegaram a ser cantadas e representadas, ao longo do século XIX, de forma estereotipada e depreciativa, pelos blackfaces dos Estados Unidos e Cuba, e pelos teatros de revista do Brasil. As canções escravas, sob a forma de cakewalks ou lundus, despontavam frequentemente no promissor mercado de partituras musicais, nos salões, nos teatros e até mesmo na nascente indústria fonográfica — mas não necessariamente seus protagonistas negros. O mundo do entretenimento e dos empresários musicais atlânticos produziu atraentes diversões dançantes com base em gêneros e ritmos identificados com a população negra das Américas. ABREU, M. O legado das canções escravas nos Estados Unidos e no Brasil: diálogos musicais no pós-abolição. Revista Brasileira de História, n. 69, jan.-jun. 2015.

189

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

A absorção de elementos da vivência escrava pela nascente indústria do lazer, como demonstrada no texto, caracteriza-se como

LEITURA ESTRATÉGICA comunicação pelo que vê faz com que ela se identifique muito mais com o que observa do que com o que as pessoas dizem. E basta folhear suas obras que fica claro que elas não são histórias em quadrinhos que perderam as palavras, mas sim que ganharam uma nova perspectiva.

(ENEM 2019 AR)

32

TEXTO I A promessa da felicidade

Disponível em: https://catracalivre.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018 (adaptado).

O Texto I exemplifica a obra de uma artista surda, que promove uma experiência de leitura inovadora, divulgada no Texto II. Independentemente de seus objetivos, ambos os textos  A. incentivam a produção de roteiros compostos por imagens.  B. colaboram para a valorização de enredos românticos.  C. revelam o sucesso de um evento de cartunistas.  D. contribuem com o processo de acessibilidade.  E. questionam o padrão tradicional das HQ.

(ENEM 2019 AR)

33

JU LOYOLA. The promise of happiness. LOYOLA, J. Disponível em: http://ladyscomics.com.br. Acesso em: 8 dez. 2018 (adaptado).

Com o enredo que homenageou o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca foi coroada no Carnaval 2012. A penúltima escola a entrar na Sapucaí, na segunda noite de desfiles, mergulhou no universo do cantor e compositor brasileiro e trouxe a cultura nordestina com criatividade para a Avenida, com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão. Disponível em: www.cultura.rj.gov.br. Acesso em: 15 maio 2012 (adaptado).

TEXTO II

A notícia relata um evento cultural que marca a

Quadrinista surda faz sucesso na CCXP com narrativas silenciosas

 A. primazia do samba sobre a música nordestina.

A área de artistas independentes da Comic Con Experience (CCXP) deste ano é a maior da história do evento geek, são mais de 450 quadrinistas e ilustradores no Artistsꞌ Alley. E a diversidade vai além do estilo das HQ. Em uma das mesas na fila F, senta a quadrinista com deficiência auditiva Ju Loyola, com suas histórias que classifica como “narrativas silenciosas”. São histórias que podem ser compreendidas por crianças e adultos, e pessoas de qualquer nacionalidade, pelo simples motivo de não terem uma única palavra. A artista não escreve roteiros convencionais para suas obras. Sua experiência de ter que entender a

190

 B. inter-relação entre dois gêneros musicais brasileiros.  C. valorização das origens oligárquicas da cultura nordestina.  D. proposta de resgate de antigos gêneros musicais brasileiros.  E. criatividade em compor um samba-enredo em homenagem a uma pessoa.

(ENEM 2019 AR)

Fala-se aqui de uma arte criada nas ruas e para as ruas, marcadas antes de tudo pela vida cotidiana, seus conflitos e suas possibilidades, que poderiam envolver técnicas, agentes e temas que não fossem encontrados nas instituições mais tradicionais e formais. VALVERDE, R. R. H. F. Os limites da inversão: a heterotopia do Beco do Batman. Boletim Goiano de Geografia (Online). Goiânia, v. 37, n. 2, maio/ago. 2017 (adaptado).

A manifestação artística expressa na imagem e apresentada no texto integra um movimento contemporâneo de  A. regulação das relações sociais.  B. apropriação dos espaços públicos. PICASSO, P. Cabeça de touro. Bronze, 33,5 cm x 43,5 cm x 19 cm. Musée Picasso, Paris. França, 1945.

JANSON, H. W. Iniciação à história da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1988.

Na obra Cabeça de touro, o material descartado torna-se objeto de arte por meio da

 C. padronização das culturas urbanas.  D. valorização dos formalismos estéticos.  E. revitalização dos patrimônios históricos.

36

(ENEM 2019 AR)

 A. reciclagem da matéria-prima original.  B. complexidade da combinação de formas abstratas.  C. perenidade dos elementos que constituem a escultura.  D. mudança da funcionalidade pela integração dos objetos.  E. fragmentação da imagem no uso de elementos diversificados.

“Nossa cultura não cabe nos seus museus”.

35

(ENEM 2019 AR)

TOLENTINO, A. B. Patrimônio cultural e discursos museológicos. Midas, n. 6, 2016.

Produzida no Chile, no final da década de 1970, a imagem expressa um conflito entre culturas e sua presença em museus decorrente da  A. valorização do mercado das obras de arte.  B. definição dos critérios de criação de acervos.  C. ampliação da rede de instituições de memória.  D. burocratização do acesso dos espaços expositivos.  E. fragmentação dos territórios das comunidades representadas.

191

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

34

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2019 PPL)

37

Em suas produções, nem o olho nem o ouvido são capazes de encontrar um ponto fixo no qual se concentrarem. O espectador das peças de Foreman é bombardeado por uma multiplicidade de eventos visuais e auditivos. No nível visual, há contínuas mudanças da forma geométrica do palco, mesmo dentro de um ato. A iluminação também muda continuamente; suas transformações podem ocorrer com lentidão ou rapidez e podem afetar o palco e a plateia: os espectadores podem de súbito se ver banhados de luz quando os canhões são voltados para eles sem aviso. Quanto ao som, tudo é gravado: buzinas de carros, sirenes, apitos, trechos de jazz, bem como o próprio diálogo. O roteiro é fragmentado, composto de frases curtas, aforísticas, desconectadas.

No contexto da arte contemporânea, o texto da autora Anne Cauquelin reflete ações que explicitam  A. métodos utilizados pelo mercado de arte.  B. investimentos realizados por mecenas.  C. interesses do consumidor de arte.  D. práticas cotidianas do artista.  E. fomentos públicos à cultura.

(ENEM 2019 AR)

39

TEXTO I

DURAND, R. In: CONNOR, S. Cultura pós-moderna: introdução às teorias do contemporâneo. São Paulo: Loyola, 1992 (adaptado).

A descrição, que referencia o Teatro Ontológico-Histérico do dramaturgo estadunidense Richard Foreman, representa uma forma de fazer teatro marcada pela  A. subversão aos elementos tradicionais da narrativa teatral.  B. visão idealizada do mundo na construção de uma narrativa onírica.

Fotografia em preto e branco de músico da cultura lupa (norte de Angola) tocando uma kalimba ou lamelofone. INTERNATIONAL Library of African Music, Angola. Disponível em: http://keywordsuggest.org. Acesso em: 18 ago. 2017.

 C. representação da vida real, aproximando-se de uma verdade histórica.  D. adaptação aos novos valores da burguesia fre-

TEXTO II

quentadora de espaços teatrais.  E. valorização espetacular do ideal humano, retomando o princípio do Classicismo grego.

38

(ENEM 2019 PPL)

Para que a passagem da produção ininterrupta de novidade a seu consumo seja feita continuamente, há necessidade de mecanismos, de engrenagens. Uma espécie de grande máquina industrial, incitante, tentacular, entra em ação. Mas bem depressa a simples lei da oferta e da procura segundo as necessidades não vale mais: é preciso excitar a demanda, excitar o acontecimento, provocá-lo, espicaçá-lo, fabricá-lo, pois a modernidade se alimenta disso. CAUQUELIN, A. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005 (adaptado).

192

DEBRET, J.-B. Disponível em: http://koyre.ehess.fr. Acesso em: 18 ago. 2017.

O instrumento feito de lâminas metálicas e cabaça é comum a manifestações musicais na África e no Brasil. Nos textos, apesar de figurarem em contextos geográficos separados pelo Oceano Atlântico e terem cerca de um século de distanciamento temporal, a semelhança do instrumento demonstra a

negros escravizados.  B. influência da cultura africana na construção da musicalidade brasileira.  C. condição de colônia europeia comum ao Brasil e grande parte da África.  D. escassez de variedade de instrumentos musicais relacionados à cultura africana.  E. importância de registros artísticos na difusão e manutenção de uma tradição musical.

40

(ENEM 2019 PPL)

Para dar conta do movimento histórico do processo de inserção dos povos indígenas em contextos urbanos, cuja memória reside na fala dos seus sujeitos, foi necessário construir um método de investigação, baseado na História Oral, que desvelasse essas vivências ainda não estudadas pela historiografia, bem como as conflitivas relações de fronteira daí decorrentes. A partir da história oral foi possível entender a dinâmica de deslocamento e inserção dos índios urbanos no contexto da sociedade nacional, bem como perceber os entrelugares construídos por estes grupos étnicos na luta pela sobrevivência e no enfrentamento da sua condição de invisibilidade. MUSSI, P. L. V. Tronco velho ou ponta da rama? A mulher indígena terena nos entrelugares da fronteira urbana. Patrimônio e Memória, n. 1, 2008.

O uso desse método para compreender as condições dos povos indígenas nas áreas urbanas brasileiras justifica-se por  A. focalizar a empregabilidade de indivíduos carentes de especialização técnica.  B. permitir o recenseamento de cidadãos ausentes das estatísticas oficiais.  C. neutralizar as ideologias de observadores imbuídos de viés acadêmico.  D. promover o retorno de grupos apartados de suas nações de origem.  E. registrar as trajetórias de sujeitos distantes das práticas de escrita.

41

(ENEM 2019 PPL)

Uma privatização do espaço maior do que aquela proporcionada pelo quarto evidencia-se cada vez mais nos séculos XVII e XVIII. Como as ruelles [espaço entre a cama e a parede], as alcovas são espaços além do leito, longe da porta que dá acesso à sala (ou à antecâmara, nas casas da elite). Thomas Jefferson, tecnólogo do estilo século XVIII, mandou construir uma parede em torno de sua cama a fim de fechar completamente o pequeno cômodo além do leito — cômodo no qual só ele podia entrar, descendo da cama do lado da ruelle. RANUM, O. Os refúgios da intimidade. In: CHARTIER, R. (Org.). História da vida privada: da Renascença ao Século das Luzes. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).

A partir do século XVII, a história da casa, que foi se modificando para atender aos novos hábitos dos indivíduos, provocou o(a)  A. ampliação dos recintos.  B. iluminação dos corredores.  C. desvalorização da cozinha.  D. embelezamento dos jardins.  E. especialização dos aposentos.

42

(ENEM 2019 PPL)

O frevo é uma forma de expressão musical, coreográfica e poética, enraizada no Recife e em Olinda, no estado de Pernambuco. O frevo é formado pela grande mescla de gêneros musicais, danças, capoeira e artesanato. É uma das mais ricas expressões da inventividade e capacidade de realização popular na cultura brasileira. Possui a capacidade de promover a criatividade humana e também o respeito à diversidade cultural. No ano de 2012, a Unesco proclamou o frevo como Patrimônio Imaterial da Humanidade. PORTAL BRASIL. Disponível em: www.brasil.gov.br. Acesso em: 10 fev. 2013.

A característica da manifestação cultural descrita que justifica a sua condição de Patrimônio Imaterial da Humanidade é a  A. conversão dos festejos em produto da elite.  B. expressão de sentidos construídos coletivamente.  C. dominação ideológica de um grupo étnico sobre outros.  D. disseminação turística internacional dos eventos festivos.  E. identificação de simbologias presentes nos monumentos artísticos.

193

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

 A. vinculação desses instrumentos com a cultura dos

LEITURA ESTRATÉGICA

43

(ENEM 2019 PPL)

45

É amplamente conhecida a grande diversidade gastronômica da espécie humana. Frequentemente, essa diversidade é utilizada para classificações depreciativas. Assim, no início do século, os americanos denominavam os franceses de “comedores de rãs”. Os índios kaapor discriminam os timbiras chamando-os pejorativamente de “comedores de cobra”. E a palavra potiguara pode significar realmente “comedores de camarão”. As pessoas não se chocam apenas porque as outras comem coisas variadas, mas também pela maneira que agem à mesa. Como utilizamos garfos, surpreendemo-nos com o uso dos palitos pelos japoneses e das mãos por certos segmentos de nossa sociedade. LARAIA, R. Cultura: um conceito antropológico. São Paulo: Jorge Zahar, 2001 (adaptado).

O processo de estranhamento citado, com base em um conjunto de representações que grupos ou indivíduos formam sobre outros, tem como causa o(a)

(ENEM 2019 PPL)

Quanto mais a vida social se torna mediada pelo mercado global de estilos, lugares e imagens, pelas viagens internacionais, pelas imagens da mídia e pelos sistemas de comunicação interligados, mais as identidades se tornam desvinculadas — desalojadas — de tempos, lugares, histórias e tradições específicos e parecem “flutuar livremente”. Somos confrontados por uma gama de diferentes identidades (cada qual nos fazendo apelos, ou melhor, fazendo apelos a diferentes partes de nós), dentre as quais parece possível fazer uma escolha. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.

Do ponto de vista conceitual, a transformação identitária descrita resulta na constituição de um sujeito  A. altruísta.  B. dependente.  C. nacionalista.

 A. reconhecimento mútuo entre povos.

 D. multifacetado.

 B. etnocentrismo recorrente entre populações.

 E. territorializado.

 C. comportamento hostil em zonas de conflito.  D. constatação de agressividade no estado de natureza.  E. transmutação de valores no contexto da modernidade.

44

(ENEM 2019 PPL)

(ENEM 2019 PPL)

A população africana residente nesta província, bem como a de todo o Império, compõe-se de indivíduos de diferentes lugares da África que variam em costumes e religiões; a que aqui segue o maometismo, à qual pertencemos, é uma população pequena, porém, distinta entre si, e notando a necessidade de sustentarmos nosso culto e fundados ainda no artigo 5º da Constituição do Império, requeremos ao sr. chefe de polícia licença para exercermos o culto. REIS, J. J.; GOMES, F. S.; CARVALHO, M. J. M. O Alufá Rufino: tráfico, escravidão e liberdade no Atlântico negro (1822-1853). São Paulo: Cia. das Letras, 2010

A cidade

(adaptado).

E a situação sempre mais ou menos, Sempre uns com mais e outros com menos. A cidade não para, a cidade só cresce O de cima sobe e o de baixo desce. CHICO SCIENCE e Nação Zumbi. In: Da lama ao caos. Rio de Janeiro: Chaos; Sony Music, 1994 (fragmento).

A letra da canção do início dos anos 1990 destaca uma questão presente nos centros urbanos brasileiros que se refere ao(à)  A. déficit de transporte público.  B. estagnação do setor terciário.  C. controle das taxas de natalidade.  D. elevação dos índices de criminalidade.  E. desigualdade da distribuição de renda.

194

46

O pedido de um grupo de africanos de Recife ao chefe de polícia local tinha como objetivo, naquele contexto,  A. criticar a doutrina oficial.  B. professar uma fé alternativa.  C. assegurar a cidadania política.  D. legalizar os terreiros de candomblé.  E. eliminar algumas tradições culturais.

(ENEM 2018 AR)

48

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

47

(ENEM 2018 AR)

TEXTO I

ALMEIDA, H. Dentro de mim, 2000. Fotografia p/b. 132 cm x 88 cm. Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

TEXTO II A body art põe o corpo tão em evidência e o submete a experimentações tão variadas, que sua influência estende-se aos dias de hoje. Se na arte atual as possibilidades de investigação do corpo parecem ilimitadas — pode-se escolher entre representar, apresentar, ou ainda apenas evocar o corpo — isso ocorre graças ao legado dos artistas pioneiros. SILVA, P R. Corpo na arte, body art, body modification: fronteiras. II Encontro de História da Arte: IFCH-Unicamp, 2006 (adaptado).

Nos textos, a concepção de body art está relacionada à intenção de  A. estabelecer limites entre o corpo e a composição.  B. fazer do corpo um suporte privilegiado de expressão.  C. discutir políticas e ideologias sobre o corpo como arte.  D. compreender a autonomia do corpo no contexto da obra.  E. destacar o corpo do artista em contato com o espectador.

ROSA, R. Grande sertão: veredas: adaptação da obra de João Guimarães Rosa. São Paulo: Globo, 2014 (adaptado).

A imagem integra uma adaptação em quadrinhos da obra Grande sertão: veredas, de Guimarães Rosa. Na representação gráfica, a inter-relação de diferentes linguagens caracteriza-se por  A. romper com a linearidade das ações da narrativa literária.  B. ilustrar de modo fidedigno passagens representativas da história.  C. articular a tensão do romance à desproporcionalidade das formas.  D. potencializar a dramaticidade do episódio com recursos das artes visuais.  E. desconstruir a diagramação do texto literário pelo desequilíbrio da composição.

195

LEITURA ESTRATÉGICA

49

(ENEM 2018 AR)

50

(ENEM 2018 AR)

TEXTO I Também chamados impressões ou imagens fotogramáticas […], os fotogramas são, numa definição genérica, imagens realizadas sem a utilização da câmera fotográfica, por contato direto de um objeto ou material com uma superfície fotossensível exposta a uma fonte de luz. Essa técnica, que nasceu junto com a fotografia e serviu de modelo a muitas discussões sobre a ontologia da imagem fotográfica, foi profundamente transformada pelos artistas da vanguarda, nas primeiras décadas do século XX. Representou mesmo, ao lado das colagens, fotomontagens e outros procedimentos técnicos, a incorporação definitiva da fotografia à arte moderna e seu distanciamento da representação figurativa. COLUCCI, M. B. Impressões fotogramáticas e vanguardas: as experiências de Man Ray. Studium, n. 2, 2000.

TEXTO II

Fotografia: LUCAS HALLEL. Disponível em: www.flickr.com. Acesso em: 16 abr. 2018 (adaptado).

O grupo O Teatro Mágico apresenta composições autorais que têm referências estéticas do rock, do pop e da música folclórica brasileira. A originalidade dos seus shows tem relação com a ópera europeia do século XIX a partir da  A. disposição cênica dos artistas no espaço teatral.  B. integração de diversas linguagens artísticas. Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 18 abr. 2018 (adaptado).

No fotograma de Man Ray, o “distanciamento da representação figurativa” a que se refere o Texto I manifesta-se na  A. ressignificação do jogo de luz e sombra, nos moldes surrealistas.  B. imposição do acaso sobre a técnica, como crítica à arte realista.  C. composição experimental, fragmentada e de contornos difusos.  D. abstração radical, voltada para a própria linguagem fotográfica.  E. imitação de formas humanas, com base em diferentes objetos.

196

 C. sobreposição entre música e texto literário.  D. manutenção de um diálogo com o público.  E. adoção de um enredo como fio condutor.

TEXTO I

52

(ENEM 2018 AR)

TEXTO I

GRIMBERG, N. Estrutura vertical dupla. Disponível em: www.normagrimberg.com.br. Acesso em: 13 dez. 2017.

TEXTO II

BRACCO, A; LOSCHI, M. Quando rotas se tornam arte. Retratos: a revista do IBGE. Rio de Janeiro, n. 3, set. 2017 (adaptado).

TEXTO II Stephen Lund, artista canadense, morador em Victoria, capital da Colúmbia Britânica (Canadá), transformou-se em fenômeno mundial produzindo obras de arte virtuais pedalando sua bike. Seguindo rotas traçadas com o auxílio de um dispositivo de GPS, ele calcula ter percorrido mais de 10 mil quilômetros. Disponível em: www.booooooom.com. Acesso em: 9 dez. 2017 (adaptado). Urna cerimonial marajoara. Cerâmica. 1400 a 400 a.C. 81 cm. Museu Nacional do Rio de Janeiro. Disponível em: www.museunacional.ufrj.br. Acesso em: 11 dez. 2017

As duas imagens são produções que têm a cerâmica como matéria-prima. A obra Estrutura vertical dupla se distingue da urna funerária marajoara ao  A. evidenciar a simetria na disposição das peças.

Os textos destacam a inovação artística proposta por Stephen Lund a partir do(a)  A. deslocamento das tecnologias de suas funções habituais.  B. perspectiva de funcionamento do dispositivo de GPS.

 B. materializar a técnica sem função utilitária.

 C. ato de guiar sua bicicleta pelas ruas da cidade.

 C. abandonar a regularidade na composição.

 D. análise dos problemas de mobilidade urbana.

 D. anular possibilidades de leituras afetivas.

 E. foco na promoção cultural da sua cidade.

 E. integrar o suporte em sua constituição.

197

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

(ENEM 2018 AR)

51

LEITURA ESTRATÉGICA

53

(ENEM 2018 AR)

FIGURA I

CALAINHO, D. B. Feitiços e feiticeiros. In: FIGUEIREDO, L. História do Brasil para ocupados. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013 (adaptado).

A prática histórico-cultural de matriz africana descrita no texto representava um(a)  A. expressão do valor das festividades da população pobre.  B. ferramenta para submeter os cativos ao trabalho forçado.  C. estratégia de subversão do poder da monarquia portuguesa.  D. elemento de conversão dos escravos ao catolicismo romano.

FIGURA II

 E. instrumento para minimizar o sentimento de desamparo social.

55

(ENEM 2018 PPL)

Esse ônibus relaciona-se ao ato praticado, em 1955, por Rosa Parks, apresentada em fotografia ao lado de Martin Luther King. O veículo alcançou o estatuto de obra museológica por simbolizar o(a)  A. impacto do medo da corrida armamentista.  B. democratização do acesso à escola pública.  C. preconceito de gênero no transporte coletivo.  D. deflagração do movimento por igualdade civil.  E. eclosão da rebeldia no comportamento juvenil.

54

Os azulejos das fachadas do centro histórico de São Luís (MA) integram o patrimônio cultural da humanidade reconhecido pela Unesco. A técnica artística utilizada para a produção desses revestimentos advém das

(ENEM 2018 AR)

Outra importante manifestação das crenças e tradições africanas na Colônia eram os objetos conhecidos como “bolsas de mandinga”. A insegurança tanto física como espiritual gerava uma necessidade generalizada de proteção: das catástrofes da natureza, das doenças, da má sorte, da violência dos núcleos urbanos, dos roubos, das brigas, dos malefícios de feiticeiros etc. Também para trazer sorte, dinheiro e até atrair mulheres, o costume era corrente nas primeiras décadas do século XVIII, envolvendo não apenas escravos, mas também homens brancos.

198

Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: 11 mar. 2016.

 A. confluências de diferentes saberes do Oriente Médio e da Europa.  B. adequações para aproveitamento da mão de obra local.  C. inovações decorrentes da Revolução Industrial.  D. influências das culturas francesa e holandesa.  E. descobertas de recursos naturais na Colônia.

(ENEM 2018 PPL)

57

(ENEM 2018 PPL)

TEXTO I

ERNESTO NETO. Dancing on the Cutting Edge. Instalação interativa, 2004. Disponível em: http://dailyserving.com. Acesso em: 29 nov. 2013.

TEXTO II KIM, L. Cry me a river. Instalação com camisas de força, pia, baldes, torneira, espelho, lâmpada, 2001. CANTON, K. As nuances da cidade. Bravo!, n. 54, mar. 2002.

A imagem reproduz a instalação da paulista Lina Kim, apresentada na 25ª Bienal de São Paulo em março de 2002. Nessa obra, a artista se utiliza de elementos dispostos num determinado ambiente para propor que o observador reconheça o(a)  A. recusa à representação dos problemas sociais.  B. questionamento do que seja razão.  C. esgotamento das estéticas recentes.  D. processo de racionalização inerente à arte contemporânea  E. ruptura estética com movimentos passados.

Os artistas, liberados do peso da história, ficavam livres para fazer arte da maneira que desejassem ou mesmo sem nenhuma finalidade. Essa é a marca da arte contemporânea, e não é para menos que, em contraste com o Modernismo, não existe essa coisa de estilo contemporâneo. DANTO, A. Após o fim da arte: a arte contemporânea e os limites da história. São Paulo: Odysseus, 2006.

A obra de Ernesto Neto revela a liberdade de criação abordada no texto ao  A. destacar o papel da arte na valorização da sustentabilidade.  B. romper com a estrutura dos referenciais estéticos contemporâneos.  C. envolver o espectador ao promover sua interação com a obra.  D. reproduzir no espaço da galeria um fragmento da realidade.  E. utilizar a linearidade de estilos artísticos anteriores.

199

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

56

LEITURA ESTRATÉGICA

58

(ENEM 2018 PPL)

TEXTO I

Observando-se as imagens (Textos I e II), o paradoxo apontado por Rodin (Texto III) procede e cria uma maneira original de perceber a relação entre a arte e a técnica, porque o(a)  A. fotografia é realista na captação da sensação do movimento.  B. pintura explora os sentimentos do artista e não tem um caráter científico.  C. fotógrafo faz um estudo sobre os movimentos e consegue captar a essência da sua representação.  D. pintor representa de forma equivocada as patas dos cavalos, confundindo nossa noção de realida-

MUYBRIDGE, E. Cavalo em movimento. Fotografia. Universidade do Texas, Austin, cerca de 1886. Disponível em: www.utexasaustin.edu. Acesso em: 31 ago. 2016 (adaptado).

TEXTO II

de.  E. pintura inverte a lógica comumente aceita de que a fotografia faz um registro objetivo e fidedigno da realidade.

59

(ENEM 2018 PPL)

TEXTO I

TEXTO III A arte pode estar, às vezes, muito mais preparada do que a ciência para captar o devir e a fluidez do mundo, pois o artista não quer manipular, mas sim “habitar” as coisas. O famoso artista francês Rodin, no seu livro L’Art (A Arte, 1911), comenta que a técnica de fotografia em série, mostrando todos os momentos do galope de um cavalo em diversos quadros, apesar de seu grande realismo, não é capaz de capturar o movimento. O corpo do animal é fotografado em diferentes posições, mas ele não parece estar galopando: “na imagem científica [fotográfica], o tempo é suspenso bruscamente”. Para Rodin, um pintor é capaz, em única cena, de nos transmitir a experiência de ver um cavalo de corrida, e isso porque ele representa o animal em um movimento ambíguo, em que os membros traseiros e dianteiros parecem estar em instantes diferentes. Rodin diz que essa exposição talvez seja logicamente inconcebível, mas é paradoxalmente muito mais adequada à maneira como o movimento se dá: “o artista é verdadeiro e a fotografia mentirosa, pois na realidade o tempo não para”. FEITOSA, C. Explicando a filosofia com arte. Rio de Janeiro: Ediouro, 2004.

200

ATAÍDE, M. C. Coroação de Nossa Senhora de Porciúncula. Detalhe da pintura do forro da nave da Igreja de São Francisco de Assis de Ouro Preto. 1801-12. Disponível em: http://enciclopedia.itaucultural.org.br. Acesso em: 30 out. 2015.

TEXTO II

Manuel da Costa Ataíde (Mariana, MG, 1762-1830), assim como os demais artistas do seu tempo, recorria a bíblias e a missais impressos na Europa como ponto de partida para a seleção iconográfica das suas composições, que então recriava com inventiva liberdade. Se Mário de Andrade houvesse conseguido a oportunidade de acesso aos meios de aproximação ótica da pintura dos forros de Manuel da Costa Ataíde, imaginamos como não teria vibrado com o mulatismo das figuras do mestre marianense, ratificando, ao lado de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, a sua percepção pioneira de um surto de racialidade brasileira em nossa terra, em pleno século XVIII.

O Texto II destaca a inovação na representação artística setecentista, expressa no Texto I pela  A. reprodução de episódios bíblicos.  B. retratação de elementos europeus.  C. valorização do sincretismo religioso.  D. recuperação do antropocentrismo clássico.  E. incorporação de características identitárias.

60

(ENEM 2018 PPL)

Muitos trabalhos recentes de arte digital não consistem mais em objetos puros e simples, que se devem admirar ou analisar, mas em campos de possibilidades, programas geradores de experiências estéticas potenciais. Se já era difícil decidir sobre a paternidade de um produto da cultura técnica, visto que ela oscilava entre a máquina e os vários sujeitos que a manipulam, a tarefa agora torna-se ainda mais complexa. Se quisermos complicar ainda mais o esquema da criação nos objetos artísticos produzidos com meios tecnológicos, poderíamos incluir também aquele que está na ponta final do processo e que foi conhecido pelos nomes (hoje inteiramente inapropriados) de espectadores, ouvintes ou leitores: numa palavra, os receptores de produtos culturais. MACHADO, A. Máquina e imaginário: o desafio das poéticas tecnológicas. São Paulo: Edusp, 1993 (adaptado).

O autor demonstra a crise que os meios digitais trazem para questões tradicionais da criação artística, particularmente, para a autoria. Essa crise acontece porque, atualmente, além de clicar e navegar, o público  A. analisa o objeto artístico.  B. anula a proposta do autor.  C. assume a criação da obra.  D. interfere no trabalho de arte.  E. impede a atribuição de autoria.

61

(ENEM 2018 PPL)

Frevo Nino Pernambuquinho É o frevo Arrastando a multidão, fervendo. É na ponta do pé e no calcanhar É no calcanhar e na ponta do pé com a direita É na ponta do pé e no calcanhar com a esquerda Saci-pererê, saci-pererê com a direita Saci-pererê com a esquerda Girando, girando, girando no girassol É o frevo no pé e a sombrinha no ar. É na ponta do pé e no calcanhar Pisando em brasa Pisando em brasa porque o chão está pegando fogo Na Avenida Guararapes Arrastando o Galo da Madrugada Olha a tesoura, para cortar todos os males. É o frevo no pé e a sombrinha no ar. DUDA. Perré-bumbá. Recife: Gravadora Independente, 1998 (fragmento

).

A letra da canção apresenta o frevo como uma expressão da cultura corporal que pode ser reconhecida por meio da descrição de  A. diversos ritmos.  B. diferentes passos.  C. distintos adereços.  D. vários personagens.  E. uso de instrumentos.

62

(ENEM 2018 PPL)

O ponto de partida para o nascimento de uma cozinha brasileira foi o livro de receitas Cozinheiro Imperial, de 1840. Estimulava a nobreza e os ricos a acrescentarem ingredientes e pratos locais em suas festas. A princesa Isabel comemorou as bodas de prata com um banquete no qual foram servidos bolo de mandioca e canja à brasileira. RIBEIRO, M. Fome imperial: Dom Pedro II não era um gourmet, mas ajudou a dar forma à gastronomia brasileira. Aventuras na História, mar. 2014 (adaptado).

O uso da culinária popular brasileira, no contexto apresentado, colaborou para  A. enfraquecer as elites agrárias.  B. romper os laços coloniais.  C. reforçar a religião católica.  D. construir a identidade nacional.  E. humanizar o regime escravocrata.

201

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

FROTA, L. C. Ataíde: vida e obra de Manuel da Costa Ataíde. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2018 PPL)

63

TEXTO I É da maior utilidade saber falar de modo a persuadir e conter o arrebatamento dos espíritos desviados pela doçura da sua eloquência. Foi com este fim que me apliquei a formar uma biblioteca. Desde há muito tempo em Roma, em toda a Itália, na Germânia e na Bélgica, gastei muito dinheiro para pagar a copistas e livros, ajudado em cada província pela boa vontade e solicitude dos meus amigos. GEBERTO DE AURILLAC. Lettres. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.

(ENEM 2018 PPL)

64

Os próprios senhores de engenho eram uns gulosos de doce e de comidas adocicadas. Houve engenho que ficou com o nome de “Guloso”. E Manuel Tomé de Jesus, no seu Engenho de Noruega, antigo dos Bois, vivia a encomendar doces às doceiras de Santo Antão; vivia a receber presentes de doces de seus compadres. Os bolos feitos em casa pelas negras não chegavam para o gasto. O velho capitãomor era mesmo que menino por alfenim e cocada. E como estava sempre hospedando frades e padres no seu casarão de Noruega, tinha o cuidado de conservar em casa uma opulência de doces finos. FREYRE, G. Nordeste: aspectos da influência da cana sobre a vida e a paisagem do

TEXTO II Eu não sou doutor nem sequer sei do que trata esse livro; mas, como a gente tem que se acomodar às exigências da boa sociedade de Córdova, preciso ter uma biblioteca. Nas minhas prateleiras tenho um buraco exatamente do tamanho desse livro e como vejo que tem uma letra e encadernação muito bonitas, gostei dele e quis comprá-lo. Por outro lado, nem reparei no preço. Graças a Deus sobra-me dinheiro para essas coisas. AL HADRAMI. Século X. Apud PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. A Península Ibérica entre o Oriente e o Ocidente: cristãos, judeus e muçulmanos. São Paulo: Atual, 2002.

Nesses textos do século X, percebem-se visões distintas sobre os livros e as bibliotecas em uma sociedade marcada pela  A. difusão da cultura favorecida pelas atividades urbanas.  B. laicização do saber, que era facilitada pela educação nobre.  C. ampliação da escolaridade realizada pelas corporações de ofício.  D. evolução da ciência que era provocada pelos intelectuais bizantinos.  E. publicização das escrituras, que era promovida pelos sábios religiosos.

202

Nordeste do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985 (adaptado).

O texto relaciona-se a uma prática do Nordeste oitocentista que está evidenciada em:  A. Produção familiar de bens para festejar as datas religiosas.  B. Fabricação escrava de alimentos para manter o domínio das elites.  C. Circulação regional de produtos para garantir as trocas metropolitanas.  D. Criação artesanal de iguarias para assegurar as redes de sociabilidade.  E. Comercialização ambulante de quitutes para reproduzir a tradição portuguesa.

(ENEM 2017 AR)

A

Alfred Kubin, representante do Expressionismo.

B

Henri Matisse, representante do Fauvismo. Bailarina deitada, Henri Matisse.

C

Diego Rivera, representante do Muralismo. Mineiro, Diego Rivera.

D

Pablo Picasso, representante do Cubismo. Retrato de Igor Stravinsky, Pablo Picasso

E

René Magritte, representante do Surrealismo. Os amantes, René Magritte.

Sonho e desarranjo, Alfred Kubin.

TEXTO I

GOELDI, O. Sem título. Bico de pena, 29,4 x 24 cm. Coleção Ary Ferreira Macedo, circa 1940. Disponível em: https://revistacontemporartes.blogspot.com.br. Acesso em: 10 dez. 2012.

TEXTO II Na sua produção, Goeldi buscou refletir seu caminho pessoal e político, sua melancolia e paixão sobre os intensos aspectos mais latentes em sua obra, como: cidades, peixes, urubus, caveiras, abandono, solidão, drama e medo. ZULIETTI, L. F. Goeldi: da melancolia ao inevitável. Revista de Arte, Mídia e Política. Acesso em: 24 abr. 2017 (adaptado).

O gravador Oswaldo Goeldi recebeu influências de um movimento artístico europeu do início do século XX, que apresenta as características reveladas nos traços da obra de

203

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

65

LEITURA ESTRATÉGICA

66

(ENEM 2017 AR)

(ENEM 2017 AR)

67

Segundo quadro Uma sala da prefeitura. O ambiente é modesto. Durante a mutação, ouve-se um dobrado e vivas a Odorico, “viva o prefeito” etc. Estão em cena Dorotéa, Juju, Dirceu, Dulcinéa, o vigário e Odorico. Este último, à janela, discursa. ODORICO – povo sucupirano! Agoramente já investido no cargo de Prefeito, aqui estou para receber a confirmação, a ratificação, a autenticação e por que não dizer a sagração do povo que me elegeu. Aplausos vêm de fora.

ERNESTO NETO. Dengo. 2010. MAM-SP, 2010.

ODORICO – eu prometi que meu primeiro ato como prefeito seria ordenar a construção do cemitério. Aplausos, aos quais se incorporam as personagens em cena. ODORICO – (continuando o discurso:) Botando de lado os entretantos e partindo pros finalmente, é uma alegria poder anunciar que prafrentemente vocês já poderão morrer descansados, tranquilos e desconstrangidos, na certeza de que vão ser sepultados aqui mesmo, nesta terra morna e cheirosa de Sucupira. E quem votou em mim, basta dizer isso ao padre na hora da extrema-unção, que tem enterro e cova de graça, conforme o prometido. GOMES, D. O bem amado, Rio de Janeiro, Ediouro, 2012.

O gênero peça teatral tem o entretenimento como uma de suas funções. Outra função relevante do gênero, explícita nesse trecho de O bem amado, é  A. criticar satiricamente o comportamento de pessoas públicas.  B. denunciar a escassez de recursos públicos nas prefeituras do interior.  C. censurar a falta de domínio da língua padrão em eventos sociais.  D. despertar a preocupação da plateia com a expectativa de vida dos cidadãos.  E. questionar o apoio irrestrito de agentes públicos aos gestores governamentais

204

Disponível em: https://espaçohumus.com. Acesso em: 25 abr. 2017

.

A instalação Dengo transformou a sala do MAM-SP em um ambiente singular, explorando como principal característica artística a  A. participação do público na interação lúdica com a obra.  B. distribuição de obstáculos no espaço da exposição.  C. representação simbólica de objetos oníricos.  D. interpretação subjetiva da lei da gravidade.  E. valorização de técnicas de artesanato.

68

TEXTO I

(ENEM 2017 AR)

Speto Paulo César Silva, mais conhecido como Speto, é um grafiteiro paulista envolvido com o skate e a música. O fortalecimento de sua arte ocorreu, em 1999, pela oportunidade de ver de perto as referências que trazia há tempos, ao passar por diversas cidades do Norte do Brasil em uma turnê com a banda O Rappa Revista Zupi, n. 19, 2010

O grafite do artista paulista Speto, exposto no Museu Afro Brasil, revela elementos da cultura brasileira reconhecidos  A. na influência da expressão abstrata.  B. na representação de lendas nacionais.  C. na inspiração das composições musicais.  D. nos traços marcados pela xilogravura nordestina.  E. nos usos característicos de grafismos dos skates.

No verão de 1954, o artista Robert Rauschenberg (n.1925) criou o termo combine para se referir a suas novas obras que possuíam aspectos tanto da pintura como da escultura. Em 1958, Cama foi selecionada para ser incluída em uma exposição de jovens artistas americanos e italianos no Festival dos dois Mundos em Spoleto, na Itália. Os responsáveis pelo festival, entretanto, se recusaram a expor a obra e a removeram para um depósito. Embora o mundo da arte debatesse a inovação de se pendurar uma cama numa parede, Rauschenberg considerava sua obra “um dos quadros mais acolhedores que já pintei, mas sempre tive medo de que alguém quisesse se enfiar nela”. DEMPSEY, A. Estilos, escolas e movimentos: guia enciclopédico da arte moderna. São Paulo: Cosac e Naify, 2003.

A obra de Rauschenberg chocou o público na época em que foi feita, e recebeu forte influência de um movimento artístico que se caracterizava pela  A. dissolução das tonalidades e dos contornos, revelando uma produção rápida.  B. exploração insólita de elementos do cotidiano, dialogando com os ready-mades.  C. repetição exaustiva de elementos visuais, levando

69

(ENEM 2017 AR)

à simplificação máxima da composição.  D. incorporação das transformações tecnológicas, valorizando o dinamismo da vida moderna.  E. geometrização das formas, diluindo os detalhes sem se preocupar com a fidelidade ao real.

RAUSCHENBERG, R. Cama. Óleo e lápis em travesseiro, colcha e folha em suporte de madeira. 191,1cm x 20,3cm. Museu de Arte Moderna Moderna de Nova York, 1995. Disponível em: www.moma.org. Acesso em: 8 de jun. 2017.

205

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

TEXTO II

TEXTO II

LEITURA ESTRATÉGICA

70

(ENEM 2017 AR)

71

(ENEM 2017 AR)

Figura 1 Recorte fotográfico de Maria Bonita, década de 1930.

Fotografia de Augusto Gomes Leal e da ama de leite Mônica, cartão de visita de 1860. KOUTSOUKOS, S. S. M. Amas mercenárias: o discurso dos doutores em medicina e os retratos de amas — Brasil, segunda metade do século XIX. História, Ciência, Saúde-Manguinhos, 2009. Disponível em: http://dx.doi.org. Acesso em: 8 maio 2013.

A fotografia, datada de 1860, é um indício da cultura escravista no Brasil, ao expressar a  A. ambiguidade do trabalho doméstico exercido pela

ABRAÃO, B. Disponível em: www.brasilcult.pro.br. Acesso em: 18 maio 2013.

Figura 2 Traje de coleção de Zuzu Angel.

ama de leite, desenvolvendo uma relação de proximidade e subordinação em relação aos senhores.  B. integração dos escravos aos valores das classes médias, cultivando a família como pilar da sociedade imperial.  C. melhoria das condições de vida dos escravos observada pela roupa luxuosa, associando o trabalho doméstico a privilégios para os cativos.  D. esfera da vida privada, centralizando a figura feminina para afirmar o trabalho da mulher na educação letrada dos infantes.  E. distinção étnica entre senhores e escravos, demarcando a convivência entre estratos sociais como meio para superar a mestiçagem. ABRAÃO, B. Disponível em: www.brasilcult.pro.br. Acesso em: 18 maio 2013.

206

 A. valorização de uma representação tradicional da mulher.  B. descaracterização de referências do folclore nordestino.  C. fusão de elementos brasileiros à moda da Europa.  D. massificação do consumo de uma arte local.  E. criação de uma estética de resistência.

72

(ENEM 2017 PPL)

73

(ENEM 2017 PPL)

Inspiração no lixo O paulistano Jaime Prades, um dos precursores do grafite e da arte urbana, chegou ao lixo por sua intensa relação com as ruas de São Paulo. “A partir da década de 1980, passei a perceber o desastre que é a ecologia urbana. Quando a gente fala em questão ambiental, sempre se refere à natureza, mas a crise ambiental urbana é forte”, diz Prades. Inspirado pela obra de Frans Krajcberg, há quatro anos Jaime Prades decidiu construir uma árvore gigante no Parque do Ibirapuera ou em outro local público, feita com sobras de madeira garimpadas em caçambas. “Elas são como os intestinos da cidade, são vísceras expostas”, conta Prades. “Percebi que cada pedaço de madeira carregava a memória da árvore de onde ela veio. Percebi que não estava só reciclando, e sim resgatando”. Sua árvore gigante ainda não vingou, mas a ideia evoluiu. Agora, ele pretende criar uma plataforma na internet para estimular outros artistas a fazer o mesmo. “Teríamos uma floresta virtual planetária, na qual se colocariam essas questões de forma poética, criando uma discussão enriquecedora.” VIEIRA, A. National Geographic Brasil, n. 65-A, 2015.

O texto tematiza algumas transformações das funções da arte na atualidade. No trabalho citado, do artista Jaime Prades, considera-se a  A. reflexão sobre a responsabilidade ambiental do homem.  B. valorização da poética em detrimento do conteúdo. CARVALHO, F. R. New Look, Experiência n. 3, 1956.

Disponível em: www.carbonoquatorze.com.br. Acesso em: 3 mar. 2012.

 C. preocupação com o belo encontrado na natureza.  D. percepção da obra como suporte da memória.  E. reutilização do lixo como forma de consumo.

Em 1956, o artista Flávio de Resende Carvalho desfilou pela Avenida Paulista com o traje New Look, uma proposta tropical para o guarda-roupa masculino. Suas obras mais conhecidas são relacionadas às performances. A imagem permite relacionar como características dessa manifestação artística o uso  A. da intimidade, da política e do corpo.  B. do público, da ironia e da dor.  C. do espaço urbano, da intimidade e do drama.  D. da moda, do drama e do humor.  E. do corpo, da provocação e da moda.

207

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

Elaborada em 1969, a releitura contida na Figura 2 revela aspectos de uma trajetória e obra dedicadas à

LEITURA ESTRATÉGICA

74

(ENEM 2017 PPL)

74

TEXTO I

DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Aço e madeira, 1,3 m x 64 cm x 42 cm, 1913. Museu de Arte Moderna de Nova York. DUCHAMP, M. Roda de bicicleta. Barcelona: Polígrafa, 1995.

TEXTO II Ao ser questionado sobre seu processo de criação de ready-mades, Marcel Duchamp afirmou: — Isto dependia do objeto; em geral, era preciso tomar cuidado com o seu look. É muito difícil escolher um objeto porque depois de quinze dias você começa a gostar dele ou a detestá-lo. É preciso chegar a qualquer coisa com uma indiferença tal que você não tenha nenhuma emoção estética. A escolha do ready-made é sempre baseada na indiferença visual e, ao mesmo tempo, numa ausência total de bom ou mau gosto. CABANNE, P. Marcel Duchamp: engenheiro do tempo perdido. São Paulo: Perspectiva, 1987 (adaptado).

Relacionando o texto e a imagem da obra, entende-se que o artista Marcel Duchamp, ao criar os ready-mades, inaugurou um modo de fazer arte que consiste em  A. designar ao artista de vanguarda a tarefa de ser o artífice da arte do século XX.  B. considerar a forma dos objetos como elemento essencial da obra de arte.  C. revitalizar de maneira radical o conceito clássico do belo na arte.  D. criticar os princípios que determinam o que é uma obra de arte.  E. atribuir aos objetos industriais o status de obra de arte.

208

(ENEM 2017 PPL)

É dia de festa na roça. Fogueira posicionada, caipiras arrumados, barraquinhas com quitutes suculentos e bandeirinhas de todas as cores enfeitando o salão. Mas o ponto mais esperado de toda a festa é sempre a quadrilha, embalada por música típica e linguajar próprio. Anarriê, alavantú, balancê de damas e tantos outros termos agitados pelo puxador da quadrilha deixam a festa de São João, comemorada em todo o Brasil, ainda mais completa. Embora os festejos juninos sejam uma herança da colonização portuguesa no Brasil, grande parte das tradições da quadrilha tem origem francesa. E muita gente dança sem saber. As influências estrangeiras são muitas na festa dos três santos do mês de junho (Santo Antônio, no dia 13, e São Pedro, no dia 29, completam o grupo). O “changê de damas” nada mais é do que a troca de damas na dança, do francês “changer”. O “alavantú”, quando os casais se aproximam e se cumprimentam, também é francês, e vem de “en avant tous”. Assim também acontece com o “balancê”, que também vem de bailar em francês. SOARES, L. Disponível em: http://gazetaonline.globo.com. Acesso em: 30 jun. 2015 (adaptado).

Ao discorrer sobre a festa de São João e a quadrilha como manifestações da cultura corporal, o texto privilegia a descrição de  A. movimentos realizados durante a coreografia da dança.  B. personagens presentes nos festejos de São João.  C. vestimentas utilizadas pelos participantes.  D. ritmos existentes na dança da quadrilha.  E. folguedos constituintes do evento.

(ENEM 2017 PPL)

77

(ENEM 2017 PPL)

A arte de Luís Otávio Burnier O movimento natural do corpo segue as leis cotidianas: o menor esforço para o maior efeito. Etienne Decroux inverte a frase e cria o que, para ele, seria uma das mais importantes leis da arte: o maior esforço para o menor efeito. “Se eu pedir a um ator que me expresse alegria, ele me fará assim (fazia uma grande máscara de alegria com o rosto), mas se eu cobrir o seu rosto com um pano ou uma máscara neutra, amarrar seus braços para trás e lhe pedir que me expresse agora a alegria, ele precisará de anos de estudo”, dizia. CAFIERO, C. Revista do Lume, n. 5, jul. 2003.

No texto, Carlota Cafiero expõe a concepção elaborada por Etienne Decroux, que desafia o ator a estabelecer uma comunicação com o público sem as expressões convencionais, por meio da  A. estética facial.  B. mímica corporal.  C. amarra no corpo. MÚKHINA, V. Operário e mulher kolkosiana. Aço inoxidável, 24,5 m. Moscou, 1937. Disponível em: http://laphotodujour.hautetfort.com. Acesso em: 7 maio 2013.

Essa escultura foi produzida durante o período da ditadura stalinista, na ex-União Soviética, e representa o(a)  A. luta do proletariado soviético para sua emancipação do sistema vigente.  B. trabalhador soviético retratado de acordo com a realidade do período.  C. exaltação idealizada da capacidade de trabalho do povo soviético.  D. união de operários e camponeses soviéticos pela volta do regime czarista.

 D. função da máscara.  E. simbologia do tecido.

78

(ENEM 2017 PPL)

Penso, pois, que o Carnaval põe o Brasil de ponta-cabeça. Num país onde a liberdade é privilégio de uns poucos e é sempre lida por seu lado legal e cívico, a festa abre nossa vida a uma liberdade sensual, nisso que o mundo burguês chama de libertinagem. Dando livre passagem ao corpo, o Carnaval destitui posicionamentos sociais fixos e rígidos, permitindo a “fantasia”, que inventa novas identidades e dá uma enorme elasticidade a todos os papéis sociais reguladores. DAMATTA, R. O que o Carnaval diz do Brasil. Disponível em: http://revistaepoca. globo.com. Acesso em: 29 fev. 2012.

 E. sofrimento de trabalhadores soviéticos pela opressão do regime stalinista.

Ressaltando os seus aspectos simbólicos, a abordagem apresentada associa o Carnaval ao(à)  A. inversão de regras e rotinas estabelecidas.  B. reprodução das hierarquias de poder existentes.  C. submissão das classes populares ao poder das elites.  D. proibição da expressão coletiva dos anseios de cada grupo.  E. consagração dos aspectos autoritários da sociedade brasileira.

209

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

76

LEITURA ESTRATÉGICA

79

(ENEM 2017 PPL)

O garfo muito grande, com dois dentes, que era usado para servir as carnes aos convidados, é antigo, mas não o garfo individual. Este data mais ou menos do século XVI e difundiu-se a partir de Veneza e da Itália em geral, mas com lentidão. O uso só se generalizaria por volta de 1750. BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano. São Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado).

No processo de transição para a modernidade, o uso do objeto descrito relaciona-se à  A. construção de hábitos sociais.  B. introdução de medidas sanitárias.  C. ampliação das refeições familiares.  D. valorização da cultura renascentista.

81

Em casa, Hideo ainda podia seguir fiel ao imperador japonês e às tradições que trouxera no navio que aportara em Santos. […] Por isso Hideo exigia que, aos domingos, todos estivessem juntos durante o almoço. Ele se sentava à cabeceira da mesa; à direita ficava Hanashiro, que era o primeiro filho, e Hitoshi, o segundo, e à esquerda, Haruo, depois Hiroshi, que era o mais novo. […] A esposa, que também era mãe, e as filhas, que também eram irmãs, aguardavam de pé ao redor da mesa […]. Haruo reclamava, não se cansava de reclamar: que se sentassem também as mulheres à mesa, que era um absurdo aquele costume. Quando se casasse, se sentariam à mesa a esposa e o marido, um em frente ao outro, porque não era o homem melhor que a mulher para ser o primeiro […]. Elas seguiam de pé, a mãe um pouco cansada dos protestos do filho, pois o momento do almoço era sagrado, não era hora de levantar bandeiras inúteis […].

 E. incorporação do comportamento laico.

80

(ENEM 2017 PPL)

As primeiras ações acerca do patrimônio histórico no Brasil datam da década de 1930, com a criação do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), em 1937. Nesse período, o conceito que norteou a política de patrimônio limitou-se aos monumentos arquitetônicos relacionados ao passado brasileiro e vinculava-se aos ideais modernistas de conhecer, compreender e recriar o Brasil por meio da valorização da tradição. SANTOS, G. Poder e patrimônio histórico: possibilidades de diálogo entre educação histórica e educação patrimonial no ensino médio. EntreVer, n. 2, jan.-jun. 2012.

Considerando o contexto mencionado, a criação dessa política patrimonial objetivou a  A. consolidação da historiografia oficial.  B. definição do mercado cultural.  C. afirmação da identidade nacional.  D. divulgação de sítios arqueológicos.  E. universalização de saberes museológicos.

210

(ENEM 2016 AR)

NAKASATO, O. Nihonjin. São Paulo: Benvirá, 2011 (fragmento).

Referindo-se a práticas culturais de origem nipônica, o narrador registra as reações que elas provocam na família e mostra um contexto em que  A. a obediência ao imperador leva ao prestígio pessoal.  B. as novas gerações abandonam seus antigos hábitos.  C. a refeição é o que determina a agregação familiar  D. os conflitos de gênero tendem a ser neutralizados.  E. o lugar à mesa metaforiza uma estrutura de poder.

(ENEM 2016 AR)

TOZZI, C. Colcha de retalhos. Mosaico figurativo. Estação de Metrô Sé. Disponível em: www.arteforadomuseu.com.br. Acesso em 8 mar. 2013.

Colcha de retalhos representa a essência do mural e convida o público a  A. apreciar a estética do cotidiano.  B. interagir com os elementos da composição.  C. refletir sobre elementos do inconsciente do artista.  D. reconhecer a estética clássica das formas.  E. contemplar a obra por meio da movimentação física.

A origem da obra de arte (2002) é uma instalação seminal na obra de Marilá Dardot. Apresentada originalmente em sua primeira exposição individual, no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, a obra constitui um convite para a interação do espectador, instigado a compor palavras e sentenças e a distribuí-las pelo campo. Cada letra tem o feitio de um vaso de cerâmica (ou será o contrário?) e, à disposição do espectador, encontram-se utensílios de plantio, terra e sementes. Para abrigar a obra e servir de ponto de partida para a criação dos textos, foi construído um pequeno galpão, evocando uma estufa ou um ateliê de jardinagem. As 1500 letras-vaso foram produzidas pela cerâmica que funciona no Instituto Inhotim, em Minas Gerais, num processo que durou vários meses e contou com a participação de dezenas de mulheres das comunidades do entorno. Plantar palavras, semear ideias é o que nos propõe o trabalho. No contexto de Inhotim, onde natureza e arte dialogam de maneira privilegiada, esta proposição se torna, de certa maneira, mais perto da possibilidade. Disponível em: www.inhotim.org.br. Acesso em: 22 maio 2013 (adaptado).

A função da obra de arte como possibilidade de experimentação e de construção pode ser constatada no trabalho de Marilá Dardot porque  A. o projeto artístico acontece ao ar livre.  B. o observador da obra atua como seu criador.  C. a obra integra-se ao espaço artístico e botânico.  D. as letras-vaso são utilizadas para o plantio de mudas.  E. as mulheres da comunidade participam na confecção das peças.

83

(ENEM 2016 AR)

84

(ENEM 2016 AR)

211

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

82

LEITURA ESTRATÉGICA Espetáculo Romeu e Julieta, Grupo Galpão. GUTO MUNIZ. Disponível em: www.focoincena.com.br. Acesso em: 30 maio 2016.

A principal razão pela qual se infere que o espetáculo retratado na fotografia é uma manifestação do teatro de rua é o fato de

 A. da adesão à estética do grotesco, herdada do romantismo europeu, que trouxe novas possibilidades de representação.  B. das catástrofes que assolaram o século XX e da descoberta de uma realidade psíquica pela psicanálise.

 A. dispensar o edifício teatral para a sua realização.

 C. da opção em demonstrarem oposição aos limites

 B. utilizar figurinos com adereços cômicos.

estéticos da revolução permanente trazida pela

 C. empregar elementos circenses na atuação.

arte moderna.

 D. excluir o uso de cenário na ambientação.  E. negar o uso de iluminação artificial.

 D. do posicionamento do artista do século XX contra a negação do passado, que se torna prática dominante na sociedade burguesa.  E. da intenção de garantir uma forma de criar obras de arte independentes da matéria presente em sua história pessoal.

86 85

(ENEM 2016 AR)

TEXTO I

(ENEM 2016 AR)

A obra de Túlio Piva poderia ser objeto de estudo nos bancos escolares, ao lado de Noel, Ataulfo e Lupicínio. Se o criador optou por permanecer em sua querência — Santiago, e depois Porto Alegre, a obra alçou voos mais altos, com passagens na Rússia, Estados Unidos e Venezuela. Tem que ter mulata, seu samba maior, é coisa de craque. Um retrato feito de ritmo e poesia, uma ode ao gênero que amou desde sempre. E o paradoxo: misto de gaúcho e italiano, nascido na fronteira com a Argentina, falando de samba, morro e mulata, com categoria. E que categoria! Uma batida de violão que fez história. O tango transmudado em samba. RAMIREZ, H.; PIVA, R. (Org.). Túlio Piva: pra ser samba brasileiro. Porto Alegre: Programa Petrobrás Cultural, 2005 (adaptado).

BACON, F. Três estudos para um autorretrato. Óleo sobre tela, 37,5 x 31,8 cm (cada), 1974. Disponível em: www.metmuseum.org. Acesso em: 30 maio 2016.

TEXTO II Tenho um rosto lacerado por rugas secas e profundas, sulcos na pele. Não é um rosto desfeito, como acontece com pessoas de traços delicados, o contorno é o mesmo mas a matéria foi destruída. Tenho um rosto destruído. DURAS, M. O amante. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.

Na imagem e no texto do romance de Marguerite Duras, os dois autorretratos apontam para o modo de representação da subjetividade moderna. Na pintura e na literatura modernas, o rosto humano deforma-se, destrói-se ou fragmenta-se em razão

O texto é um trecho da crítica musical sobre a obra de Túlio Piva. Para enfatizar a qualidade do artista, usou-se como recurso argumentativo o(a)  A. contraste entre o local de nascimento e a escolha pelo gênero samba.  B. exemplo de temáticas gaúchas abordadas nas letras de sambas.  C. alusão a gêneros musicais brasileiros e argentinos.  D. comparação entre sambistas de diferentes regiões.  E. aproximação entre a cultura brasileira e a argentina.

212

(ENEM 2016 AR)

TEXTO I

88

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

87

(ENEM 2016 AR)

TEXTO I

Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: 6 abr. 2016.

TEXTO II A eleição dos novos bens, ou melhor, de novas formas de se conceber a condição do patrimônio cultural nacional, também permite que diferentes grupos sociais, utilizando as leis do Estado e o apoio de especialistas, revejam as imagens e alegorias do seu passado, do que querem guardar e definir como identitário. ABREU, M.; SOIHET, R.; GONTIJO, R. (Org.). Cultura política e leituras do passado: historiografia e ensino de história. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.

O texto chama a atenção para a importância da proteção de bens que, como aquele apresentado na imagem, se identificam como:  A. Artefatos sagrados.  B. Heranças materiais.  C. Objetos arqueológicos.  D. Peças comercializáveis.  E. Conhecimentos tradicionais.

Imagem de São Benedito. Disponível em: http://acervo.bndigital.bn.br. Acesso em: 6 jan. 2016 (adaptado).

TEXTO II Os santos tornaram-se grandes aliados da Igreja para atrair novos devotos, pois eram obedientes a Deus e ao poder clerical. Contando e estimulando o conhecimento sobre a vida dos santos, a Igreja transmitia aos fiéis os ensinamentos que julgava corretos e que deviam ser imitados por escravos que, em geral, traziam outras crenças de suas terras de origem, muito diferentes das que preconizava a fé católica. OLIVEIRA, A. J. Negra devoção. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 20, maio 2007 (adaptado).

Posteriormente ressignificados no interior de certas irmandades e no contato com outra matriz religiosa, o ícone e a prática mencionada no texto estiveram desde o século XVII relacionados a um esforço da Igreja Católica para  A. reduzir o poder das confrarias.  B. cristianizar a população afro-brasileira.  C. espoliar recursos materiais dos cativos.  D. recrutar libertos para seu corpo eclesiástico.  E. atender a demanda popular por padroeiros locais.

213

LEITURA ESTRATÉGICA

89

(ENEM 2016 AR)

90

(ENEM 2016 AR)

Participei de uma entrevista com o músico Renato Teixeira. Certa hora, alguém pediu para listar as diferenças entre a música sertaneja antiga e a atual. A resposta dele surpreendeu a todos: “Não há diferença alguma. A música caipira sempre foi a mesma. É uma música que espelha a vida do homem no campo, e a música não mente. O que mudou não foi a música, mas a vida no campo”. Faz todo sentido: a música caipira de raiz exalava uma solidão, um certo distanciamento do país “moderno”. Exigir o mesmo de uma música feita hoje, num interior conectado, globalizado e rico como o que temos, é impossível. Para o bem ou para o mal, a música reflete seu próprio tempo. BARCINSKI, A. Mudou a música ou mudaram os caipiras? Folha de São Paulo, 4 jun. 2012 (adaptado).

A questão cultural indicada no texto ressalta o seguinte aspecto socioeconômico do atual campo brasileiro:  A. Crescimento do sistema de produção extensiva.  B. Expansão de atividades das novas ruralidades.  C. Persistência de relações de trabalho compulsório. Uma scena franco-brazileira: “franco” — pelo local e os personagens, o local que é Paris e os personagens que são pessôas do povo da grande capital; “brazileira” pelo que ahi se está bebendo: café do Brazil. O Lettreiro diz a verdade apregoando que esse é o melhor de todos os cafés. (Essa página foi desenhada especialmente para A Illustração Brazileira pelo Sr. Tofani, desenhista do Je Sais Tout.) A Illustração Brazileira, n. 2, 15 jun. 1909 (adaptado).

A página do periódico do início do século XX documenta um importante elemento da cultura francesa, que é revelador do papel do Brasil na economia mundial, indicado no seguinte aspecto:  A. Prestador de serviços gerais.  B. Exportador de bens industriais.  C. Importador de padrões estéticos.  D. Fornecedor de produtos agrícolas.  E. Formador de padrões de consumo.

214

 D. Contenção da política de subsídios agrícolas.  E. Fortalecimento do modelo de organização cooperativa.

 A. nos traços e formas que representam persona-

(ENEM 2016 2A)

gens de olhos desproporcionalmente maiores e expressivos, conhecidos como mangá.  B. nas formas de se vestir e de cortar os cabelos com objetivos contestadores à ordem social, próprios do movimento punk.  C. nas frases e dizeres de qualquer espécie, rabiscados sobre fachadas de edifícios, que marcam a pichação.  D. nos movimentos leves e sincronizados com os pés que deslocam o dançarino, denominado moonwalk.  E. nas declamações rápidas e ritmadas de um texto, com alturas aproximadas, características do rap. ROTELLA, M. Marilyn, 1962. Disponível em: www.nyu.edu. Acesso em: 30 maio 2016.

A técnica da décollage, utilizada pelo artista Mimmo Rotella em sua obra Marilyn, é um procedimento artístico representativo da década de 1960 por

93

(ENEM 2016 2A)

 A. visar a conservação das representações e dos registros visuais.  B. basear-se na reciclagem de material gráfico, contribuindo para a sustentabilidade.  C. encobrir o passado, abrindo caminho para novas formas plásticas, pela releitura.  D. fazer conviver campos de expressão diferentes e integrar novos significados.  E. abolir o trabalho manual do artista na confecção

www.institutoamilcardecastro.com.br. Acesso em: 2 ago. 2013.

das imagens recontextualizadas.

92

CASTRO, A. Sem título. Escultura em aço, Minas Gerais, 1990. Disponível em:

A escultura do artista construtivista Amílcar de Castro é representativa da arte contemporânea brasileira e tem o traço estrutural marcado por elementos como

(ENEM 2016 2A)

O hip hop tem sua filosofia própria, com valores construídos pela condição das experiências vividas nas periferias de muitas cidades. Colocando-se como um contraponto à miséria, às drogas, ao crime e à violência, o hip hop busca interpretar a realidade social. Seu objetivo é justamente encontrar saídas e fornecer uma alternativa à população excluída. SOUZA, J.; FIALHO, V. M.; ARALDI, J. Hip hop: da rua para a escola. Porto Alegre:

 A. o corte e a dobra.  B. a força e a visualidade.  C. o adereço e a expressão.  D. o rompimento e a inércia.  E. a decomposição e a articulação.

Sulina, 2008.

As autoras abordam no texto um movimento cultural que também tem características reconhecidas

215

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

91

LEITURA ESTRATÉGICA

94

(ENEM 2016 2A)

(adaptado).

Brinquedos cantados Os brinquedos cantados são atividades diretamente relacionadas com o ato de cantar e ao conjunto dessas canções, a que chamamos de cancioneiro folclórico infantil. É difícil determinar sua origem. Parece que essas canções sempre existiram, sempre encantaram o povo e embalaram as criancinhas. A maioria parece ter chegado com os colonizadores portugueses, sofrendo influência ameríndia e africana, devido à colonização e posteriormente ao tráfico de escravos para o Brasil. Analisando as letras de alguns brinquedos cantados, podemos observar que elas desenvolvem várias habilidades motoras, como: motricidade ampla, ritmo, equilíbrio, direcionalidade, Iateralidade, percepção espaço-temporal, tônus muscular, entre outras. E no cognitivo, as letras e coreografias ajudam a criança a desenvolver a atenção, a imaginação e a criatividade. ZOBOLI, F.; FURTUOSO, M. S.; TELLES, C. O brinquedo cantado na escola: uma ferramenta no processo de aprendizagem. Disponível em: www.efdeportes.com. Acesso em: 14 dez. 2012 (adaptado)

De acordo com o texto, embora a língua portuguesa seja um “patrimônio imaterial”, pode ser exposta em um museu. A relevância desse tipo de iniciativa está pautada no pressuposto de que  A. a língua é um importante instrumento de constituição social de seus usuários.  B. o modo de falar o português padrão deve ser divulgado ao grande público.  C. a escola precisa de parceiros na tarefa de valorização da língua portuguesa.  D. o contato do público com a norma-padrão solicita o uso de tecnologia de última geração.  E. as atividades lúdicas dos falantes com sua própria língua melhoram com o uso de recursos tecnológicos.

.

O brinquedo cantado é um importante componente da cultura corporal brasileira, sendo vivenciado com frequência por muitas crianças. Identifica-se o seu valor para a tradição cultural no(a)  A. ampliação dada à força motora das crianças devido ao uso da música e das danças.  B. condição educativa fundamentada no uso de jogos sem regras previamente estabelecidas.  C. histórico indeterminado dessa forma de brincadeira representativa do cancioneiro folclórico.  D. uso de técnicas, facilmente adotadas por qualquer criança, que intensificam a motricidade esportiva.  E. possibilidade de contribuição para o desenvolvimento integral do indivíduo.

95

(ENEM 2016 2A)

O acervo do Museu da Língua Portuguesa é o nosso idioma, um “patrimônio imaterial” que não pode ser, por isso, guardado e exposto em uma redoma de vidro. Assim, o museu, dedicado à valorização e difusão da língua portuguesa, reconhecidamente importante para a preservação de nossa identidade cultural, apresenta uma forma expositiva diferenciada das demais instituições museológicas do país e do mundo, usando tecnologia de ponta e recursos interativos para a apresentação de seus conteúdos.

Disponível em: www.museulinguaponuguesa.org.br. Acesso em: 16 ago. 2012

216

96

(ENEM 2016 2A)

ca.

Com seu manto real em verde e amarelo, as cores da casa dos Habsburgo e Bragança, mas que lembravam também os tons da natureza do “Novo Mundo”, cravejado de estrelas representando o Cruzeiro do Sul e, finalmente, com o cabeção de penas de papo de tucano em volta do pescoço, D. Pedro II foi coroado imperador do Brasil. O monarca jamais foi tão tropical. Entre muitos ramos de café e tabaco, coroado como um César em meio a coqueiros e paineiras, D. Pedro transformava-se em sinônimo da nacionalidade. SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador: D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo: Cia. das Letras, 1998 (adaptado).

No Segundo Reinado, a Monarquia brasileira recorreu ao simbolismo de determinadas figuras e alegorias. A análise da imagem e do texto revela que o objetivo de tal estratégia era  A. exaltar o modelo absolutista e despótico.

98

(ENEM 2016 2A)

Simples, saborosa e, acima de tudo, exótica. Se a culinária brasileira tem o tempero do estranhamento, esta verdade decorre de dois elementos: a dimensão do território e a infinidade de ingredientes. Percebe-se que o segredo da cozinha brasileira é a mistura com ingredientes e técnicas indígenas. É esse o elemento que a torna autêntica. POMBO, N. Cardápio Brasil. Nossa História, n.29, mar. 2006 (adaptado).

O processo de formação identitária descrito no texto está associado à  A. imposição de rituais sagrados.  B. assimilação de tradições culturais.  C. tipificação de hábitos comunitários.  D. hierarquização de conhecimentos tribais.  E. superação de diferenças etnorraciais.

 B. valorizar a mestiçagem africana e nativa.  C. reduzir a participação democrática e popular.  D. mobilizar o sentimento patriótico e antilusitano.

99

(ENEM 2016 2A)

 E. obscurecer a origem portuguesa e colonizadora.

(ENEM 2016 2A)

97

Ações de educação patrimonial são realizadas em diferentes contextos e localidades e têm mostrado resultados surpreendentes ao trazer à tona a autoestima das comunidades. Em alguns casos, promovem o desenvolvimento local e indicam soluções inovadoras de reconhecimento e salvaguarda do patrimônio cultural para muitas populações. PELEGRINI, S. C.A.; PINHEIRO, A.P.(Orgs.). Tempo, memória e patrimônio cultural. Piauí: Edupi, 2010.

A valorização dos bens mencionados encontra-se correlacionada a ações educativas que promovem a(s)  A. evolução de atividades artesanais herdadas do passado.  B. representações sociais formadoras de identidades coletivas.  C. mobilizações políticas criadoras de tradições culturais urbanas.  D. hierarquização de festas folclóricas praticadas por grupos locais.  E. formação escolar dos jovens para o trabalho reali-

BROCOS, R. A redenção de Cam, 1895. Disponível em: http://mnba.gov.br. Acesso em: 13 jan. 2013.

Na imagem, o autor procura representar as diferentes gerações de uma família associada a uma noção consagrada pelas elites intelectuais da época, que era a de  A. defesa da democracia racial.  B. idealização do universo rural.  C. crise dos valores republicanos.  D. constatação do atraso sertanejo.  E. embranquecimento da população.

zado nas comunidades.

217

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

Xilogravura, 1869. O indígena, representando o Império, coroa com louros o monar-

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2016 PPL)

100

101

(ENEM 2016 PPL)

A técnica de jogos teatrais propõe uma aprendizagem não verbal, em que o aluno reúne os seus próprios dados, a partir de uma experimentação direta. Por meio do processo de solução de problemas, ele conquista o conhecimento da matéria. KOUDELA, I. D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 1984 (adaptado).

Sob orientação do professor, os jogos teatrais são realizados na escola de forma que o estudante  A. seja um bom repetidor de movimentos e ações, pois a cópia e a memória colaboram com seu processo de desenvolvimento.  B. obedeça a regras sem se posicionar criticamente e sem desenvolver material criativo, fortalecendo a disciplina.  C. tenha um momento de recreação por meio da convivência com os colegas, melhorando seu rendimento escolar.  D. desenvolva qualidades de ordem cognitiva e sensorial, favorecendo sua autonomia e seu autoconhecimento.  E. reconheça o professor como principal responsável pelas escolhas a serem feitas em aula durante atividades de teatro.

DAVID, J. L. Napoleão cruzando os Alpes. Óleo sobre tela 271 cm x 232 cm. Museu de Versalhes, Paris, 1801.

A pintura Napoleão cruzando os Alpes, do artista francês Jacques Louis-David, produzida em 1801, contempla as características de um estilo que  A. utiliza técnicas e suportes artísticos inovadores.  B. reflete a percepção da população sobre a realidade.  C. caricaturiza episódios marcantes da história europeia.  D. idealiza eventos históricos pela ótica de grupos dominantes.  E. compõe obras com base na visão crítica de artistas consagrados.

218

(ENEM 2016 PPL)

Baião é um ritmo popular da Região Nordeste do Brasil, derivado de um tipo de lundu, denominado “baiano”, cujo nome é corruptela. Nasceu sob a influência do cantochão, canto litúrgico da Igreja Católica praticado pelos missionários, e tornou-se expressiva forma modificada pela inconsciente influência de manifestações locais. Um dos grandes sucessos veio com a música homônima, Baião (1946), de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. CASCUDO, C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998 (adaptado).

Os elementos regionais que influenciaram culturalmente o baião aparecem em outras formas artística e podem ser verificados na obra A

Samba em terreiro, Heitor dos Prazeres

D

Lampião a cavalo, Mestre Vitalino.

B

Amolador de facas, Adalton Lopes.

E

Violeiro, José Ferraz Almeida Jr.

C

Folia de Reis, Rosa Gauditano

219

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

102

LEITURA ESTRATÉGICA

103

(ENEM 2016 PPL)

OITICICA, H. Parangolé. Disponível em: www.muhka.be. Acesso em: 23 mai. 2012.

Inspirada em fantasias de Carnaval, a arte apresentada se opunha à concepção de patrimônio vigente nas décadas de 1960 e 1970 na medida em que  A. se apropria das expressões da cultura popular para produzir uma arte efêmera destinada ao protesto.  B. resgatava símbolos ameríndios e africanos para se adaptar a exposições em espaços públicos.  C. absorvia elementos gráficos da propaganda para criar objetos comercializáveis pelas galerias. Disponível em: www.cultura.ba.gov.br. Acesso em: 15 jan. 2014.

A imagem retrata uma prática cultural brasileira cuja raiz histórica está associada à  A. liberdade religiosa.

 D. valorizava elementos da arte popular para construir representações da identidade brasileira.  E. o incorporava elementos da cultura de massa para atender às exigências dos museus.

 B. migração forçada.  C. devoção ecumênica.  D. atividade missionária.  E. mobilização política.

104

(ENEM 2016 PPL)

105

(ENEM 2016 PPL)

Nossas vidas são dominadas não só pelas inutilidades de nossos contemporâneos, como também pelas de homens que já morreram há várias gerações. Além disso, cada inutilidade ganha credibilidade e reverência com cada década passada desde sua promulgação. Isso significa que cada situação social em que nos encontramos não só é definida por nossos contemporâneos, como ainda predefinida por nossos predecessores. Esse fato é expresso no aforismo segundo o qual os mortos são mais poderosos que os vivos. BERGER, P. Perspectivas sociológicas: uma visão humanística. Petrópolis: Vozes, 1986 (adaptado)

.

Segundo a perspectiva apresentada no texto, os indivíduos de diferentes gerações convivem, numa mesma sociedade, com tradições que  A. permanecem como determinações da organização social.  B. promovem o esquecimento dos costumes.  C. configuram a superação de valores.  D. sobrevivem como heranças sociais.  E. atuam como aptidões instintivas.

220

(ENEM 2016 PPL)

 A. exaltação da figura masculina.  B. descrição precisa e idealizada da forma.

Ô ô, com tanto pau no mato Embaúba* é coroné Com tanto pau no mato, ê ê Com tanto pau no mato Embaúba é coroné

 C. arranjo simétrico e proporcional dos elementos.  D. representação do padrão do belo contemporâneo.  E. fidelidade à forma realista isenta do ideal

*Embaúba: árvore comum e inútil por ser podre por dentro, segundo o historiador Stanley Stein. STEIN, S. J. Vassouras: um município brasileiro do café, 1850-1900. Rio de Janeiro:

de perfeição.

108

(ENEM 2015 AR)

Nova Fronteira, 1990 (adaptado).

Os versos fazem parte de um jongo, gênero poético-musical cantado por escravos e seus descendentes no Brasil no século XIX, e procuram expressar a  A. exploração rural.  B. bravura senhorial.  C. resistência cultural.

DAYRELL, J. A música entra em cena: o rap e o funk na socialização da juventude.

 D. violência escravista.

Belo Horizonte: UFMG, 2005 (adaptado).

 E. ideologia paternalista.

107

O rap, palavra formada pelas iniciais de rhythm and poetry (ritmo e poesia), junto com as linguagens da dança (o break dancing) e das artes plásticas (o grafite), seria difundido, para além dos guetos, com o nome de cultura hip hop. O break dancing surge como uma dança de rua. O grafite nasce de assinaturas inscritas pelos jovens com sprays nos muros, trens e estações de metrô de Nova York. As linguagens do rap, do break dancing e do grafite se tornaram os pilares da cultura hip hop.

(ENEM 2015 AR)

TEXTO I

Entre as manifestações da cultura hip hop apontadas no texto, o break se caracteriza como um tipo de dança que representa aspectos contemporâneos por meio de movimentos  A. retilíneos, como crítica aos indivíduos alienados.  B. improvisados, como expressão da dinâmica da vida urbana.  C. suaves, como sinônimo da rotina dos espaços públicos.  D. ritmados pela sola dos sapatos, como símbolo de protesto.  E. cadenciados, como contestação às rápidas mu-

FREUD, L. Francis Wyndham. Óleo sobre tela, 64 x 52 cm. Coleção pessoal, 1993.

TEXTO II Lucian Freud é, como ele próprio gosta de relembrar as pessoas, um biólogo. Mais propriamente, tem querido registrar verdades muito específicas sobre como é tomar posse deste determinado corpo nesta situação particular, neste específico espaço de tempo. SMEE, S. Freud. Köln: Taschen, 2010.

Considerando a intencionalidade do artista, mencionada no Texto II, e a ruptura da arte no século XX com o parâmetro acadêmico, a obra apresentada trata do(a)

danças culturais.

109

(ENEM 2015 PPL)

Em 1866, tendo encerrado seus estudos na Escola de Belas Artes, em Paris, Pedro Américo ofereceu a tela A Carioca ao imperador Pedro II, em reconhecimento ao seu mecenas. O nu feminino obedecia aos cânones da grande arte e pretendia ser uma alegoria feminina da nacionalidade. A tela, entretanto, foi recusada por imoral e licenciosa: mesmo não fugindo à regra oitocentista relativa à nudez na obra de arte, A Carioca não pôde, portanto, ser absorvida de imediato. A sensualidade tangível da figura feminina, próxima do orientalismo tão em voga na Europa, confrontou-se não somente com

221

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

106

LEITURA ESTRATÉGICA os limites morais, mas também com a orientação estética e cultural do Império. O que chocara mais: a nudez frontal ou um nu tão descolado do que se desejava como nudez nacional aceitável, por exemplo, aquela das românticas figuras indígenas? A Carioca oferecia um corpo simultaneamente ideal e obsceno: o alto — uma beleza imaterial — e o baixo — uma carnalidade excessiva. Sugeria uma mistura de estilos que, sem romper com a regra do decoro artístico, insinuava na tela algo inadequado ao repertório simbólico oficial. A exótica morena, que não é indía — nem mulata ou negra — poderia representar uma visualidade feminina brasileira e desfrutar de um lugar de destaque no imaginário de nossa “monarquia tropical”?

 A. inovação de uma proposta de arte relacional que adentra um museu.  B. abordagem educacional estabelecida na relação da artista com o público.  C. redistribuição do espaço do museu, que integra diversas linguagens artísticas.  D. negociação colaborativa de sentidos entre a artista e a pessoa com quem interage.  E. aproximação entre artista e público, o que rompe com a elitização dessa forma de arte.

OLIVEIRA, C. Disponível em: http://anpuh.org.br. Acesso em: 20 maio 2015.

O texto revela que a aceitação da representação do belo na obra de arte está condicionada à  A. incorporação de grandes correntes teóricas de uma época, conferindo legitimidade ao trabalho do artista.  B. atemporalidade do tema abordado pelo artista, garantindo perenidade ao objeto de arte então elaborado.  C. inserção da produção artística em um projeto estético e ideológico determinado por fatores externos.  D. apropriação que o pintor faz dos grandes temas universais já recorrentes em uma vertente artística.

111

 E. assimilação de técnicas e recursos já utilizados por

Yaô

movimentos anteriores que trataram da temática.

110

(ENEM 2015 AR)

Na exposição “A Artista Está Presente”, no MoMa, em Nova Iorque, a performer Marina Abramovic fez uma retrospectiva de sua carreira. No meio desta, protagonizou uma performance marcante. Em 2010, de 14 de março a 31 de maio, seis dias por semana, num total de 736 horas, ela repetia a mesma postura. Sentada numa sala, recebia os visitantes, um a um, e trocava com cada um deles um longo olhar sem palavras. Ao redor, o público assistia a essas cenas recorrentes. ZANIN, L. Marina Abramovic, ou a força do olhar. Disponível em: http://blogs. estadao.com.br. Acesso em: 4 nov. 2013.

O texto apresenta uma obra da artista Marina Abramovic, cuja performance se alinha a tendências contemporâneas e se caracteriza pela

(ENEM 2015 AR)

Aqui có no terreiro Pelú adié Faz inveja pra gente Que não tem mulher No jacutá de preto velho Há uma festa de yaô Ôi tem nêga de Ogum De Oxalá, de Iemanjá Mucama de Oxossi é caçador Ora viva Nanã Nanã Buruku Yô yôo Yô yôoo No terreiro de preto velho iaiá Vamos saravá (a quem meu pai?) Xangô! VIANA, G. Agô, Pixinguinha! 100 Anos. Som Livre, 1997.

222

 A. do emprego de materiais oriundos da Europa e da interpretação realista dos objetos representados.  B. do uso de recursos materiais disponíveis no local e da interpretação formal com características pró-

 A. promove uma crítica bem-humorada às religiões afro-brasileiras, destacando diversos orixás.  B. ressalta uma mostra da marca da cultura africana, que se mantém viva na produção musical brasileira.

prias.  C. da utilização de recursos materiais vindos da Europa e da homogeneização e linearidade representacional.  D. da observação e da cópia detalhada do objeto re-

 C. evidencia a superioridade da cultura africana e seu caráter de resistência à dominação do branco.  D. deixa à mostra a separação racial e cultural que caracteriza a constituição do povo brasileiro.  E. expressa os rituais africanos com maior autentici-

presentado e do emprego de materiais disponíveis na região  E. da utilização de materiais disponíveis no Brasil e da interpretação idealizada e linear dos objetos representados.

dade, respeitando as referências originais.

113

(ENEM 2015 PPL)

O rap constitui-se em uma expressão artística por meio da qual os MCs relatam poeticamente a condição social em que vivem e retratam suas experiências cotidianas. SOUZA, J.; FIALHO, V. M.; ARALDI, J. Hip hop: da rua para a escola. Porto Alegre: Sulina, 2008.

112

(ENEM 2015 PPL)

Síntese entre erudito e popular

Na região mineira, a separação entre cultura popular (as artes mecânicas) e erudita (as artes liberais) é marcada pela elite colonial, que tem como exemplo os valores europeus, e o grupo popular, formado pela fusão de várias culturas: portugueses aventureiros ou degredados, negros e índios. Aleijadinho, unindo as sofisticações da arte erudita ao entendimento do artífice popular, consegue fazer essa síntese característica deste momento único na história da arte brasileira: o barroco colonial. MAJORA, C. BrHistória, n. 3, mar. 2007 (adaptado).

No século XVIII, a arte brasileira, mais especificamente a de Minas Gerais, apresentava a valorização da técnica e um estilo próprio, incluindo a escolha dos materiais. Artistas como Aleijadinho e Mestre Ataíde têm suas obras caracterizadas por peculiaridades que são identificadas por meio

O “relato poético” é uma característica fundamental desse gênero musical, em que o  A. MC canta de forma melodiosa as letras, que retratam a complexa realidade em que se encontra.  B. rap se limita a usar sons eletrônicos nas músicas, que seriam responsáveis por retratar a realidade da periferia.  C. rap se caracteriza pela proximidade das notas na melodia, em que a letra é mais recitada do que cantada, como em uma poesia.  D. MC canta enquanto outros músicos o acompanham com instrumentos, tais como o contrabaixo elétrico e o teclado.  E. MC canta poemas amplamente conhecidos, fundamentando sua atuação na memorização de suas letras.

223

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

A canção Yaô foi composta na década de 1930 por Pixinguinha, em parceria com Gastão Viana, que escreveu a letra. O texto mistura o português com o iorubá, língua usada por africanos escravizados trazidos para o Brasil. Ao fazer uso do iorubá nessa composição, o autor

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2015 PPL)

114

Um relacionamento de grupo saudável exige um número de indivíduos trabalhando interdependentemente para completar um projeto, com total participação individual e contribuição pessoal. Se uma pessoa domina, os outros membros têm pouco crescimento ou prazer na atividade, não existe um verdadeiro relacionamento no grupo. O teatro é uma atividade artística que exige o talento e a energia de muitas pessoas — desde a primeira ideia de uma peça ou cena até o último eco de aplauso. Sem esta interação não há lugar para o ator individualmente, pois sem o funcionamento do grupo, para quem iria ele representar, que materiais usaria e que efeitos poderia produzir? O aluno-ator deve aprender que “como atuar”, assim como no próprio jogo, está intrinsecamente ligado a todas as outras pessoas na complexidade da forma da arte. O teatro improvisacional requer relacionamento de grupo muito intenso, pois é a partir do acordo e da atuação em grupo que emerge o material para as cenas e peças. SPOLIN, V. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2008.

Com base no texto, as diferenças e similaridades dos atores são aceitas no teatro de improvisação quando  A. todos experimentam o teatro juntos e sem julgamentos.  B. uma parte do grupo comanda a outra, exercendo o poder.  C. a opinião de alguns tem valor e demonstra a sua capacidade individual.  D. a individualidade se destaca e traz à tona o talento daquele que é o melhor.  E. uma pessoa precisa dominar, comandando as ações do grupo, sem acordos.

115

(ENEM 2015 PPL)

A dança moderna propõe em primeiro lugar o conhecimento de si e o autodomínio. Minha proposta é esta: através do conhecimento e do autodomínio chego à forma, à minha forma — e não o contrário. É uma inversão que muda toda a estética, toda a razão do movimento. A técnica na dança tem apenas uma finalidade: preparar o corpo para responder à exigência do espírito artístico. VIANNA, K.; CARVALHO, M. A. A dança. São Paulo: Siciliano, 1990.

Na abordagem dos autores, a técnica, o autodomínio e o conhecimento do bailarino estão a serviço da

224

 A. padronização do movimento da dança.  B. subordinação do corpo a um padrão.  C. concretização da criação pessoal.  D. ideia preconcebida de forma.  E. busca pela igualdade entre os bailarinos.

116

(ENEM 2015 PPL)

LEONILSON. O recruta, o aranha e o penélope. Bordado sobre tecido, 1992. Disponível em: www.projetoleonilson.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012.

A obra do artista plástico Leonilson (1953-1993) marca presença no panorama da arte brasileira e internacional. Nessa obra, ele utilizou a habilidade técnica do bordado manual para  A. obtenção das linhas retas paralelas.  B. valorização do tracejado retilíneo.  C. exploração de diferentes texturas.  D. obtenção do equilíbrio assimétrico.  E. inscrição homogênea das formas e palavras.

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

117

(ENEM 2015 AR)

Calendário medieval, século XV.

Disponível em: www.ac-grenoble.fr. Acesso em: 10 maio 2012.

Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo  A. cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno.  B. humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador.  C. escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho.  D. natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano.  E. romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade.

225

LEITURA ESTRATÉGICA

118

(ENEM 2015 AR)

No início foram as cidades. O intelectual da Idade Média — no Ocidente — nasceu com elas. Foi com o desenvolvimento urbano ligado às funções comercial e industrial — digamos modestamente artesanal — que ele apareceu, como um desses homens de ofício que se instalavam nas cidades nas quais se impôs a divisão do trabalho. Um homem cujo ofício é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e erudito, em resumo — um intelectual — esse homem só aparecerá com as cidades. LE GOFF, J. Os intelectuais na Idade Média. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.

O surgimento da categoria mencionada no período em destaque no texto evidencia o(a)  A. apoio dado pela Igreja ao trabalho abstrato.  B. relação entre desenvolvimento urbano e divisão do

Disponível em: www.agostinhoneto.org. Acesso em: 30 jun. 2015.

Nesse poema, o líder angolano Agostinho Neto, na década de 1940, evoca o pan-africanismo com o objetivo de  A. incitar a luta por políticas de ações afirmativas na América e na África.  B. reconhecer as desigualdades sociais entre os negros de Angola e dos Estados Unidos.  C. descrever o quadro de pobreza após os processos de independência no continente africano.  D. solicitar o engajamento dos negros estadunidenses na luta armada pela independência em Angola.  E. conclamar as populações negras de diferentes países a apoiar as lutas por igualdade e independência.

trabalho.  C. importância organizacional das corporações de ofício.  D. progressiva expansão da educação escolar.  E. acúmulo de trabalho dos professores e eruditos.

119

(ENEM 2015 AR)

Voz do sangue Palpitam-me os sons do batuque e os ritmos melancólicos do blue. Ó negro esfarrapado do Harlem ó dançarino de Chicago ó negro servidor do South Ó negro da África negros de todo o mundo Eu junto ao vosso magnífico canto a minha pobre voz os meus humildes ritmos. Eu vos acompanho pelas emaranhadas áfricas do nosso Rumo. Eu vos sinto negros de todo o mundo eu vivo a nossa história meus irmãos.

226

120

(ENEM 2015 AR)

Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o homem moderno está esmagado por um profundo sentimento de impotência que o faz olhar fixamente e, como que paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma permanente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apreendendo temas e tarefas de sua época. FREIRE. P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 2011

Paulo Freire defende que a superação das dificuldades e a apreensão da realidade atual será obtida pelo(a)  A. desenvolvimento do pensamento autônomo.  B. obtenção de qualificação profissional.  C. resgate de valores tradicionais.  D. realização de desejos pessoais.  E. aumento da renda familiar.

.

(ENEM 2015 AR)

Iniciou-se em 1903 a introdução de obras de arte com representações de bandeirantes no acervo do Museu Paulista, mediante a aquisição de uma tela que homenageava o sertanista que comandara a destruição do Quilombo de Palmares. Essa aquisição, viabilizada por verba estadual, foi simultânea à emergência de uma interpretação histórica que apontava o fenômeno do sertanismo paulista como o elo decisivo entre a trajetória territorial do Brasil e de São Paulo, concepção essa que se consolidaria entre os historiadores ligados ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo ao longo das três primeiras décadas do século XX. MARINS, P. C. G. Nas matas com pose de reis: a representação de bandeirantes e a

em especial o gospel. Rock e música eletrônica são músicas de minoria. É o que demonstra uma pesquisa pioneira feita entre agosto de 2012 e agosto de 2013 pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). A pesquisa Tribos musicais — o comportamento dos ouvintes de rádio sob uma nova ótica faz um retrato do ouvinte brasileiro e traz algumas novidades. Para quem pensava que a MPB e o samba ainda resistiam como baluartes da nacionalidade, uma má notícia: os dois gêneros foram superados em popularidade. O Brasil moderno não tem mais o perfil sonoro dos anos 1970, que muitos gostariam que se eternizasse. A cara musical do país agora é outra. GIRON, L. A. Época, n. 805, out. 2013 (fragmento).

A prática governamental descrita no texto, com a escolha dos temas das obras, tinha como propósito a construção de uma memória que

O texto objetiva convencer o leitor de que a configuração da preferência musical dos brasileiros não é mais a mesma da dos anos 1970. A estratégia de argumentação para comprovar essa posição baseia-se no(a)

 A. afirmava a centralidade de um estado na política

 A. apresentação dos resultados de uma pesquisa

tradição da retratística monárquica europeia. Revista do LEB, n. 44, fev. 2007.

que retrata o quadro atual da preferência popular

do país.  B. resgatava a importância da resistência escrava na história brasileira.  C. evidenciava a importância da produção artística no contexto regional.  D. valorizava a saga histórica do povo na afirmação de uma memória social.  E. destacava a presença do indígena no desbravamento do território colonial.

relativa à música brasileira.  B. caracterização das opiniões relativas a determinados gêneros, considerados os mais representativos da brasilidade, como meros estereótipos.  C. uso de estrangeirismos, como rock, funk e gospel, para compor um estilo próximo ao leitor, em sintonia com o ataque aos nacionalistas.  D. ironia com relação ao apego a opiniões superadas, tomadas como expressão de conservadoris-

122

(ENEM 2014 AR)

O Brasil é sertanejo Que tipo de música simboliza o Brasil? Eis uma questão discutida há muito tempo, que desperta opiniões extremadas. Há fundamentalistas que desejam impor ao público um tipo de som nascido das raízes socioculturais do país. O samba. Outros, igualmente nacionalistas, desprezam tudo aquilo que não tem estilo. Sonham com o império da MPB de Chico Buarque e Caetano Veloso. Um terceiro grupo, formado por gente mais jovem, escuta e cultiva apenas a música internacional, em todas as vertentes. E mais ou menos ignora o resto. A realidade dos hábitos musicais do brasileiro agora está claro, nada tem a ver com esses estereótipos. O gênero que encanta mais da metade do país é o sertanejo, seguido de longe pela MPB e pelo pagode. Outros gêneros em ascensão, sobretudo entre as classes C, D e E, são o funk e o religioso,

mo e anacronismo, com o uso das designações “império” e “baluarte”.  E. contraposição a impressões fundadas em elitismo e preconceito, com a alusão a artistas de renome para melhor demonstrar a consolidação da mudança do gosto musical popular.

227

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

121

LEITURA ESTRATÉGICA

123

(ENEM 2014 AR)

A forte presença de palavras indígenas e africanas e de termos trazidos pelos imigrantes a partir do século XIX é um dos traços que distinguem o português do Brasil e o português de Portugal. Mas, olhando para a história dos empréstimos que o português brasileiro recebeu de línguas europeias a partir do século XX, outra diferença também aparece: com a vinda ao Brasil da família real portuguesa (1808) e, particularmente, com a Independência, Portugal deixou de ser o intermediário obrigatório da assimilação desses empréstimos e, assim, Brasil e Portugal começaram a divergir, não só por terem sofrido influências diferentes, mas também pela maneira como reagiram a elas. ILARI, R.; BASSO, R. O português da gente: a língua que estudamos, a língua que falamos. São Paulo: Contexto, 2006

.

Os empréstimos linguísticos, recebidos de diversas línguas, são importantes na constituição do português do Brasil porque  A. deixaram marcas da história vivida pela nação, como a colonização e a imigração.  B. transformaram em um só idioma línguas diferentes, como as africanas, as indígenas e as euro-

da rua a atravessar suas composições, ele ventila a arte da música com conceitos novos e aparentemente sem forma. SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. São Paulo: Unesp, 1991 (adaptado).

A frase “Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos da rua a atravessar suas composições”, na proposta de Schafer de formular uma nova conceituação de música, representa a  A. acessibilidade à sala de concerto como metáfora, num momento em que a arte deixou de ser elitizada.  B. abertura da sala de concerto, que permitiu que a música fosse ouvida do lado de fora do teatro.  C. postura inversa à música moderna, que desejava se enquadrar em uma concepção conformista.  D. intenção do compositor de que os sons extramusicais sejam parte integrante da música.  E. necessidade do artista contemporâneo de atrair maior público para o teatro.

peias.  C. promoveram uma língua acessível a falantes de origens distintas, como o africano, o indígena e o europeu.  D. guardaram uma relação de identidade entre os falantes do português do Brasil e os do português de Portugal.  E. tornaram a língua do Brasil mais complexa do que as línguas de outros países que também tiveram colonização portuguesa.

124

(ENEM 2014 AR)

Era um dos meus primeiros dias na sala de música. A fim de descobrirmos o que deveríamos estar fazendo ali, propus à classe um problema. Inocentemente perguntei: — O que é música? Passamos dois dias inteiros tateando em busca de uma definição. Descobrimos que tínhamos de rejeitar todas as definições costumeiras porque elas não eram suficientemente abrangentes. O simples fato é que, à medida que a crescente margem a que chamamos de vanguarda continua suas explorações pelas fronteiras do som, qualquer definição se torna difícil. Quando John Cage abre a porta da sala de concerto e encoraja os ruídos

228

125

(ENEM 2014 PPL)

Eu vô transmiti po sinhô logo uma passage muito importante, qu’ eu iscutei um velho de nome Ricardo Caetano Alves, que era neto do propietário da Fazenda do Buraca. O pai dele, ele contava que o pai dele assistiu uma cena muito importante aonde ele tava, do Jacarandá, o chefe dos iscravo do Joaquim de Paula, com o chefe dos iscravo do Vidigal, que chamava, era tratado Pai Urubu. O Jacarandá era tratado Jacarandá purque ele era um negro mais vermelho, tá intendeno com’ é que é, né? Intão é uma imitância de cerno de Jacarandá, intão eles apilidaro ele de Pai Jacarandá. Agora, o Pai Urubu, diz que era o mais preto de todos os iscravo que era cunhicido nessa época. Intão ele ficô com o nome Pai Urubu. É quem dirigia, de toda confiança dos sinhores. Intão os sinhores cunhiciam eles como “pai”: Pai Urubu, Pai Jacarandá, Pai Francisco, que é o chefe da Fazenda das Abóbra, Pai Dumingo, que era da Fazenda do Buraca. SOUZA, J. Negros pelo vale. Belo Horizonte: Fale-UFMG, 2009.

O texto é uma transcrição da narrativa oral contada por Pedro Braga, antigo morador do povoado Vau, de Diamantina (MG). Com base no registro da fala do narrador, entende-se que seu relato

antepassados.  B. constrói uma voz dissonante da identidade nacional.  C. demonstra uma visão distanciada da cultura negra.  D. revela uma visão unilateral dos fazendeiros.  E. transmite pouca experiência e sabedoria.

(ENEM 2014 PPL)

126

127

(ENEM 2014 PPL)

Se observarmos o maxixe brasileiro, a beguine da Martinica, o danzón de Santiago de Cuba e o ragtime norte-americano, vemos que todos são adaptações da polca. A diferença de resultado se deve ao sotaque inerente à música de cada colonizador (português, espanhol, francês e inglês) e, em alguns casos, a uma maior influência da música religiosa. CAZES, H. Choro: do quintal ao Municipal. São Paulo: Editora 34, 1998 (adaptado).

Além do sotaque inerente à música de cada colonizador e da influência religiosa, que outro elemento auxiliou a constituir os gêneros de música popular citados no texto?

Sem flecha, na rima

O grupo de rap Brô MCs, criado no final de 2009, é formado pelos pares de irmãos (daí o “bro”, de brother) Bruno/Clemerson e Kelvin/Charles, jovens que cresceram ouvindo hip hop nas rádios da aldeia Jaguapiru Bororo, em Dourados, Mato Grosso do Sul. — Desde o começo a gente não queria impor uma cultura estranha que invadisse a cultura indígena — afirma o produtor, chamando a atenção para o grande destaque do Brô MCs: as letras em língua indígena. Expressar-se em língua originária e fazer com que os jovens indígenas percebam a vitalidade do idioma nativo é uma das motivações do grupo. A dificuldade maior vem dos críticos, que não aceitam o fato de que a cultura indígena é dinâmica e sempre incorpora novidades. — “Mas índio cantando rap?”, tem gente que questiona. O rap é de quem canta, é de quem gosta, não é só dos americanos — avalia Dani [o vocal feminino]. BONFIM, E. Revista Língua Portuguesa, n. 81, jul. 2012 (adaptado).

Considerando-se as opiniões apresentadas no texto, a indagação “Mas índio cantando rap?” traduz um ponto de vista que evidencia

 A. A região da África de origem dos escravos, trazendo tradições musicais e religiosas de tribos distintas.  B. O relevo dos países, favorecendo o isolamento de comunidades, aumentando o número de gêneros musicais surgidos.  C. O conjunto de portos, que favorecem o trânsito de diferentes influências musicais e credos religiosos.  D. A agricultura das regiões, pois o que é plantado exerce influência nas canções de trabalho durante o plantio.  E. O clima dos países em questão, pois as temperaturas influenciam na composição e vivacidade dos ritmos.

 A. desqualificação dos indígenas como músicos, desmerecendo sua capacidade musical devido a sua cultura.  B. desvalorização da cultura rap em contrapartida às tradições musicais indígenas, motivo pelo qual os índios não devem cantar rap.  C. preconceito por parte de quem não concebe que os índios possam conhecer o rap e, menos ainda, cantar esse gênero musical.  D. equívoco por desconsiderar as origens culturais do gênero musical, ligadas ao contexto urbano.  E. entendimento do rap como um gênero ultrapassado em relação à linguagem musical dos indígenas.

229

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

 A. perpetua a memória e os saberes dos

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2014 PPL)

128

TEXTO I

(ENEM 2014 PPL)

129

O termo Foco equivale ao ponto de concentração do ator. O nível de concentração é determinado pelo envolvimento com o problema a ser solucionado. Tomemos o exemplo do jogo teatral Cabo de Guerra: o Foco desse jogo reside em dar realidade ao objeto, que nesse caso é a corda imaginária. A dupla de jogadores no palco mobiliza toda sua atenção e energia para dar realidade à corda. Quando a concentração é plena, a dupla sai do jogo com toda evidência de ter realmente jogado o Cabo de Guerra — sem fôlego, com dor nos músculos do braço etc. A plateia observa em função do Foco. KOUDELA, I. D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 1990.

BANKSY. Disponível em: www.banksy.co.uk. Acesso em: 4 ago. 2012.

TEXTO II Só Deus pode me julgar Soldado da guerra a favor da justiça Igualdade por aqui é coisa fictícia Você ri da minha roupa, ri do meu cabelo Mas tenta me imitar se olhando no espelho Preconceito sem conceito que apodrece a nação Filhos do descaso mesmo pós-abolição MV BILL. Declaração de guerra. Manaus:BMG, 2002 (fragmento).

O trecho do rap e o grafite evidenciam o papel social das manifestações artísticas e provocam a  A. consciência do público sobre as razões da desigualdade social.  B. rejeição do público-alvo à situação representada nas obras.  C. reflexão contra a indiferença nas relações sociais de forma contundente.  D. ideia de que a igualdade é atingida por meio da violência.  E. mobilização do público contra o preconceito racial em contextos diferentes.

230

De acordo com o texto, a autora argumenta que o uso do foco da cena teatral permite  A. transformar um objeto imaginário em um objeto concreto, produzindo sobre o espectador uma sensação igual à que ele teria em um espetáculo de mágica.  B. produzir sobre a plateia, por meio do envolvimento dos atores, imagens e/ou situações capazes de ativar seu imaginário e seu conhecimento de mundo.  C. provocar efeito físico no ator, o que lhe confere a certeza de que seu corpo foi trabalhado adequadamente para a produção da cena.  D. acionar no ator a atenção a múltiplas ações que ocorrem concomitantemente, tornando-o mais disponível para a atuação em cena.  E. determinar uma única leitura da ação proposta, explicitando qual entendimento o espectador deve ter da cena.

(ENEM 2014 PPL)

 A. mistura de tradições africanas, indígenas e portuguesas no preparo do alimento por parte das cozinheiras baianas.  B. relação com o sagrado no ato de preparar o alimento, sobressaindo-se o uso de símbolos e insígnias pelas cozinheiras.  C. utilização de certos ingredientes que se mostram cada vez mais raros de encontrar, com as mudanças nos hábitos alimentares.  D. necessidade de preservação dos locais tradicionais de preparo do acarajé, ameaçados com as

A Estátua do Laçador, tombada como patrimônio em 2001, é um monumento de Porto Alegre/RS, que representa o gaúcho (em trajes típicos).

Disponível em: www.portoalegre.tur.br. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado).

transformações urbanas no país.  E. importância de se treinarem as cozinheiras baianas a fim de resgatar o modo tradicional de preparo do acarajé, que remonta à escravidão.

O monumento identifica um(a)  A. exemplo de bem imaterial.  B. forma de exposição da individualidade.  C. modo de enaltecer os ideais de liberdade.  D. manifestação histórico-cultural de uma população.  E. maneira de propor mudanças nos costumes.

132

(ENEM 2014 PPL)

Sempre teceremos panos de seda E nem por isso vestiremos melhor Seremos sempre pobres e nuas E teremos sempre fome e sede Nunca seremos capazes de ganhar tanto Que possamos ter melhor comida. CHRÉTIEN DE TROYES. Yvain ou le chevalier au lion (1177-1181). Apud MACEDO, J. R. A mulher na Idade Média. São Paulo: Contexto, 1992 (adaptado)

131

(ENEM 2014 PPL)

Desde 2002, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tem registrado certos bens imateriais como patrimônio cultural do país. Entre as manifestações que já ganharam esse status está o ofício das baianas do acarajé. Enfatize-se: o ofício das baianas, não a receita do acarajé. Quando uma baiana prepara o acarajé, há uma série de códigos imperceptíveis para quem olha de fora. A cor da roupa, a amarra dos panos e os adereços mudam de acordo com o santo e com a hierarquia dela no candomblé. O Iphan conta que, registrando o ofício, “esse e outros mundos ligados ao preparo do acarajé podem ser descortinados”. KAZ, R. A diferença entre o acarajé e o sanduíche de Bauru. Revista de História da Biblioteca Nacional, n. 13, out. 2006 (adaptado).

.

O tema do trabalho feminino vem sendo abordado pelos estudos históricos mais recentes. Algumas fontes são importantes para essa abordagem, tal como o poema apresentado, que alude à  A. inserção das mulheres em atividades tradicionalmente masculinas.  B. ambição das mulheres em ocupar lugar preponderante na sociedade.  C. possibilidade de mobilidade social das mulheres na indústria têxtil medieval.  D. exploração das mulheres nas manufaturas têxteis no mundo urbano medieval.  E. servidão feminina como tipo de mão de obra vigente nas tecelagens europeias.

De acordo com o autor, o Iphan evidencia a necessidade de se protegerem certas manifestações históricas para que continuem existindo, destacando-se nesse caso a

231

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

130

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2014 AR)

133

Sou uma pobre e velha mulher, Muito ignorante, que nem sabe ler. Mostraram-me na igreja da minha terra Um Paraíso com harpas pintado E o Inferno onde fervem almas danadas, Um enche-me de júbilo, o outro me aterra. VILLON, F. In: GOMBRICH, E. História da arte. Lisboa: LTC, 1999.

Os versos do poeta francês François Villon fazem referência às imagens presentes nos templos católicos medievais. Nesse contexto, as imagens eram usadas com o objetivo de

As figuras indicam mudanças no universo feminino, como a  A. decadência da Monarquia, revelada pela aparição solitária e informal das nobres.  B. redução na escolaridade, simbolizada pela vida dinâmica e sem dedicação à leitura.  C. ampliação do status, conferida pela passagem do local rústico para os jardins do palácio.  D. inclusão na política, representada pela diferença entre o espaço privado e o espaço público.  E. valorização do corpo, salientada pelo uso de rou-

 A. refinar o gosto dos critãos.

pas mais curtas e pela postura mais relaxada.

 B. incorporar ideais heréticos.  C. educar os fiéis através do olhar.  D. divulgar a genialidade dos artistas católicos.  E. valorizar esteticamente os templos religiosos.

134

(ENEM 2014 PPL)

FIGURA I

135

(ENEM 2014 AR)

FABIANA, arrepelando-se de raiva — Hum! Ora, eis aí está para que se casou meu filho, e trouxe a mulher para minha casa. É isto constantemente. Não sabe o senhor meu filho quem casa quer casa… posso, não posso! (Batendo o pé). Um dia arrebento, e então veremos! PENA, M. Quem casa quer casa. www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 dez. 2012.

As rubricas em itálico, como as trazidas no trecho de Martins Pena, em uma atuação teatral, constituem

Princesa Alexandra. Disponível em: www.democraciafashion.com.br. Acesso em: 4 ago. 2012.

FIGURA II

Duquesa de Cambridge, Kate Middleton. Disponível em: http://rockandglamour. blogspot.com. Acesso em: 4 ago. 2012.

232

necessidade, porque as encenações precisam ser fiéis às diretrizes do autor. possibilidade, porque o texto pode ser mudado, assim como outros elementos. preciosismo, porque são irrelevantes para o texto ou para a encenação. exigência, porque elas determinam as características do texto teatral. imposição, porque elas anulam a autonomia do diretor.

(ENEM 2014 AR)

137

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

136

(ENEM 2014 AR)

Por onde houve colonização portuguesa, a música popular se desenvolveu basicamente com o mesmo instrumental. Podemos ver cavaquinho e violão atuarem juntos aqui, em Cabo Verde, em Jacarta, na Indonésia, ou em Goa. O caráter nostálgico, sentimental, é outro ponto comum da música das colônias portuguesas em todo o mundo. O kronjong, a música típica de Jacarta, é uma espécie de lundu mais lento, tocado comumente com flauta, cavaquinho e violão. Em Goa não é muito diferente. De acordo com o texto de Henrique Cazes, grande parte da música popular desenvolvida nos países colonizados por Portugal compartilham um instrumental, destacando-se o cavaquinho e o violão. No Brasil, são exemplos de música popular que empregam esses mesmos instrumentos:  A. Maracatu e ciranda.  B. Carimbó e baião.  C. Choro e samba.  D. Chula e siriri.  E. Xote e frevo. CLARK, L. Bicho de bolso. Placas de metal, 1966.

O objeto escultórico produzido por Lygia Clark, representante do Neoconcretismo, exemplifica o início de uma vertente importante na arte contemporânea, que amplia as funções da arte. Tendo como referência a obra Bicho de bolso, identifica-se essa vertente pelo(a)  A. participação efetiva do espectador na obra, o que determina a proximidade entre arte e vida.  B. percepção do uso de objetos cotidianos para a confecção da obra de arte, aproximando arte e realidade.  C. reconhecimento do uso de técnicas artesanais na arte, o que determina a consolidação de valores culturais.  D. reflexão sobre a captação artística de imagens com meios óticos, revelando o desenvolvimento de uma linguagem própria.  E. entendimento sobre o uso de métodos de produção em série para a confecção da obra de arte, o que atualiza as imagens artísticas.

233

LEITURA ESTRATÉGICA

138

(ENEM 2014 AR)

Queijo de Minas vira patrimônio cultural brasileiro O modo artesanal da fabricação do queijo em Minas Gerais foi registrado nesta quinta-feira (15) como patrimônio cultural imaterial brasileiro pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O veredicto foi dado em reunião do conselho realizada no Museu de Artes e Ofícios, em Belo Horizonte. O presidente do Iphan e do conselho ressaltou que a técnica de fabricação artesanal do queijo está “inserida na cultura do que é ser mineiro”. Folha de S. Paulo, 15 maio 2008.

Entre os bens que compõem o patrimônio nacional, o que pertence à mesma categoria citada no texto está representado em: D

A

B

Mosteiro de São Bento (RJ) Conjunto arquitetônico e urbanístico da cidade de Ouro Preto (MG)

E

Tiradentes esquartejado (1893), de Pedro Américo C

Sítio arqueológico e paisagístico da Ilha do Campeche (SC)

Ofício das paneleiras de Goiabeiras (ES)

234

O Baile Charme, uma das mais conhecidas manifestações culturais do povo carioca, fica cadastrado como bem cultural de natureza imaterial da cidade. O decreto considera o Baile Charme uma genuína invenção carioca, e destaca a riqueza de sua origem na musicalidade africana, que abriga ritmos como o soul, o funk e o rythim’n blues, da fonte norte-americana, e o choro, o samba e a bossa-nova, criações nascidas no Rio. O Baile Charme é cultuado, principalmente na Zona Norte da cidade, seja em clubes, agremiações recreativas e espaços públicos como a área do Viaduto de Madureira. Disponível em: www.jb.com.br. Acesso em: 2 mar. 2013 (adaptado).

Segundo o texto, o cadastramento do Baile Charme como bem imaterial da cidade do Rio de Janeiro ocorreu porque essa manifestação cultural

 A. Uso da coerção no mundo do trabalho artesanal.  B. Deslocamento das trabalhadoras do campo para as cidades.  C. Desorganização do trabalho pela introdução do assalariamento.  D. Enfraquecimento dos laços que ligavam patrões e empregadas.  E. Ganho das artífices pela introdução da remuneração pelo seu trabalho.

141

(ENEM 2013 PPL)

 D. reflete um gosto fonográfico de camadas pobres.

O antropólogo americano Marius Barbeau escreveu o seguinte: sempre que se cante a uma criança uma cantiga de ninar; sempre que se use uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima de contar, no quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos e provérbios, fábulas, histórias bobas e contos populares sejam representados; aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sempre em ação, vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos elementos em seu caminho.

 E. representa uma diversidade de costumes

UTLEY, F. L. Uma definição de folclore. In: BRANDÃO, C. R. O que é folclore. São

 A. possui um grande apelo de público.  B. simboliza uma região de relevância social.  C. contém uma pluralidade de gêneros musicais.

Paulo: Brasiliense, 1984 (adaptado).

populares.

140

(ENEM 2013 PPL)

O texto tem como objeto a construção da identidade cultural, reconhecendo que o folclore, mesmo sendo uma manifestação associada à preservação das raízes e da memória dos grupos sociais,

Queixume das operárias da seda Sempre tecemos panos de seda E nem por isso vestiremos melhor [...] Nunca seremos capazes de ganhar tanto Que possamos ter melhor comida [...] Pois a obra de nossas mãos Nenhuma de nós terá para se manter [...] E estamos em grande miséria Mas, com os nossos salários, enriquece aquele para quem trabalhamos

 A. está sujeito a mudanças e reinterpretações.  B. deve ser apresentado de forma escrita.  C. segue os padrões de produção da moderna indústria cultural.  D. tende a ser materializado em peças e obras de arte eruditas.  E. expressa as vivências contemporâneas e os anseios futuros desses grupos.

Grande parte das noites ficamos acordadas E todo o dia para isso ganhar Ameaçam-nos de nos moer de pancada Os membros quando descansamos E assim, não nos atrevemos a repousar. CHRÉTIEN DE TROYES apud LE GOFF. J. Civilização do Ocidente Medieval. Lisboa: Edições 70, 1992.

Tendo em vista as transformações socioeconômicas da Europa Ocidental durante a Baixa Idade Média, o texto apresenta a seguinte situação:

235

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

(ENEM 2013 PPL)

139

LEITURA ESTRATÉGICA

142

(ENEM 2013 PPL)

A recuperação da herança cultural africana deve levar em conta o que é próprio do processo cultural: seu movimento, pluralidade e complexidade. Não se trata, portanto, do resgate ingênuo do passado nem do seu cultivo nostálgico, mas de procurar perceber o próprio rosto cultural brasileiro. O que se quer é captar seu movimento para melhor compreendê-lo historicamente. MINAS GERAIS. Cadernos do Arquivo 1: Escravidão em Minas Gerais. Belo Horizonte: Arquivo Público Mineiro, 1988.

Com base no texto, a análise de manifestações culturais de origem africana, como a capoeira ou o candomblé, deve considerar que elas  A. permanecem como reprodução dos valores e costumes africanos.

144

(ENEM 2013 AR)

A África também já serviu como ponto de partida para comédias bem vulgares, mas de muito sucesso, como Um príncipe em Nova York e Ace Ventura: um maluco na África; em ambas, a África parece um lugar cheio de tribos doidas e rituais de desenho animado. A animação O rei Leão, da Disney, o mais bem-sucedido filme americano ambientado na África, não chegava a contar com elenco de seres humanos. LEIBOWITZ, E. Filmes de Hollywood sobre África ficam no clichê. Disponível em: http://notícias.uol.com.br. Acesso em: 17 abr. 2010.

A produção cinematográfica referida no texto contribui para a constituição de uma memória sobre a África e seus habitantes. Essa memória enfatiza e negligencia, respectivamente, os seguintes aspectos do continente africano:

 B. perderam a relação com o seu passado histórico.

 A. A história e a natureza.

 C. derivam da interação entre valores africanos e a

 B. O exotismo e as culturas.

experiência histórica brasileira.  D. contribuem para o distanciamento cultural entre negros e brancos no Brasil atual.

 C. A sociedade e a economia.  D. O comércio e o ambiente.  E. A diversidade e a política.

 E. demonstram a maior complexidade cultural dos africanos em relação aos europeus.

143

(ENEM 2013 PPL)

Seguiam-se vinte criados custosamente vestidos e montados em soberbos cavalos; depois destes, marchava o Embaixador do Rei do Congo magnificamente ornado de seda azul para anunciar ao Senado que a vinda do Rei estava destinada para o dia dezesseis. Em resposta obteve repetidas vivas do povo que concorreu alegre e admirado de tanta grandeza. Coroação do Rei do Congo em Santo Amaro, Bahia apud DEL PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil colonial. In: CATELLI JR., R. Um olhar sobre as festas populares brasileiras. São Paulo: Brasiliense, 1994 (adaptado).

Originária dos tempos coloniais, a festa da Coroação do Rei do Congo evidencia um processo de  A. exclusão social.  B. imposição religiosa.  C. acomodação política.  D. supressão simbólica.  E. ressignificação cultural.

236

144

(ENEM 2013 AR)

No final do século XIX, as Grandes Sociedades carnavalescas alcançaram ampla popularidade entre os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso objetivo em relação à comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de carros enfeitados pelas principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo (brincadeira que consistia em jogar água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a população desde os tempos coloniais, substituindo-os por formas de diversão que consideravam mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém parecia disposto a abrir mão de suas diversões para assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo, na visão dos seus animados praticantes, poderia coexistir perfeitamente com os desfiles. PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas em fins do século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais e outras frestas: ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp; Cecult, 2002 (adaptado).

Manifestações culturais como o carnaval também têm sua própria história, sendo constantemente reinventadas ao longo do tempo. A atuação das Grandes Sociedades, descrita no texto, mostra que o carnaval representava um momento em que as

da celebração.  B. aspirações cosmopolitas da elite impediam a realização da festa fora dos clubes.  C. liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades públicas.  D. tradições populares se transformavam em matéria de disputas sociais.

145

(ENEM 2013 AR)

No final do século XIX, as Grandes Sociedades carnavalescas alcançaram ampla popularidade entre os foliões cariocas. Tais sociedades cultivavam um pretensioso objetivo em relação à comemoração carnavalesca em si mesma: com seus desfiles de carros enfeitados pelas principais ruas da cidade, pretendiam abolir o entrudo (brincadeira que consistia em jogar água nos foliões) e outras práticas difundidas entre a população desde os tempos coloniais, substituindo-os por formas de diversão que consideravam mais civilizadas, inspiradas nos carnavais de Veneza. Contudo, ninguém parecia disposto a abrir mão de suas diversões para assistir ao carnaval das sociedades. O entrudo, na visão dos seus animados praticantes, poderia coexistir perfeitamente com os desfiles. PEREIRA, C. S. Os senhores da alegria: a presença das mulheres nas Grandes Sociedades carnavalescas cariocas em fins do século XIX. In: CUNHA, M. C. P. Carnavais e outras frestas: ensaios de história social da cultura. Campinas: Unicamp;

146

(ENEM 2013 AR)

No dia 1º de julho de 2012, a cidade do Rio de Janeiro tornou-se a primeira do mundo a receber o título da Unesco de Patrimônio Mundial como Paisagem Cultural. A candidatura, apresentada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), foi aprovada durante a 36ª Sessão do Comitê do Patrimônio Mundial. O presidente do Iphan explicou que “a paisagem carioca é a imagem mais explícita do que podemos chamar de civilização brasileira, com sua originalidade, desafios, contradições e possibilidades”. A partir de agora, os locais da cidade valorizados com o título da Unesco serão alvo de ações integradas visando a preservação da sua paisagem cultural. Disponível em: www.cultura.gov.br. Acesso em: 7 mar. 2013 (adaptado).

O reconhecimento da paisagem em questão como patrimônio mundial deriva da  A. presença do corpo artístico local.  B. imagem internacional da metrópole.  C. herança de prédios da ex-capital do país.  D. diversidade de culturas presente na cidade.  E. relação sociedade-natureza de caráter singular.

147

(ENEM 2013 PPL)

Cecult, 2002 (adaptado).

Manifestações culturais como o carnaval também têm sua própria história, sendo constantemente reinventadas ao longo do tempo. A atuação das Grandes Sociedades, descrita no texto, mostra que o carnaval representava um momento em que as  A. distinções sociais eram deixadas de lado em nome da celebração.  B. aspirações cosmopolitas da elite impediam a realização da festa fora dos clubes.  C. liberdades individuais eram extintas pelas regras das autoridades públicas.  D. tradições populares se transformavam em matéria de disputas sociais.  E. perseguições policiais tinham caráter xenófobo por repudiarem tradições estrangeiras.

CAZES, H. Choro: do quintal ao Municipal. São Paulo: Editora 34, 1998.

A foto mostra integrantes de um grupo de choro tocando instrumentos de diferentes classificações. Nessa formação, o instrumento que representa a família  A. das madeiras é a flauta transversal.  B. das cordas friccionadas é o bandolim.  C. dos metais é o pandeiro.  D. das percussões com membrana é o afoxé.  E. das cordas percutidas é o cavaquinho.

237

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

 A. distinções sociais eram deixadas de lado em nome

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2013 PPL)

148

149

TEXTO I

(ENEM 2013 PPL)

Televisão x cinema

Disponível em: www.cefivasf.univasf.edu.br. Acesso em: 6 jun. 2013.

TEXTO II Partindo do chão coletivo da comunidade rural ou das cidades, à medida que se impregna de um ethos urbano — seja por migração, seja pela difusão de novos conteúdos midiáticos —, irão surgindo indivíduos que, na área da visualidade, gerarão uma obra de feição original, autoral, única. O indivíduo-sujeito recorre à memória para a construção de uma biografia, a fim de criar seu projeto artístico, a sua identidade social. FROTA, L. C. Pequeno dicionário da arte do povo brasileiro (século XX). Rio de Janeiro: Aeroplano, 2005.

A partir dos textos apresentados, os trabalhos que são pertinentes à criação popular caracterizam-se por

Mais uma vez, reacende-se o desgastante debate sobre “linguagem de televisão” e “linguagem de cinema”. No mesmo país em que pagar ingresso ainda é luxo para milhões de pessoas, alguns críticos utilizam o termo “televisivo” para depreciar uma obra. E “cinematográfico” para enaltecê-la. Como se houvesse um juiz onipotente a permitir ou não que se sinta uma história da maneira que se pretende senti-la. Todos os sentidos ficam de fora da análise ignorante, tipicamente política, que divorcia a técnica da percepção sensorial. E é exatamente aí que reside o único interesse de um realizador: o momento do encontro do espectador com a obra. MONJARDIM, J. O Globo, Rio de Janeiro, 24 set. 2004 (adaptado).

Ao comentar o ressurgimento do debate sobre “linguagem de televisão” e “linguagem de cinema”, o autor mostra a  A. importância do debate para o entendimento destes dois diferentes meios de linguagem: a televisão e o cinema.  B. atitude prepotente dos críticos ao julgarem preconceituosamente as escolhas do público.  C. validade do debate para o aprimoramento da linguagem do cinema e da televisão.

 A. temática nacionalista que abrange áreas regionais amplas.  B. produção de obras utilizando materiais e técnicas tradicionais da arte acadêmica.  C. ligação estrutural com a arte canônica pela exposição e recepção em museus e galerias.  D. abordagem peculiar da realidade e do contexto, seguindo criação pessoal particular.  E. criação de técnicas e temas comuns a determinado grupo ou região, gerando movimentos artísticos.

238

 D. neutralidade dos críticos no uso das palavras “televisivo” e “cinematográfico”.  E. contribuição dos críticos na valorização dos sentimentos do espectador.

(ENEM 2013 PPL)

151

(ENEM 2013 PPL)

Lucio, Beto e Oscar: a cadeira e as poltronas de Sérgio Rodrigues, de linhas inspiradas na simplicidade brasiliense.

Lucio, Beto e Oscar: a cadeira e as poltronas de Sérgio Rodrigues, de linhas inspiradas na simplicidade brasiliense.

Foto: Acervo Sérgio Rodrigues.

A revolução estética brasiliense empurrou os designers de móveis dos anos 1950 e início dos 60 para o novo. Induzidos a abandonar o gosto rebuscado pelo colonial, a trocar Ouro Preto por Brasília, eles criaram um mobiliário contemporâneo que ainda hoje vemos nas lojas e nas salas de espera de consultórios e escritórios. Colada no uso de madeiras nobres, como o jacarandá e a peroba, e em materiais de revestimento como o couro e a palhinha, desenvolveu-se uma tendência feita de linhas retas e curvas suaves, nos moldes da capital no Cerrado. Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em: 29 jul. 2010 (adaptado). A reportagem e a fotografia apresentam os móveis elaborados pelo artista Sérgio Rodrigues, com um estilo que norteou o pensamento de uma geração, desafiando a arte a  A. evidenciar um novo conceito estético por meio de formas e texturas inovadoras.  B. adaptar os móveis de Brasília aos modelos das escolas europeias do início do século XX.

PAULINO, R. Bastidores (detalhe),1997. Xerox transferida e costurada sobre tecido montado em bastidor.

Disponível em: www.galeriavirgilio.com.br. Acesso em: 29 out. 2010. Nas últimas décadas, a ruptura, o efêmero, o descartável incorporam-se cada vez mais ao fazer artístico, em consonância com a pós-modernidade. No detalhe da obra Bastidores, percebe-se a  A. utilização de objetos do cotidiano como tecido, bastidores, agulha, linha e fotocópia, que tornam a obra de abrangência regional.  B. ruptura com meios e suportes tradicionais por utilizar objetos do cotidiano, dando-lhes novo sentido condizente.  C. apropriação de materiais e objetos do cotidiano, que conferem à obra um resultado inacabado.  D. apropriação de objetos de uso cotidiano das mulheres, o que confere à obra um caráter feminista.  E. aplicação de materiais populares, o que a caracteriza como obra de arte utilitária.

 C. elaborar a decoração dos palácios da nova capital do Brasil com conceitos de linha e perspectiva.  D. projetar para os palácios e edifícios da nova capital do Brasil a beleza do mobiliário típico de Minas Gerais.  E. criar o mobiliário para a capital do país com base no luxo e na riqueza dos edifícios públicos brasileiros.

239

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

150

LEITURA ESTRATÉGICA

(ENEM 2013 AR)

152

153

(ENEM 2013 AR)

Manta que costura causos e histórias no seio de uma família serve de metáfora da memória em obra escrita por autora portuguesa

(Tradução da placa: “Não me esqueçam quando eu for um nome importante.”) NAZARETH, P. Mercado de Artes / Mercado de Bananas. Miami Art Basel, EUA, 2011. Disponível em: www.40forever.com.br. Acesso em: 31 jul. 2012.

A contemporaneidade identificada na performance / instalação do artista mineiro Paulo Nazareth reside principalmente na forma como ele  A. resgata conhecidas referências do modernismo mineiro.  B. utiliza técnicas e suportes tradicionais na construção das formas.  C. articula questões de identidade, território e códigos de linguagens.  D. imita o papel das celebridades no mundo contemporâneo.  E. camufla o aspecto plástico e a composição visual de sua montagem.

O que poderia valer mais do que a manta para aquela família? Quadros de pintores famosos? Joias de rainha? Palácios? Uma manta feita de centenas de retalhos de roupas velhas aquecia os pés das crianças e a memória da avó, que a cada quadrado apontado por seus netos resgatava de suas lembranças uma história. Histórias fantasiosas como a do vestido com um bolso que abrigava um gnomo comedor de biscoitos; histórias de traquinagem como a do calção transformado em farrapos no dia em que o menino, que gostava de andar de bicicleta de olhos fechados, quebrou o braço; histórias de saudades, como o avental que carregou uma carta por mais de um mês... Muitas histórias formavam aquela manta. Os protagonistas eram pessoas da família, um tio, uma tia, o avô, a bisavó, ela mesma, os antigos donos das roupas. Um dia, a avó morreu, e as tias passaram a disputar a manta, todas a queriam, mais do que aos quadros, jóias e palácios deixados por ela. Felizmente, as tias conseguiram chegar a um acordo, e a manta passou a ficar cada mês na casa de uma delas. E os retalhos, à medida que iam se acabando, eram substituídos por outros retalhos, e novas e antigas histórias foram sendo incorporadas à manta mais valiosa do mundo. LASEVICIUS, A. Língua Portuguesa, São Paulo, n. 76, 2012 (adaptado).

A autora descreve a importância da manta para aquela família, ao verbalizar que “novas e antigas histórias foram sendo incorporadas à manta mais valiosa do mundo”. Essa valorização evidencia-se pela  A. oposição entre os objetos de valor, como joias, palácios e quadros, e a velha manta.  B. descrição detalhada dos aspectos físicos da manta, como cor e tamanho dos retalhos.  C. valorização da manta como objeto de herança familiar disputado por todos.  D. comparação entre a manta que protege do frio e a manta que aquecia os pés das crianças.  E. correlação entre os retalhos da manta e as muitas histórias de tradição oral que os formavam.

240

(ENEM 2013 AR)

Própria dos festejos juninos, a quadrilha nasceu como dança aristocrática, oriunda dos salões franceses, depois difundida por toda a Europa. No Brasil, foi introduzida como dança de salão e, por sua vez, apropriada e adaptada pelo gosto popular. Para sua ocorrência, é importante a presença de um mestre “marcante” ou “marcador”, pois é quem determina as figurações diversas que os dançadores desenvolvem. Observa-se a constância das seguintes marcações: “Tour”, “En avant”, “Chez des dames”, “Chez des chevaliê”, “Cestinha de flor”, “Balancê”, “Caminho da roça”, “Olha a chuva”, “Garranchê”, “Passeio”, “Coroa de flores”, “Coroa de espinhos” etc. No Rio de Janeiro, em contexto urbano, apresenta transformações: surgem novas figurações, o francês aportuguesado inexiste, o uso de gravações substitui a música ao vivo, além do aspecto de competição, que sustenta os festivais de quadrilha, promovidos por órgãos de turismo. CASCUDO, L. C. Dicionário do folclore brasileiro. Rio de Janeiro: Melhoramentos, 1976.

As diversas formas de dança são demonstrações da diversidade cultural do nosso país. Entre elas, a quadrilha é considerada uma dança folclórica por

inevitavelmente Bonitão, o poeta popular, Dedé Cospe-Rima, e o mestre de capoeira, Manuelzinho Sua Mãe. O colorido do quadro contrasta fortemente com a simplicidade da ação, que caminha numa linha reta da chegada de Zé-do-Burro à sua entrada trágica e triunfal na igreja — não sob a cruz, conforme prometera, mas sobre ela, carregado pelos capoeiras, “como um crucifixado”. PRADO, D. A. O teatro brasileiro moderno. São Paulo: Perspectiva, 2008 (fragmento).

A avaliação crítica de Décio de Almeida Prado destaca as qualidades de O pagador de promessas. Com base nas ideias defendidas por ele, uma boa obra teatral deve  A. valorizar a cultura local como base da estrutura estética.  B. ressaltar o lugar do oprimido por uma forma religiosa.  C. dialogar a tradição local com elementos universais.  D. romper com a estrutura clássica da encenação.  E. reproduzir abordagens trágicas e pessimistas.

 A. possuir como característica principal os atributos divinos e religiosos e, por isso, identificar uma nação ou região.  B. abordar as tradições e costumes de determinados povos ou regiões distintas de uma mesma nação.  C. apresentar cunho artístico e técnicas apuradas, sendo, também, considerada dança-espetáculo.  D. necessitar de vestuário específico para a sua prática, o qual define seu país de origem.  E. acontecer em salões e festas e ser influenciada

156

(ENEM 2012 PPL)

A escolha de uma forma teatral implica a escolha de um tipo de teatralidade, de um estatuto de ficção com relação à realidade. A teatralidade dispõe de meios específicos para transmitir uma cultura-fonte a um público-alvo; é sob esta única condição que temos o direito de falar em interculturalidade teatral. PAVIS, P. O teatro no cruzamento de culturas. São Paulo: Perspectiva, 2008

.

A partir do texto, o meio especificamente cênico utilizado para transmitir uma cultura estrangeira implica

por diversos gêneros musicais.  A. buscar nos gestos, compreender e explicitar con-

155

(ENEM 2012 PPL)

Todo bom escritor tem o seu instante de graça, possui a sua obra-prima, aquela que congrega numa estrutura perfeita os seus dons mais pessoais. Para Dias Gomes essa hora de inspiração veio-lhe no dia que escreveu O pagador de promessas. Em torno de Zé-do-Burro — herói ideal, por unir o máximo de caráter ao mínimo de inteligência, naquela zona fronteiriça entre o idiota e o santo — o enredo espalha a malícia e a maldade de uma capital como Salvador, mitificada pela música popular e pela literatura, na qual o explorador de mulheres se chama

ceitos ou comportamentos.  B. procurar na filosofia a tradução verdadeira daquela cultura.  C. apresentar o videodocumentário sobre a cultura-fonte durante o espetáculo.  D. eliminar a distância temporal ou espacial entre o espetáculo e a cultura-fonte.  E. empregar um elenco constituído de atores provenientes da cultura-fonte.

241

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

154

LEITURA ESTRATÉGICA

157

(ENEM 2012 PPL)

158

(ENEM 2012 PPL)

STUCKERT, R. Palácio da Alvorada. Disponível em: www.g1.globo.com. Acesso em: 28 abr. 2010.

Rompendo com as paredes retas e com a geometrização clássica acadêmica, os arquitetos modernistas desenvolveram seus projetos graças também a um momento de industrialização e modernização do Brasil. Observando a imagem apresentada, analisa-se que  A. Niemeyer projetou os edifícios de Brasília com a intenção de impor a arquitetura sobre a natureza, seguindo os princípios da arquitetura moderna.  B. o Palácio da Alvorada, em Brasília, na posição horizontal permite fazer uma integração do edifício com a paisagem do cerrado e o horizonte, um conceito de vanguarda para a arquitetura da época.  C. Niemeyer projetou o Palácio da Alvorada com colunas de linhas quebradas e rígidas, com o propósito de unir as tendências recentes da arquitetura moderna, criando um novo estilo.  D. os prédios de Brasília são elevados e sustentados por colunas, deixando um espaço livre sob o edifício, com o objetivo de separar o ambiente externo do interno, trazendo mais harmonia à obra.  E. Niemeyer projetou os edifícios de Brasília com espaços amplos, colunas curvas, janelas largas e grades de proteção, separando os jardins e praças da área útil do prédio.

242

Disponível em: www.itaucultural.org.br. Acesso em: 26 jul. 2010.

Sem formação acadêmica específica em artes visuais, Heitor dos Prazeres, que também é compositor e instrumentista, é reconhecido artista popular do Rio de Janeiro. Suas pinturas de perspectivas imprecisas e com traços bem demarcados são figurativas e sugerem movimento. Essa obra retrata  A. a confraternização de uma população socialmente marginalizada.  B. o inconformismo da população de baixa renda da capital.  C. o cotidiano da burguesia contemporânea da capital.  D. a instabilidade de uma realidade rural do Brasil.  E. a solidariedade da população nordestina.

A letra dessa canção reflete elementos identitários que representam a

(ENEM 2012 AR)

 A. valorização das características naturais do Sertão nordestino.  B. denúncia da precariedade social provocada pela seca.  C. experiência de deslocamento vivenciada pelo migrante.  D. profunda desigualdade social entre as regiões brasileiras.  E. discriminação dos nordestinos nos grandes centros urbanos. BARDI, P. M. Em torno da escultura no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris Brasil, 1989.

Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do Santuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela  A. liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.  B. credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de Minas Gerais.  C. simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação do divino.  D. personalidade, modelando uma imagem sacra com feições populares.  E. singularidade, esculpindo personalidades do reinado nas obras divinas.

(ENEM 2012 AR)

161

Próximo da Igreja dedicada a São Gonçalo nos deparamos com uma impressionante multidão que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o Vice Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, exercício violento e pouco apropriado tanto para sua idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que entrar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Amarante”. Barbinais, Le Gentil. Nouveau Voyage autour du monde. Apud: TINHORÃO, J. R. As festas no Brasil Colonial. São Paulo: Ed. 34, 2000 (adaptado)

.

O viajante francês, ao descrever suas impressões sobre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demonstra dificuldade em entendê-la, porque, como outras manifestações religiosas do período colonial, ela  A. seguia os preceitos advindos da hierarquia católica romana.  B. demarcava a submissão do povo à autoridade

160

(ENEM 2012 AR)

Minha vida é andar Por esse país Pra ver se um dia Descanso feliz Guardando as recordações Das terras onde passei Andando pelos sertões E dos amigos que lá deixei

constituída.  C. definia o pertencimento dos padres às camadas populares.  D. afirmava um sentido comunitário de partilha da devoção.  E. harmonizava as relações sociais entre escravos e senhores.

GONZAGA, L.; CORDOVIL. H. A vida de viajante, 1953. Disponível em: www.recife. pe.gov.br. Acesso em: 20 fev. 2012 (fragmento).

243

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

159

LEITURA ESTRATÉGICA

162

 A. submeter a memória e o patrimônio nacional ao

(ENEM 2012 AR)

Portadora de memória, a paisagem ajuda a construir os sentimentos de pertencimento; ela cria uma atmosfera que convém aos momentos fortes da vida, às festas, às comemorações. CLAVAL, P. Terra dos homens: a geografia. São Paulo: Contexto, 2010 (adaptado).

No texto, é apresentada uma forma de integração da paisagem geográfica com a vida social. Nesse sentido, a paisagem, além de existir como forma concreta, apresenta uma dimensão

controle dos órgãos públicos, de acordo com a tendência autoritária do Estado Novo.  B. transferir para a iniciativa privada a responsabilidade de preservação do patrimônio nacional, por meio de leis de incentivo fiscal.  C. definir os fatos e personagens históricos a serem cultuados pela sociedade brasileira, de acordo com o interesse público.  D. resguardar da destruição as obras representativas

 A. política de apropriação efetiva do espaço.

da cultura nacional, por meio de políticas públicas

 B. econômica de uso de recursos do espaço.  C. privada de limitação sobre a utilização do espaço.  D. natural de composição por elementos físicos do espaço.  E. simbólica de relação subjetiva do indivíduo com o

preservacionistas.  E. determinar as responsabilidades pela destruição do patrimônio nacional, de acordo com a legislação brasileira.

espaço.

164

163

(ENEM 2012 PPL)

(ENEM 2012 AR)

O que o projeto governamental tem em vista é poupar à Nação o prejuízo irreparável do perecimento e da evasão do que há de mais precioso no seu patrimônio. Grande parte das obras de arte até mais valiosas e dos bens de maior interesse histórico, de que a coletividade brasileira era depositária, têm desaparecido ou se arruinado irremediavelmente. As obras de arte típicas e as relíquias da história de cada país não constituem o seu patrimônio privado, e sim um patrimônio comum de todos os povos. ANDRADE, R. M. F. Defesa do patrimônio artístico e histórico. O Jornal, 30 out. 1936. In: ALVES FILHO, I. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999 (adaptado).

A criação no Brasil do Serviço do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, foi orientada por ideias como as descritas no texto, que visavam

244

Tempos Modernos (Modern Times), EUA, 1936, Direção: Charles Chaplin, Produção: Continental.

 A. a subordinação do trabalhador à máquina, levando o homem a desenvolver um trabalho repetitivo.

 A. Ocasião para identificar qual das duas culturas é mais cosmopolita e deve ser difundida entre os demais países.  B. Oportunidade de se apreciar a riqueza da diversidade cultural e a possibilidade de fazer dialogar culturas diferentes.

 B. a ampliação da capacidade criativa e da polivalên-

 C. Mostra das diferenças entre as duas culturas e o

cia funcional para cada homem em seu posto de

desconhecimento dos brasileiros em relação à cul-

trabalho.

tura francesa.

 C. a organização do trabalho que possibilitou ao trabalhador o controle sobre a mecanização do processo de produção.  D. o rápido declínio do absenteísmo, o grande aumento da produção conjugado com a diminuição

 D. Demonstração da heterogeneidade das composições e da distância cultural entre os dois países.  E. Tentativa de se evidenciar a semelhança linguística do francês e do português, com o intuito de unir as diferentes sociedades.

das áreas de estoque.  E. as novas técnicas de produção que provocaram ganhos de produtividade, repassados aos trabalha-

166

(ENEM 2012 PPL)

dores como forma de eliminar as greves.

165

(ENEM 2012 PPL)

Ao final do Ano da França no Brasil, aconteceu na Bahia um encontro único entre a bossa nova brasileira e a música francesa, no show do cantor e compositor baiano radicado na França, Paulo Costa. O show se chama “Toulouse em Bossa” por conta da versão da música Toulouse, de Claude Nougaro, que é uma espécie de hino deles, tal como é para nós Garota de Ipanema, explica Paulo Costa. Nougaro é famoso na França e conhecido por suas versões de músicas brasileiras, como O Que Será que Será e Berimbau. Disponível em: http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br. Acesso em: 27 abr. 2010. (adaptado).

O que representam encontros como o ocorrido na Bahia em 2009 para o patrimônio cultural das sociedades brasileira e francesa?

Lucio Costa. Plano Piloto de Brasília. Disponível em: www.vitruvius.es. Acesso em: 7 dez. 2011.

O arrojado projeto arquitetônico e urbanista da nova capital federal fez com que Brasília fosse, no ano de 1987, considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, porque o Plano Piloto de Brasília concretizava os princípios do  A. urbanismo modernista internacional.  B. modelo da arquitetura sacra europeia.  C. pensamento organicista das metrópoles brasileiras.  D. plano de interiorização da capital.  E. projeto nacional desenvolvimentista do governo JK.

245

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

A figura representada por Charles Chaplin critica o modelo de produção do início do século XX, nos Estados Unidos da América, que se espalhou por diversos países e setores da economia e teve como resultado

LEITURA ESTRATÉGICA

167

(ENEM 2012 PPL)

 A. uma técnica culinária com valor comercial e atratividade turística.  B. um símbolo da vitalidade dessas mulheres e de suas comunidades.  C. uma manifestação artística antiga e de abrangência nacional.  D. um modo de fazer e viver ligado a uma identidade étnica e regional.  E. uma fusão de ritos das diferentes heranças e tradi-

FREYRE, G. Casa-Grande & Senzala. Rio de Janeiro: José Olympio, 1958.

O desenho retrata a fazenda de São Joaquim da Grama com a casa-grande, a senzala e outros edifícios representativos de uma estrutura arquitetônica característica do período escravocrata no Brasil. Esta organização do espaço representa uma

ções religiosas do país.

169

(ENEM 2012 PPL)

 A. estratégia econômica e espacial para manter os escravos próximos do plantio.  B. tática preventiva para evitar roubos e agressões por escravos fugidos.  C. forma de organização social que fomentou o patriarcalismo e a miscigenação.  D. maneira de evitar o contato direto entre os escravos e seus senhores.  E. particularidade das fazendas de café das regiões Sul e Sudeste do país.

questão urbana. Le Monde Diplomatique Brasil. Ano 4, n. 45, abr. 2010. Disponível em: http://diplomatique.uol.com.br. Acesso em: 22 ago. 2011.

A imagem registra uma especificidade do contexto urbano em que a ausência ou ineficiência das políticas públicas resultou em  A. garantia dos direitos humanos.  B. superação do déficit habitacional.  C. controle da especulação imobiliária.  D. mediação dos conflitos entre classes.

168

(ENEM 2012 PPL)

O Ofício das Baianas de Acarajé constitui um bem cultural de natureza imaterial, inscrito no Livro dos Saberes em 2005, que consiste em uma prática tradicional de produção e venda, em tabuleiro, das chamadas comidas de baiana, feitas com azeite de dendê e ligadas ao culto dos orixás, amplamente disseminadas na cidade de Salvador, Bahia. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br. Acesso em: 29 fev. 2012 (adaptado).

O texto contém a descrição de um bem cultural que foi reconhecido pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) como patrimônio imaterial, pois representa

246

 E. aumento da segregação socioespacial.

(ENEM 2012 PPL)

A primeira produção cinematográfica de propaganda nitidamente antissemita foi Os Rotschilds (1940), de Erich Waschneck. Ambientado na Europa conturbada pelas guerras napoleônicas, o filme mostrava como essa importante família de banqueiros judeus beneficiou-se das discórdias entre as nações europeias, acumulando fortuna à custa da guerra, do sofrimento e da morte de milhões de pessoas. O judeu é retratado como uma criatura perigosa, de mãos aduncas, rosto encarniçado e olhar sádico e maléfico.

A pintura-mural de Picasso e a fotografia retratam os efeitos do bombardeio, ressaltando, respectivamente:  A. Crítica social – conformismo político.  B. Percepção individual – registro histórico.  C. Realismo acrítico – idealização romântica.  D. Sofrimento humano – destruição material.  E. Objetividade artística – subjetividade jornalística

PEREIRA, W. Cinema e genocídio judaico: dimensões da memória audiovisual do nazismo e do holocausto. In: Educando para a cidadania e a democracia. 6ª Jornada Interdisciplinar. Rio de Janeiro: SME; UERJ, jun. 2008 (fragmento).

Os Rotschilds foi produzido na Alemanha nazista. A partir do texto e naquela conjuntura política, o principal objetivo do filme foi  A. defender a liberdade religiosa.  B. controlar o genocídio racial.  C. aprofundar a intolerância étnica.  D. legitimar o expansionismo territorial.  E. contestar o nacionalismo autoritário.

171

172

(ENEM 2012 AR)

(ENEM 2012 PPL)

Em 1937, Guernica, na Espanha, foi bombardeada sob o comando da força aérea da Alemanha nazista, que apoiou os franquistas durante a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Disponível em: http://primeira-serie.blogspot.com.br. Acesso em: 07 dez. 2011 (adaptado). PICASSO, P. Guernica. Pintura-mural. Disponível em: www.museoreinasofia.es

Na imagem do início do século XX, identifica-se um modelo produtivo cuja forma de organização fabril baseava-se na  A. autonomia do produtor direto.  B. adoção da divisão sexual do trabalho.  C. exploração do trabalho repetitivo.  D. utilização de empregados qualificados.  E. incentivo à criatividade dos funcionários.

Disponível em: http://mrzine.monthlyreview.org.

247

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

170

LEITURA ESTRATÉGICA

173

(ENEM 2012 AR)

174

(ENEM 2012 AR)

Charge anônima. BURKE, P. A fabricação do rei. Rio de Janeiro: Zahar, 1994.

Na França, o rei Luís XIV teve sua imagem fabricada por um conjunto de estratégias que visavam sedimentar uma determinada noção de soberania. Neste sentido, a charge apresentada demonstra Texto do Cartaz: “Amor e não guerra” Foto de Jovens em protesto contra a Guerra do Vietnã. Disponível em: http://goldenyears66to69.blogspot.com. Acesso em: 10 out. 2011.

 A. a humanidade do rei, pois retrata um homem comum, sem os adornos próprios à vestimenta real.  B. a unidade entre o público e o privado, pois a figura

Nos anos que se seguiram à Segunda Guerra, movimentos como o Maio de 1968 ou a campanha contra a Guerra do Vietnã culminaram no estabelecimento de diferentes formas de participação política. Seus slogans, tais como “Quando penso em revolução quero fazer amor”, se tornaram símbolos da agitação cultural nos anos 1960, cuja inovação relacionava-se

 C. o vínculo entre monarquia e povo, pois leva ao co-

 A. à contestação da crise econômica europeia, que

elegância dos trajes reais em relação aos de outros

fora provocada pela manutenção das guerras coloniais.  B. à organização partidária da juventude comunista, visando o estabelecimento da ditadura do proletariado.  C. à unificação das noções de libertação social e libertação individual, fornecendo um significado político ao uso do corpo.  D. à defesa do amor cristão e monogâmico, com fins à reprodução, que era tomado como solução para os conflitos sociais.  E. ao reconhecimento da cultura das gerações passadas, que conviveram com a emergência do rock e outras mudanças nos costumes.

248

do rei com a vestimenta real representa o público e sem a vestimenta real, o privado. nhecimento do público a figura de um rei despretensioso e distante do poder político.  D. o gosto estético refinado do rei, pois evidencia a membros da corte.  E. a importância da vestimenta para a constituição simbólica do rei, pois o corpo político adornado esconde os defeitos do corpo pessoal.

(ENEM 2011 PPL)

Nascido em 1935, José Francisco Borges ou J. Borges, como prefere ser chamado, é um dos mais expressivos artistas populares do Brasil. Considerado por Ariano Suassuna o maior gravador popular do país, o artista foi um dos ilustradores do calendário da ONU do ano de 2002. Autodidata, J. Borges publicou seu primeiro cordel em 1964, intitulado O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina, seguido de O Verdadeiro Aviso de Frei Damião Sobre os Castigos que Vêm, cuja publicação deu início à sua carreira de gravador. Na década de 1970, artistas plásticos, intelectuais e marchands passaram a encomendar suas xilogravuras, o que levou as imagens a ganharem cada vez mais autonomia em relação ao cordel. Desde então, o itinerário do artista vem se fortalecendo pela transmissão dos conhecimentos da xilogravura às novas gerações de sua família, com quem mantém a Casa de Cultura Serra Negra, no sertão pernambucano. Disponível em: http://msn.onne.com.br. Acesso em: 21 maio 2010.

176

(ENEM 2011 PPL)

O RETIRANTE ENCONTRA DOIS HOMENS CARREGANDO UM DEFUNTO NUMA REDE, AOS GRITOS DE: “Ó IRMÃOS DAS ALMAS! IRMÃOS DAS ALMAS! NÃO FUI EU QUE MATEI NÃO” — A quem estais carregando, Irmãos das almas, Embrulhado nessa rede? Dizei que eu saiba. — A um defunto de nada, Irmão das almas, Que há muitas horas viaja À sua morada. — E sabeis quem era ele, Irmãos das almas, Sabeis como ele se chama Ou se chamava? — Severino Lavrador, Irmão das almas, Severino Lavrador, Mas já não lavra. MELO NETO, J. C. Morte e vida Severina e outros poemas para vozes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1994 (fragmento).

O personagem teatral pode ser construído tanto por meio de uma tradição oral quanto escrita. A interlocução entre oralidade regional e tradição religiosa, que serve de inspiração para autores brasileiros, parte do teatro português. Dessa forma, a partir do texto lido, identificam-se personagens que  A. se comportam como caricaturas religiosas do teA xilogravura é um meio de expressão de grande força artística e literária no Brasil, especialmente no Nordeste brasileiro, onde os artistas populares talham a madeira, transformando-a em verdadeiras obras de arte. Com total liberdade artística, hoje já conquistaram espaço entre os diversos setores culturais do país, retratando cenas  A. do seu próprio universo, revelando personagens com aparência humilde em vestes requintadas.  B. com temas de personagens do folclore popular, crenças e futilidades dos mais necessitados.

atro regional.  B. apresentam diferentes características físicas e psicológicas.  C. incorporam elementos da tradição local em um contexto teatral.  D. estão construídos por meio de ações limitadas a um momento histórico.  E. fazem parte de uma cultura local que restringe a dimensão estética.

 C. de conteúdo histórico e político do Nordeste brasileiro, com a intenção de valorizar as diferenças sociais.  D. das grandes cidades, com a preocupação de uma representação realista da figura humana nordestina.  E. com personagens fantasiosos, beatos e cangaceiros presentes nas crenças da população nordestina.

249

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

175

LEITURA ESTRATÉGICA

177

(ENEM 2011 PPL)

Figura I: Disponível em: http://www.dicasdedanca.com.br. Figura II: Disponível em: http://www.canalkids.com.br. Figura III: Disponível em: http://2.bp.blogspot.com. Figura IV: Disponível em: http://esporaprata.zip.net. Acessos em: 1 maio 2010.

Cada região do país, por meio de suas danças populares, expressa sua cultura, que envolve aspectos sociais, econômicos, históricos, entre outros. As danças provocam a associação entre música e ritmo e o desenvolvimento de maior sensibilidade dos órgãos sensoriais. A ampliação da intensidade da audição aumenta a concentração, possibilitando o processo de transformação do ritmo musical em movimento espontâneo. Como exemplo de danças, tem-se o carimbó, na região Norte, e as danças gaúchas, na região Sul. Nesse contexto, as danças populares permitem a descontração, o desenvolvimento e o descanso por serem atividades lúdicas que  A. promovem a interação, o conhecimento de diferentes ritmos e permitem minimizar o estresse da vida diária.  B. reduzem a participação, promovem competições em festivais e o conhecimento de outros ritmos.  C. impedem a socialização de todos, reduzindo a expressividade, por exigir habilidades corporais e espontaneidade.  D. permitem o desligamento dos elementos históricos, relacionando-as com os movimentos políticos e sociais.  E. reduzem a expressão corporal e as experiências, por utilizarem símbolos de outras culturas.

250

(ENEM 2011 AR)

A dança é um importante componente cultural da humanidade. O folclore brasileiro é rico em danças que representam as tradições e a cultura de várias regiões do país. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras e caracterizam-se pelas músicas animadas (com letras simples e populares), figurinos e cenários representativos. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Proposta curricular do Estado de São Paulo.

Brasília 50 anos. Veja, Nº 2 138, nov. de 2009.

Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e incorporando novos materiais com ampliação de possibilidades. Ainda que as clássicas colunas gregas sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da Alvorada, observa-se

Educação Física, São Paulo: 2009 (adaptado).

 A. a presença de um capitel muito simples, reforçanA dança, como manifestação e representação da cultura rítmica evolve a expressão corporal própria de um povo. Considerando-a como elemento folclórico, a dança revela  A. manifestações afetivas, históricas, ideológicas, intelectuais e espirituais de um povo, refletindo seu modo de expressar-se no mundo.  B. aspectos eminentemente afetivos, espirituais e de entretenimento de um povo, desconsiderando fatos históricos.

do a sustentação.  B. o traçado simples de amplas linhas curvas opostas, resultando em formas marcantes.  C. a disposição simétrica das curvas, conferindo saliência e distorção à base.  D. a oposição de curvas em concreto, configurando certo peso e rebuscamento.  E. o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na ornamentação

 C. acontecimentos do cotidiano, sob influência mitológica e religiosa, de cada região, sobrepondo as-

180

(ENEM 2011 AR)

pectos políticos.  D. tradições culturais de cada região, cujas manifestações rítmicas são classificadas em ranking das mais originais.  E. lendas que se sustentam em inverdades históricas, uma vez que são inventadas, e servem para a vivência lúdica de um povo.

179

(ENEM 2011 AR) LEIRNER, N. Tronco com cadeira (detalhe), 1964. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010.

Nessa estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi exaltado de maneira ilimitada e ganhou um significado que se pode considerar mágico. Daí sua “vida inquietante e absurda”. Tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo, objeto de zombaria. Sua realidade intrínseca foi anulada.

JAFFÉ, A. O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C.G. (org.). O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.

A relação observada entre a imagem e o texto apresentados permite o entendimento da intenção de um artista contemporâneo. Neste caso, a obra apresenta características

251

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

178

LEITURA ESTRATÉGICA  A. funcionais e de sofisticação decorativa.

 A. a preferência por tintas naturais, em razão de seu

 B. futuristas e do abstrato geométrico.

efeito estético.

 C. construtivistas e de estruturas modulares.

 B. a inovação na técnica de pintura, rompendo com

 D. abstracionistas e de releitura do objeto.

modelos estabelecidos.

 E. figurativas e de representação do cotidiano.

 C. o registro do pensamento e das crenças das sociedades em várias épocas.  D. a repetição dos temas e a restrição de uso pelas classes dominantes.  E. o uso exclusivista da arte para atender aos interesses da elite.

(ENEM 2011 AR)

182 181

TEXTO I

(ENEM 2011 AR)

Onde está a honestidade?

TEXTO I

Você tem palacete reluzente Tem joias e criados à vontade Sem ter nenhuma herança ou parente Só anda de automóvel na cidade… E o povo pergunta com maldade: Onde está a honestidade? Onde está a honestidade? O seu dinheiro nasce de repente E embora não se saiba se é verdade Você acha nas ruas diariamente Anéis, dinheiro e felicidade... Toca do Salitre - Piauí Disponível em: http://www.fumdham.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010.

TEXTO II

Vassoura dos salões da sociedade Que varre o que encontrar na sua frente Promove festivais de caridade Em nome de qualquer defunto ausente... ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.

TEXTO II

Arte Urbana. Foto: Diego Singh Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 27 jul. 2010.

O grafite contemporâneo, considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem sido comparado às pinturas murais de várias épocas e às escritas pré-históricas. Observando as imagens apresentadas, é possível reconhecer elementos comuns entre os tipos de pinturas murais, tais como

252

Um vulto da história da música popular brasileira, reconhecido nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no Rio de Janeiro; portanto, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose, deixando um acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se tivessem sido escritas no século XXI. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.

Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é atualizável, na medida em que ele se refere a valores e situações de um povo. A atualidade da canção Onde está a honestidade?, de Noel Rosa, evidencia-se por meio

gem duvidosa de alguns.  B. da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança.  C. da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.  D. do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.  E. da insistência em promover eventos beneficentes.

(ENEM 2011 PPL)

183

TEXTO I

184

(ENEM 2011 PPL)

Gravuras e pinturas são duas modalidades da prática gráfica rupestre, feitas com recursos técnicos diferentes. Existem vastas áreas nas quais há dominância de uma ou outra técnica no Brasil, o que não impede que ambas coexistam no mesmo espaço. Mas em todas as regiões há mãos, pés, antropomorfos e zoomorfos. Os grafismos realizados em blocos ou paredes foram gravados por meio de diversos recursos: picoteamento, entalhes e raspados. DANTAS, M. Antes: história da pré-história. Brasília: CCBB, 2006

ALVES, E. Brasília: Ministério da Cultura; Secretaria da Identidade Cultural (SID), 2009. Disponível em: http://www.minc.gov.br. Acesso em: 01 maio 2010.

TEXTO II Em sentido antropológico, não falamos em Cultura, no singular, mas em culturas, no plural, pois a lei, os valores, as crenças, as práticas, as instituições variam de formação social para formação social. Além disso, uma mesma sociedade, por ser temporal e histórica, passa por transformações culturais amplas. CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1995 (fragmento).

A concepção que perpassa a imagem e o texto parte da premissa de que o respeito à diversidade cultural significa  A. exaltar os elementos de uma cultura.  B. proteger as minorias culturais.  C. estimular as religiões monoteístas.  D. incentivar a divisão de classes.  E. promover a aceitação do outro.

Disponível em: http://www.scipione.com.br. Acesso em: 30 abr. 2009.

Nas figuras que representam a arte da pré-história brasileira e estão localizadas no sítio arqueológico da Serra da Capivara, estado do Piauí, e, com base no texto, identificam-se

253

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

 A. da ironia, ao se referir ao enriquecimento de ori-

LEITURA ESTRATÉGICA  A. imagens do cotidiano que sugerem caçadas, danças, manifestações rituais.  B. cenas nas quais prevalece o grafismo entalhado em superfícies previamente polidas.  C. aspectos recentes, cujo procedimento de datação indica o recuo das cronologias da prática pré-histórica.  D. situações ilusórias na reconstituição da pré-história, pois se localizam em ambientes degradados.  E. grafismos rupestres que comprovam que foram realizados por pessoas com sensibilidade estética.

185

(ENEM 2011 PPL)

186

(ENEM 2011 PPL)

A Unesco define como Patrimônio Cultural Imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas ― junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados ― que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural.” São exemplos de bens registrados como Patrimônio Imaterial no Brasil: o Círio de Nazaré no Pará, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano, o Ofício das Baianas de Acarajé, o Jongo no Sudeste, entre outros. Disponível em: http://www.portal.iphan.gov.br. Acesso em: 29 jul. 2010 (adaptado).

É bastante recente no Brasil o registro de determinadas manifestações culturais como integrantes de seu Patrimônio Cultural Imaterial. O objetivo de se realizar e divulgar este tipo de registro é  A. reconhecer o valor da cultura popular para torná-la equivalente à cultura erudita.  B. recuperar as características originais das manifestações culturais dos povos nativos do Brasil.  C. promover o respeito à diversidade cultural por

Michelangelo. Pietà, século XV.

meio da valorização das manifestações populares.  D. possibilitar a absorção das manifestações culturais populares pela cultura nacional brasileira.  E. inserir as manifestações populares no mercado, proporcionando retorno financeiro a seus produtores.

Vicente do Rego Monteiro. Pietà, 1924. Vicente do Rego Monteiro foi um dos pintores, cujas telas foram expostas durante a Semana de Arte Moderna. Tal como Michelangelo, ele se inspirou em temas bíblicos, porém com um estilo peculiar. Considerando-se as obras apresentadas, o artista brasileiro  A. estava preocupado em retratar detalhes da cena.  B. demonstrou irreverência ao retratar a cena bíblica.  C. optou por fazer uma escultura minimalista, diferentemente de Michelangelo.  D. deu aos personagens traços cubistas, em vez dos traços europeus, típicos de Michelangelo.  E. reproduziu o estilo da famosa obra de Michelangelo, uma vez que retratou a mesma cena bíblica.

254

(ENEM 2011 AR)

188

(ENEM 2010 PPL)

O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina são personagens típicos de grupos teatrais da Commedia dell’art, que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando seu amor por todas as belas jovens e, ao final da apresentação, despediam-se do público com músicas e poesias. A intenção desses atores era expressar sua mensagem voltada para a  A. crença na dignidade do clero e na divisão entre o mundo real e o espiritual.  B. ideologia de luta social que coloca o homem no centro do processo histórico.  C. crença na espiritualidade e na busca incansável pela justiça social dos feudos. Foto de Militão, São Paulo, 1879. ALENCASTRO, L. F. (org). História da vida privada no Brasil. Império: a corte e a modernidade nacional. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

Que aspecto histórico da escravidão no Brasil do séc. XIX pode ser identificado a partir da análise do vestuário do casal retratado acima?

 D. ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas do início do século XVI.  E. ideologia humanista com cenas centradas no homem, na mulher e no cotidiano.

 A. O uso de trajes simples indica a rápida incorporação dos ex-escravos ao mundo do trabalho urbano.  B. A presença de acessórios como chapéu e sombrinha aponta para a manutenção de elementos culturais de origem africana.  C. O uso de sapatos é um importante elemento de diferenciação social entre negros libertos ou em melhores condições na ordem escravocrata.  D. A utilização do paletó e do vestido demonstra a tentativa de assimilação de um estilo europeu como forma de distinção em relação aos brasileiros.  E. A adoção de roupas próprias para o trabalho doméstico tinha como finalidade demarcar as fronteiras da exclusão social naquele contexto.

189

(ENEM 2010 PPL)

Onde ficam os “artistas”? Onde ficam os ”artesões”? Submergidos no interior da sociedade, sem reconhecimento formal, esses grupos passam a ser vistos de diferentes perspectivas pelos seus intérpretes, a maioria das vezes, engajados em discussões que se polarizam entre artesanato, cultura erudita e cultura popular. PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985 (adaptado).

O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre o que é arte. Artesanato é arte ou não? De acordo com uma tendência inclusiva sobre a relação entre arte e educação,

255

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

187

LEITURA ESTRATÉGICA  A. o artesanato é algo do passado e tem sua sobrevivência fadada à extinção por se tratar de trabalho estático produzido por poucos.  B. os artistas populares não têm capacidade de pensar e conceber a arte intelectual, visto que muitos deles sequer dominam a leitura.  C. o artista popular e o artesão, portadores de saber cultural, têm a capacidade de exprimir, em seus trabalhos, determinada formação cultural.  D. os artistas populares produzem suas obras pautados em normas técnicas e educacionais rígidas, aprendidas em escolas preparatórias.  E. o artesanato tem seu sentido limitado à região em que está inserido como uma produção particular, sem expansão de seu caráter cultural.

191

(ENEM 2010 PPL)

Não é raro ouvirmos falar que o Brasil é o país das danças ou um país dançante. Essa nossa “fama” é bem pertinente, se levarmos em consideração a diversidade de manifestações rítmicas e expressivas existentes de Norte a Sul. Sem contar a imensa repercussão de nível internacional de algumas delas. Danças trazidas pelos africanos escravizados, danças relativas aos mais diversos rituais, danças trazidas pelos imigrantes etc. Algumas preservam suas características e pouco se transformaram com o passar do tempo, como o forró, o maxixe, o xote, o frevo. Outras foram criadas e são recriadas a cada instante: inúmeras influências são incorporadas, e as danças transformam-se, multiplicam-se. Nos centros urbanos, existem danças como o funk, o hip hop, as danças de rua e de salão. É preciso deixar claro que não há jeito certo ou errado de dançar. Todos podem dançar, independentemente de biótipo, etnia ou habilidade, respeitando-se as diferenciações de ritmos e estilos individuais.

GASPARI, T. C. Dança e educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (adaptado).

190

(ENEM 2010 PPL)

O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significados. Dançar a cultura de outras regiões, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. BREGOLATO, R. A. Cultura Corporal da Dança. São Paulo: Ícone, 2007.

As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, é obra de um povo que a cria, recria e a perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira  A. o Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social, morte e ressurreição.  B. a Quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as colheitas e a fogueira.  C. o Congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através de música, cantos e dança.  D. o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma de espetáculo.  E. o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história nos desfiles.

256

Com base no texto, verifica-se que a dança, presente em todas as épocas, espaços geográficos e culturais, é uma:  A. prática corporal que conserva inalteradas suas formas, independentemente das influências culturais da sociedade.  B. forma de expressão corporal baseada em gestos padronizados e realizada por quem tem habilidade para dançar.  C. manifestação rítmica e expressiva voltada para as apresentações artísticas, sem que haja preocupação com a linguagem corporal.  D. prática que traduz os costumes de determinado povo ou região e está restrita a este.  E. representação das manifestações, expressões, comunicações e características culturais de um povo.

 A. eternizou o nome de Alexandre, o Grande, e zelou

(ENEM 2010 PPL)

pelas narrativas dos seus grandes feitos.

O meu lugar, Tem seus mitos e seres de luz, É bem perto de Oswaldo Cruz, Cascadura, Vaz Lobo, Irajá. O meu lugar, É sorriso, é paz e prazer, O seu nome é doce dizer, Madureira, ia, Iaiá. Madureira, ia, Iaiá

 B. funcionou como um centro de pesquisa acadêmica e deu origem às universidades modernas.  C. preservou o legado da cultura grega em diferentes áreas do conhecimento e permitiu sua transmissão a outros povos.  D. transformou a cidade de Alexandria no centro ur-

Em cada esquina um pagode um bar, Em Madureira. Império e Portela também são de lá, Em Madureira. E no Mercadão você pode comprar Por uma pechincha você vai levar, Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar, Em Madureira.

bano mais importante da Antiguidade.  E. reuniu os principais registros arqueológicos até então existentes e fez avançar a museologia antiga.

194

(ENEM 2010 PPL)

CRUZ, A. Meu lugar. Disponível em: www.vagalume. uol.com.br. Acesso em: 16 abr. 2010 (fragmento). A análise do trecho da canção indica um tipo de interação entre o indivíduo e o espaço. Essa interação explícita na canção expressa um processo de  A. autossegregação espacial.  B. exclusão sociocultural.  C. homogeneização cultural.  D. expansão urbana.  E. pertencimento ao espaço.

193

Disponível em: www.culturabrasil.org.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

(ENEM 2010 PPL)

Alexandria começou a ser construída em 332 a.C, por Alexandre, o Grande, e, em poucos anos, tornou-se um polo de estudos sobre matemática, filosofia e ciência gregas. Meio século mais tarde, Ptolomeu II ergueu uma enorme biblioteca e um museu que funcionou como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu entre 200 mil e 500 mil papiros e, com o museu, transformou a cidade no maior núcleo intelectual da época, especialmente entre os anos 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu sucessivos ataques de romanos, cristãos e árabes, o que resultou na destruição ou perda de quase todo o seu acervo. RIBEIRO, F. Filósofa e mártir. Aventuras na história. São Paulo: Abril. ed. 81, abr. 2010 (adaptado).

A biblioteca de Alexandria exerceu durante certo tempo um papel fundamental para a produção do conhecimento e memória das civilizações antigas, porque

A foto revela um momento da Guerra do Vietnã (1965-1975), conflito militar cuja cobertura jornalística utilizou, em grande escala, a fotografia e a televisão. Um dos papéis exercidos pelos meios de comunicação na cobertura dessa guerra, evidenciado pela foto, foi  A. demonstrar as diferenças culturais existentes entre norte-americanos e vietnamitas.  B. defender a necessidade de intervenções armadas em países comunistas.  C. denunciar os abusos cometidos pela intervenção militar norte-americana.  D. divulgar valores que questionavam as ações do governo vietnamita.  E. revelar a superioridade militar dos Estados Unidos da América.

257

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

192

LEITURA ESTRATÉGICA

195

 A. criações originais deixam de existir entre os gru-

(ENEM 2010 PPL)

Na antiga Grécia, o teatro tratou de questões como destino, castigo e justiça. Muitos gregos sabiam de cor inúmeros versos das peças dos seus grandes autores. Na Inglaterra dos séculos XVI e XVII, Shakespeare produziu peças nas quais temas como o amor, o poder, o bem e o mal foram tratados. Nessas peças, os grandes personagens falavam em verso e os demais em prosa. No Brasil colonial, os índios aprenderam com os jesuítas a representar peças de caráter religioso. Esses fatos são exemplos de que, em diferentes tempos e situações, o teatro é uma forma

pos de artistas, que passam a copiar as essências das obras uns dos outros.  B. civilizações se fecham a ponto de retomarem os seus próprios modelos culturais do passado, antes abandonados.  C. populações demonstram menosprezo por seu patrimônio artístico, apropriando-se de produtos culturais estrangeiros.  D. elementos culturais autênticos são descaracterizados e reintroduzidos com valores mais altos em

 A. de manipulação do povo pelo poder, que controla o teatro.

seus lugares de origem.  E. intercâmbios entre diferentes povos e campos de

 B. de diversão e de expressão dos valores e problemas da sociedade.

produção cultural passam a gerar novos produtos e manifestações.

 C. de entretenimento popular, que se esgota na sua função de distrair.  D. de manipulação do povo pelos intelectuais que compõem as peças.  E. de entretenimento, que foi superada e hoje é substituída pela televisão.

197

196

(ENEM 2010 PPL)

A hibridez descreve a cultura de pessoas que mantêm suas conexões com a terra de seus antepassados, relacionando-se com a cultura do local que habitam. Eles não anseiam retornar à sua “pátria” ou recuperar qualquer identidade étnica “pura” ou absoluta; ainda assim, preservam traços de outras culturas, tradições e histórias e resistem à assimilação. CASHMORE, E. Dicionário de relações étnicas e raciais. São Paulo: Selo Negro, 2000 (adaptado).

Contrapondo o fenômeno da hibridez à ideia de “pureza” cultural, observa-se que ele se manifesta quando:

258

(ENEM 2010 PPL)

Ó sublime pergaminho Libertação geral A princesa chorou ao receber A rosa de ouro papal Uma chuva de flores cobriu o chão E o negro jornalista De joelhos beijou sua mão Uma voz na varanda do paço ecoou: “Meu Deus, meu Deus Está extinta a escravidão”. MELODIA, Z.; RUSSO, N.; MADRUGADA, C. Sublime Pergaminho. Disponível em http:// www. letras.terra.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

O samba-enredo de 1968 reflete e reforça uma concepção acerca do fim da escravidão ainda viva em nossa memória, mas que não encontra respaldo nos estudos históricos mais recentes. Nessa concepção ultrapassada, a Abolição é apresentada como:

demandavam a redução da jornada de trabalho.  B. concessão do governo, que ofereceu benefícios aos negros, sem consideração pelas lutas de escravos e abolicionistas.

 A. a existência de associações religiosas que defendiam a pureza sexual da população branca.  B. a associação da sensualidade às parcelas mais abastadas da sociedade.  C. o posicionamento liberal da sociedade oitocentis-

 C. ruptura na estrutura socioeconômica do país, sendo responsável pela otimização da inclusão social dos libertos.

ta, que reivindicava mudanças de comportamento na sociedade.  D. a política pública higienista, que atrelava a sexuali-

 D. fruto de um pacto social, uma vez que agradaria os agentes históricos envolvidos na questão; fazendeiros, governos e escravos.  E. forma de inclusão social, uma vez que a Abolição

dade a grupos socialmente marginais.  E. a busca do controle do corpo por meio de discurso ambíguo que associava sexo, prazer, libertinagem e pecado.

possibilitaria a concretização de direitos civis e sociais para os negros.

199

(ENEM 2010 AR)

Opinião

198

(ENEM 2010 PPL)

Gregório de Matos definiu, no século XVII, o amor e a sensualidade carnal. O Amor é finalmente um embaraço de pernas, união de barrigas, um breve tremor de artérias. Uma confusão de bocas, uma batalha de veias, um rebuliço de ancas, quem diz outra coisa é besta. VAINFAS, R. Brasil de todos os pecados. Revista de História. Ano 1, no 1. Rio de Janeiro:Biblioteca Nacional, nov. 2003.

Vilhena descreveu ao seu amigo Filopono, no século XVIII, a sensualidade nas ruas de Salvador. Causa essencial de muitas moléstias nesta cidade é a desordenada paixão sensual que atropela e relaxa o rigor da Justiça, as leis divinas, eclesiásticas, civis e criminais. Logo que anoutece, entulham as ruas libidinosos, vadios e ociosos de um e outro sexo. Vagam pelas ruas e, sem pejo, fazem gala da sua torpeza. VILHENA, L.S. A Bahia no século XVIII. Coleção Baiana. v. 1. Salvador: Itapuã, 1969 (adaptado).

A sensualidade foi assunto recorrente no Brasil colonial. Opiniões se dividiam quando o tema afrontava diretamente os “bons costumes”. Nesse contexto, contribuía para explicar essas divergências

Podem me prender Podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Aqui do morro eu não saio não Aqui do morro eu não saio não. Se não tem água Eu furo um poço Se não tem carne Eu compro um osso e ponho na sopa E deixa andar, deixa andar... Falem de mim Quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã seu doutor, Estou pertinho do céu Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o de  A. entretenimento para os grupos intelectuais.  B. valorização do progresso econômico do país.  C. crítica à passividade dos setores populares.  D. denúncia da situação social e política do país.  E. mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar.

259

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

 A. conquista dos trabalhadores urbanos livres, que

LEITURA ESTRATÉGICA

200

(ENEM 2010 AR)

As ruínas do povoado de Canudos, no sertão norte da Bahia, além de significativas para a identidade cultural, dessa região, são úteis às investigações sobre a Guerra de Canudos e o modo de vida dos antigos revoltosos. Essas ruínas foram reconhecidas como patrimônio cultural material pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) porque reúnem um conjunto de

 A. os agentes históricos de uma determinada sociedade deveriam ser aqueles que realizaram feitos heroicos ou grandiosos e, por isso, ficaram na memória.  B. a História deveria se preocupar em memorizar os nomes de reis ou dos governantes das civilizações que se desenvolveram ao longo do tempo.  C. os grandes monumentos históricos foram construídos por trabalhadores, mas sua memória está

 A. objetos arqueológicos e paisagísticos.

vinculada aos governantes das sociedades que os

 B. acervos museológicos e bibliográficos.

construíram.

 C. núcleos urbanos e etnográficos

 D. os trabalhadores consideram que a História é uma

 D. práticas e representações de uma sociedade.

ciência de difícil compreensão, pois trata de socie-

 E. expressões e técnicas de uma sociedade extinta.

dades antigas e distantes no tempo.  E. as civilizações citadas no texto, embora muito importantes, permanecem sem terem sido alvos de pesquisas históricas.

201

(ENEM 2010 AR)

Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra? E a Babilônia várias vezes destruída. Quem a reconstruiu tantas vezes? Em que casas da Lima dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A grande Roma está cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem triunfaram os césares? BRECHT, B. Perguntas de um trabalhador que lê. Disponível em: http://recantodasletras.uol.com.br. Acesso em: 28 abr. 2010.

Partindo das reflexões de um trabalhador que lê um livro de História, o autor censura a memória construída sobre determinados monumentos e acontecimentos históricos. A crítica refere-se ao fato de que

260

(ENEM 2010 AR)

Os tropeiros foram figuras decisivas na formação de vilarejos e cidades do Brasil colonial. A palavra tropeiro vem de “tropa” que, no passado, se referia ao conjunto de homens que transportava gado e mercadoria. Por volta do século XVIII, muita coisa era levada de um lugar a outro no lombo de mulas. O tropeirismo acabou associado à atividade mineradora, cujo auge foi a exploração de ouro em Minas Gerais e, mais tarde, em Goiás. A extração de pedras preciosas também atraiu grandes contigentes populacionais para as novas áreas e, por isso, era cada vez mais necessário dispor de alimentos e produtos básicos. A alimentação dos tropeiros era constituída por toucinho, feijão preto, farinha, pimenta-do-reino, café, fubá e coité (um molho de vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos, os tropeiros comiam feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho, que era servido com farofa e couve picada. O feijão tropeiro é um dos pratos típicos da cozinha mineira e recebe esse nome porque era preparado pelos cozinheiros das tropas que conduziam o gado.

203

(ENEM 2010 AR)

Na busca constante pela sua evolução, o ser humano vem alternando a sua maneira de pensar, de sentir e de criar. Nas últimas décadas do século XVIII e no início do século XIX, os artistas criaram obras em que predominam o equilíbrio e a simetria de formas e cores, imprimindo um estilo caracterizado pela imagem da respeitabilidade,da sobriedade, do concreto e do civismo. Esses artistas misturaram o passado ao presente, retratando os personagens da nobreza e da burguesia, além de cenas míticas e histórias cheias de vigor. RAZOUK, J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003.

Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charges, grafismos e até de ilustrações de livros para compor obras em que se misturam personagens de diferentes épocas, como na seguinte imagem: A

Romero Brito.“Gisele e Tom”

B

Andy Warhol. “Michael Jackson”.

C

Funny Filez. “Monabean”.

D

Andy Warhol. “Marlyn Monroe”.

D

Pablo Picasso. “Retrato de Jacqueline Roque com as Mãos Cruzadas”.

Disponível em: http://www.tribunadoplanalto.com.br. Acesso em: 27 nov. 2008.

A criação do feijão tropeiro na culinária brasileira está relacionada à  A. atividade comercial exercida pelos homens que trabalhavam nas minas.  B. atividade culinária exercida pelos moradores cozinheiros que viviam nas regiões das minas.  C. atividade mercantil exercida pelos homens que transportavam gado e mercadoria.  D. atividade agropecuária exercida pelos tropeiros que necessitavam dispor de alimentos.  E. atividade mineradora exercida pelos tropeiros no auge da exploração do ouro.

261

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

202

LEITURA ESTRATÉGICA

204

(ENEM 2022 AR)

205

TEXTO I

(ENEM 2022 AR)

TEXTO I

EL GRECO. Laoconte. Óleo sobre tela, 1,37cm x 1,72cm. National Gallery of Art, Washington, Estados Unidos, circa 1610-1614. Disponível em: https://images.nga.gov. Acesso em: 28 jun 2019 (adaptado).

TEXTO II

JUDD, D. Sem título. 1969. Disponível em: https://dasartes.com.br. Acesso em: 16 jun. 2022.

Essa impressionante obra apresenta o sacerdote Laocoonte sendo punido pelos deuses por tentar alertar os troianos da ameaça do Cavalo de Troia, que escondia um grupo de soldados gregos. Enviadas pelos deuses, serpentes marinhas são vistas matando Laocoonte e seus dois filhos como forma de punição.

TEXTO II

KAY, A. In: FARTHING, S. (Org.). Tudo sobre arte. Rio de Janeiro: Sextante, 2011 (adaptado)

Produzida no início do século XVII, a obra maneirista distingue-se pela

.

Embora não fosse um grupo ou um movimento organizado, o Minimalismo foi um dos muitos rótulos (incluindo estruturas primárias, objetos unitários, arte ABC e Cool Art) aplicados pelos críticos para descrever estruturas aparentemente simples que alguns artistas estavam criando. Quando a arte minimalista começou a surgir, muitos críticos e um público opinativo julgaram-na fria, anônima e imperdoável. Os materiais industriais pré-fabricados frequentemente usados não pareciam “arte”. DEMPSEY, A. Estilos, escolhas e movimentos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003 (adaptado).

 A. representação da nudez masculina.  B. distorção ao representar a figura humana.  C. evocação de um fato da cultura clássica grega.  D. presença do tema da morte como punição da família.  E. utilização da perspectiva para integrar os diferentes planos

De acordo com os textos I e II, compreende-se que a obra minimalista é uma  A. representação da simplicidade pelo artista.  B. exploração da técnica da escultura cubista.  C. valorização do cotidiano por meio da geometria.  D. utilização da complexidade dos elementos formais.  E. combinação de formas sintéticas no espaço utilizado.

262

TEXTO I

SILVEIRA, R. In absentia, 1983. Instalação, 17ª Bienal de São Paulo. Disponível em: www.bienal.org.br. Acesso em: set. 2016 (adaptado).

207

(ENEM 2022 AR)

O Recife fervilhava no começo da década de 1990, e os artistas trabalhavam para resgatar o prestígio da cultura pernambucana. Era preciso se inspirar, literalmente, nas raízes sobre as quais a cidade se construiu. Foi aí que, em 1992, com a publicação de um manifesto escrito pelo músico e jornalista Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A, nasceu o manguebeat. O nome vem de “mangue”, vegetação típica da região, e “beat”, para representar as batidas e as influências musicais que o movimento abraçaria a partir dali. Era a hora e a vez de os caranguejos – aos quais os músicos recifenses gostavam de se comparar – mostrarem as caras: o maracatu e suas alfaias se misturaram com as batidas do hip-hop, as guitarras do rock, elementos eletrônicos e o sotaque recifense de Chico Science. A busca pelo novo rendeu uma perspectiva diferente do Brasil ao olhar para o Recife. A cidade deixou de ser o lugar apenas do frevo e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que continua a acontecer mesmo após os 25 anos do lançamento do primeiro disco da Nação Zumbi, Da lama ao caos. FORCIONI, G. et al. O mangue está de volta. Revista Esquinas, n. 87, set 2019 (adaptado).

TEXTO II O termo ready-made foi criado por Marcel Duchamp (1887-1968) para designar um tipo de objeto, por ele inventado, que consiste em um ou mais artigos de uso cotidiano, produzidos em massa, selecionados sem critérios estéticos e expostos como obras de arte em espaços especializados (museus e galerias). Seu primeiro ready-made, de 1912, é uma roda de bicicleta montada sobre um banquinho (Roda de bicicleta). Ao transformar qualquer objeto em obra de arte, o artista realiza uma crítica radical ao sistema da arte. Disponível em: www.bienal.org.br. Acesso em: 1 set. 2016 (adaptado)

A instalação In absentia propõe um diálogo com o ready-made Roda de bicicleta, demonstrando que

Chico Science foi fundamental para a renovação da música pernambucana, fato que se deu pela

 A. utilização de aparelhos musicais eletrônicos em lugar dos instrumentos tradicionais.  B. ocupação de espaços da natureza local para a produção de eventos musicais memoráveis.  C. substituição de antigas práticas musicais, como o frevo, por melodias e harmonias inovadoras.  D. recuperação de composições tradicionais folclóricas e sua apresentação em grandes festivais.  E. integração de referenciais culturais de diferentes origens, criando uma nova combinação estética.

 A. as formas de criticar obras do passado se repetem.  B. a recorrência de temas marca a arte do final do século XX.  C. as criações desmistificam os valores estéticos estabelecidos.  D. o distanciamento temporal permite a transformação dos referenciais estéticos.  E. o objeto ausente sugere a degradação da forma superando o modelo artístico.

263

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

(ENEM 2022 AR)

206

LEITURA ESTRATÉGICA

208

(ENEM 2022 AR)

As línguas silenciadas do Brasil Para aprender a língua de seu povo, o professor Txaywa Pataxó, de 29 anos, precisou estudar os fatores que, por diversas vezes, quase provocaram a extinção da língua patxôhã. Mergulhou na história do Brasil e descobriu fatos violentos que dispersaram os pataxós, forçados a abandonar a própria língua para escapar da perseguição. “Os pataxós se espalharam, principalmente, depois do Fogo de 1951. Queimaram tudo e expulsaram a gente das nossas terras. Isso constrange o nosso povo até hoje”, conta Txaywa, estudante da Universidade Federal de Minas Gerais e professor na aldeia Barra Velha, região de Porto Seguro (BA). Mais de quatro décadas depois, membros da etnia retornaram ao antigo local e iniciaram um movimento de recuperação da língua patxôhã. Os filhos de Sameary Pataxó já são fluentes — e ela, que se mudou quando já era adulta para a aldeia, tenta aprender um pouco com eles. “É a nossa identidade. Você diz quem você é por meio da sua língua”, afirma a professora de ensino fundamental sobre a importância de restaurar a língua dos pataxós. O patxôhã está entre as línguas indígenas faladas no Brasil: o IBGE estimou 274 línguas no último censo. A publicação Povos indígenas no Brasil 2011/2016, do Instituto Socioambiental, calcula 160. Antes da chegada dos portugueses, elas totalizavam mais de mil. Disponível em: https://brasil.elpais.com. Acesso em: 11 jun. 2019 (adaptado).

O movimento de recuperação da língua patxôhã assume um caráter identitário peculiar na medida em que  A. denuncia o processo de perseguição histórica sofrida pelos povos indígenas.  B. conjuga o ato de resistência étnica à preservação da memória cultural.  C. associa a preservação linguística ao campo da pesquisa acadêmica.  D. estimula o retorno de povos indígenas a suas terras de origem.  E. aumenta o número de línguas indígenas faladas no Brasil.

264

209

(ENEM 2022 AR)

O povo Kambeba é o povo das águas. Os mais velhos costumam contar que o povo nasceu de uma gota-d’água que caiu do céu em uma grande chuva. Nessa gota estavam duas gotículas: o homem e a mulher. “Por essa narrativa e cosmologia indígena de que nós somos o povo das águas é que o rio nos tem fundamental importância”, diz Márcia Wayna Kambeba, mestre em Geografia e escritora. Todos os dias, ela ia com o pai observar o rio. Ia em silêncio e, antes que tomasse para si a palavra, era interrompida. “Ouça o rio”, o pai dizia. Depois de cerca de duas horas a ouvir as águas do Solimões, ela mergulhava. “Confie no rio e aprenda com ele”. “Fui entender mais tarde, com meus estudos e vivências, que meu pai estava me apresentando à sabedoria milenar do rio”. Rios amazônicos influenciam no agro e em reservatórios do Sudeste. Disponível em: www.uol.com.br. Acesso em: 14 out. 2021. Pelo descrito no texto, o povo Kambeba tem o rio como um(a)  A. objeto tombado e museográfico.  B. herança religiosa e sacralizada.  C. cenário bucólico e paisagístico.  D. riqueza individual e efêmera.  E. patrimônio cultural e afetivo.

(ENEM 2022 AR)

Hoje sou um ser inanimado, mas já tive vida pulsante em seivas vegetais, fui um ser vivo; é bem verdade que do reino vegetal, mas isso não me tirou a percepção de vida vivida como tamborete. Guardo apreço pelos meus criadores, as mãos que me fizeram, me venderam, e pelas mulheres que me usaram para suas vendas e de tantas outras maneiras. Essas pessoas, sim, tiveram suas subjetividades, singularidades e pluralidades, que estão incorporadas a mim. É preciso considerar que a nossa história, de móveis de museus, está para além da mera vinculação aos estilos e à patrimonialização que recebemos como bem material vinculado ao patrimônio imaterial. A nossa história está ligada aos dons individuais das pessoas e suas práticas sociais. Alguns indivíduos consagravam-se por terem determinados requisitos, tais como o conhecimento de modelos clássicos ou destreza nos desenhos. FREITAS, J. M.; OLIVEIRA, L. R. Memórias de um tamborete de baiana: as muitas vozes em um objeto de museu. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, n. 14, maio-ago. 2020 (adaptado).

Ao descrever-se como patrimô museológico, o objeto abordado no texto associa a sua história às  A. habilidades artísticas e culturais dos sujeitos.  B. vocações religiosas e pedagógicas dos mestres.  C. naturezas antropológica e etnográfica dos expositores.  D. preservações arquitetônica e visual dos conservatórios.

(ENEM 2022 AR)

211

TEXTO I Uma filosofia da percepção que queira reaprender a ver o mundo restituirá à pintura e às artes em geral seu lugar verdadeiro. MERLEAU-PONTY, M. Conversas: 1948. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

TEXTO II Os grandes autores de cinema nos pareceram confrontáveis não apenas com pintores, arquitetos, músicos, mas também com pensadores. Eles pensam com imagens, em vez de conceitos. DELEUZE, G. Cinema 1: a imagem-movimento. São Paulo: Brasiliense, 1983 (adaptado).

De que modo os textos sustentam a existência de um saber ancorado na sensibilidade?  A. Admitindo o belo como fenômeno transcendental.  B. Reafirmando a vivência estética como juízo de gosto.  C. Considerando o olhar como experiência de conhecimento.  D. Apontando as formas de expressão como auxiliares da razão.  E. Estabelecendo a inteligência como implicação das representações

 E. competências econômica e financeira dos comerciantes.

265

REPERTÓRIO ARTÍSTICO CULTURAL

210

GABARITO REPERTÓRIO ARTISTICO CULTURAL 1-E

42-B

2-D

43-B

3-D

44-E

4-B

45-D

5-E

46-B

6-B

47-B

7-C

48-D

8-A

49-C

9-E

50-B

10-B

51-B

11-A

52-A

12-A

53-D

13-C

54-E

14-E

55-A

15-A

56-B

16-B

57-C

17-A

58-E

18-B

59-E

19-E

60-D

20-A

61-B

21-D

62-D

22-E

63-A

23-B

64-D

24-D

65-A

25-B

66-A

26-B

67-A

27-E

68-D

28-C

69-B

29-A

70-A

30-D

71-E

31-E

72-E

32-D

73-A

33-B

74-D

34-D

75-A

35-B

76-C

36-B

77-B

37-A

78-A

38-A

79-A

39-B

80-C

40-E

81-E

41-E

82-A

83-B 84-A 85-B 86-A 87-E 88-B 89-D 90-B 91-D 92-E 93-A 94-E 95-A 96-E 97-B 98-B 99-E 100-E 101-E 102-D 103-B 104-A 105-D 106-C 107-E 108-B 109-C 110-D 111-B 112-B 113-C 114-A 115-C 116-D 117-D 118-B 119-E 120-A 121-A 122-A

123-A

164-A

206-C

124-D

165-B

207-E

125-?

166-A

208-B

126-?

167-C

209-E

127-?

168-D

210-A

128-?

169-E

211-C

129-?

170-C

130-D

171-D

131-?

172-C

132-D

173-C

133-C

174-E

134-E

175-?

135-B

176-?

136-C

177-A

137-A

178-A

138-?

179-B

139-E

180-D

140-?

181-C

141-A

182-E

142-C

183-E

143-E

184-?

144-B

185-?

145-D

186-C

146-E

187-C

147-A

188-E

148-D

189-C

149-B

190-D

150-A

191-E

151-B

192-E

152-C

193-C

153-E

194-C

154-B

195-B

155-C

196-E

156-A

197-B

157-B

198-?

158-A

199-D

159-?

200-A

160-C

201-C

161-D

202-C

162-E

203-C

163-D

204-B 205-E

Total de meus acertos:___________ de ______________ . ___________%

L E I T U R A E S T R AT É G I C A

; ! ~ ^ ” : ; ? * “ ? : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ; ! ^ ” ~ : ; ? * “ ? : ! ~ ” ^ ; “ ? * ” ; ! ~ ^ ” : ; ? * “ ? : ! ~ ”; ^ “ ? * ” ; ! ^ ” ~ : ; ? * “

“ !

* !



!

* !

^ ~ ^

* ! !



; ?

;

” : ” :

~

“ !

*

?

~ ^

; ?

;

*



*

?

^



” : ”



*

Get in touch

Social

© Copyright 2013 - 2024 MYDOKUMENT.COM - All rights reserved.